Fanfic: O Último Natal | Tema: Natal
Era véspera de natal. Como sempre, o ambiente estava festivo e bastante fraterno pelas ruas de Sotoba, por mais que, na maioria do ano as pessoas fossem distantes uma das outras, nessa época, as coisas pareciam se transformar, natal sempre trás muitas recordações. Me lembro bem do primeiro vídeo-game que ganhei do papai quando fiz 7 anos, ao desembrulhar aquele papel de presente todo vermelho prateado, minha alegria não podia ser contida, passei quase um mês jogando sem parar. Meu nome é Kohaku Kurimiya, sou um estudante de 17 anos do Japão, esse é meu último ano aqui em Sotoba, como estou concluindo o ensino médio, pretendo me mudar pra capital pra conseguir uma vida melhor entrando pra uma universidade. Venho prometendo isso para meus pais desde pequeno, e também, há outra pessoa que fiz uma promessa... uma promessa que jamais posso deixar de cumprir. Eu nunca fui muito de expor meus sentimentos, mas desde um tempo atrás, uma coisa vem me incomodando. Aqueles olhos claros, o sorriso sincero, a doce e suave voz que escutava todas as manhãs quando entrava na sala de aula, era uma motivação a mais para ir ao colégio, diferente dos demais alunos, eu contava as horas pro dia passar, só pra poder ver ela... a pessoa que foi capaz de despertar um sentimento que jamais pensei que iria ter. Conheci Toboe Haruna no 1º ano do ensino médio, desde essa época, foi difícil me aproximar, apesar de tudo, sou um pouco tímido, e só tive duas amigas até hoje, e uma delas, é minha prima Kanzaki. No começo do 2º ano, prometi pra mim mesmo que teria coragem de me aproximar mais, e com ajuda de Harima Yozaki, meu melhor amigo, consegui pela primeira vez falar com ela. Depois desse momento, fomos ficando amigos, sempre que ouvia a voz dela, meu coração batia mais forte, meu corpo começava a se esquentar, treinava sempre frente ao espelho como me comportar ao lado dela, não queria passar vergonha. Toboe é uma garota reservada, diferente das outras, era bastante popular no colégio, ficava com raiva dos garotos que sempre olhavam pra ela no corredor, mas apesar de vários pedidos por parte deles, ela recusou todos. Isso me deixava cada vez mais apaixonado, mas... alguém como eu, não sei se seria o bastante para ela. Mesmo com esse pensamento, eu havia prometido que no natal iria lhe dizer tudo que sentia. Ela também provavelmente iria se mudar, e talvez, nunca mais nos veríamos, não queria isso, viver sem ela seria como viver na escuridão pra sempre.
Tudo estava silencioso em casa, meus pais haviam ido para o supermercado fazer as compras de natal, apenas meu irmão, Jun, deitado no sofá, assistia suas séries favoritas.Era fim de tarde, podia ouvir o sinal do relógio informando ás 18:00, havíamos marcado de se encontrar na praça central ás 18:30, eu, Harima, Lucy, Michiyo, Komado e Toboe. Era a data e o momento perfeito para uma declaração, mas claro, precisaria contar com a ajuda do Harima para isso, ele não me deixaria na mão. Respirei fundo e desci as escadas. Não sei se era o clima natalino, mas tudo naquele momento parecia nostálgico, o ar da minha casa, eu conseguia sentir que tudo estava mais aberto. Despedi-me do meu irmão que, fissurado em suas séries, nem ligou, fechei a porta, e parti em busca da minha vitória.
Estava bem frio lá fora, a neve caía bem fininha, como uma leve garoa de tardes de verão. De alguma maneira, não sentia frio, talvez fosse a empolgação do momento, minhas pernas tremiam, afinal, era uma declaração pra uma amiga! Não sei o que Toboe pensava de mim, estava quase conformado em ser recusado, era o mais provável de se acontecer mas, pela minha dignidade, eu teria que fazer isso, pelo menos conseguir o celular dela. Me acostumei a conviver com sua voz, é difícil você se acostumar a levar uma vida sem as coisas que ama. Quando perdi meu avô, era sempre triste a mesa de jantar, sem sua presença que alegrava a todos, mas era preciso saber viver sem ele. As vezes precisamos abrir mão de várias coisas que nos fazem bem, da mesma forma que a vida nos trás presentes valiosos, ela nos leva coisas preciosas. Não achava justo esse conceito de viver, não queria isso. Se fosse pra viver assim, então eu preferia não ter nada, mas continuar a ouvindo a voz da Toboe, continuar a lanchar com ela sempre na sacada da escola, as lembranças que conseguimos juntos, nunca mais serão apagadas, tudo que eu desejava no momento, era passar ao menos mais um tempo ao lado dela, ao lado da pessoa que me dava forças para continuar vivendo.
