Fanfic: A fada da minha proteção | Tema: Fadas

Capítulo 19

Fiquei a espera de Eva na sala de sua casa, enquanto ela se arrumava para sairmos para a festa. Ao descer as escadas me surpreendi com ela vestindo uma calça jeans, cardigã lilás e sapatilhas quase que no mesmo tom, seus cabelos agora estava todo preso.

_Então o que achou¿

_Perfeito! Você esta absolutamente... normal! _eu dizia enquanto ela ria.

_Hum, esta era a ideia. Vamos¿

_Claro! _no caminho de volta para estrada Eva permanecia calada, talvez fosse o medo que tivesse tomando conta dela de novo.

_Quer voltar¿ _perguntei na intenção de ouvir um sim.

_Não está tudo bem.

_Sabe Eva, acho que seu amigo Nilo não vai gostar de saber que você foi até a cidade.

_Nilo apenas acha que não sei me cuidar, que não vou saber me defender se algo acontecer.

_E ele tem razão. Mas não é só isso. _ela me olhou envergonhada ainda caminhando.

_Ele disse alguma coisa¿ _Eva tinha o olhar fixo na estrada.

_Não mas, ele disse que você só será feliz aqui, no seu mundo.

­_Serei feliz com você, onde você estiver. _seu olhar me procurou agora.

_Não vai se lembrar de mim, apenas sofrerá enquanto eu viver e logo tudo estará acabado.

_Não será sofrimento, será morte! É o que vou sentir. _não pude tentar convencê-la mais, Eva já tinha me ganhado. Mudei o rumo da conversa.

_Como você sabe que não sou um bruxo que pretende sugar sua magia¿

_Porque sou sua proteção. Te conheço desde que nasceu. Nasceu de uma humana. Me lembro das dores, do parto, do primeiro tombo, do primeiro dia de aula. De quando aprendeu a dirigir. Momentos felizes e tristes. Bruxos não tem proteção, não consigo ver a proteção dos outros humanos, são invisíveis, vejo apenas você e outras pessoas, nunca a fada ou o elfo que os protege.

_Entendi, acho que aos poucos vou me acostumar com isso.

Ao chegar na estrada pegamos a moto e nos dirigimos para a festa na casa do Charles, eu torcia pra não ter tanta gente lá, e me preocupava com a segurança de Eva. Talvez se eu pertencesse ao mundo dela e fosse um elfo como Eliézer havia imaginado eu poderia defendê-la. Mas eu não passava de um humano comum e irresponsável.

Na entrada da republica de longe já se ouvia o som de musica alta e risadas desconexas em todo canto. Eva seguia atrás de mim segurando minha mão direita, ela não demonstrava reação nenhuma, e as vezes parecia não estar respirando, talvez com o sentido de se proteger de algo. Vez em quando eu a olhava pra me certificar que tudo estava indo bem, e ela balançava pouco a cabeça dizendo que sim. Eva parecia ler meus pensamentos, e se isso fosse possível seria bom pois só assim ela saberia o quanto eu queria voltar e afastá-la daquele lugar.

Conforme íamos adentrando no ambiente, as pessoas nos encaravam como se fossemos o bolo da festa, não havia nada de especial em nós apenas o fato de Eva ser linda demais e chamar muita atenção.

_Joan, eu sabia que vocês viriam! _Sidney gritou em um canto da sala nos chamando pra mais perto dele, onde Charles, Suelen e outros também do nosso período estavam bebendo e conversando.

_Olá Sidney, oi pessoal! _cumprimentei alguns conhecidos meio sem vontade. _Esta é Eva minha namorada. Todos cumprimentaram Eva cordialmente.

_Olá Eva, Joan não havia nos dito que tinha uma namorada tão bonita. _todos riram da investida de Charles, menos Suelen que encarava Eva dos pés até a cabeça, e é claro puro ciúmes.

_Obrigada! _Eva sempre gentil.

_Olá Eva é bom conhecer você! _suelen lhe estendeu a mão e Eva fez como eu, cumprimentou meio sem vontade. No momento não entendi, mas logo me dei conta de que ela presenciou nosso beijo na cachoeira, esse era o motivo então. Eva ciumenta! Charles nos ofereceu uma bebida a qual Eva recusou.

_Ela não bebe. _eu disse em tom bravo. Mas que droga eu estava tenso!

_Ok, temos suco, venha Eva eu pego pra você. _Eva fixou seu olhar me dizendo pra ficar, afinal ela iria à poucos metros buscar um suco nada de mais.

_Vejo que esta tenso Joan, está tudo bem¿ _Suelen como sempre conseguia ler minhas sensações.

_Sim, só estou um pouco cansado, preciso descansar, ficarei pouco, e além disso ainda tenho um longo caminho pra levar Eva pra casa.

