duda narrando
Parei o carro e desci.
O olhei incrédula.
A bisca lambia seu pescoço sem dó nem piedade, enquanto ele, apertava com força a bunda dela.
Cuidado querido, o silicone pode sair na tua mão.
Assoviei com os dedos chamando a atenção deles.
-e aí? –ele acenou. Sorri falsa pra ele e pra puta
-oi. Está a pé? –perguntei ao ver os sapatos da bisca na mão.
-sim. –ele deu de ombros.
DUDA, NÃO DUDA, NÃO FAZ ISSO!
-querem carona? –perguntei baixo
DROGA, TARDE DEMAIS.
-claro –o projeto de demônio respondeu vindo em direção ao carro. Justin abriu a porta de trás pra ela e sentou no banco passageiro com um sorriso de lado.
Não disse nada, apenas respirei fundo pisando no acelerador.
-o que fazia por aqui? –ele perguntou me tirando do transe
-eu vim trazer o edu –demorei alguns segundos pra conseguir responder.
-ah, ele foi lá em casa de novo? –Justin perguntou.
-sim. Foi legal –dei de ombros. Realmente, eu torcia pra que a conversa acabasse ali. Então liguei o rádio.
-Oh, amo essa música! –o projeto demo falou começando a cantarolar ‘’baby boy –beyonce’’ . Então, fiz o que qualquer garota faria.
Mudei de estação.
-ei, por que você fez isso? Estava cantando –a piriga de esquina disse
-eu sei –dei de ombros. Justin só observava com as sobrancelhas arqueadas.
-e porque desligou? Vai dizer que não gosta da Beyonce? –ela riu
-eu gosto. Gosto muito dela
-então porque desligou, querida? –ela perguntou. BITCH.
-Eu disse que gosto dela, não de você. Muito menos da sua voz. Então, economiza esses ‘’querida’’ pra suas amigas das esquinas vizinhas antes que eu te jogue pra fora do carro. –disse sem tirar os olhos da estrada. Justin quis rir, só que não.
**
Assim que chegamos em casa o céu desabou.
SIM CARA, CHOVEU PRA CACETE!
Não entendo esse clima bipolar.
Justin e a puteira subiram se pegando, enquanto eu, uma bela moça fui comer.
Ok, eu não sou uma bela moça, então eu só fui comer mesmo.
MAS, como nem tudo é bom, desde que o viadão do médico falou que meu mal estar era por causa de frutas, principalmente potássio, Justin lotou a casa de frutas.
Sem brincadeira, um dia eu fui tomar banho e ao invés da esponja, tinha uma banana!
Mas voltando, peguei todas frutas possíveis, joguei na fruteira, joguei calda de chocolate por cima e fechou! Agora, só atacar.
Se você acha estranho eu ter colocado tudo na fruteira, acharia mais estranho ainda se eu dissesse que comi a fruteira inteira em 20 minutos.
Cara, é metonímia, eu não comi a fruteira inteira, eu comi as frutas dentro da fruteira.
Fala sério, duda melhor que google.
Ta, menos Duda, menos.
Subi as escadas indo até meu quarto e escovei os dentes e em seguida sentei na cama, só sentei, porque com a tempestade que estava, não iria dormir nunca.
SIM, SOU UMA MULHER DE 20 ANOS QUE TEM MEDO DE TROVOADA E RELÂMPAGOS. BJS.
MAS, isso tudo tem uma explicação : quando eu era pequena, tava eu, a carin e meus pais em casa, SÓ que eu fui aprontar enquanto chovia muito, aí eu fui, peguei uma penca de ovos e me tranquei no quarto, aí A DROGA DA CHUVA fez acabar a luz, nessa, eu me desesperei, aí eu fui sair, derrubei os ovos no chão, nisso, eu caí no chão, e derrubei o espelho que tava perto, aí eu fui levantar, prendi o pé na minha mochila de rodinhas, e como eu achei que era o diabo querendo me arrastar, eu comecei a me debater, e me cortei com o espelho (:
((N/A: bjs, aconteceu comigo de verdade ))
Se foi cômico?
MAAAAAAAAAAAAAGINA!
Enfim, eu rolava de um lado para o outro tentando não ouvir as trovoadas, muito menos, ver os raios de luz que refletiam na janela de vidro mesmo com a cortina fechada.
Fiz a coisa que achei que fosse me proteger.
Coloquei o travesseiro em cima da cabeça, me jogando na cama.
É.
A vida estava tão perfeita daquele jeito.
