Mas que luz é esta?... Abro os olhos aos poucos para acostumar com a sua entrada. Tendo a visão completa novamente percebo que era apenas o sol passando pela minha janela. Esqueci de fechar as cortinas ontem de novo. Que horas deve ser? Putz! São 10h06min. Caramba, a Nanda vai ficar bolada por não ter aparecido na escola. Levanto correndo e coloco qualquer roupa. Lavo o rosto, me arrumo sem prestar atenção aos detalhes e corro para o portão. Esbarro com minha mãe pelo caminho.
Clarissa- Eita Le, aonde você vai a essa hora com tanta pressa?
Leo- Tenho que ir pro colégio mãe! A Nanda deve estar me esperando e... – É miragem ou Nanda esta sentada no sofá tomando um copo de leite com Nescau e comendo bolachas?
Clarissa- Le, você tá bem filho? – Coloca sua mão em minha testa. – Hoje é sábado e a Nanda já esta aqui esperando você acordar. – Sorri.
Leo- Jura? Uau, aonde será que estou com a cabeça? – Sorrio sem graça pela cena. Nanda apenas me olha sem expressar muita coisa. Sento-me ao seu lado e dou-lhe um beijo na bochecha.
Leo- Bom dia bebe. Como você tá? – Acaricio seus cabelos.
Nanda- Mais ou menos. – Diz com a boca cheia.
Leo- Não esta melhor ainda princesa? Caramba será que você tá doente? – Procuro uma temperatura alta na testa e embaixo do queixo dela. Normal. Seus olhos me fitam com tristeza, não deve ser doença. Fico calado.
Nanda- Le... – Ela começa. – Tenho uma coisa pra te dizer, mas não sei como. – Sua voz esta desesperada e só houve uma vez que ela falou deste jeito, e foi quando ela ia desistir dos seus sonhos. Colocando o copo na mesinha ao lado ela me olha e segura minhas mãos. – Prometa que não vai ficar triste, bravo ou qualquer outra reação ruim? – Seus olhos queriam me acalmar, mas estavam tão descontrolados que não tiveram efeito. Apenas fiz que sim com a cabeça e esperei pelo pior. – Estive pensando... Há muitas coisas que quero fazer e você sabe. Tantos sonhos, tão pouco tempo e decisões a serem tomadas. Há três semanas recebi uma bolsa de estudos de uma universidade de Londres para estudar Letras. Participei de um concurso que a escola de inglês nos ofereceu e sou uma das ganhadoras... – Tudo saiu rapidamente e demorei um pouco para associar tudo. – E bom, acho que vou aceitar.
Leo- Deixa eu entender direito – Falei depois de uns minutos. – Você vai embora para Londres? Você vai me deixar Fernanda? – Meu tom de voz subiu dois oitavos. Minhas mãos começaram a tremer e tive que apoiar minha cabeça sobre elas para pararem.
Nanda- Le, por favor...
Leo- Você não pensa em mim? Você ao menos gosta de mim? Achei que estávamos apaixonados... – Levanto-me e afundo meu rosto sob as palmas de minhas mãos.
Nanda- Hã? Como assim achei que estávamos apaixonados? Eu sou apaixonada por você Leandro. Penso em você é lógico, eu te amo! – Ela berrou atrás de mim.
Leo- Se me amasse de verdade não estaria me deixando para trás por causa de concurso qualquer. – Berro. Mas que merda, o que foi que eu disse? Olho para ela para me desculpas, porém é tarde. Seus olhos despejando lágrimas, as primeiras desde que começamos a namorar. – Nanda... Eu... Me perdoar... Eu não queria dizer... – Minha voz some. O que vou dizer? Já cometi o erro. Agora sim eu a perdi para sempre. Sem nada dizer ela sai da sala e corre para o portão.
Leo- Porra! O que foi que eu fiz? – Desesperado corro para o portão. Lá esta ela, indo embora dentro do carro de sua mãe. As lágrimas chegaram. Soco a parede furiosamente e tudo que mais quero é ir atrás dela pedir-lhe perdão. Uma mão me toca.
Clarissa- Leandro, filho... – Minha mãe vai dar o sermão, se prepara Leandro. – O que foi aquilo? Por que disse aquilo a ela? – Sua voz esta áspera.
Leo- Não sei mãe... Sou um idiota, um retardado, o pior cara da face da Terra. – É a única coisa que posso dizer de certo já que falei o errado.
Clarisse- Parece que sim né? Meu Deus... A menina veio aqui para contar uma ótima novidade e você a maltrata?
Leo- Ótima novidade? – Agora quem esta áspero é eu. – Ela veio contar que vai me deixar para ir morar em Londres e você acha uma grande novidade? Era só o que me faltava... – Dou as costas a ela e corro para o meu quarto. Tranco a porta e berro o mais alto que minha voz consegue.
Leo- Por que? Por que?... – O que falar? Acabo de perder minha namorada, a primeira pessoa que amo por um erro estúpido. E se?... – Ela deve estar em casa agora. Vou ligar. – Pego o telefone, disco o número e espero. Chama. Chama.
XXX- Alô? – É uma voz feminina, porém não a de Fernanda.
Leo- A Fernanda esta? – Pergunto.
XXX- Quem é?
Leo- Hãn.. o Leandro. – Falo com medo.
-XXX Você? Seu moleque... NUNCA MAIS LIGUE PARA CÁ ENTENDEU? DEIXE MINHA FILHA EM PAZ! – Tum, Tum, Tum. É, a Sra. Reis com certeza esta furiosa comigo. E essas malditas lágrimas que não param de cair? Minhas mãos tremendo, não consigo controlar. Jogo-me na cama, cubro-me com meu cobertor e aqui ficarei. Sabe lá até quando... Quem sabe pra sempre?