Fanfics Brasil - Capítulo 1 Falsa Traição - Somic

Fanfic: Falsa Traição - Somic | Tema: Rebelde


Capítulo: Capítulo 1

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CAPÍTULO I


 


Sophia ergueu um pouco a voz, mal acreditando no que ouvira, ao declarar:


 — O senhor está falando sério? — Devia ser uma brincadeira. E brincadeira de mau gosto, por sinal. Só que advogados não faziam esse tipo de brincadeira em consultas profissionais. — Santo Deus! Fala sério mesmo? — ela repetiu.


 O homem sentado à imponente escrivaninha de mogno sacudiu os ombros e respondeu:


 — Seu falecido pai expressou estar a par das dificuldades que a senhora encontraria.


 Dificuldades que nem por sombra descreviam as tolices que sua família complicada acumulara em sua cabeça, Sophia pensou.


 Não que se tratasse de algo novo. Em compensação, ela fora a predileta desde quando podia se lembrar. A menina de ouro do papai. A única filha de verdade. Mas havia um constante, um permanente espinho proveniente da segunda e terceira esposas de seu pai, e dos filhos anteriores. Ninguém poderia dizer que sua vida não fora interessante, Sophia refletiu. Três divórcios de seu pai, duas ardilosas ex-esposas e dois enteados, um menino e uma menina.


 Durante seus anos escolares freqüentara um colégio interno. Excetuavam-se as férias escolares, que as passava em casa, sendo a maioria delas um verdadeiro inferno com a fachada de prazer no relacionamento familiar.


 O tempo entre cada divórcio de seu pai fora como uma estiagem antes do próximo temporal. Mas, em vez de reduzi-la a nada, fortalecera seu desejo de ser uma valiosa sucessora dos numerosos interesses do pai, no mundo dos negócios.


 Isso para a delícia do homem que a pusera no mundo.


 Agora, esse mesmo homem erguia uma das mãos do túmulo a fim de ressuscitar uma parte de sua vida que ela lutava diariamente por esquecer.


 — Ele não pode fazer isso — ela disse ao advogado, enquanto tentava esconder a onda de pânico que aos poucos a invadia.


 — Seu pai teve as melhores intenções ao agir assim.


 — Colocando nos termos do testamento a cláusula de que eu me reconciliasse com meu marido? Isso é ridículo!


 — Soube que seu divórcio ainda não tinha sido formalizado — o advogado começou a falar.


 De fato, os papéis ainda não lhe haviam sido entregues para assinatura, tampouco a seu marido Micael, Sophia lembrou-se.


 — Não tenho intenção de permitir que Micael Borges volte à minha vida — ela respondeu, com determinação.


 De nacionalidade grega, Micael emigrara para o Brasil muito jovem, na companhia de seus pais. Obtivera diplomas em várias atividades incluindo tecnologia industrial, tendo herdado vastos negócios quando o pai e mãe morreram em conseqüência de um acidente aéreo.


 Sophia conhecera Micael numa festa e a atração mútua fora imediata. Casaram-se três meses mais tarde.


 — Seu pai nomeou Micael Borges testamenteiro — o advogado informou-a.— Um pouco antes de sua morte, indicou-o para a diretoria da Abrahão.


 Por que o pai não a informara sobre aquilo? Afinal, ela ocupava uma posição de responsabilidade nos negócios da firma.


 — Vou contestar esse testamento! — Sophia declarou. Seu pai não podia ter feito isso com ela!


 — As condições do testamento são claras — o advogado insistiu com gentileza. — Cada uma das ex-esposas de seu pai terá direito a uma boa soma em dinheiro, mais uma pensão mensal suficiente para mantê-las com fartura na residência que receberam por ocasião do divórcio, até elas se casarem de novo. Há uma parte reservada a obras de caridade e o restante será dividido em três porções, para você, para Micael e para os filhos que vocês tiverem. Mas há uma condição — ele continuou —, é imprescindível que a senhora e Micael Borges suspendam a ação de divórcio e morem na mesma casa, pelo tempo mínimo de um ano.


 Teria Micael Borges sabido dessas condições quando fora ao enterro de seu pai havia menos de uma semana?


 Sem dúvida, Sophia concluiu, lembrando-se de como ele se comportara, observando tudo, as mãos geladas, quase impessoal, quando a tocara e roçara os lábios em seu rosto.


 Pronunciara algumas palavra de condolências, mas não acompanhara o enterro de Renato Abrahão. Seguira para a própria casa.


 — E se eu não concordar com o último pedido de meu pai?


 — Nesse caso Micael terá o controle da diretoria, e participação efetiva  no setor financeiro da Abrahão.