Tirando o fato de eu não conseguir respirar
Mas antes que eu morresse sufocada, o som de uma gargalhada me fez ter coragem de tirar o travesseiro da cara.
-boa maneira de se proteger contra tempestades –ele riu mais ,entrando no quarto e indo até o guarda roupa, o revistando
-seria melhor ainda se eu conseguisse respirar –disse o observando –o que veio fazer?
-pegar uma camiseta qualquer –ele deu de ombros ainda revistando o guarda roupas. Só então, percebi que ele estava sem camisa.
-não sei pra que, vai tirar do mesmo jeito –murmurei o olhando, mas ele não escutou, ou pelo menos fingiu que não escutou.
O silêncio que havia se instalado naquele cômodo, havia sido quebrado devido á estrondosa trovoada junto a relampeado. Fechei os olhos fortes, desejando mais do que tudo que aquela chuva passasse. Justin riu fraco, mas não abri os olhos pra o olhar. Não foi preciso, logo senti seu corpo trazer um calor sobrenatural ao meu corpo
-está com sono, não está? –ele perguntou baixinho, envolvendo seus braços em mim, me puxando pra si, e eu, estava vulnerável, deitei nele assentindo com a cabeça.
-feche os olhos –ele pediu, não foi preciso falar novamente. Eu fechei delicadamente os olhos, me entregando ao seu cheiro maravilhoso. Não falo de perfume, mas um cheiro que só ele tem. E assim, me entregando, ouvi ele cantarolar baixinho.
‘’you are so beautiful to me’’
Ele cantava os versinhos de Joe Cocker perfeitamente.
Calmo.
Com uma serenidade nunca vista.
E ainda, mexendo nas pontas dos meus cabelos.
Mas, como eu sou a idiota em pessoa, não deixei a chance de estragar o momento.
-O que está fazendo? –silabei com certa dificuldade, aliás, estava entregue a ele.
-te colocando pra dormir. Aliás, você não consegue dormir em tempestades –ele soltou um riso fraco.
-não é sua obrigação. –murmurei
-não é minha obrigação te ver passando sono –ficamos um tempo quietos, mas eu abri os olhos para vê lo. A distância que nos separava era minúscula, ambos nos fitávamos, então eu, me inclinei a fim de tomar seus lábios, mas não passou de um breve selinho, já que ele saiu.
-o que você... –antes que eu pudesse concluir a pergunta ele se levantou
-eu não vou me iludir mais, duda. Acabou. E sendo assim, não vou te beijar, me entregar pra você pra ser esquecido logo em seguida. Somos solteiros agora. Você tem sua vida e eu tenho a minha. Espero que tenha lhe ajudado. Boa noite –ele sorriu de lado e saiu.
Senti lágrimas escorrerem meu rosto.
Droga, eu disse que não iria chorar.
Bom, foi tarde demais.
Justin ao sair, já tinha fechado a porta, e a claridade que havia no quarto era somente devido aos relâmpagos.
Ótimo.
Me sentei na cama, encostando as costas na cabeceira.
Fiquei assim um bom tempo, até ouvir gemidos.
Legal.
Maravilhoso.
Novamente, as lágrimas desciam, só que agora, sem pudor algum.
Abracei meus joelhos, prevendo uma noite ruim.
**
Noite de domingo.
Tédio total.
Eu estava sentada no sofá abraçada á minhas pernas assistindo um documentário no Discovery enquanto Justin se perfumava todo para sair para balada com a biscate ruiva que nem ele sabe o nome e os meninos.
Bom, de noite, Justin expulsou ela porque ele queria dormir em paz.
Não to inventando, ele disse ontem!
Enfim, eu ainda estava sentida por causa daquilo. Não sei, ultimamente eu ando muito sentimental.
Mas dane-se.
A campainha soou.
Revirei os olhos só de pensar que seria a bisca, mas não.
-Dr Simon? –Justin perguntou, me fazendo desviar os olhos da televisão por um instante.
-olá, Justin. Cheguei em má hora? –ele perguntou analisando Justin. Justin negou com a cabeça dando um espaço pra que ele passasse e fechou a porta.
-anh... oi –disse, ou melhor, indaguei. Justin veio ao encontro de nós dois observando com o mesmo medo que eu, o sorriso maníaco do velho.
-vim falar sobre aquele exame –ele disse simples
-ela piorou? É algo sério? –era visível a preocupação de Justin
-não, não. Calma garoto –ele riu fraco. Graça? Não tinha nenhuma.
-então é sobre o que? –perguntei pela primeira vez.
-aqui –ele me entregou um papel. –Duda, você está grávida!