Fanfic: Inimigos Apaixonados (Ponny) (Finalizada) | Tema: Anahí e Alfonso Herrera

A regra mais importante daquele jogo, que o pai de Anahí ensinara quando ela ainda era uma criança, era observar atentamente o oponente. Cada movimento, cada piscada, cada contração tinha de ser notada e analisada. Se o pai lhe ensinara algo, antes de partir, quando Anahí tinha doze anos, era que ela precisava ser observadora. Se ela o encon­trasse, lhe agradeceria por aquele ensinamento. Mas jamais apostaria que um dia o reveria. Ele ligava algumas vezes, mandava alguns cartões de aniversário, mas jamais voltara para ver a filha que deixara, catorze anos atrás. Sabendo como a mãe era uma pessoa de difícil convivência, Any entendia o motivo.

Só não compreendia, e o que não per­doava, era ter sido deixada com a mãe, que despejara toda sua mágoa em cima dela. "Mas isso são águas passadas", comentou consigo mesma, suspirando.
Dentro de poucas semanas abriria o restaurante com que tanto sonhara. O passado ficaria para trás, incluindo a humilhação que Rodrigo e Lorna a haviam feito passar. Seria uma nova mulher. Seria a mulher que todos pensavam que era: confiante, segura, equilibrada. Uma mulher que não ligava a mínima para o que os outros pensavam ou diziam a seu respeito.

Uma hora e dez rodadas mais tarde, para alegria de Anahí e desagrado de Alfonso, o monte de fichas dela era o dobro das dele. É claro que ainda não havia ganho, mas pelo andar da carruagem, duraria mais uma queda, ou no máximo, duas.

Anahí ainda não conseguia acreditar que tinha aceitado jogar. Aos vinte e seis anos de idade, gostava de orgulhar-se de ser uma mulher madura, que tinha tudo sob controle, principalmente suas emoções. Uma mulher acostumada a usar a lógica e a praticidade para tomar decisões.

Any olhou para as cartas que tinha nas mãos, então voltou a atenção para Poncho, que, por sua vez, observava as dele. Ela notou uma fina mecha dos cabelos pretos caída sobre a testa franzida. Alfonso distraidamente passou o polegar no queixo, e subitamente o único ruído na sala era o da unha dele coçando a barba por fazer.

Ele tinha entrecerrados as pálpebras daqueles incríveis olhos enquanto estudava suas cartas. Ela nunca teve a oportunidade de olhar tão fixamente um homem anteriormente, mas nessa situação, fazia por prazer porque achava que o estava fazendo para descobrir algum gesto que indicaria as cartas que ele pudesse ter.
Já tinha descoberto que, quando ele tocava o queixo com um dedo, era porque, provavelmente, tinha um par, pelo menos. Quando coçava o pescoço atrás da orelha, um trio ou mais e quando arrumava a barba com o polegar, como estava fazendo agora, provavelmente ia blefar.
Era por isso que estava olhando Alfonso tão fixamente. Pelo jogo, claro.