Fanfic: Falsa Traição - Somic | Tema: Rebelde

CAPÍTULO 3 - parte 1

Havia certa evidência de que Micael já tomara o café da manhã quando Sophia entrou na cozinha na manhã seguinte.

O aroma de café feito na hora convidou-a a servir-se. Ela pegou uma xícara, encheu-a, colocou açúcar, pôs uma fatia de pão na torradeira e tomou um gole de café enquanto esperava que a torrada saltasse.

O jornal do dia estava sobre a mesa e Sophia passou o olhar pelos títulos da primeira página.

Quando a torrada ficou pronta ela passou geléia, encheu novamente a xícara, puxou uma cadeira e dedicou quinze minutos para ler sobre as notícias do dia.

Ao chegar na página social viu a foto dela e de Micael tirada num evento qualquer, não muito depois do casamento deles. O título do artigo era: Juntos de novo?

Fonte não identificada afirma que Micael e Sophia se uniram de novo para satisfazer uma condição do testamento de Renato Abrahão (da Abrahão). Verdade ou boato?

Sophia ficou furiosa, e uma praga escapou de seus lábios.

Sem parar para refletir pegou a página do jornal e foi atrás do marido.

Encontrou-o no escritório, sentado à escrivaninha, de olho na tela do computador.

Ele ergueu a cabeça quando Sophia entrou, pressionou a tecla “save”, e disse:

— Bom dia.

Sophia lançou-lhe um olhar de fogo.

— Viu isto? — perguntou, jogando sobre o monitor a página do jornal.

—Vi. Você desejar fazer uma queixa ou preferi exigir uma retratação?

— Para que adiantaria isso?

— Para nada — Micael respondeu.

— Você é o responsável?

— Sua pergunta nem ao menos merece uma resposta.

— Quem, então?

O silêncio de Micael foi eloquente, e a fúria de Sophia tomou novas dimensões.

— Preciso fazer alguns telefonemas. Por isso, tenho de ir.

— Recebi um convite para jantar esta noite — Micael comentou.

— Eu nem sonharia em impedi-lo de aceitar.

— Para nós dois.

— Pode ir sozinho — Sophia sugeriu.

— Seria despertar curiosidade, não acha? Devido à nossa recente reconciliação?

— Não tenho intenção, Micael, de ir com você a reuniões sociais.

— Mesmo considerando-se serem tão raras?

— Não estamos propriamente reconciliados. Apenas dividimos a mesma casa!

— É verdade. Contudo, durante um ano devemos compartilhar das necessidades que surgirem.

— Essa não é uma condição do testamento de meu pai.

— Considere então uma de minhas condições. Esteja pronta às seis e quinze.

Os olhos azuis de Sophia expeliram faíscas.

Ela não se deu ao trabalho de responder.

Foi ao quarto, vestiu um terninho, apanhou as chaves do carro e dirigiu-se à garagem.

Dez minutos mais tarde parou num estacionamento, pegou seu celular e fez o primeiro de vários telefonemas.

Embora Andréia, segunda esposa de Renato, cobiçasse riqueza e vida luxuosa, não tinha defeitos graves. A filha Paula, do primeiro casamento da mãe, tinha um imenso prazer em causar desgostos a Sophia.

Uma hora mais tarde ela teve a resposta que desejava quanto a notícia do jornal. Cássio. Mas, por que isso a surpreendia?

Esse filho da terceira esposa não fazia segredo que, em sua opinião, ele, o único representante masculino da família, deveria ser o herdeiro majoritário da Abrahão. Não se importava com o fato que Renato insistira que cada uma de suas sucessivas esposas assinasse um documento declarando ser de conhecimento delas que Sophia seria sua única sucessora.

Cássio era o tipo de homem que adorava vida luxuosa, carros velozes e mulheres lindas.

Finalmente Sophia soube quem era o inimigo. Foi para seu apartamento em Ipanema a fim de apanhar alguma roupa.