 Sophia não podia acreditar naquilo, não podia aceitar que Renato fosse tão longe para satisfazer seu desejo de ter a filha reconciliada com um homem que ele considerava perfeito para ela.


 — Isso é ridículo — Sophia protestou. Ela era a herdeira legítima do império Abrahão. Não pelo dinheiro... tampouco pelos tijolos e cimento, ações e apólices.


 Mas pelo que tudo representava. O suor e o trabalho de um jovem irlandês de Tullamore que, na idade de quinze anos, fora para o Brasil a fim de começar nova vida no Rio de Janeiro, no trabalho de construções. Aos vinte anos formara sua própria companhia e fizera seu primeiro milhão. Aos trinta anos transformara-se numa lenda e fora festejado como tal. Pertencendo à alta sociedade do Rio pudera escolher a mulher que desejava e se casara, tivera uma filha. Metera-se várias vezes com mulheres e casara-se mais de uma vez. Três, ao todo.


 Para Sophia, o pai fora seu ídolo. Um homem alto, moreno, cuja risada começava na barriga e rolava até a boca onde se transformava num grito. Um homem que a carregara nos braços, esfregara o rosto contra o dela, que lhe contava histórias que encantariam até as fadas, e que a amara incondicionalmente.


 Desde muito jovem Sophia brincara em seu império, no escritório, sentada nos joelhos dele, absorvendo detalhes dos negócios. Nas férias escolares acompanhava-o nas visitas às construções. Sophia adorava essas visitas. Se Renato tivesse notado que aquilo a aborrecia, nunca a teria levado de novo.


 E isso a faria sofrer mais do que qualquer palmada paterna, pois herdara o amor do pai em criar alguma coisa magnífica de tijolos e argamassa. Casas, edifícios, torres. Nos últimos anos Renato Abrahão confiara as construções a pessoas da firma, mas tudo recebia seu toque pessoal. Fora seu orgulho de irlandês e o dela, ver a obra concluída.


 Imaginar passar tudo aquilo a Micael Borges, era inadmissível. Seu pai não podia ter feito tal coisa... Abrahão pertencia a uma Abrahão.


 — A senhora recusa? — o advogado perguntou.


 Sophia levantou-se e, erguendo a cabeça com um gesto de desafio, disse:


 — Micael Borges não ganhará o controle total de Abrahão.


 Os olhos dela tinham o tom azul  do céu, um azul brilhante. Isso enfatizado pelo tom creme da pele e o loiro dos cabelos que lhe caíam pelas costas.


 Apesar de Renato Abrahão ser um homem grande, Sophia herdara a estrutura pequena da mãe, as curvas suaves. Os cabelos e olhos herdara-os da avó paterna, como também o temperamento.


 — Quer dizer que a senhora concordará com a vontade de seu pai expressa no testamento?


 Morar com Micael Borges? Dividir a mesma casa, a mesma vida com ele durante um ano?


 — Se isso for absolutamente necessário...


 Porém Sophia tinha certeza de que, apesar de casados, estariam separados no fim de alguns meses.


 A meta do advogado no momento era garantir que as exigências de Renato Abrahão fossem legalmente mantidas.


 — Providenciarei para que as determinações do testamento sejam observadas — declarou ele.


 — Meu pai especificou uma data para essa reconciliação?


 — Dentro de sete dias após sua morte.


 Renato Abrahão nunca fora homem de perder tempo, mas uma semana era zelo demais, não era?!


 Sophia olhou detalhadamente para os móveis suntuosos, os quadros que adornavam as paredes, as vidraças pesadas, e apreciou a vista da baía.


 De súbito, desejou sair, desejou abandonar as questões legais. Sentiu necessidade do ar fresco em seu rosto, de descer a capota do Porsche e dirigir deixando o vento brincar com seus cabelos e corar seu rosto. Sentiu necessidade de ter liberdade para pensar antes de conversar com Micael.


 — Imagino que entraremos em contato muito em breve. — Ela estendeu a mão ao advogado, murmurou algumas palavras amáveis e foi a Recepção.


 O advogado acompanhou-a e deixou no elevador.


 — Não havia dúvida de que Sophia Abrahão Borges era uma linda mulher, no modo como caminhava, na graça dos movimentos, e aqueles cabelos...


 Ele suspirou.


 Sophia desceu até o térreo, atravessou a rua e apanhou seu carro no estacionamento.


 Eram quase cinco horas. Seguiu a corrente do tráfego. Assim que o trânsito ficou menos congestionado, acelerou.


 Eram quase seis horas quando chegou à margem com vista para a praia. Havia um petroleiro ao longo descendo vagarosamente para a baía, e algumas crianças brincavam na areia sob a supervisão dos pais.


