Fanfic: A fada da minha proteção | Tema: Fadas

Os passos de Eva eram maiores que os meus correndo em direção ao nada na floresta. Ela corria sem rumo e sem esperanças, seu choro era triste e agonizante. Eu tentava alcança-la e ela sabia disto, mas fugia sem rumo e com desespero.

_Eva! _meu grito não era suficiente para fazê-la parar. _Eva! _ eu não cansava nunca e ainda correria mais se assim ela continuasse. Queria tê-la em meus braços pra arrancar sua dor. Seu choro era amargo em minha garganta e eu só desejava que aquele dia passasse o quanto antes.

_Eva! _aos poucos ela foi diminuindo o ritmos das passadas e ao longe eu a vi cair ainda em prantos na grama verde que cobria o chão da floresta.

_Eva! Eu estou aqui, tudo vai ficar bem agora! _Eu a envolvi em meus braços, assim como eu havia há muito tempo esperado. Seus olhos molhados de lágrimas me encaravam com desespero e sua boca sussurrou a voz doce:

_Acabou, tudo esta acabado! _ela ainda chorava com as mão rente ao rosto.

_Não acabou Eva, você esta aqui, esta bem! Vou cuidar de você, venha eu a levo pra casa! _suas mãos me prenderam ainda na grama verde.

_Não! Não posso ir pra casa. Minha tristeza! Todos já sabem! Preciso de um tempo aqui!

_Tudo bem, então eu faço companhia pra você certo¿ _ela balançou a cabeça em sinal positivo.

Durante algum tempo ela permaneceu calada ainda enrolada nos meus braços, o cheiro de seus cabelos me envolvia mais do que magia. Era o meu momento, e eu não iria desperdiça-lo. Agora mais calma e ainda cabisbaixa segurou firme uma de minhas mãos e disse:

_Você esta aqui, isto é bom! _eu sorri com sua afirmação. _Me perdoe Nilo, nunca reconheci seu valor, e agora...

_Não! _eu a interrompi tocando seus lábios. _Não precisa... você não precisa se explicar. Estou aqui não estou¿ É isto que importa agora. Farei o que você quiser, e sabe porquê¿ _ela sorriu um sorriso pequeno no canto dos olhos. _Porque ninguém ama você mais do que eu, nem neste ou em outro mundo!

O abraço doce que recebi, valeu a pena depois de todo este tempo de espera. Finalmente Eva me via, e agora com um olhar mais doce e menos preocupado.

A chegada até sua casa foi tranquila, ainda muito triste e abalada não conversamos muito no caminho, mas ao se despedir me agradeceu com um beijo no rosto. Eu prometi que a visitaria pela manhã, e ela aprovou meu gesto. Sua mãe Frida e todo o resto de sua família a esperavam pelo lado de fora da casa. A tristeza de Eva foi sentida por todos os seus, que já estavam preparados para ajuda-la passar por este momento difícil, até o dia seguinte, quando finalmente ela esqueceria de tudo, e começaria a viver de novo uma vida sem fim e feliz, talvez agora ao meu lado, e isto eu não iria deixar passar.

Não dormi esta noite, logo pela manhã eu já estava a caminho da casa de Eva, eu precisava vê-la, como havia prometido. Uma leve batida na porta e Eliéser me recebeu um pouco sério.

_Bom dia Nilo. Entre, já estávamos a sua espera. _Meu olhar procurou todos na casa, Zain estava sentado na sala lendo um livro confortavelmente, Frida a mãe de Eva limpava o pó da mobília e Rafal fazia contas em um caderno de anotações na pequena escrivaninha. Eles também me olharam curiosos.

_Onde esta Eva¿ _ousei perguntar.

_Lá em cima, ainda dorme. _respondeu Rafal agora mais atento às contas.

_Você já tomou seu café Nilo¿ _perguntou Frida de bom humor.

_Sim, obrigado. _Os passos de Eva na escada interromperam o silêncio entre nós. Ela descia graciosamente os degraus escorregando os dedos no corrimão de madeira lisa. Seu sorriso era como o raiar do dia, alegre e com entusiasmo.

_Olá bom dia a todos! Nilo, você aqui tão cedo¿

_É um dia especial, prometi a você que estaria aqui bem cedo.

_Há obrigada!

_Como se sente¿ _perguntei e ela pesquisou cada olhar da sala e respondeu:

_Bem, estou bem! É claro como sempre as lembranças se foram, e eu não gosto desta parte da minha vida. Tudo é muito confuso na minha mente e, eu não quero falar mais disto.

_Tudo bem querida, venha tome seu café. _Eliéser a acompanhou até mesa onde Frida ajeitava frutas frescas e biscoitos de mel, os preferidos de Eva.

_Irei até o Mosaico, gostaria de me acompanhar¿

_Claro! Preciso de sandálias e roupas novas. _ela parecia contente com a ideia.

_Roupas e sandálias querida¿ _quis saber Frida.

_Sim, hã... preciso de roupas novas e sandálias. _Eva nunca usava sandálias, os pés descalços eram sua marca registrada, agora ela queria comprar sandálias¿

_Bom, não sei... gostaria de me acostumar com elas. _Elieser veio em seu favor.

_Se acha que precisa delas compre-as então!

_E você Zain não vem conosco¿ _interrompeu Eva.

_Obrigada maninha, preciso terminar este livro. _antes de voltar a atenção para o livro Zain me encarou de canto nos olhos. Era evidente que ele ainda não havia me perdoado por contar ao humano a forma mais segura de separar os dois. Mas ainda era cedo, algum dia ele irá me perdoar, sei esperar.

