Fanfic: No Quarto ao lado

A tarde passou relativamente tranqüila. Por certos momentos nem parecia que qualquer coisa ‘fora do normal’ tinha acontecido com a gente. Pelo menos da minha parte eu estava tentando ser o mais normal possível com ele, mas claro, tudo com seu limite. Quer queira, quer não, existe um receio ou um sentimento esquisito aqui dentro. Me ponho a pensar e imagino. Como isso foi acontecer mesmo??

******

Quando eu me afastei do seu abraço ficamos um longo tempo nos encarando. Seu rosto estava colado ao meu, seus dedos contornavam de leve o meu rosto limpando qualquer vestígio de lagrima que teimasse em cair. Eu balançava minha cabeça negativamente e ele não esboçava nenhuma emoção. Por dentro eu sentia que seu consolo não terminaria ali, e nem eu queria que acabasse.

“Não chora...” – ele repetia por milhões de vezes. Limpava minhas lagrimas, sorria, beijava minha testa. Eu respirava fundo tentando me manter calma. Os segundos, os minutos iam passando e a gente não saia daquela cena que já se prolongava e não parecia ter fim. – “sh...” – ele me abraçava forte e eu me deixei levar, foi daí que as coisas começaram a desandar. Ele se afastou de novo, acho que foi minha ultima lagrima que caiu. Ele tornou a limpa-la e se aproximou beijando minha bochecha, minha testa, todo o meu rosto. Recostou a sua testa na minha e segurou o meu rosto com suas mãos fortes. Respirei fundo e quando menos esperava, quando me toquei nossos lábios já se encontravam, se roçavam.. ficamos sentindo a respiração um do outro, ninguém fazia mais nada alem. Mas já estávamos tão conectados, tão juntos, tão unidos, nossos hálitos já se misturavam no ar, que não posso afirmar quem deu o próximo passo.. o que fez com que tudo começasse.

*-------------------------------*

“Agora abraça ela...” – o fotografo mandava e eu obedecia. A abracei por trás, pus minhas mãos em volta da sua cintura. Estava ainda receoso, não sei se ela acharia ruim ou se incomodaria com tudo aquilo. Mas trabalho é trabalho. Iam tirando as fotos e ela ia pondo sua mão sobre a minha, entrelaçando seus dedos com os meus. Uma coisa que eu já havia percebido era que ela amava jogar com as minhas mãos. Qualquer oportunidade que ela tinha, começava a juntar nossos dedos ou a fazer qualquer coisa do gênero.

Tiramos fotos pra uns 10 anos seguidos. Já estava com a mandíbula cansada de sorrir. Saímos dali e fomos direto dar uma exclusiva pra uma revista. Perguntas de sempre, mesmas historias.. mas fazer o que? Cada pais tínhamos que manter a paciência e responder tudo como se fosse na primeira vez.

Saímos dali e fomos direto pro hotel. A comida seria entregue nos quartos conforme pedimos. Entrei pra um banho, estava exausto. Troquei de roupa e assim que vestia uma calça alguém bate na porta.

“Oi..?” – abro a porta e Poncho faz seu espaço.

“E ai, vamos ou não?”

*---------------------------------*

Já estava preparando-me psicologicamente pra deitar na cama e dormir quando Maite entra no meu quarto quase me empurrando pra sairmos todos juntos.

“Vamos Dulce.. você precisa espairecer..” – ela insistia e eu fiquei sentada na cama vendo-a pegar uma roupa na minha mala. – “pronto.. veste isso.. vai ficar linda...”

“Mas to com tanto sono...” – me jogo na cama e ela me puxa pelo braço – “vamos Dulce.. você não vai ficar aqui sozinha.. todos vamos... se você não levantar eu chamo os meninos e o Oso pra te forçarem a ir.”

Pensei melhor, olhei ao redor. Segurei a roupa entre as mãos e me pus a pensar. Bom, ganharia algo ficando aqui? Não. Em sair? Talvez... dormir eu dormia depois...

“Ok..” – disse e pude vê-la sorrindo. – “vamos.. não custa nada...”

“Ótimo...” – ela sorri saindo já do quarto – “vou me trocar.. já passo aqui pra te pegar.. e não enrole muito... que em pouco tempo já vamos sair...”


*-----------------------------*

Gel ou não gel? Não.. já tinha abolido ele de minha vida. E nem me pergunte porquês... era simplesmente algo que nem comprar mais eu estava comprando. Coloquei calça jeans básica, camisa de malha roxa, um cordão no pescoço. Me entupo do meu melhor perfume, escovo bem os meus dentes, pego o dinheiro, celular e saio do quarto já escutando barulho no corredor.

“Diga lá...” – cumprimentei Guido e os outros músicos que já estavam la. – “quem falta?”

“Dulce.. Maite.. Anahí...” – Poncho fala conferindo alguma coisa em seu celular.

“Elas também vão?” – pergunto um pouco surpreso.

“Decidiram ir...” – Guido responde e eu me recosto na parede.

“Então vamos demorar a sair mesmo...” – Christian se recosta ao meu lado – “mulheres.. todas iguais...”

*-----------------------------------*

Não estava muito afim de me arrumar muito. Coloquei uma blusa decotada roxa, jeans básico, uns colares, milhões de pulseiras... ajeitei meus cachos no espelho do banheiro. Fiz uma maquiagem não muito exagerada, caprichei no gloss, pus meu perfume preferido, agarrei meu dinheiro, celular, pus no bolso de tras da calça e voltei a olhar no espelho para ver se tudo estava ok.

“Dulce?” – escuto uma batida na porta. Faço meu espaço e vejo o Zé (christian) entrar – “só falta você e Anahí...”

“To pronta já...” – disse pegando meu cartão do quarto. – “Vamos...”

