Fanfic: Inimigos Apaixonados (Ponny) (Finalizada) | Tema: Anahí e Alfonso Herrera

Os lindos vidros jateados das portas de carvalho, que ela estava limpando, dariam as boas-vindas aos fregueses do Petit Bistrot, quando o restaurante fosse inaugurado, dali a três semanas. Era um restaurante pequeno, com espaço para poucas mesas, mas era exatamente o que Anahí desejara. Ela preferia ambientes aconchegantes e pequenos, com música suave, tudo simples e elegante. Tinha uma equipe de trabalho pequena: uma colegial chamada Becky, que estudaria de manhã e seria sua anfitriã, Nell, uma mãe solteira recém-chegada a Bloomfield, que fora a primeira a responder ao anúncio de garçonete e que fora tão bem na entrevista, que Any a contratara no mesmo instante. E havia também Sabrina, uma assistente de chefe de cozinha, formada por uma escola de gastronomia em Filadélfia. Any elaborara e provara o cardápio, ordenara mantimentos e colocara anúncios nos jornais. Exceto pelos balcões do bufê, que Chris instalaria na semana seguinte, tudo estava em seu devido lugar.

Ela olhou ao redor de seu restaurante e sorriu, feliz. As mesas estavam nuas, mas no dia da inauguração estariam cobertas por toalhas de linho rosa e exibiriam vasos com flores. Ela conseguia imaginar os murmúrios das conversas dos clientes ecoando no ambiente, o tilintar dos garfos e facas nos pratos de porcelana, sentir o cheiro dos legumes passados na manteiga.

Na infância, quando teve idade suficiente para alcançar a pia da cozinha, quis aprender a cozinhar, mas a mãe nunca permitiu. A preparação da comida era tarefa de empregados. A sra. Puente adorava dizer aquilo. Any, sendo neta do honorável juiz Puente, deveria receber e entreter convidados com conversas sobre assuntos atuais, ou contando charmosas histórias de família. Mais nada.

Mas, de vez em quando, Anahí fugia para a cozinha e observava Emily, a cozinheira da família, preparar as refeições. Ficava observando-a durante horas, fascinada. Mas a mãe sempre a encontrava e levava-a embora, repreendendo-a austeramente por não se comportar como uma Puente Portilla.

A mãe fora uma esnobe de primeira classe.

Any sabia que todos, em Bloomfield, achavam que ela era tão pretensiosa quanto a mãe. Embora saber daquilo a deixasse magoada, ela entendia por que as pessoas pensavam daquele jeito. Passara grande parte de sua vida comportando-se como a mãe.

Mas era muito pior do que esnobe. Era covarde.

Desde pequena sempre tivera medo. Medo de tirar uma nota inferior a dez numa prova, de sujar o vestido ou de dizer algo errado, de que seus pais brigassem, se ela não fosse perfeita. Então, sempre tinha um crédito extra, nunca se atrasava, mantinha as roupas limpas e impecáveis e nunca deixava o quarto em desordem.