_Vamos Nilo, quero voltar o quanto antes. _Eva e eu nos despedimos de todos e caminhamos em direção ao Mosaico, uma espécie de vilarejo que ficava mais ao fundo da floresta, ali havia vários comerciantes, desde lojas grandes de varinhas para magia até pequenos vendedores nas ruas ofertando ouro e outros tesouros de menor valor.

O lugar era muito movimentado, fadas e elfos caminhavam sem muita pressa cada um com seu interesse. Jovens moças desfilando seus vestidos multicoloridos, rapazes trocando pontas de flechas em uma pequena praça, algumas senhoras a procura de fios dourados para os bordados das roupas e senhores distintos saindo da livraria com pilhas de livros. O Mosaico era mágico, um lugar erguido entre as arvores e o rio que ganhou uma ponte elevada onde casais podiam desfrutar a vista maravilhosa que nossa cidade tinha.

Eva sempre gostava de visitar uma loja de perfumes aqui no Mosaico, ela pairava horas admirando a beleza dos frascos e sentindo o cheiro de cada uma das novidades trazidas pra cá.

_É tudo muito bom, mas não parece verdadeiro. O cheiro das flores com certeza é melhor. _ela vazia sempre o mesmo comentário. Eva não se contentava com os perfumes como a maioria das fadas, ela tinha grande obsessão pelas flores da primavera, pena que o preço para conseguir alguns instantes de alegria podia ser caro demais. Algumas vezes eu saia do nosso mundo e procurava a flor mais linda que meus olhos podiam encontrar e a guardava dentro de um frasco mágico que mantinha o perfume dela por apenas três dias, era o suficiente para Eva gastar seu sorriso doce comigo.

_Nilo poderia comprar o Aventureiro pra mim enquanto vou escolher as sandálias¿

_Sim, te vejo mais tarde então no Hibisco ok¿ _ela assentia com a cabeça e com um sorriso.

Se manter informada era imprescindível para Eva, o jornal o Aventureiro era o seu favorito, por se tratar principalmente de um elfo mexeriqueiro que conta noticias um tanto vagas sobre nosso mundo.

Depois de comprar o jornal, decidi experimentar algumas luvas que estavam em uma vitrine, já era hora de trocar as minhas, e três pares era o suficiente para um começo. Depois escolhi uma mesa a dois no Hibisco, uma cantina onde serviam todo tipo de suco de fruta. Para esperar Eva pedi uma jarra de Framboesas batidas com hortelã, com certeza ela iria gostar. Meia hora se passaram e Eva entrou no bar me procurando, acenei com as mãos e ela se sentou ao meu lado.

_Hum... framboesas e hortelã o que estamos comemorando¿ _ela disse sorridente.

_Uma vida nova para nós.

_É mesmo¿ Que bom! Nunca me deixe esquecer de tudo isto Nilo¿ _ela disse mais séria.

_Como assim¿ _perguntei.

_Não quero que pense que sou mal agradecida. Sei que todos estes anos você tem estado ao meu lado me apoiando com meus protegidos. Sei também que muitas vezes deixa sua própria proteção para me ajudar. Essas coisas a magia não nos deixa esquecer, e eu sinto que lá no fundo você faz tudo isto porque gosta muito de mim. _Era óbvio que eu tinha um pouco de culpa por afastar Eva do humano, mas nada daquilo importava mais do que aquele momento. Eva viva e ao meu lado. Valeu a pena.

_Você tem razão Eva, faço isso por você, e faria qualquer outra coisa também. _ela sorriu feliz com a declaração.

_Trouxe o meu jornal¿ _ela quis mudar de assunto.

_Sim, mas pra que você insiste em ler noticias que talvez não sejam verdadeiras¿

_Curiosidade! _ela observava cada centímetro do papel. _Veja só, é Lucius e Valentine!

_O que aconteceu ganharam na loteria¿ _ela franziu a testa por trás do jornal e disse:

_Não seu bobo, aqui diz que há uma grande possibilidade de que eles passem seus poderes a uma fada ou elfo qualquer para finalmente viverem no mundo dos humanos.

_Bobagem! Eles não podem fazer isto!

_É o que diz aqui.

_Como farão isto. Transfusão de sangue mágico¿ _eu ria e ela ficava cada vez mais furiosa, e ainda assim continuava linda.

_Não ria Nilo! Não sente pena por eles ter perdido as filhas¿

_Sim, mas o que diz este jornal é impossível!

_Você acha que eles são realmente muito poderosos¿ _ela estava pensativa

_Penso que não. Se assim fosse já teriam encontrado a filha mais nova. _ela ainda permaneceu pensativa. _Qual é a grande ideia agora¿

_Se algum dia um desejo meu pudesse se realizar eu gostaria de poder me lembrar de tudo o que já vive antes.

_Não diga bobagens Eva! _aquela possibilidade me trazia agonia. _Jamais nenhum ser mágico quis isso. É muita dor e tristeza sentir saudades de alguém.

_Mas talvez, sentir a saudade não seja tão ruim assim. Não sente curiosidade em saber qual é a sensação¿

_Não, nem pretendo sentir. Credo, você esta com um papo estranho hoje Eva.

_Me desculpe por perturbar você com historias sem sentido, mas eu faria este pedido se me oferecessem.

_Lucius e Valentine são muito poderosos mas jamais permitiriam que isto acontecesse.

_É você tem razão... tudo pelo bem de nossa espécie. É assim que ele diriam não é¿

_Por isso são os mais poderosos não se influenciam com coisas pequenas e más. _emburrei a cara como quem não gosta da conversa.

_Me leva pra casa¿ _Eva se levantou pegando a bolsa e sacolas de compras.

_Claro, vamos!