 Gaivotas seguiam pela superfície das águas e moviam suas asas em arco gracioso. Era uma cena de paz, uma cena de que ela desesperadamente precisava para abrandar a dor de sua recente perda. Havia muito para ser organizado, uma família com quem se entender.


 E agora havia Micael.


 Tudo se acabara. E tinha de cicatrizar suas feridas.


 Mentiroso.


 Era só pensar nele para se lembrar do que houvera entre ela e Micael. Não se passava um dia em que ele não surgisse em sua memória, não invadisse sua mente, não tomasse posse de seus sonhos, e não se transformasse em seu pior pesadelo.


 Com freqüência Sophia acordava suando, sentindo as mãos de Micael, os lábios dele, numa sensação tão real que quase juraria o ter em sua cama.


 Contudo, estava sempre só, o sistema de segurança intacto. E passava o resto da noite lendo ou assistindo a um filme na tevê, numa tentativa de espantar fantasmas.


 Ocasionalmente encontrava-se com ele em alguma reunião social. Cumprimentavam-se, trocavam algumas palavras... e se afastavam. Porém Sophia ficava sempre consciente daquele olhar insistente dele, do poder que emanava daquele corpo, do calor sensual...


 Mesmo agora, uma sensação vinda do interior se espalhava por todo seu corpo como uma língua de fogo, ativando cada zona erótica sua.


 Isso era loucura. Ela suspirou fundo uma, duas, três vezes.


 Por Deus, dizia a sim mesma, lembre-se da razão pela qual se afastou dele.


 Como podia se esquecer da notícia confirmada pela ex-amante de Micael de que estava grávida, sendo Micael o pai da criança por nascer?


 Aline Felix, modelo cuja linda imagem enfeitava a capa de várias revistas. A data da concepção coincidia com o tempo em que Micael estivera fora do país, em negócios.


 Aline garantia que o affair entre os dois não terminara com o casamento. E, apesar da insistência de Micael de que aquilo não era verdade, que o filho não era dele, Sophia fez suas malas e mudou-se para acomodações temporárias.


 Mesmo agora, passado meses, a lembrança da dor, eram tão intensas como haviam sido no dia em que o deixara.


 O telefone celular soou no silêncio, interrompendo sua solidão. Era um chamado de sua mãe.


 — Branca!


 — Querida, esqueceu-se de que iríamos jantar juntas esta noite para depois irmos ao teatro?


 Sophia fechou os olhos e disse:


 — Podemos pular o jantar? Apanharei você às sete e meia. Ou melhor, sete e quarenta e cinco.


 E Sophia conseguiu fazer isso, apesar do tempo exíguo. Juntas, elas entraram no auditório e, apenas sentaram-se, o pano ergueu.


 Entre os atos ela e a mãe foram ao saguão, tomaram um refrigerante e conversaram. Branca tinha uma butique muito exclusiva na Double Bay. Adquirira-a depois do divórcio e se transformara numa mulher de grande sucesso nos negócios.


 — Separei algumas roupas de minha butique para você — disse Branca.


 — Obrigada. Vou lhe escrever um cheque.


 — É um presente, querida.


 Naquele instante, Sophia sentiu qualquer coisa. Apenas um homem tinha aquele efeito nela. Virou-se devagar e deparou com Micael Borges num grupo de amigos. Dois homens, duas mulheres. Um grupo perfeito.


 Micael inclinava a cabeça na direção de uma morena linda. Ele desviou o olhar e viu-a.


 Micael tinha uma altura mediana, ombros largos, que chamavam a atenção de qualquer um.


 Os ossos da face herdara-os de seus antepassados gregos, os grandes malares, o forte queixo, uma boca que prometia milhares de delícias sensuais, e olhos escuros como o pecado. Ele tinha uma aura de poder como uma segunda pele. Os cabelos negros, mais longos do que se usava no momento, acrescentavam um tom individual ao homem cuja força de vontade era igualmente admirada como temida pelos seus contemporâneos.


 Mas, se ele pensava que iria intimidá-la, estava enganado. Sophia ergueu a cabeça e seus olhos brilharam como chama azul no instante em que ela de propósito deu-lhe as costas.


 A campainha eletrônica soou, avisando que o show iria continuar.


 Sophia não conseguiu prestar mais atenção em nada. Tentou focalizar a vista nas pessoas que passavam por ela, na saída, para não ir de encontro ao homem que sacudira suas emoções, que a desequilibrara.


 Não... — ela sussurrou, quase chegando à porta.


 —Sophia! Branca!


