Fanfic: Escura Inocência - Vondy* | Tema: Vondy

Dulce soltou o fôlego que tinha estado contendo durante a declaração de Christopher Uckermann.

Um vampiro… Seria capaz de acreditar? E como não acreditaria? Depois das coisas que tinha ouvido e visto, acreditaria se lhe dissesse até mesmo que era o próprio diabo. Tremeu em seu assento, ao se dar conta que o que ele era estava muito perto de parecer um demônio.

Christopher estava tranqüilo. E o silêncio que reinava na noite fazia a respiração pausada de Dulce ser ouvida claramente… Ela sabia… Sabia quase tudo. Reservou certas partes para mais tarde…

E Deus sabia que Christopher não desejava que ela tivesse se inteirado dessa maneira tão pouco convencional para nenhum dos dois… Mas como sempre, o destino riu em sua cara e lhe fez uma de suas macabras e desgraçadas sacanagens. Observou-a. Desgraçadamente ela parecia a ponto de chorar enquanto observava as rosas.

Amaldiçoou baixo.

-Dul… Por favor, não fique calada, faz que meu sofrimento e melancolia sejam até mais evidente do que deveriam – Lhe rogou, enquanto com lentidão levantava a mão e deslizava as pontas de seus dedos por sua bochecha; justo ao tempo em que as lágrimas descenderam uma a uma pela brancura de seu rosto.

Ela estremeceu ante o roce, não queria fazê-lo… Mas seu corpo reagiu imediatamente. Dulce se encolheu ao ver a expressão de horror e a profundidade do desespero nos olhos e no rosto de Christopher. Ele se via tão doído. Como se lhe tivessem arrancado o coração e literalmente o tivessem estripado embaixo do seu nariz.

-Não se afaste de mim, Dulce. Não me deixe na escuridão… Não de novo.

Seu tom de voz foi um golpe dentro do coração de Dulce. Ouvia-se tão necessitado e implorava por ela… Enquanto que ela sentia a garganta lhe queimar com as palavras que não podia sequer pronunciar… Mas o que podia lhe dizer? Christopher era um vampiro… O havia dito, tinha confiado nela, sabendo que outro possivelmente lhe teria mentido. Mas Dulce somente levava três dias conhecendo-o… Não podia confiar de tudo e muito menos no palpitar de seu coração cada vez que estava em sua presença.

Abriu os lábios e esperou que as palavras roçassem sua garganta e saíssem por sua boca.

-Vai morder-me?

Isso foi o único que lhe ocorreu perguntar.

-Não –Disse ele tão sinceramente, que inclusive lhe doeu –Não faria algo que pudesse te danificar, Deus! Não faria nada sem sua permissão.

Dulce sentiu o alívio em seu peito e em sua cabeça. Acreditava em Christopher… Era impossível não confiar nele quando sua maneira de olhá-la era essa e quando sua maneira de dizer as coisas eram tão sinceras e atentas. Passou a língua por seus lábios.

-E como é? –Perguntou.

-Como é? –Repetiu Christopher, enquanto piscava surpreso e com uma confusão expressa em sua face.

-Sim… Como é ser um vampiro?

Ele suspirou cansadamente e se afundou no banco com o olhar cravado no chão. Sentia a aura de melancolia lhe rodear e por essa razão o fôlego ficou preso.

-Não é algo do que me sinta orgulhoso – Disse com um suspiro – Ser um vampiro significa resignar-se a uma eternidade cheia de solidão. Esse é o preço da imortalidade.

-Não há ninguém que saiba o que é?

Christopher lhe sorriu e levantando a mão com cuidado, voltou a lhe acariciar a bochecha. Esta vez, Dulce se abandonou a seu contato e fechou os olhos, dando-se conta que o medo inicial tinha desaparecido… Este era Christopher… E estava segura que ele era incapaz de lhe fazer qualquer tipo de dano.

-Sim… há - disse em um sussurro. Dulce abriu os olhos e se precaveu que Blasius tinha seus olhos cravados em seu rosto – Todos os empregados deste lugar sabem meu segredo… E seus pais também sabiam.

-Meus pais?

-Eles eram meus melhores amigos… Sabia que podia confiar neles, que jamais me trairiam. Mas por certas razões tivemos que cortar laços…

Surpreendida se precaveu de algo em particular.

-Por isso não foi ao funeral? Porque não pode sair sob o sol… Mas outro dia você…