Fanfic: A fada da minha proteção | Tema: Fadas

Acordei com uma manhã chuvosa, na janela do meu quarto os pingos da chuva batiam forte e sem parar. Olhei em volta do meu quarto e percebi em que estado cheguei a noite: minhas roupas e tênis empoeirados por causa da estrada jogados na cadeira em um canto perto da mesinha que aparava meus livros do colégio. Apenas os tirei e cai na cama, sem pensar em mais nada, adormeci em um sono profundo. Olhando no relógio, mesmo depois de tantas horas na cama meu corpo quer continuar o dia ainda deitado. Eu olhava o teto do meu quarto e tentava esquecer a noite passada. Minha cabeça girava e eu me lembrava de cada detalhe dos últimos acontecimentos: Eva em casa, linda com seu vestido, a noite com o cardigã lilás simples, o bêbado da festa, o corte da mão de Eva, o olhar de Suelen, o choque, a flecha, Zain, Nilo. Tudo parecia normal agora, se não fosse o fato de que Eva não aparecia, mesmo eu esvaziando minha mente de todos os problemas. Onde ela estaria agora¿ Esta viva¿ Eu daria toda riqueza do mundo por noticias dela. Noticias que Nilo prometeu dar. A espera era angustiante. E Suelen¿ O que disse ao seu irmão, Sidney, será que ele também é um bruxo¿ Preciso saber para me preparar.

Levantei-me da cama meio que sem pensar ao certo no que fazer. Ao descer as escadas ouvi Matilda em uma conversa com uma voz familiar, era Sidney ele estava parado na porta da sala com as mãos e o corpo trêmulo, e me encarou com desespero quando eu já estava na sala com eles.

_Joan preciso falar com você! _ele veio mais pra perto de mim, como reação fiquei na defensiva, agora eu iria desconfiar de tudo e de todos.

_O que aconteceu Sidney¿

_Suelen, ela desapareceu! _ele quase chorava ao dizer estas palavras, convidei-o para sentar em um dos sofás da casa e pedi pra Matilda que lhe trouxesse algo para beber, ela atendeu no mesmo instante.

_Acalme-se Sidney, conte o que aconteceu, como assim desapareceu¿

_Ontem na festa eu a vi sair correndo do prédio, muito aflita, ela parecia decidida e com raiva, muita raiva, eu tentei pará-la pra saber o que estava acontecendo, mas ela me tratou tão mal e me olhou com um olhar que eu até agora me arrepio só de lembrar. Pensei que talvez ela estivesse com ciúmes de você por causa de Eva, e por isso agiu daquela forma. Já entrei em contato com minha mãe que também esta aflita por que ela não apareceu por lá. Falei com todos os nossos colegas do curso, mas ela não foi vista por mais ninguém depois da festa. Estou preocupado, isto nunca aconteceu antes!

_Acalme-se Sidney vamos encontra-la. _Eu dizia isto por fora, mas por dentro eu queria ver Suelen o mais longe possível dali. Neste momento, Matilda trazia uma xicara que parecia conter algum tipo de chá, e eu esperava que fosse um ótimo calmante, Sidney estava atônito com o acontecido.

_Você já falou com as amigas dela do curso de Física¿

_Sim, não há mais ninguém com quem falar, minha esperança era que ela estivesse aqui com você.

_Não. Eu também não há vejo desde ontem.

_Joan o que realmente aconteceu pra Suelen sair tão aflita daquela festa¿ _ele me indagava raivoso.

_Não aconteceu nada entre mim e Suelen. Ela estava se dando bem com Eva, as duas passaram bastante tempo conversando na festa. Aquele idiota do quarto ano que deu em cima de Eva, eu tirei ela das mãos dele. Foi isso que aconteceu! _agora quem estava com raiva era eu.

_Não entendo como ele foi parar em cima daquele móvel somente com um empurrão de Eva. Joan esta sua namorada é um tanto estranha não acha¿ _pobre Sidney isto por que ele não conhecia melhor sua irmã, Suelen.

_Sidney, me fale sobre sua irmã. Vocês sempre foram tão amigos não foram¿ _eu tentava tirar algo dele que nem eu sabia o que era. Mais calmo ele respondeu:

_Sim, eu e Suelen sempre fomos muito unidos. Desde que eu a conheci há alguns anos atrás não ficamos nenhum minuto sem a companhia um do outro.

_Conheceu sua irmã há apenas alguns anos atrás¿ _acho que a historia toda estava começando a ser desvendada.

_É nós nunca falamos muito sobre isto, mas a verdade é que eu e Suelen somos filhos de pais diferentes. Minha mãe ficou viúva muito cedo depois que eu nasci e dois anos depois ela teve Suelen com um namorado que não quis se casar com ela. Ele se ofereceu pra cuidar da criança e minha mãe aceitou porque não tinha condição nenhuma de sustentar dois filhos pequenos. Depois de exatos vinte anos o pai de Suelen morreu e ela decidiu procurar a suposta mãe e o irmão de quem ele sempre falava. Foi assim que ela veio morar conosco, e decidimos fazer juntos o curso aqui nesta cidade.

