Fanfic: Sing | Tema: My Chemical Romance

Fernanda estava sentada em uma cadeira na varanda de seu apartamento, com um cigarro entre os dedos, e um copo de vodka, escrevendo em um caderno que ela chamava de diario, na verdade estava desabafando, fazendo um resumo do que tinha se tornado sua vida.

Ela morava com os pais no Brasil, mais seu pai era americano, não eram ricos, mais viviam bem em São Paulo. Tinham uma casa, em um bairro bom da cidade. A mãe de Fernanda não trabalhava, só cuidava da casa.  Não tinha irmãos, era uma família comum entre outras. O pai de Fernanda recebeu uma proposta de emprego em sua cidade natal New Jersey, então decidiram se mudar de pais, ele acreditava que ia ser melhor para a família, conhecer o país em que ele nasceu, e cresceu, e também iriam poder ter uma vida melhor. Em menos de um mês a família toda estava se mudando para New Jersey. Estava tudo perfeito, o pai de Fernanda já tinha começado a trabalhar, a mãe como sempre cuidando da casa, e Fernanda iria entrar em uma boa faculdade, iria fazer o curso que sempre sonhou, Moda.

Estava tudo indo como planejado, tudo perfeito.

O final de semana chegou e os pais de Fernanda resolveram ir para a praia, tirar o dia de folga, Fernanda preferiu não ir, disse que ia ficar estudando, na verdade ela nunca gostou muito de sol. Passou o dia todo ouvindo umas musicas que tocavam na radio local, quando começou a tocar I’m not okay, ela aumentou um pouco o volume do som, adorando o toque de uma guitarra estridente na musica. Sentiu-se bem ouvindo aquela musica, foi até o velho computador e procurou mais sobre a banda. Mais como era mesmo o nome da banda?? Ela não havia prestado atenção nesse detalhe, era My Chem... My Chem... o que mesmo?? 

Digitou no Google e apareceu uma foto de uma banda com cinco integrantes, todos vestidos de preto, e gravata vermelha, e aparentemente todos pálidos.  Fernanda procurou pelas musicas, e as ouviu o dia todo, ela simplesmente tinha se apaixonado pela banda. Eram musicas que a fazia se sentir bem. 

A noite já estava caindo e seus pais ainda não haviam chegado, ela já estava ficando preocupada. Começou a ligar no celular do seu pai, e caia na caixa postal, e o da sua mãe estava em casa, como sempre ela tinha o esquecido. Pensou por um momento, e teve a ideia de ir a uma lanchonete perto da casa, ela não demoraria, já estava com fome. Colocou um shorts jeans uma regata e uma sapatilha, estava fazendo muito calor naquele dia. Fernanda caminhou até a lanchonete ouvindo seu mp3 com as novas musicas que tinha baixado naquela tarde. Pediu seu lanche e o comeu, logo voltando para casa. Quando estava chagando, viu uma movimentação estranha no jardim, percebendo logo que era um carro de policia, ela começou a caminhar mais rápido, pensando que um ladrão teria entrado em sua casa. 

-Algum problema policial?  -Perguntou ela meio receosa.

-Estou procurando por Fernanda Small, você a conhece? –O policial falava olhando para uns papeis.

-Sim. Sou eu mesma. O que está havendo? –A garota já estava ficando nervosa.

-Recebemos uma ligação, hoje á tarde, o carro dos seus pais caiu em uma ribanceira, na pista, eles não sobreviveram. Eu sinto muito.

Fernanda não tinha reação, ela não expressava nenhuma reação a noticia que tinha acabado de receber. Ela apenas sentiu a cabeça bater de encontro com o chão da calçada e em seguida desmaiou.

