Fanfic: A fada da minha proteção | Tema: Fadas

Capítulo 18

Eu arrumava a gola da camisa azul marinho em frente ao espelho me preparando para o almoço. Era um dia especial, Eva viria almoçar conosco, Peter estava ansioso para conhecer ela. Desci as escadas e vi Matilda colocando sobre o móvel da sala um vaso lindo onde havia um arranjo lindo de flores multicoloridas, ao me aproximar percebi que eram Amor Perfeito, as preferidas de Eva.

_Vejo que você gostou das flores. _disse Matilda me olhando de canto e ainda organizando as flores.

_Sim são lindas. Eva com certeza vai gostar. _ela sorria pra mim, neste momento Peter descia as escadas abotoando os últimos botões de sua camisa cinza.

_Está tudo pronto? _ele quis saber.

_Sim, vou buscá-la, dentro de alguns minutos estarei de volta. _peguei as chaves da moto, o capacete e sai. Tudo estava perfeito, Eva e eu já havíamos combinado todos os detalhes das perguntas inevitáveis que decorreriam durante o almoço: Eva morava há alguns quilômetros daqui, em uma cidadezinha pequena; seus pais eram agricultores e nos conhecemos há alguns meses em uma das festas da faculdade. Era mais fácil eles aceitarem tudo isto do que dizer a verdade. Matilda foi quem contou a Peter sobre meu namoro com Eva, e ela fez questão de ressaltar que eu só andava me interessando nos últimos dias pelo cultivo das flores graças a ela, que me fez perceber o quão importante era este tipo de trabalho. E Matilda tinha razão, depois de passar tantas horas em companhia de Eva na floresta aprendi a conhecer melhor o trabalho do meu pai, e em alguns dias durante estas férias me arrisquei a ajudá-lo no plantio de algumas de suas flores. É claro que ele adorou a ideia de me envolver mais com o seu trabalho, passamos muito tempo juntos e eu pude conhecê-lo até um pouco melhor. Foi bom, desde que cheguei aqui ainda não tínhamos passado tanto tempo juntos falando de nós mesmos como nos últimos dias, Peter é um homem bom e ultimamente ele tem se esforçado muito pra ser bom pai.

Eva me aguardava no fim da estrada de terra, na entrada da cidade, pois seria estranho que viesse até a fazenda caminhando. Ela estava linda, usava um vestido rodado até os joelhos em um tom de rosa pálido quase branco e de alças finas como cordões; Seus cabelos estavam presos na altura de sua nuca e os finos cachos dourados penduravam em seu pescoço apenas pelo lado esquerdo. Havia também uma flor linda que enfeitava seu penteado e várias outras desenhadas no contorno do rodado do vestido, muito pequenas e coloridas. O que me chamou a atenção, e eu não pude deixar de perceber foram as sandálias que Eva usava, era baixa e trançada nos dedos combinava perfeitamente com o resto do figurino e também uma bolsa, mas não a mesma de sempre com biscoitos, esta ela segurava nas mãos não tinha uma alça, apenas um pequeno objeto a mais na sua produção.

_Hum... sandálias¿ _perguntei curioso, pois ela nunca usava.

_Claro, tenho que me acostumar com elas, uma garota normal as usariam não¿

_Sim, usariam. _respondi sorrindo

_O que achou¿ Que eu conheceria seu pai descalça¿

_Eu não me importaria! _eu disse levantando as mãos me livrando da culpa de tê-la feito calçar as sandálias.

_Ora Joan! Não precisa me dizer isto, eu sei que você não se importa, mas preciso me acostumar. _ela olhava mais séria agora se lembrando de sua intenção de deixar seu mundo e ficar aqui comigo.

_Eva, você sabe que eu não quero te obrigar a nada. Não precisa fazer isto se não quiser.

_Eu já decidi Joan, quero ficar aqui com você. É mais seguro assim. Depois que você terminar os estudos eu venho e vamos ficar juntos sem correr perigo algum.

_Eu sei, também não quero que você fique se arrincando vindo até aqui, sei que é perigoso.

_Não há perigo enquanto eu estiver nos limites das fazendas, aqui não há muitas pessoas.

_Você tem razão. Então vamos, Peter está ansioso pra conhecer você! _ela sorria mais feliz agora.

Subimos juntos a escada principal da casa, abri a porta da sala onde Peter esperava sentado confortavelmente em sua poltrona preferida, ao ver Eva ele se levantou e eu comecei as apresentações.

_Olá pai, está aqui é Eva, Eva este é Peter meu pai. _ambos sorriam cordialmente.

_Seja bem vinda Eva, finalmente eu a conheço.

_Obrigada Peter é bom vê-lo também. _Matilda nos observava mais afastada e curiosa.

_Eva lá esta Matilda que você já conhece.

_Oi Matilda tudo bem¿

_Tudo bom Eva é bom vê-la novamente!

_Está tudo pronto Matilda¿ _perguntei

_Sim claro, podem sentar, por aqui Eva eu te acompanho. _as duas caminharam na frente até a mesa enquanto eu e Peter as seguíamos mais atrás.