Eu sabia, agora tudo estava bem explicado. Suelen de alguma forma se infiltrou nesta família, ela já tinha seu plano todo traçado há algum tempo. Tudo tinha um sentido agora, sendo irmã de alguém tão comum quanto Sidney ela jamais seria reconhecida como uma bruxa. Ainda com a boca aberta por saber desta historia me dei conta de que Sidney ainda com o amor de irmão me clamava sem parar.

_Por favor Joan se souber de alguma coisa me avise, estarei na cidade, já falei com o delegado e ele irá começar uma busca pela mata, ele acha que ela pode ter se perdido. _ele disse se levantando e caminhando para saída da sala.

_Claro Sidney, se eu souber de algo eu te aviso. _Sidney saiu cabisbaixo, e seu rosto era puro sofrimento. Voltando a sala encarei Matilda boquiaberta.

_Pobre rapaz, onde sua irmã pode estar neste momento¿

_Sinceramente Matilda, não sei.

_Meu menino, que historia é essa que ele disse sobre Eva ter empurrado alguém na festa¿

_Foi apenas um mal entendido Matilda, nada pra você se preocupar!

_Sei... E Eva¿ Você a levou pra casa¿ _ela parecia desconfiada.

_Sim, ela foi pra casa! _eu disse não tão certo de minhas palavras.

_E quando ela volta pra cá¿

_Ela vai viajar, vai ficar um tempo fora junto com os pais. _detesto mentir pra ela, mas era o melhor que eu podia fazer por ela e por Eva. _Onde esta Peter¿

_Na estufa.

_Acho que vou fazer companhia pra ele. _sai disposto a organizar melhor meus pensamentos.

O dia chuvoso demorou a passar, na estufa eu ajudava meu pai com as semente, conversávamos pouco já que eu tinha a cabeça em outro mundo. De vez em quando eu cheirava o perfume das flores na intenção de não me esquecer de Eva, outras vezes me organizava pra esquecer os problemas passados com medo de que isto me atrapalhasse em ver ela.

Eu não tinha ideia do que poderia ter acontecido com Eva, mas pela reação de Nilo com a flecha algo de muito grave aconteceu.

Com todo o ocorrido eu havia me esquecido do meu aniversário, dezenove anos era uma idade importante segundo Matilda que não deixou passar despercebido a data e fez um pequeno e delicioso bolo todo enfeitado como se eu ainda tivesse seis anos. Ela só ficou triste em saber que Eva não viria pra casa comemorar conosco e eu também. Dividimos entre nós três o bolo e eu fui até o celeiro comer junto com o Arredio, que andava muito desanimado com o sumiço de Eva.

A semana passou rápido e a chuva ainda molhava tudo que havia pelo lado de fora da minha janela, onde eu passava a maior parte do tempo tentando encontrar Nilo, com noticias sobre Eva.

Uma semana depois do desaparecimento de Suelen, retornei pra aula, e neste dia encontraram o carro dela num lugar muito afastado daqui no meio da floresta. Sidney voltou para sua cidade onde ele e a mãe estavam desconsolados com a noticia de que ela ainda não fora encontrada. Alguns dizem que ela foi levada por algum estuprador de mulheres, outros dizem que talvez ela possa ter sido traficada para outro pais. A verdade é que ninguém sabe sobre Suelen, o delegado me chamou para responder algumas perguntas sobre o caso, e nada foi provado sobre um suposto ciúmes que ela tinha de Eva, já que todos e até mesmo Sidney viram elas conversando amigavelmente na festa.

Fizeram várias revistas no carro de Suelen mas nada encontraram, nem arrombamento, nem sinal de briga, nem sangue, digital, cabelo ou algo que pudesse incriminar alguém. O fato é que Suelen parou o carro por conta própria e saiu dele sem deixar rastros no chão.

Um mês depois de tudo isto eu já não tinha forças pra continuar os estudos sem saber noticias de Eva, minha mente alternava momentos de lucidez com profundas dores e agonia por causa dela.

Era obvio que se ela aparecesse, eu jamais saberia, já que minha mente não ficava livre nunca de pensamentos ruins sobre o que aconteceu a Eva.

Nos dias seguintes deixei de ir para o colégio e passava o dia todo na estufa com Peter. Ele parecia confuso, pois não sabia se se preocupava por eu perder aula ou ficava feliz pelo meu entusiasmo com as flores. Ele não me questionava sobre o porquê da desistência do colégio, apenas dizia que tudo iria ficar bem, e dava batidinhas nas minhas costas. Penso que ele acha que eu estou deprimido por Eva ter terminado o namoro. Será que ela terminou¿

Me lembrava do medo no olhar de Eva em frente a Suelen e um arrepio forte consumia todo meu corpo, com certeza ela jamais voltaria ao meu mundo, e sua família jamais permitiria isto depois do que aconteceu. Minha mente não me ajudava a concentrar pra poder vê-la e isto era insuportável.

O tempo melhorou um pouco e eu me animei pra ir até a floresta procurar por Eva, tinha de saber noticias dela ou enlouqueceria novamente. O dia amanhecia bom com muito sol e logo após o almoço chovia muito sempre, então desde cedo eu já estava na cachoeira com o Arredio a procura de Eva ou de Nilo com noticias dela. O que eu não podia fazer era continuar ali parado, sem progredir, pensando que talvez Eva estivesse precisando de mim.