Fanfic: Inimigos Apaixonados (Ponny) (Finalizada) | Tema: Anahí e Alfonso Herrera

Alfonso ficou fora da taverna durante duas horas e quinze minutos. Tinha muitas coisas a fazer: ir ao banco, à loja de ferragens do Harry, ao correio e à loja de jardinagem. Detestava aquelas tarefas tanto quanto a pa­pelada em seu escritório, mas naquele dia fazia aquilo com um sorriso nos lábios. Muitas vezes, para surpresa das pessoas que estavam por perto, riu sem motivo aparente.

A expressão atônita de Anahí, quando ele dissera que tinha de descascar os amendoins! Ele não esqueceria aquele momento nunca.

"Isso deve tirar aquele ar de prepotência dela", pensou ao estacionar a caminhonete em frente à taverna. "Um pouco de humildade não mata ninguém."

Gostaria de ter ficado e vê-la descascar centenas e centenas de amendoins, mas, depois do pequeno encontro que tiveram no escritório, achara melhor manter distância por um tempo. Parecia que sofria de contínuos lapsos de sanidade, quando ficava perto de Any.

Jamais admitiria isso a ninguém, mas Anahí Portilla o deixava nervoso.

As mulheres nunca o deixaram nervoso. Adorava cada par­ticularidade delas: os mistérios e a insensatez, o perfume, o jeito de andar, as curvas das pernas e o gingado dos quadris. Ele sempre se sentira à vontade com o sexo oposto. Comple­tamente sob controle. Se estava atraído por uma mulher, e ela por ele, era muito fácil dar o passo seguinte. Não dormira com todas as mulheres com quem saíra, mas sempre adorara a companhia delas.

Era tudo muito simples e descomplicado, até ele se de­parar com Anahí.

Ela era teimosa, esnobe, condescendente. Nenhuma mulher exercia o efeito que Any exercia sobre ele, que nunca passara horas pensando numa mulher, fantasiando com as curvas do corpo dela, com o sabor da pele dela, imaginando como seria tocá-la e beijá-la.

E quando tocara o pescoço de Anahí, quisera fazer muito mais do que só fantasiar. Sentira que ela ficara arrepiada. A "rainha dos hunos" não estava tão desinteressada assim, não era tão fria como queria que todos acreditassem. Ele poderia tê-la bei­jado, quisera beijá-la, e ela teria deixado. Beijar Any não teria significado nada. Ele já beijara muitas mulheres e, embora tivesse sido muito bom, não passara de beijos.

Então, por que não beijara Any?

Por que sentira-se aliviado, quando Jessie os interrompera? Por que não dera fim àquela aposta, contando que havia trapaceado no jogo?

Orgulho. Cada vez que Anahí olhava para ele, cada vez que ela erguia o queixo, mexia com seu orgulho de homem. Queria que ela se rendesse. Que desistisse.

"A srta. Anahí Portilla deve estar bem mansinha, agora", ele pensou.

Desceu da caminhonete e entrou na taverna. Encontrou Any sentada numa banqueta, no balcão do bar. No chão, havia uma caixa, onde ela jogava os amendoins descascados. À di­reita, no balcão, havia outra caixa, onde ela punha as cascas. Alfonso assobiava alegremente, quando se aproximou.

- Ei, Any, quantos amendoins descascados! Parece que você esteve muito ocupada.

- A ociosidade é o refúgio das mentes fracas - ela retrucou.

Voltou sua atenção para os amendoins, e Poncho observou-a. Ela possuía mãos delicadas, e ele recordou o toque delas em seu rosto. Toque gostoso, suave, macio... "Pare com isso”, ele ralhou consigo mesmo.