O almoço de Matilda estava perfeito, e a conversa estava boa, em alguns momentos Eva e eu nos perdíamos nas muitas perguntas que Peter e Matilda faziam sobre a vida de Eva, mas no final conseguimos manter o segredo dela ainda guardado. Peter e Eva conversavam muito sobre suas flores e ele falava delas com orgulho, e o que mais agradou ele foi o incrível conhecimento que ela tinha do assunto. A cada nova historia dela sobre suas experiências com as flores ele se mostrava mais interessado e feliz com o rumo da conversa.

_É muito bom saber que Joan está aprendendo sobre o cultivo de flores com você Eva. Não poderia me deixar mais feliz que isto. _disse Peter com olhar orgulhoso.

_Eu apenas conto a ele o que sei, ou o que aprendi com meus pais. _respondeu Eva.

_E seus estudos¿ O que pretende seguir¿ _Perguntou Peter nos deixando preocupados, não havíamos combinado nada sobre os estudos de Eva, mas é claro que ele queria saber qual a intenção dela em relação ao futuro com seus estudos, ela aparentemente estava na idade de cursar faculdade. Nos encaramos por alguns segundos e Eva como sempre se saiu bem com a resposta.

_Bom, no momento não tenho nada decidido. Só o que sei é que vou continuar ajudando meu pai no cultivo da fazenda.

_Há sim! Isto já é um bom começo! Ao menos é o que você gosta de fazer certo¿

_É acho que sim! _Eva respirou mais aliviada agora.

No final do almoço Matilda trouxe uma sobremesa de encher os olhos, algo que misturava frutas e canela com um creme branco, Eva adorou, disse nunca ter experimentado tão agradável sabor, Matilda agradeceu aos elogios de Eva.

Depois disto nos acomodamos na sala para continuar a conversa. Me sentei ao lado de Eva enquanto Peter em sua poltrona como sempre tomava um licor de laranja também uma das especialidades de Matilda que também se sentou pra acompanhar o assunto de Peter sobre as plantas.

Eu estava quase encerrando a conversa pois já estava tarde e Eva precisava voltar ou sua família ficaria preocupada quando o som de um carro entrando na fazenda fez Matilda ir até a janela verificar quem estava chegando:

_È aquele seu amigo do colégio Joan. _disse Matilda.

_Sidney! _encarei Eva preocupado com a possibilidade de mais alguém saber sobre ela estar alí, mas ela apenas disse:

_Está tudo bem Joan, não se preocupe!

Matilda abriu a porta e Sidney entrou olhando todos na sala. Ele abriu um largo sorriso e cumprimentou Peter que o convidou pra sentar-se conosco.

_Há obrigado. Mas não pretendo me demorar. Como vai Joan¿ _ele se direcionou a mim, mas encarando Eva.

_Tudo bem, hâ... esta é Eva, minha namorada! _eles se cumprimentaram, Sidney parecia espantado, talvez por eu nunca ter mencionado um namoro tão sério.

_Sua namorada¿ Há, acho que me lembro de minha irmã ter mencionado algo do tipo. _ele parecia agora constrangido por ter interrompido algum tipo de reunião em família.

_Bom, me desculpem por vir sem avisar, mas é que eu vim encomendar algumas coisa aqui perto pra festa de hoje e resolvi passar pra convidar Joan, vamos fazer uma reuniãozinha entre amigos na casa do Charles, o que vocês acham¿ Topam vir também¿ É a nossa ultima semana de férias vamos comemorar!

_Desculpe Sidney mas tenho que levar Eva pra casa e...

_Não, tudo bem Joan, podemos ir a que horas vai ser¿ _Eva disse quase que num impulso. Fiquei sem reação. O que dizer¿ Eva em uma festa na cidade. Acho que não seria boa coisa.

_Ao anoitecer, esperamos vocês lá!

_Legal, iremos então. _Eva parecia saber o que estava dizendo, e eu não me atrevi interromper.

_Isso crianças, aproveitem! O inicio das aulas está ai, terão de estudar bastante depois. _disse Matilda sorrindo pra nós.

_Bom, até mais tarde então.

_Eu acompanho você até o carro Sidney. _caminhamos em direção ao carro e Sidney não escondeu mais sua hesitação por conhecer Eva.

_Joan, como nunca havia me dito sobre sua namorada antes¿ _ele quis saber.

_Achei que não seria necessário.

_Rapaz, de onde ela é¿ Nunca a vi por aqui. Vocês namoram a muito tempo¿

_Uma pergunta de cada vez Sidney. E que história é essa de festa¿

_Bom eu liguei, mas você não atende nunca este telefone!

_Ok, só não acho que é uma boa ideia eu levar Eva por que...

_Qual é o problema¿ Está tudo bem, ela vai gostar de conhecer seus amigos não¿

_Está bem, agora vá, mas não me espere pra esta festa, tampouco Eva!

