Fanfic: A fada da minha proteção | Tema: Fadas

Capítulo 6

Sidney e Charles tomavam um delicioso suco feito por Matilda sentados na sala principal da casa quando entrei ainda espantado com os últimos acontecimentos, apesar de demonstrar na cara que algo de surpreendente aconteceu, tentei manter minhas ultimas horas em companhia de Eva em segredo.

_Há! O cavaleiro sem armaduras chegou! Brincou Sidney levantando-se de um dos sofás com o copo de suco na mão.

_Oi gente! Desculpem o atraso! Tentei disfarçar.

_Esta tudo bem Joan? Perguntou Matilda um tanto interessada.

_Sim! Tudo bem, é... eu estive andando, a cavalo, e me perdi da estrada, por sorte acabei encontrando o caminho de volta.­_ Matilda me conhecia tão bem, será que ela iria engolir esta história?

_Que bom Joan, assim a gente não tem de sair por ai a sua procura._ Charles quis parecer engraçado, mas Matilda se mostrou preocupada.

_Viemos te ver e pelo jeito você parece estar muito bem andando a cavalo!_disse Sidney.

_Não foi nada demais, apenas cai da moto só alguns arranhões e uma dor no pescoço com o impacto no chão, sorte eu estar com o capacete.

_Que bom, assim não tem desculpas pra faltar na aula amanhã não é mesmo?_disse Charles entusiasmado.

_Claro amanhã estarei lá!

_Pena você ter perdido a festa ontem, estava ótima, e eu conheci uma garota do terceiro ano que_ antes de Charles terminar Sidney lhe deu um empurrão e sinalizou pra ele que Matilda ainda estava na sala conosco, então ele mudou de assunto.

_Bom, acho que esta um pouco tarde pra quem vai acordar cedo, foi legal ver você Joan, amanhã conversaremos melhor, vamos Sidney?

_Sim, vamos, e te vejo amanha cavaleiro! Não vá faltar, temos três aulas ótimas de sociologia!_disse ele largando o copo de suco na mesa de centro e apontando a saída para Charles que parecia perdido olhando pra Matilda ainda envergonhado por quase contar suas investidas em uma garota da festa perto de uma senhora tão modesta como Matilda.

_Até amanhã rapazes, eu levo vocês até a porta.

O carro de Charles estava estacionado bem perto da porta principal da casa, ele o comprou de um garoto que se formou o ano passado e precisou do dinheiro para tentar um emprego em outra cidade.

A noite chegava depressa e quando o carro chegou até o portão de entrada da fazenda Charles ligou os faróis, e os vi sumirem por entre as arvores da estrada.

Ao entrar novamente na sala Matilda estava recolhendo os copos da mesa, e tentando fugir do olhar dela eu me encolhi até as escadas, mas antes que eu chegasse até o segundo degrau ela me fez voltar.

_Então andou se perdendo por aí!

_É, mais ou menos. _ eu disse sem encará-la e voltando para sala.

_E como conseguiu voltar?

_Sorte! _ eu disse agora olhando pra ela.

_Sei..._ e quando eu achei que ela me encheria de perguntas ela simplesmente disse:

_Que bom! Daqui a pouco é hora do jantar, acho que você vai querer tomar um bom banho antes acertei?

_Bom, acho que sim!_eu sorri quase que agradecendo por não ter que dar mais informações sobre o meu passeio da tarde.

Então subi as escadas e me preparei para o banho, como sempre meu pai ainda estava cuidando de suas sementes e pelo jeito hoje ele terminaria bem mais tarde, e nem adiantava tentar tirá-lo de lá antes do jantar.

Depois do banho tomei mais alguns remédios por ordem médica e me deitei um pouco, meu pensamento voltou até a floresta onde estive esta tarde, naquele rio onde encontrei Eva; eu me perguntava quem era ela, e como eu iria vê-la novamente, eu tentava manter seu rosto focalizado em minha mente pra não esquecer seus traços, a delicadeza com que ela se mexia, sua voz musical, seu vestido tão perfeito e seu sorriso lindo, lindo como eu nunca vi antes, ela era bela e de uma beleza singular, não havia garotas como Eva tão delicadas em seu modo de ser, ela tinha jeito de mulher e ao mesmo tempo tão menina, eu tinha um desejo forte de encontrá-la logo, o quão antes possível, olhei para janela do quarto, ela estava aberta e me debrucei nela pra olhar a mata, a noite estava quente e tinha muitas estrelas no céu, eu olhava para o vazio da floresta e parecia que algo me puxava pra lá, senti uma vontade enorme de voltar mesmo sendo noite e com o risco de me perder novamente, mas agora sem medo, pois com certeza ela estaria lá pra me fazer encontrar o caminho de volta. Eu não me sentia cansado, pra chegar até ela eu viajaria a cavalo a noite toda, mas isso seria impossível, meu pai e Matilda jamais me deixariam sair por ai sem rumo na noite, era mais prudente esperar outra oportunidade para ver Eva e com certeza eu não iria desistir de procurá-la.