Saímos e já estava todos conversando. Alguns já estavam fazendo “as bases” tomando uma cerveja. Cumprimentei a todos e andei pra perto de onde o Christian estava, me sentando em um pequeno sofá.

“Quer?” – Poncho me oferece uma cerveja e eu nego com a cabeça.

“Agora não...”

*-------------------------------*

Uns 15 minutos depois Anahí resolveu sair. A rainha da demora ela.. já estávamos era mais do que acostumados. Fomos em 2 vans. Mas de todas as formas tentando manter uma discrição mínima. Chegamos no local e como sempre nos encaminharam pra uma área Vip separada de todos.

Comecei a beber devagar, hoje estava decidido a ficar mais na minha. Não me pergunte de novo o porque. Eu simplesmente não estava em clima de festa, e muito menos de surfar por ai.

“Chris..” – Poncho vem me abraçando pelo pescoço – “tem uma ali querendo te conhecer...”

“A mim?” – olho receoso ao redor vendo se alguém não escutava.

“Claro ne... ao nosso galã..” – ele bate a mão na minha e eu continuei parado sem saber se ir.

“Não sei...” – falo recuando.

“O que não sabe??” – Poncho me encara.

“Hoje.. não to muito afim...” – bebo um gole e me afasto olhando ao redor pra ver onde ‘ela’ estava.

“Você que sabe...” – Poncho se afasta piscando pra mim – “eu vou ali trocar umas idéias...”

*------------------------------*

“Quer dançar Dul?” – Maite se afasta um tempo de Guido e vem me puxando pela mão.

“Não...” – eu ponho peso no corpo – “to bem assim...”

“Vamos Dulce.. você prometeu... e você ama dançar.. eu vou com você...”

“E o Guido?” – eu rio apontando pro lado.

“Ele não vai se importar...” – ela me puxa e eu olho ao redor vendo-o somente conversar com algumas pessoas.

“Não sei...” – digo rapidamente, mas chega Christian e segura meu outro braço.

“Vamos.. nós três então...”

Não tive como recusar. Nos mantemos naquela área mesmo. Pra minha felicidade e pra melhorar meu humor começaram a tocar as musicas que eu gostava de dançar.

Me hipnotizei, alias, isso sempre acontecia quando a via dançar. Fiquei feito um babaca vendo a cena. Christian a abraçando, Maite dançando, ela se movendo ao som da musica. Quando seu cabelo caia sobre o seu rosto e ela soltava aquele sorriso espontâneo me fazia rir junto com ela. Tinham certas coisas, certas atitudes na minha menina que me deixam desconcertado. Acho que não só a mim. ela tinha um certo poder, uma certa magia, um jogo de sedução que não precisava fazer nada, mas que ao mesmo tempo fazia com que todos voltassem a atenção pra ela.

Me fazia bem vê-la sorrir assim, brincar, interagir. Me cortava o coração perceber que ela estava mal.. mesmo sem ela me falar os motivos, me falar o porque de seus medos, eu percebia, eu já a conhecia relativamente bem pra saber que naquele momento o que ela precisaria, era somente de um abraço meu.

“Vai ficar ai so olhando?” – escuto Maite gritar e eu fujo de meus pensamentos.

“Hm?” – coloco a mao no ouvido e ela a deixa com Christian e outros.

“Ta muito calado hoje.. ta bem?” – ela puxa Guido que estava do meu lado.

“To.. vou já...” – nesse minuto sinto umas mãos me abraçarem.

“Vamos já...” – Anahí me abraçou e logo se afastou – “Chris não dançar em uma festa.. estranho.. estranho...” – ela se afasta com seu copo nas mãos e sai seguindo Maite. O que eu estava fazendo parado aqui mesmo?

*--------------------------*

“Chegou o latin lover...” – Christian começa a balançar os ombros e eu me viro vendo-o se aproximar com certo temor da roda.

“Pois é...” – ele ri colocando seu copo em um balcão que estava perto. Paro por um segundo de dançar. Não sei bem porque.. mas eu não tinha que ficar assim.. nem deveria... balancei a cabeça e me pus a dançar de novo. Eu vim pra me distrair.. pra me divertir.. objetivo principal e obvio da noite. Pouco tempo depois o vi começar a se mover. E sempre me fazia rir. Ele com seu jeito exagerado, mas ao mesmo tempo era uma das suas principais características. Ele tinha o seu jeito único da dançar.. de rir.. quando o fazia eu não evitava de encarar o baile por completo. Ele sabia mexer de uma vez do ombro aos pés, coisa que nem no meu sonho mais profundo eu conseguiria.

“Até o chão Dulce...” – Christian puxava a brincadeira e eu me empolgava, todos acompanhavam com palmas. Íamos rindo, falando alto, cantando, dançando, não havia espaço pra mais nada relacionado a timidez ou temor naquele momento.

Foi quando eu senti ele se aproximar de mim, batemos bunda com bunda. Me virei para ter a certeza de quem era. Ele sorriu passando a mão sem jeito pelo seu cabelo. Eu ri de volta balançando o ombro. Ele segurou minha mão e eu fui fazendo conforme os outros faziam. Dancei, não desgrudamos nem por um segundo nosso olhar. Ele dançava igual, nos afastávamos, sentia sua mão na minha cintura... nossos corpos colados.. me pus nervosa por um minuto. Me virei rapidamente e afastei pegando das mãos de Maite um gole “emprestado” de sua bebiba.

“Quer?” – perguntei pra ele que mostrou seu copo.

*----------------------------*

“Já tenho.. não precisa.. obrigado...” – a vi beber aquilo nervosa, fiz o mesmo tomando três goles rápidos. Chega alguém, chega alguém...

Continua...