Caminhava lentamente pela calçada estreita do meu bairro, do outro lado da rua, podia ver as crianças brincando com a neve, dava vontade de ser pequeno outra vez. O sol já estava bem fraco, e as silhuetas das árvores cobriam todo chão. Ao começar a se afastar do meu bairro, começava a ver as luzes que enfeitavam o centro da cidade, estava tudo muito colorido, vários tons de luzes mostravam a chegada do natal, o natal que eu jamais queria esquecer. Ao chegar na praça, sentei-me em um banco depois de limpar o pouco de neve que havia caído sobre o mesmo, como previsto, eu fui o primeiro a chegar no lugar, minha ansiedade estava quase me matando.
– Droga...já é 18:21, eles não precisam também chegar exatamente ás 18:30, tsc.
Relaxei um pouco, não podia deixar o nervosismo tomar conta de mim. Fechei os olhos e me concentrei, pensando em tudo que falaria quando ficasse a sós com Toboe, não havia falha, estava preparado para isso. Antes que pudesse abrir os olhos, senti um aroma doce se aproximar de onde eu estava sentado.Ao abrir os olhos, pude ver em minha frente a imagem que tanto estava esperando. Parecia ter acordado de um sonho, e ido direto para outro sonho. Toboe sorria enquanto estendia sua mão para tentar pegar alguns flocos de neve. Mesmo ali, ela continuava sorrindo, foi nesse momento que eu me lembrei, que havia visto ela triste apenas uma vez, mas não me recordava em qual ocasião. Toboe conseguia contagiar todas ao seu redor com sua simplicidade, estava feliz por sua chegada. Ao lado dela estava Lucy Sanada, sua amiga de infância, conhecida minha também.
– Waa, que frio. Será que os outros vão demorar? Quero logo tomar um chocolate quente. Dizia Lucy enquanto se agarrava nos braços de Toboe.-
Senti um pouco de ciúmes naquele momento, queria só um pouco poder sentir o calor de Toboe.
– Ora ora, seja paciente Lucy-Chan, não se esqueça que a espera vale a pena. Se as coisas acontecessem todas de maneira rápida, que graça teria? Toboe tentava consolar sua amiga com tais palavras, e ela realmente estava certa. Por todo esse tempo, talvez houvesse algo guardado para mim, justamente hoje. Sempre esperei uma pessoa pra dividir uma vida, e descobri em Toboe, uma outra metade que é capaz de me completar.
– É a primeira vez que passo a véspera de natal com meus amigos... esse momento, espero que fique marcado nas lembranças de todos. Inclusive...- A expressão de Toboe, naquele momento, parecia diferente, ela abaixou sua cabeça, e demonstrava um sorriso, mas um sorriso apagado, diferente do que ela normalmente tinha. Fiquei preocupado no momento.
– Toboe-Chan, algum prob..- Antes que pudesse perguntar alguma coisa, podia ouvir gritos de longe, gritos vindo da entrada da praça.
– Ei idiotas, estão passando frio aí por muito tempo?- Era Komado, juntamente de Michiyo e Harima. Como sempre, o rapaz não era nada discreto, não via que estava chamando atenção de todos no local com seus gritos e sua voz nada agradável.
– Que infantil, Komado-Kun, pensa que está em sua casa é? Olha aquelas duas senhoras rindo ali do lado, finja que não me conhece. Lucy parecia nervosa com Komado, mas na verdade, esse era o jeito dela ser, e todos estavam acostumados.
– Bem, agora que estamos todos aqui, que tal irmos até o karaokê?- Harima era como o líder do nosso grupo, ele sempre tomava a iniciativa. Concordei com ele no momento, e queria uma chance para falar com ele sobre o plano em me deixar sozinho com Toboe.