Antes mesmo dos primeiros raios de sol aparecer eu já estava acordado me preparando para o colégio, como eu estava sem a moto meu pai liberou a caminhonete nova dele pra mim, desde que eu dirigisse com cuidado é claro e durante o conserto da moto apenas, já que não havia outra forma de chegar até a cidade.

Tomei um café apressado, recolhi os livros na mochila e me lancei pra fora da casa antes de ver Peter descer, a última coisa que eu queria naquele momento era outra discussão, e eu ainda me sentia frustrado por ele não jantar comigo e Matilda ontem á noite, mas preferi não pensar muito nisso.

Quando eu estava na estrada dirigia bem devagar esperando ver algum sinal de Eva, era ela quem eu procurava no caminho para o colégio, algo me dizia que ela estaria ali, me senti como um detetive procurando pistas de um crime, olhando fixamente pra todo lado, eu estava ansioso e nervoso por não ver nada além de todo aquele verde das arvores e seus galhos tortos e grandes, quando eu passava pelos campos as flores estavam começando a abrir despertando para mais um dia de sol, e as fazendas vizinhas iam passando pela janela da caminhonete uma por uma bem devagar, mas nada mais além encontrei do que já vira antes no caminho do colégio. Quando eu estava quase alcançando a entrada da cidade estacionei em um canto da estrada e desci ainda procurando algo, olhei para trás e nada podia ouvir além do som de pássaros, ou ver alem do balançar das folhas com o vento, me senti triste por não haver ninguém além de mim ali, parado esperando por ela sem saber se o que havia acontecido no dia anterior era real ou se eu havia dormido e sonhado no meio daquelas pedras do rio onde nadei. Uma fúria passageira me invadiu e eu retornei pra caminhonete seguindo meu caminho para o colégio.

O dia demorou a passar, durante o lanche Charles me contou sobre a garota que ele conheceu na festa, Suelen foi se sentar com algumas amigas em outra mesa quando ele começou a falar, o que me fez ter certeza de que ela realmente estava interessada por ele, somente Sidney ainda não tinha percebido isso, ele estava concentrado em um livro de álgebra, estava preocupado com sua ultima nota e precisava estudar mais, o que o deixou ocupado quase que o dia todo, isso me deixou afastado um pouco de suas piadas sobre o meu acidente.

Durante toda a semana eu ia e vinha do colégio sem encontrar Eva, eu já estava aceitando a idéia de que ela era apenas uma visão da minha mente; voltei no fim da semana naquela cachoeira onde a encontrei da ultima vez, passei quase que o dia todo lá, mas nem sinal dela; onde ela poderia estar? Porque ela não vem me encontrar? Sorte o arredio ter aprendido o caminho de volta, Eva tinha razão ele é um cavalo esperto; Matilda parecia suspeitar de que eu escondia algo dela, mas respeitou eu não querer dizer o que estava acontecendo depois que eu disse a ela que estava apenas concentrado nos estudos, detesto a idéia de ter que mentir pra ela, mas falar sobre Eva só iria deixá-la mais preocupada ainda; Peter não se mostrou preocupado, pois tinha suas sementes para cuidar, melhor assim, nossa relação entre pai e filho ficava mais amistosa quando ficávamos distantes um do outro como era quando eu vivia na cidade com minha mãe.

Os dias foram passando, minha moto voltou do conserto, ela parecia nova, ficou perfeita e voltei a usá-la, agora com muito mais atenção e devagar como me pediu Matilda, ela nunca deixa de se preocupar comigo; eu procurei manter minha atenção nos estudos, quando acabou a tensão de todos por causa das provas marcamos um encontro em uma pizzaria da cidade, Charles conhecia os melhores lugares que existia aqui e foi ele quem nos levou pra conhecer, segundo ele, a melhor pizza da cidade.

Era um lugar gostoso pra encontrar os amigos, como era sábado estava cheio, crianças com seus pais, casais de namorados e algumas pessoas da faculdade que não eram da nossa turma também estavam ali, meus colegas estavam em uma mesa no canto ao fundo da pizzaria, todos já estavam lá, estacionei a moto em frente e entrei carregando meu capacete, todos ficaram muito contentes em me ver depois que eu não tinha dado certeza se comemoraria o fim das provas deste semestre, eles não estavam me esperando.

_Olha só quem vem lá! É o cavaleiro sem armadura e de moto nova!_ disse Sidney levantando-se do seu lugar.

_Oi pessoal!_eu disse sem me importar muito com o comentário dele; ao seu lado estava Charles, Suelen estava de frente pra ele com mais duas amigas, Vânia e Mara do segundo ano que ela convidou e um rapaz que até então eu não conhecia, mas já o tinha visto na faculdade também, Charles fez questão de nos apresentar:

_Joan este é Marcos, ele é também do segundo ano como as meninas aqui que você já conhece, o pai dele é o dono da pizzaria e eles moram ao lado da casa da minha irmã aqui no bairro.