 A voz dele era como cetim negro, perigosa, sob o sofisticado verniz de cortesia.


 — Ora, ora, Micael — disse Branca com prazer, enquanto ele roçava os lábios no rosto dela. — Que bom ver você!


 Traidora, Sophia disse mentalmente. Branca havia sido uma das pessoas conquistadas por Micael, desde o início. E ainda era.


 — Igualmente — ele respondeu. — Jantar amanhã à noite. Às sete? — Ele perguntou a Sophia.


 Maldito! A palavra sumiu na garganta dela à vista da surpresa da mãe. Quanto a Micael, maldito seja ele, apenas ergueu a sobrancelha.


 — Sophia não lhe contou nada?— perguntou.


 — Não!— Foi Sophia quem respondeu.


 — Renato — Sophia achou melhor falar a verdade à mãe, mas o fez com ironia —, em sua infinita sabedoria, impôs uma condição em seu testamento, que eu morasse na mesma casa com Micael durante um ano. Se eu não fizer isso, Micael terá quase total controle da Abrahão. Farei de tudo para evitar que isso aconteça.


 — Oh, por Deus! — Branca exclamou.


 Ela conhecia muito bem seu ex-marido. Havia uma vontade de ferro por baixo daquele charme irlandês. Havia muito que o perdoara. Pois uma coisa que resultara daquela união fora Sophia.


 — Seu pai era um louco. Mas um louco inteligente — comentou Branca. Oh, sim, Renato fora um homem astuto. E ela gostara muito do grego com quem a filha se casara.


 Branca, como você pode me fazer tal coisa?, Sophia disse a si mesma. Enquanto tento matar meus próprios dragões esperava que você ficasse ao meu lado, e não recebendo bem meu inimigo, com toda sua graça e charme.


 Micael observava sua esposa com cuidado. Ela emagrecera, estava pálida, e no momento controlava sua fúria.


 — Boa noite — Sophia disse.


 A despedida foi fria. Gelada, com um quê de desdém.


 Ela percebeu o que Micael ia fazer um segundo antes de ele baixar a cabeça. E Micael antecipou o movimento, beijando-se na boca, o que destruiu todas as defesas de sua mulher.


 Breve, evocativo, possessivo, o beijo trouxe uma lembrança vívida do que tudo fora um dia.


 E que voltaria a ser de novo.


 Foi uma informação silenciosa, nada de ameaça nem de desafio. Meramente um fato.


 — Sete horas, Sophia — Micael declarou, e recebeu como resposta um olhar de ódio.


 Calma, controle-se, ela recomendou a si mesma. E disse:


 — Fale o nome do restaurante e me encontrarei com você lá.


 — No foyer do Ritz-Carlton.


 — Tudo bem.


 Micael saudou Branca e tomou o caminho da porta.


 — Não diga nada — Sophia pediu à mãe.


 — Querida, eu não sonharia em fazer isso — Branca respondeu, com um sorriso.





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Autor(a): laryjapa

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CAPÍTULO II ( pARTE 1)   A noite estava quente, uma suave brisa soprava do mar, quando Sophia trancou o carro e ligou o alarme.   A entrada do hotel ficava um pouco mais adiante, com sua majestosa fachada atestando a elite de hóspede.   Sophia estava elegantemente vestida, embora só ela soubesse o tempo que levara escolhendo. &nb ...



Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 13



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  • supergabizinha Postado em 26/11/2012 - 22:32:20

    Acabo mão acredito como não pode, vou chorar

  • piradano_rbr Postado em 26/11/2012 - 13:19:01

    LindAa pena que acabou :(((

  • laryjapa Postado em 24/11/2012 - 23:05:33

    Desculpa o sumiço mas to em época de prova na faculdade ai não dava pra postar,mas ai vai o ultimo capitulo e vou começar outra ,bjussss.

  • supergabizinha Postado em 18/11/2012 - 13:38:09

    posta mais pfpfpf!!!

  • mimilinda Postado em 17/11/2012 - 23:20:58

    Posta pela mor de Deus

  • mimilinda Postado em 17/11/2012 - 23:15:05

    Posta pela mor de Deus

  • mimilinda Postado em 16/11/2012 - 19:07:24

    Amei sua fic ainda ñ deu tempo de ler to mais até onde eu li tá ótima mais tarde quando eu voltar eu leio o resto

  • supergabizinha Postado em 10/11/2012 - 15:48:01

    posta mais pfpfpf!!!

  • piradano_rbr Postado em 03/11/2012 - 19:48:38

    To amndo sua web contnue assim :)

  • piradano_rbr Postado em 20/10/2012 - 18:07:03

    Posta maiss... Leitora novaa <---


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