– Certo, mas já vou logo avisando, dessa vez vou tirar 100% em todas as músicas do Uverworld. Tentava demonstrar confiança perante a todos, quando na verdade, estava tremendo por dentro, só pensando nas palavras que diria pra Toboe.
Fomos todos caminhando lentamente até o karaokê que sempre íamos todas as sexta-feiras, e como era sexta-feira, não deixava de ser algo rotineiro. Queria caminhar ao lado de Toboe, como estava ficando bem frio, seria ótimo andar abraçado com ela, mas não podia me deixar levar por esses pensamentos no momento, não queria criar ilusões desnecessárias. Mas estava feliz apenas de olhar para seus olhos. Chegando no karaokê, ao entrarmos, percebemos que estava bem cheio, era previsível esse número de pessoas por lá, já que era véspera de natal.
– É.. acho que o karaokê foi por água abaixo. Dizia Michiyo em um tom de voz triste. Mas com Harima por perto, as coisas não podia dar errado. Mesmo com algumas salas ocupadas, ele manteve a esperança, dizendo:
– Eii, qual é, vão desistir facilmente assim? Essa pode ser nossa última vez cantando juntos, não quero que deixemos de lado apenas. Quem tirar 100% em uma música do Uverworld, não precisa pagar a rodada de bebidas.- Achei justíssima a proposta do rapaz, não havia como perder em músicas do Uverworld! Mas Toboe havia feito uma proposta melhor.
– Eto... o karaokê fica aberto até 00:00, certo? Então que tal irmos agora pro boliche, comermos algo, e depois voltarmos pra cá? Garanto que o movimento terá diminuído. Como garota inteligente que era, todos concordaram com a idéia. Fomos então em direção ao boliche. Mas a cada passo que eu dava, me sentia ainda mais nervoso, mal conseguia conversar com meus amigos. A única coisa que fazia era olhar para o relógio, tinha até 00:00 para ficar sozinho com ela, precisava urgente conversar com Harima, mas Michiyo, apaixonada por ele, não saía do lado do mesmo. Foi quando eu tive uma idéia, e pensei comigo mesmo: - Já que não posso falar pessoalmente com Harima-Kun, então o que me resta, é ligar! Ninguém poderá ouvir nossa conversa, basta apenas eu me separar. Vou inventar a desculpa de ir até o banheiro, e então, ligo pra ele. Não tem erro
Chegando ao boliche, o local também estava bastante cheio, mas conseguimos achar uma mesa para se sentar. Esperei alguns minutos, e coloquei meu plano em prática:
– Pessoal, não estou muito bem, preciso ir ao banheiro, mas eu volto já. Harima fez uma expressão estranha, talvez ele já estava ciente do assunto. Ao chegar no banheiro, não havia ninguém, fiquei mais tranqüilo. Apesar de estar nervoso, não sentia dores no estômago nem nada, esse parecia o dia ideal mesmo, não comeria nada ali pra evitar que algo acontecesse. Peguei o celular, me sentei em um vaso sanitário, e liguei para Harima. A música ambiente estava muito alta, o celular chamou algumas vezes, mas logo Harima atendeu:
– A-alô?- Ao fundo, dava pra ouvir a barulheira toda, queria queimar botar fogo em tudo na hora.
– Harima? Sou eu, ei, por favor, não fale nada pra ninguém aí do lado, preciso te falar uma coisa.- Tentava falar o mais alto que podia para não ter riscos do rapaz não ouvir.
– O quê? O que aconteceu? Não está dando pra ouvir direito.- Realmente, se eu estivesse com uma arma no momento eu atiraria em todos os auto-falantes do lugar. Mas mesmo assim insisti em gritar, valia a pena passar vergonha.
