Fanfic: Última Tentação | Tema: Florence and the Machine - Breath of Life

A luz cintilava no anel que estava sobreposto em uma cadeira no centro da sala, eu via tudo embaçado, não entendia muito bem a situação.
Uma onda de terror e desespero me cercava, mas eu não conseguia diferenciar os sentimentos. Precisava de Socorro, de Água. Mas onde eu estava? Por que essa sensação de fúria? Medo?
Quando sinto uma lembrança invadir-me o cérebro. Lembranças essas que me levam aos vermes, que estão impregnados no meu corpo, se alastrando como fogo que queima um corpo banhado de álcool, ou de sangue.

- Onde estou? Falo comigo mesma. – Por que essa penumbra? Que diabos?

Ouço uma gargalhada ecoa nos fundos do cômodo.

- Será mesmo que você não sabe?

A voz era reconhecível. Eu sei de quem é essa voz, mas não consigo lembrar. Penso.
- Quem é você? O que você fez comigo?

- Você deve estar pensando no reconhecimento da minha voz, na verdade, eu sei que está. – Disse a voz.

O quê? Como ele sabe disso? Leu meus pensamentos? Que lugar é esse, que pessoa é essa? Novamente me perguntei.

Ouço um gargalhar estrondar-se em meus ouvidos, um zumbido alto se aloja em minha mente, me refugio na escuridão dos meus olhos fechados, mas nada impede que a loucura se instale. Nada faz parar aquele barulho ensurdecedor. Alguém me Ajude!
Quando abro os olhos, me deparo – estática, com uma imagem que me assola, me desespera, me corrói.

- Se eu li seus pensamentos? Que Lugar é este? Você sabe muito bem... Assassina.

- Quem? Por que estou aqui? – Gritei na direção da voz.

Estava amarrada, presa não à cordas, correntes, mas ao corpo que estava paralisado. Só conseguia falar, ouvir, olhar, mas nada de reações físicas.
Não, meu Deus, o que é isso? O que estou vendo? Percebo meu corpo jogado ao chão. Eu estou Morta! Penso.
Vejo meu corpo escancarado no piso de madeira. Nenhum movimento mais. Nunca mais.
Ouço uma gargalhada novamente. Macabra.
- Sim, esquartejada, arrancada a olho por olho, unha por unha. A voz sombria cortou o silêncio.
- O quê? Como assim? Se estiver morta, onde estou? Perguntei.
- No seu Subconsciente. Não, pra ser melhor, você está na estrada para o Inferno.
- Inferno? Diabos! Exclamei
- Ora, ora, ora Alice. Afirmou a voz.
- Quê? Como sabe meu nome? Indaguei.
- Diga-me você. Disse
Ouço outra gargalhada, Profunda. Quando sinto algo queimar-me os Pés, corroendo a carne já estilhaçada pelos vermes. Não. Carne estilhaçada? Como pode se sou espírito? Uma alma?

Olho para o chão, o corpo ainda quieto apresentava outro caso. Pés Furados! Pregos... Cruz.
- Meu Deus, o que está acontecendo? O que é aquilo ali? Enlouqueço.
- Sua condenação, Maria. Respondeu a voz com uma calma estarrecedora.
- Maria? Chamo-me Alice. Corrigi.
- Você não tem identidade, Maria. Você é Alice, você é Maria. Afirmou a voz.
- Mas que diabos?! Exclamei.
- Se você não está entendendo, veja sua própria condenação. Disse a voz calma.
- Mas por quê? O que eu fiz? Perguntei.
- O que você fez? Senti uma dor penetrar-me o coração, sugando o sangue e quebrando os ossos.
- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? Gritei.
- Sua cova.
- Enlouqueceu? Ai, ai, para! Tá doendo. Implorei.
- Mas não sou eu. Respondeu a voz com uma gargalhada.
Olho para meu corpo novamente, vejo estilhaços cortar a matéria erguida em uma cruz de frente ao anel repousado na cadeira. O corpo cada vez mais podre decaía e decompunha em sinais alarmantes. A dor continuava.
- Faça isso parar! Pedi.
- Mas não sou ninguém pra fazer alguma coisa. Faça você. Respondeu.
- Por que tudo eu? Quem diabos é você? Continuei perguntando.
- Ora, você sabe muito bem Alice. Afirmou – Sou seu pior pesadelo, sua cruz, seus vermes, seu corpo. Sou seu demônio. Sua última tentação.
- QUEM? Gritei com toda força que pude.
- Prazer sou Alice.