Fernanda acordou no hospital algumas horas depois, já estava amanhecendo, ela se viu em um quarto sozinha, se levantou rápido de mais, e logo sentiu uma tontura forte a fazendo ficar onde estava, colocou a mão na cabeça sentindo um curativo em sua testa. E logo se lembrou do porque estava em um hospital, sentiu lagrimas caírem em seu rosto, ficou horas sentada na cama de hospital chorando compulsivamente. Ela tinha que sair dali, tinha que ver seus pais, tinha que ver se tudo isso era verdade. Levantou-se com dificuldade da cama, pois ainda se sentia um pouco tonta, encontrou suas roupas em uma poltrona, as vestiu e saiu do quarto. Não havia ninguém no corredor, então, ninguém a viu sair do hospital. Fernanda foi direto para casa, esperando que tudo não passasse de um pesadelo, que ela estava no hospital porque caiu e bateu a cabeça, desastrada como era, não era uma coisa difícil de se acontecer. Dentro dela ainda tinha esperanças de encontrar sua mãe na cozinha preparando o café e seu pai saindo para o trabalho. 

Quando chegou em frente ao jardim da casa, a observou, destrancou a porta, e passou olhando todos os cômodos e nada encontrando, somente o silencio fúnebre inundava a casa, então era verdade, nada daquilo era um pesadelo, pensou a garota. Sentou na cama dos pais pegando um porta retrato com a foto dos pais e não aguentou mais segurar, deitou na cama se encolhendo toda e chorando como nunca havia chorado antes na vida. Fernanda passou o dia todo deitada ali, na mesma posição, chorando, e acabou pegando no sono. Acordou com a campainha tocando, ela não queria se levantar, mais a campainha era insistente. Por fim levantou se arrastando, desceu as escadas, mais lentamente ainda, pensando que quem quer que fosse, poderia ir embora, mais não. A pessoa continuava a tocar a campainha. Fernanda abriu a porta e viu um homem de uns 40 anos, com um terno preto e os cabelos começando a ficar grisalho. 

-Sim. –Disse a garota sem nenhum animo e com os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar.

-Você é Fernanda Small? 

-Sim.

-Eu sou Ralph Jenks, patrão do seu pai. –O homem estava com a mão estendida para se apresentar.

-Prazer Ralph. –Fernanda disse apertando a mão do homem. –Desculpe, mais não é uma boa hora agora. –Ela falava já querendo fechar a porta.

-Eu sei o que aconteceu com seus pais, e é por isso que eu estou aqui. –Ele disse segurando a porta.

Fernanda soltou um suspiro, se afastando da porta. –Entra.

Ela foi caminhando até a sala com o homem logo atrás, sentou-se no sofá maior fazendo um gesto para que Ralph se sentasse na poltrona.

-Bom Fernanda, eu vim até aqui para dizer que você não precisa se preocupar com nada, que eu cuidarei do funeral dos seus pais. Eles já estão no necrotério, e o enterro é amanhã, se não tiver como ir, eu mandarei meu motorista vir pegar você.

A garota só ouvia absorvendo cada palavra, ela nunca tinha ficado sozinha, desse jeito. Fernanda foi tirada do seu mundo particular quando Ralph a perguntou sobre seus parentes.

-Ah, não Sr. Janks, não tenho nenhum outro parente próximo, meus avós maternos já morreram, não tenho tios, e meus avós paternos eu não os conheço, eles eram contra o casamento dos meus pais. –Fernanda deu um sorriso fraco para o homem.

-Entendo. Então amanhã mandarei meu motorista vir te buscar as 8h.

-Não precisa, eu prefiro ir de metrô.

-Como quiser. Bom, vou embora, ainda tenho alguns papeis do funeral para assinar. –Logo se levantando e estendendo a mão para Fernanda. A garota segurou sua mão apenas e o acompanhou até a porta.

-Sr.Jenks, obrigado por tudo, espero um dia poder lhe pagar por isso.

-Não se preocupe com isso, um dia você vai saber como me pagar.

O homem apenas sorriu de canto e virou as costas, indo embora.