– Cara, preciso que você me faça ficar a sós com a Toboe, entendeu? No karaokê, ou então, me peça pra levar ela pra casa, na frente dela, conto com você Harima! Desliguei o celular, só restava confiar no meu amigo. Voltei para a mesa, parece que todos já estavam comendo, mas eu preferi não pegar nada, temia demais passar mal do estômago, seria o fim. Contava os segundos para o tempo passar logo, todos pareciam se divertir, mas... havia algo diferente. Toboe continuava com seu sorriso artificial. Conhecia ela mais do que qualquer pessoa, sabia que não estava bem. Talvez ela estivesse triste por termos que nos separar? De alguma forma, todos estavam. É difícil deixar um amigo pra trás, mas as lembranças cultivadas são os frutos que colhemos nesse tempo todo. Finalmente já era 22:00, estávamos a caminho da Candy Sotoba, melhor loja de doces da cidade. E se tinha algo que a Toboe gostava, era de doces. Se com isso ela não ficasse mais animada, então, havia algo de muito errado mesmo. Atravessamos a rua em um farol, até que, em um cruzamento, Toboe se distrai, e fica para trás. Em sua direção, vem um enorme caminhão, de longe, eu podia apenas ver e ficar parado olhando seus enormes faróis iluminarem a garota. Meu corpo não se movia, meus olhos não piscavam, até que Harima a puxou pelo braço, e o caminhão passou a poucos centímetros dos dois.
– O que pensa que estava fazendo? Por que ficou parada? Não nos assuste assim Toboe-Chan! Lucy estava realmente enfurecida, mas ao mesmo tempo, trêmula. Já eu, ainda não me movia do lugar. Pela primeira vez, eu senti um enorme medo, medo de perder a pessoa mais preciosa em minha vida, medo dos meus sonhos afundarem com a fina neve que caía sobre a água na rua formada por essa mesma neve. A garota começava a chorar, mas Harima tentava consolá-la, afinal, foi um susto e tanto. Não sabia o que dizer, não sabia o que fazer. Fui patético nessa situação, minha motivação estava diminuindo cada vez mais, até que Harima, com suas palavras fortificantes, disse:
– Ei, que tristeza é essa? Estamos todos bem, foi só um susto. Não sei porque está pra baixo hoje Toboe-San mas, sabe, eu tenho certeza de que muitas pessoas te amam e não gostariam de te ver triste assim. Sorria, o seu sorriso é capaz de transformar a vida de uma pessoa. No momento, senti um pouco de inveja. Queria eu ter dito essas palavras, mas também senti a indireta do Harima, ele realmente iria me ajudar, eu não podia me dar por vencido. Olhei para Toboe-San, e apenas sorri, tentando imitar sua expressão mais comum. A garota enxugando suas lágrimas, também começou a sorrir.
– Isso me deixou com fome, vamos pra Candy Sotoba logo.- Komado também tentava colocar a situação na linha normal novamente.
Chegando na loja, ela estava um tanto vazia, o que era raro, mas ao mesmo tempo um golpe de sorte para todos nós. Nos sentamos em uma mesa ao lado de fora, onde dava pra ver a cidade toda iluminada. Era um ponto alto de Sotoba, a visão de lá era espetacular. Mesmo com a neve, as estrelas no céu pareciam brilhar, iluminando aquela nossa noite. Todos fizeram seu pedido, meu coração já começava a palpitar, o momento mais importante estava chegando. Fui até a parte de dentro para pedir um pouco dágua. Fiz meu pedido, mas ao mesmo tempo, pude ouvir a voz de Lucy, gritando pelo nome de Toboe. Deixei tudo, e saí imediatamente para fora ver o que estava acontecendo. Harima estava em pé, e Toboe, não estava mais sentado com todos. Michiyo dialogava com Harima, impedindo que o mesmo fosse atrás da menina.
– Deixei-a, Harima-Kun. Eu sei exatamente onde ela foi.
Mesmo com suas palavras, eu não podia ficar calmo, queria saber o que aconteceu, até que ouvi Lucy falando.
– Ela saiu chorando, não acha isso estranho? E o comportamento dela o dia todo...
Realmente, não era nada normal. Ignorei Michiyo, e fui atrás dela. Corria mas, sem saber para onde estava indo, algo me movia, talvez minha intuição. Segui duas ruas acima, até que cheguei em um ponto conhecido. Havia uma enorme árvore com um banco abaixo da mesma e logo em sua frente, um barranco, onde podia-se ver nitidamente a lua cheia. Era a árvore onde eu e Toboe havíamos nos conhecido, foi segundo dia de aula, viemos todos celebrar o começo das atividades da escola nessa árvore, uma tradição que acontecia todos os anos, pelo fato dos primeiros alunos terem a plantado. Caminhei alguns passos a mais, e ajoelhada no chão, chorando, pude ver Toboe. Fiquei feliz em tê-la encontrado, mas meu coração não entendia o que estava acontecendo. Lembro como se fosse ontem.