_Se você não aparecer venho te buscar hein! Até mais tarde amigão! _Sidney deu ré no carro, mas voltou.

_Há esqueci de dizer. Eva parece ter saído de um Conto de Fadas não¿ _com um sorriso no rosto e um gesto com as mãos me despedi dele. Como Sidney era audacioso! Ele sempre me importunava, mas eu jamais deixei de gostar dele.

De volta em casa convidei Eva para leva-la embora. Ela se despediu de Peter e Matilda com carinho e prometeu voltar em outra ocasião.

Mas antes de sairmos da fazenda levei Eva pra ver algumas das flores que plantei junto com Peter na estufa, ela ficou feliz em poder apreciar o que mais ela gostava no meu mundo.

_Estão lindas Joan! Você também plantou rosas¿ _ela disse apontando um vaso cheio de rosas vermelhas.

_Sim, as rosas são pela lembrança de minha mãe.

_Ficaram lindas, parabéns você fez um ótimo trabalho.

_E você também! _agora mais perto envolvi meus braços em sua cintura. Ela estava de costas pra mim.

_Que bom que você e seu pai estão se entendendo melhor agora.

_Graças a você também!

_Não a mim não! Você tem sido um bom filho Joan, tem se importado mais com Peter, tem dado mais atenção a ele e a este lugar que ele adora. Isto faz de você um rapaz de caráter! _ela virou-se pra me encarar.

_Mas tudo isso só aconteceu depois que conheci você. Então os créditos são seus.

_É mas, apenas te mostrei um caminho, você seguiu nele porque quis. Entende¿ Você cria seu próprio destino.

_Está certa. Você tem razão, como sempre. _riamos juntos.

_Eva, tem certeza que pretende ir naquela festa¿ _ela me olhou fundo nos olhos.

_Não sei o que deu em mim pra aceitar aquele convite tão impulsivamente daquele jeito. Mas...

_O que foi¿ _segurei suas pequenas mãos e constatei que estavam frias.

_Senti uma sensação estranha, como um aperto no peito, algo parecido como uma dor forte.

_Eva, você descreveu a sensação de medo. _ela olhava triste pra mim. Poucas foram as vezes em que Eva saiu de seu mundo por causa do perfume das flores, e em nenhuma destas vezes passou por situações tão perigosa quanto a que estava se envolvendo agora.

_Se você sentiu medo, porque aceitou o convite¿

_Pensei que se Sidney contasse sobre mim a todos da festa e eu não estivesse lá, seria como se você quisesse me esconder, e você não pode ter motivos pra isso. Se algum bruxo ou bruxa estiver por perto e souber sobre uma tal suposta namorada de alguém que não aparece em festas com ele com certeza é por que tem algo a esconder. Pense Joan você ainda tem muitos anos de estudo, é melhor me conhecerem agora do que ficar adiando este momento. Eu me apresento, todos ficam me conhecendo e assunto encerrado, não sou mais mistério pra ninguém.

_Parece fácil, mas e se descobrirem sobre você¿

_Não há como isto acontecer, ficarei atenta.

_Não tem uma forma de você saber se corre perigo¿ Sei lá, qualquer coisa que chame a sua atenção, alguma coisa fora do normal¿

_Não Joan, nunca precisei fugir de nada nem de ninguém. Conheço as bruxas das histórias que meu avô contava, e só o que sei é que elas são humanos normais, apenas escondem este segredo.

_Mesmo assim não quero que você se arrisque. _ela me permitiu um leve beijo em sua testa acompanhado de um forte abraço.

_Precisamos tentar, é melhor encarar o problema de frente e enfrenta-lo do que se esconder e ser caçado. Vamos já esta tarde, não posso ir a festa de vestido. Tem que me levar em casa pra trocar de roupa.

_Qual o problema com o vestido¿

_Além de fada sou mulher Joan, e mulheres sempre arrumam problemas com as roupas!

_Ok vamos! _Eva se virou para sair da estufa quando seu braço esquerdo bateu em um vaso que continha apenas as pétalas de uma flor já morta que veio a cair no chão. Assustada ela abaixou-se para recolhê-lo.

_Tudo bem Eva, não tem problema, veja o vaso nem quebrou e a flor foi abandonada a muito tempo. _eu mostrava a ela o caule da flor caído e suas pétalas já escuras por causa da ação do tempo. Ela sorriu um doce sorriso e colocou o vaso sobre a mesa de onde ele caiu. Observando seu movimento gracioso de colocar o vaso com todo carinho sobre a mesa e fita-lo por alguns instantes, pude perceber qual era sua intenção. Ela soprou as pétalas mortas e o caule começou a erguer, em poucos segundos a flor que antes não tinha vida agora dançava com o sopro de Eva e mostrava sua cor vibrante, num tom azul da cor do céu. As Hortênsias estavam de volta e cheias de vida.

_Bom, acho que Peter vai gostar! _eu dizia encarando a flor. Ela sorriu e saímos, caminhando em direção ao mundo de Eva.