Telefonou para as amigas a fim de se encontrar com elas mais tarde. Evitara falar sobre a morte do pai. Sabia que esse seria o desejo de Renato.

Sentia, sem dúvida, muita falta do sorriso dele, do amor paterno. Renato fora sua rocha de segurança, seu porto seguro. Sentindo que um dia deixaria a filha sem sua proteção, escolhera Micael para ocupar o lugar dele.

Sophia insistira com o pai que não queria a proteção de Micael. Porém Renato jogara sua cartada final e não lhe deixara escolha.

Eram mais de cinco horas quando ela voltou à casa com três vestidos de festas.

Enquanto subia as escadas Micael apareceu no hall. Sophia parou, com uma expressão de controlada cortesia.

— Só agora você está voltando, Sophia?

Ela empalideceu. Como pudera ter se esquecido da festa para onde deveria ir com Micael naquela noite?

Era um dos principais eventos sociais que Renato patrocinava havia anos.

Tinha... quanto tempo, disponível para se aprontar? Quarenta e cinco minutos para tomar banho, para arrumar os cabelos e aplicara maquiagem, e depois se vestir.

Fez tudo dentro desse tempo e se pôs diante de Micael esperando a aprovação dele.

O vestido de crepe da cor de jade, com babados, acentuava as curvas de seu corpo e enfatizava a cor da pele. Para ganhar tempo ela simplesmente puxara os cabelos para trás, pusera brincos de diamantes e uma gargantilha de diamantes também.

Com Smoking de talhe perfeito, camisa branca e gravata borboleta preta, Micael estava deslumbrante. E com sua sensualidade acrescentava um quê todo especial ao mundo das mulheres.

Um ano atrás Sophia faria um comentário, acariciaria o rosto dele, e lhe daria um suave beijo.

Agora, não fez nada disso. Atravessou o hall em silêncio e entrou no carro estacionado à porta.

— Devemos conversar sobre alguma coisa antes de chegarmos lá? — ela perguntou ao marido.

— Com referência à bisbilhotice de Cássio a um certo colunista social?

— Você sabia?

— Imaginou que eu não tentasse descobrir?

Sophia não respondeu. Em vez disso apreciava a paisagem por onde passavam, com grande interesse. Apesar de ter percorrido quase o mundo inteiro, o Rio era seu lar.

Tratava-se de uma linda cidade, com magníficas praias e construções nas mais diversas arquiteturas. Possuía clima temperado, céu sempre azul. Micael estacionou diante do hotel, deixando o carro com o manobrista.

Convidados se aglomeravam no imenso saguão que comunicava com o salão de baile. Garçons uniformizados circulavam pela área carregando bandejas de drinques.

A elite social, Sophia notou, vestia-se luxuosamente, e as mulheres estavam carregadas de joias, e em tamanha quantidade que daria para alimentar um país inteiro do terceiro mundo durante o ano.

Muitos dos que haviam lido o jornal com a foto de Sophia e Micael Borges bisbilhotavam entre si. Sophia tentava ignorar o que se passava e, ao lado de Micael, saboreava um cocktail de champanhe.

Algumas pessoas foram lhe dar os pêsames pela morte do pai, outras acenavam com a mão indicando que falariam com ela no decorrer da noite.

As duas madrastas se encontravam na outra extremidade da sala. Andréa, ao lado de seu companheiro do momento, enquanto Carla comparecera acompanhada do filho Cássio.

Sophia considerou uma benção Branca, ao menos, não ter ido. Sua mãe preferia uma vida menos mundana.

Três ex-esposas de Renato seria demais. Sophia já tivera bastante trabalho em manter a paz no dia do funeral do pai.

Micael observava a expressão de sua mulher e notou que ela estava pronta para alguma confrontação.

O interesse de Andréa e Carla pela filha de Renato talvez fosse apenas superficial. Em Cássio, por outro lado, havia algo mais.

continua ...