Flashback - 1 ano atrás
Era começo de semestre, como no primeiro dia fora a apresentação dos professores, o segundo dia foi dedicado ao encontro da árvore da escola de Hariyami Ishida.
Estava conversando com Harima enquanto olha a cidade ali do alto. Achava toda essa cerimônia um tédio, queria logo dar o fora dali. Até que Harima começou a ficar estranho
– Espere um pouco Kohaku-Kun.- Não entendi muito bem, mas ele se afastara de mim, eu apenas me voltava á olhar a cidade e pensar sobre a vida. Via vários casais do colégio, e me perguntava quando é que eu teria uma namorada. Com os olhos fechados sentindo a brisa passar sobre minha face, eu podia sentir um doce aroma se aproximando de mim. O mesmo aroma que ficara marcado para sempre em minha mente.
– O-olá, Kohaku-Kun?- Ao me virar para trás, ouvia pela primeira vez a voz de Toboe pronunciando meu nome. Só podia ser um sonho. Quando olhei em seus olhos, ela parecia meio envergonhada, mas seu sorriso ainda era nítido, encarei ela por alguns segundos, e esta ficara ainda mais corada, e voltava seus olhos para o chão. Pensei que havia exagerado, mas me hipnotizava ao fitar aqueles lindos olhos.
– O Harima-Kun disse que você gostaria de me conhecer melhor então...- Harima, só ele pra fazer algo assim mesmo.
– O HARIMA O QUE?- No momento eu estava feliz, mas não podia acreditar que aquele bastardo tinha dito que eu gostaria de conhecê-la.
– Bem, de qualquer forma, muito prazer, me chamo Toboe Haruna, mas pode me chamar só de Toboe, estamos na mesma classe mas nunca nos falamos, é uma pena, pois você parece ser uma pessoa legal.- Era um elogio, certamente era um elogio pra mim. Só podia ser brincadeira, pensei comigo no momento, mas não podia estragar tudo, devia falar com ela normalmente.
– O prazer é todo meu Toboe-Chan, fico feliz em poder falar contigo.- Perguntei-me se havia feito errado ao usar o chan no momento, mas...
– EI, me desculpem vocês dois, mas eu preciso ir ao banheiro sabe, então... eu já volto!- Harima havia nos deixado só, ele não tinha jeito mesmo, mas sou grato eternamente por ele, nesse dia, eu havia ganhado uma motivação a mais para viver, eu havia descoberto o sentido maior de um amor.
Tempos atuais
Eu via Toboe chorando no chão, quase que inconsolável, tinha medo de perguntar o que havia acontecido, não sabia porque, mas tinha medo. Algo preenchia meu peito, e mesmo perto, me fazia se distanciar cada vez mais dela. Tentava falar, mas não conseguia, vê-la chorar, fazia meu mundo desabar completamente. Foi quando criei forças, e gritei.
– TOBOEEE!
Eu gritei... mas mesmo assim, ela continuou a chorar. Foi quando ela tirou uma foto de seu bolso, e ficou a olhando. Não conseguia enxergar direito, cheguei mais perto dela, e então pude ver. Suas lágrimas caíam por cima da imagem. Era a foto que tiramos na primeira vez em que fomos para o karaokê, todos estavam reunidos. Me aproximei mais, e antes que pudesse falar mais alguma coisa, ouvi da boca da garota
– Kohaku...Kohaku-Chan.
Fiquei de pé atrás dela, e respondi ao seu chamado.
– O que houve Toboe-Chan? Eu estou aqui...
Foi quando eu percebi. Ela mais uma vez, repetiu meu nome, sem me responder.
– Kohaku-Chan, eu sinto tanto a sua falta.
Ela sentia tanto a minha falta? Isso era algo para me deixar feliz, mas o que esava acontecendo? Ao olhar para uma pequena poça de água formada pela neve no chão, eu pude entender. Por mais que eu a respondesse, por mais que Toboe me chamasse, eu não estava mais ali. Eu nunca estive ali, esse tempo todo. Eu não conseguia enxergar meu reflexo na água.