_Relaxe meu amigo, divirta-se, a festa esta boa.

_É eu sei. _Meu olhar seguia cada movimento de Eva. A cada gole da bebida eu tentava buscar seu olhar no meio dos outros. As vezes ela virava pra me encarar. De longe pude perceber melhor o olhar dos outros garotos em Eva, mas como não olhar¿ Ela era a garota mais linda do lugar e mesmo escondida atrás do jeans e do cardigã simples ela era como Sidney havia dito: parecia ter saído de um conto de fadas, era a única coisa certa que ele disse naquele dia.

Aos poucos fui me controlando, a casa estava cheia, mas não parecia haver perigo algum. Talvez Eva tenha razão, não há mais bruxas na cidade.

As horas foram se passando e foi ficando cada vez mais tarde. Eva parecia feliz por conhecer finalmente fisicamente meus amigos. A tensão havia passado e em alguns momentos eu até me esquecia que ela não era uma pessoa como nós. Parecia que ela era real, e eu queria ela assim pra mim.

Eva se sentia tão à vontade e depois de algumas bebidas eu também havia relaxado. Suelen e Eva se levantaram para buscar mais alguns petiscos e eu tinha embarcado em um assunto sobre o colégio com os meninos, quando me dei conta de que Eva havia saído do meu campo de visão. Soltei o copo em uma mesinha e parti à sua procura pela casa deixando os meninos rindo com o assunto. Eu olhava em todo canto mais não conseguia vê-la, era torturante imaginar onde ela poderia estar, e ao entrar na cozinha vi uma cena que depois da morte da minha mãe foi o que mais me chocou, Eva sendo prensada em uma parede por um dos garotos do colégio bêbado e Suelen tentando tirá-lo de cima dela.

_O que esta acontecendo aqui¿ _gritei com o rapaz. Suelen ao me ver gritou mais alto ainda.

_Acalme-se Joan, ele está bêbado, não sabe o que está fazendo.

_Pois agora ele vai saber. _Minhas mãos se fecharam em um impulso e em segundos meu punho bateu forte na face do garoto que caiu no chão.

_Joan não! _gritou Suelen boquiaberta. Eva permanecia intacta na parede.

Aos poucos o garoto se levantava se apoiando na mesa e eu já preparava meu segundo soco quando ele se virou apontando uma faca. Fiquei em pânico, o que fazer¿ Ele me olhava furioso pelo soco, atrás de mim Suelen gritava pra alguém vir ajudar, e atrás dela Eva chocada com a cena. O garoto olhou fixo em meus olhos e veio pra cima de mim, armado com uma faca, e quando ela já estava próxima do meu quadril, uma pequena mão branca fechou seus dedos no corte afiado da faca, era a mão esquerda de Eva e com a mão direita apoiada no peito do garoto ela o empurrou, e ele não teve nenhuma reação contra a força do braço de Eva sobre ele. Quando dei por mim o garoto estava caído sobre um móvel da cozinha tal era a força de Eva, e ela ainda pairava com os dedos enlaçados na ponta afiada da faca.

Olhei para Eva e imaginei o tamanho da dor que ela estava sentindo, mas quando verifiquei sua mão nada havia além do corte aberto e do brilho que pulsava na mão dela. A faca caiu no chão, e uma voz soltou um leve gemido atrás de nós, era Suelen que olhava atônita o corte na mão de Eva. Ela nos encarou alguns segundos com uma das mãos cobrindo a boca ainda aberta em sinal de desespero, seus olhos brilhavam e eu pude sentir o medo arrepiar meu corpo, no momento me lembrei de Eva pois o medo vinha dela. Quando dei por mim Suelen já não estava mais conosco na cozinha, e apenas os olhos curiosos de outras pessoas nos encaravam. Tratei de esconder o corte de Eva com um pano da própria cozinha, ela me ajudou a enrolar sua mão e olhou fundo nos meus olhos e disse:

_Me leve embora daqui, rápido! _o desespero tomou conta de mim, olhei mais uma vez o garoto desmaiado sobre o móvel antes de sair. Eva descia as escadas do prédio em grande velocidade e eu tentava acompanha-la sem sucesso.

_Eva me espere! _gritei sem resposta, ela continuava em sua fuga desesperada do lugar. Quando chegamos na moto ela pegou os capacetes, entregou o meu mais nenhuma palavra falou.

_Eva o que foi aquilo, aquele garoto é um bruxo¿ Ele te machucou¿

_Não! _ela gritava aos berros. _Vamos embora daqui! _subi na moto e perguntei:

_O que está acontecendo¿ Porque você está com tanto medo¿ _subindo na moto ela respondeu:

_Suelen é uma bruxa!