_Oi Marcos! Prazer em conhecê-lo!_ eu disse apertando sua mão.

_Olá Joan! O pessoal fala muito de você!

_Há é? E o que eles contaram exatamente?_ eu disse meio preocupado.

_Apenas que você é o melhor aluno da classe, apesar de ser meio desatento do resto do mundo!_Marcos disse sorrindo.

_É a gente não pode ser bom em tudo, alguma coisa tem que deixar a desejar não é mesmo? Veja o Charles por exemplo como advogado com certeza ele vai ser um ótimo jogador de futebol!_ eu disse fazendo todos rir muito.

_Há isso é verdade!_ disse Suelen desta vez. Ela estava muito bonita usando um vestido bege bem clarinho de alças largas caindo sobre os ombros, seu cabelo estava preso com pequenos grampos com brilhos nas pontas, seu sorriso era de encher os olhos, com certeza toda essa alegria era por estar ao lado de Charles. Sidney estava muito bem vestido, com calças jeans e camisa cáqui, ele contava muitas histórias com certeza pensando em impressionar as amigas de sua irmã, que a cada cinco minutos torcia o nariz por algum comentário dele, é incrível como os dois não possuem afinidades nenhuma, nem parece que são irmãos.

Todos nós rimos e comemos muito, a noite estava quente e bem divertida, após muitos refrigerantes e uma ultima pizza doce pra fechar o dia saímos todos e ficamos de papo furado na pracinha, Sidney contava sobre uma das suas aventuras em sua cidade natal e algo sobre as férias que ele passou no sul do país, não prestei muito atenção porque estava falando com Suelen sobre os últimos trabalhos do professor de sociologia que nos tomaram tempo demais este semestre.

_Com certeza perdi horas pesquisando sobre o meio ambiente e a sociedade, sei lá não me amarro muito nessa coisa de natureza. _ela disse com um sorriso torto nos lábios.

_É, eu também não!

_Não? Mas seu pai não é especialista neste tipo de coisa?_ ela disse impressionada.

_É! Ele é, mas eu não! _ eu disse sorrindo

_Há! Então prefere mesmo passar a vida toda sentado em uma mesa de escritório?

_Sim, gosto de lidar com pessoas, e ajudá-las sabe? De algum modo!

_É, eu também, na verdade pra mim é como um sonho, penso nisso desde criança! Gosto da burocracia desde país!_ ela brincou sorrindo. Ficamos bastante tempo conversando sem os outros, foi bom conhecer melhor Suelen, ela é bem mais legal do que imaginei, quer dizer, fora do colégio, porque lá ela só pensava em estudar.

Quando as amigas de Suelen foram embora Marcos as acompanhou, eles tinham uma festa de aniversário de um amigo programada pra amanhã, e desde cedo iriam fazer os preparativos; já estava muito tarde, se eu demorasse mais um pouco Matilda a pedido de Peter iria ligar no celular preocupada, então me despedi de todos e liguei a moto, mas antes de colocar o capacete tive uma idéia pra acabar com a monotonia do domingo, e acho que todos adoraram:

_Ei pessoal, vocês topam ir nadar amanhã?_perguntei.

_Que legal!_disse Sidney

_Eu quero!_disse Charles_ onde?

_Próximo da fazenda do meu pai, é um lugar que conheci a pouco tempo, mas muito legal!_os dois pareciam concordar, mas Suelen não disse nada, ficou apenas olhando pra nós com um pequeno sorriso escondido; então me atrevi a perguntar:

_E você Suelen, o que acha? Vem conosco?

_Bom, não é um programa somente com os rapazes?

_Não será mais se você for!_disse seu irmão meio desconfiado.

_O que é isso Sidney! Suelen pode nos acompanhar, é nossa amiga, por mim quero que ela venha também! Podemos nos divertir muito!_disse Charles querendo ser simpático.

_Está bem, eu vou, tem razão vai ser divertido!

_Então encontro vocês depois do café amanhã na minha casa ok?

_Legal estaremos lá!_disse Charles.

_Boa noite, até amanhã._ eu me despedi deles e corri pra casa antes da ligação de Matilda. Já estava bem tarde, e o caminho não é muito bem iluminado, então aumentei o farol da moto e tentei guiá-la com maior cuidado possível; quando cheguei Matilda ainda estava acordada, quando ela teve certeza de que eu estava bem e não precisava de nada, ela foi se deitar; subi as escadas correndo, tomei um banho rápido e dormi, estava muito cansado, indo dormir tão tarde nem sei como vou conseguir levantar cedo pra sair amanhã. Fechei meus olhos e tentei esvaziar a cabeça pra conseguir descansar.