Doceria Candy Sotoba
Minutos atrás, a garçonete se aproximou da mesa dos 4 jovens, e perguntou:
– Quem de vocês pediu a água?
Michiyo respondeu um pouco sem graça:
– Água..? Me desculpe senhora, mas ninguém pediu água aqui.
A senhora então indagou.
– Mas eu vi claramente, era um rapaz que..
Interrompendo sua fala, Harima dizia:
– Ah, pessoal, fui eu, chamei ela agora a pouco ali, fiquei com um gosto estranho na boca..- Por mais que ele estivesse mentindo. A garçonete sabia disso, mas deixou pra lá, e entregou á água para o garoto.
– Harima-Kun, além da Toboe.. você também está um pouco estranho. Primeiro aquele telefonema, agora isso. Dizia Lucy, sem entender o que estava acontecendo por ali.
Árvore da escola Hariyami Ishida
Eu sabia. Agora estava tudo claro para mim. Por mais que eu gritasse, Toboe não poderia me ouvir. Foi a três messes atrás.
Flashback 3 messes atrás
Era aniversário da Toboe-Chan, e como a pessoa que mais a ama na face da terra, não podia deixar de dar um presente. Como ela era uma garota simples, eu não sabia o que dar, se fosse depender de mim, apenas daria algo caro e que todas as garotas cobiçam, só queria lhe dar o melhor, mas sabia que ela se importaria mais com algo dado de coração. Pensei que esse poderia ser o momento ideal para me declarar, em pleno aniversário dela, ao dar seu presente. Pedi ajuda para o Harima no que dar para ela.
– Vejamos..Toboe-San é a típica colegial perfeita e humilde, boa nos estudos, tem uma ótima família, não liga pra coisas materiais e nem pra status. Então, acho que ela gostaria de alguma coisa bem romântica, haha.- Mesmo ele dizendo isso, eu não fazia idéia do que dar.
– Algo como...?
– Fiquei sabendo que o jardim dela foi atacado por alguns cachorros dias atrás, como moro perto da casa dela, ao passar de lá deu pra ver. E sempre que eu passava de lá a noite pra ir pra padaria, via ela regando as jasmins de seu jardim.- Flores? Ele só podia estar brincando mas...
– Está dizendo pra eu dar uma Jasmin pra ela?- Lhe questionei.
– Mas não pode ser algo tão fácil. Lembra da árvore da escola? Lá no barranco tem muitas jasmins plantadas, se ela souber que se arriscou pegando de lá, vai ficar ainda mais feliz!- Realmente, era uma boa idéia, Harima pensava em tudo mesmo. Decidi então fazer isso, iria lhe dar um buquê de Jasmin em seu aniversário, e declarar meu amor.
Fui até o barranco, tive muitos problemas para subir nele. Mas quando consegui, senti que pisei em falso, mas antes que pudesse cair, lembrei-me do rosto de Toboe, e então me segurei sobre a terra fortemente, e consegui evitar a queda. Subir, e tentei mais uma vez. Consegui pegar as flores. Voltei para casa, montei um buquê com a ajuda de minha prima, tomei um banho, e finalmente, estava pronto para o final. Eu só não sabia que final.
Cheguei até sua casa, estava suando de nervosismo, havia treinado em casa na frente do espelho, mas não estava muito confiante, de qualquer forma, eu teria que tentar. O buquê estava pronto, algo iria acontecer essa noite, eu podia sentir desde que saí do portão de casa. Aliás, no momento em que saí, senti que deixei toda uma vida pra trás. Toquei a campainha durante 3 vezes, ela então, com uma simples roupa, mesmo sendo seu aniversário, saiu para fora. Eu estava emocionado, só de olhar para ela, sentia meu mundo bem melhor. Quando ela me viu com o buquê na mão, colocou a mão em sua face, abriu o portão, e perguntou:
– Isto.. isto...- Antes que ela pudesse falar alguma coisa, eu me adiantei.
– Sim, é pra você Toboe-San. Feliz aniversário, e eu te amo.
A garota abriu o portão, e em um ato que jamais imaginaria, ela me abraçou. Senti pela primeira vez o calor de seu corpo, o calor que tanto queria senti. Me emocionei no momento, e então entrelacei meus braços sobre suas costas e a apertei fortemente. Era um momento inesquecível, não queria mais soltá-la, nunca mais, mas a vida nos prega peças, e foi aí que eu entendi, entendi que o meu final já estava traçado, e que era o momento de nossa separação. Como na calçada estava um pouco escuro, Toboe e eu fomos para o meio da rua. Segurei em sua mão, estava com o coração á mil, ela toda corada, ficara ainda mais fofa. Mas antes que eu pude fitar mais uma vez seus olhos, um caminhão veio em alta velocidade, parecia sem controle, não havia tempo para correr. Eu então joguei Toboe para o lado, e sem tempo de escapar, fui atingido de frente. Senti todos os meus ossos se quebrando no momento, quando abri os olhos, só podia ver o céu estrelado, um céu vermelho e que começava a se apagar. Não conseguia mais ouvir minha respiração, meu corpo não se mexia, por mais que eu tentava, não encontrava Toboe, até que, consegui me manter um pouco mais acordado, e vi ela em minha frente, segurando minha mão gelada. Eu não podia dizer nada, mas ouvi claramente as palavras de Toboe:
– Kohaku-Kun, fique comigo, por favor, Kohaku-Kun, eu também te amo!- Já era o bastante. Eu estava satisfeito com essas palavras. Eu não podia ir contra as linhas do destino. Eu não podia mudar o que aconteceu. O céu foi ficando cada vez mais vazio, fui perdendo o cheiro de Toboe, deixando de sentir sua mão sobre a minha, e tudo que eu vi, foi o fim.
Agora eu estava ali, frente com ela, frente com minha amada. Mas ao mesmo tempo, eu estava mais distante do que ela imaginava. Ela falava baixinho:
– Foi por minha culpa... eu pedi pra irmos pra rua, eu devia morrer!- Quando vi, ela havia retirado outro objeto de seu bolso. Era uma gilete. Me desesperei, mesmo estando em um estado onde não sabia o que era ter sentimentos, meu amor por ela continuava falando mais alto. Tentei gritar para impedi-la, mas sabia que não seria possível. Até que, eu me lembrei. Lembrei que no boliche, pude falar com Harima, mesmo eu não estando lá, mesmo ninguém me enxergando, eu pude falar com ele. Peguei meu celular, e mandei uma mensagem de texto o chamando até a árvore.
– Se apresse Harima-Kun, se apresse!
Toboe estava prestes a se cortar, até que Harima aparece, e consegue segurá-la.
– TOBOE-CHAN, o que está fazendo? O que é isso tudo?- A garota ainda chorando, soltou a gilete, e respondeu
– Eu não devia estar aqui Harima, eu não devia! O Kohaku-Kun, ele... ele...- O rapaz, tenta reaver a situação.
– O Kohaku foi um herói. Ele te salvou. Salvou a pessoa que ele mais amou nessa vida. Acha que ele se arrepende disso?- Eu realmente, não estava nem um pouco arrependido, contanto que Toboe estivesse bem, eu também estaria, não importa onde, não importa como.
– Portanto sorria, não lembra que ele sempre dizia, aquela frase que disse mais cedo? O seu sorriso... ele faz a vida das pessoas melhor. Tenho certeza de que agora ele está aqui com nós, ele está aqui, olhando por você, como sempre fez.
– Como pode dizer isso?
– Eu falei com ele. Ele que me mandou a mensagem me avisando para vir para cá. Kohaku, mais uma vez, salvou sua vida. Não dispedice-a em vão.- Mais do que nunca, de alguma forma, eu estava feliz. Sabia que não mais iria me encontrar com Toboe, mas, o sorriso dela ainda iria permanecer, enquanto Harima a abraçava, pude sentir que os dois se dariam muito bem. Minha missão já estava cumprida. O que eu sonhei, já não podia mais realizar, mas Toboe, ela ainda tinha uma vida toda pela frente e tenho certeza de que ela seria feliz.
A garota então olhou para a árvore, e sorrindo, como sempre, agradeceu:
– Obrigada... Kohaku-Kun, obrigada.
Autor(a): kyohisagi
Este autor(a) escreve mais 2 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Loading...
Autor(a) ainda não publicou o próximo capítulo