Fanfic: A volta dos Vampiros | Tema: Vampiros

Estávamos em casa agora, Jack se jogou no enorme sofá preto de couro na sala ligando a TV na maior altura. Fui direto pra cozinha, precisava de bebida.

-- Você bebeu todo o estoque Jack? – disse.

-- Não meu amor, desde que Toby saiu de casa não tem. – ele veio até mim na cozinha.

-- Não acredito. – fechei a geladeira revoltada.

-- Está vendo essas caixas? – ele pegou as caixas de papelão que estavam no chão e as colocou sobre a mesa, abrindo-as. – Veja o que trouxe para nós.

Ele ergueu bolsas de sangue, enormes. Do tipo “A”, meus favoritos. Não era sempre que me alimentava de humanos, tinha minha própria dieta desumanizada. Mas hoje, especialmente hoje, precisava disso. Sangue humano, e fresquinho.

Peguei uma bolsa e fui pra sala.

-- Meu favorito. – disse perfurando o saquinho com o dente.

-- Mel. – Jack falava agora. – Acha mesmo que será uma boa ideia isso?

-- Isso o que querido?

-- Peregrina nessa... Bagunça toda? – ele disse sentando-se ao meu lado.

Eu sabia que não era o certo, mas como iria despistá-la disso? De qualquer maneira ela estava presa a nós.

-- Ela deu o passo inicial Jack, mesmo se não quisermos levá-la na incursão. Ela irá nos seguir. – dei uma pausa pra mais um gole. – Talvez possamos fazer algo pra tirar ela disso, sei lá, ir novamente até lá e trazê-lo sem levá-la.

-- Será impossível, você deu a ela todas as esperanças possíveis da ida dela até Oklahoma. – ele estava de pé agora, nervoso como sempre.

-- Jack, já parou pra pensar em todas as mentiras que temos contado a ela?- disse.

Ele apenas me encarava sem dizer sequer uma palavra.

-- Não contamos mentiras. Foram apenas verdades modificadas. – ele riu.

-- Não tem graça Jack, ela é humana não é uma de nós. Mesmo que nos machucamos, cicatrizamos em seguida. Ela não, ela é humana, qualquer ferida, corte leva tempo para curar. – larguei minha bolsa de sangue para levar aquela discussão mais a sério.

-- Eu sei disso querida, mas ela se meteu nisso. Não podemos fazer nada a não ser tirá-la disso, mesmo que não seja a intenção dela de sair da incursão.

Jack pela primeira vez em séculos, disse algo que fez valer meu raciocínio. Ela não iria aceitar se deixar fora de tudo, ainda mais se tratando de quem era. Seria difícil mantê-la longe de nós amanhã.

-- Eu sei como fazer isso. – ele me atrapalhou em meio a meus devaneios.

-- Como? – já estava ele com suas ideias.

-- Trancamos ela em casa, amordaçada. – ele ria.

Eu não estava escutando aquilo, ele falará sério?

-- Acha mesmo que isso irá dar certo? – disse.

-- Querida – ele veio para me beijar. – Sim, somos vampiros, mais forte que ela temos nossas vantagens.

-- Jack – afastei-me dele. – Isso não é uma competição e sim, temos duas vidas pra salvar.

-- Uma! – ele corrigiu.

-- É bem pensado. – disse. – Mas mesmo assim, Toby se cura mais rápido.

-- Ok se quer facilidade eu sei como. – disse ele agora me envolvendo em seus braços.

-- Aceito palpites. – disse beijando-lhe o queixo.

Ele acariciava meu rosto olhando fixamente para meus olhos. Eram raros os momentos entre eu e Jack naquela casa, sempre tínhamos que correr de Rafael, então sempre que tinha a chance de ficar sozinha com ele, tentava observar, gravar, memorizar cada traço do rosto dele, seu perfume, seus olhos.

-- Podemos acampar na mata. – ele disse ainda acariciando meu rosto. Eu me livrei dos braços dele, me afastando. Que ideia de jerico era aquela?

-- Acampar?  Sério Jack? – disse.

-- Meu amor – ele veio para me agarrar novamente, mas ignorei seu movimento. – Melanie, é o único jeito de despistar Peg. Assim poderemos agir sem ela.

-- Não, errado Jack, não poderemos, porque se ela estiver lá teremos que levá-la conosco. – disse ríspida.

Ele revirou os olhos e saiu da sala me deixando sozinha, indo para os fundos da casa. Fui atrás dele, odiava quando era ignorada, mas adorava fazer isso com ele. Jack não conseguia entender que tínhamos agora uma humana conosco. Em nosso mundo.

-- Jack, não me ignore. – ele fechou a porta na minha cara enquanto passava por ela. Empurrei a porta pra fora a abrindo e fui atrás dele. Já era noite, o céu estava cheio de estrelas.  Jack estava sentado encostado sobre o tronco de uma árvore. Fui em direção dele.

-- Jack! – disse alto. – Me escute!

-- Me deixe, vá salvar o mundo. – ele provocou.

-- Tem como você deixar de ser um imbecil uma vez na vida? Pode ouvir o que esta falando pra mim? – disse me ajoelhando na frente dele.

Ele permaneceu de cabeça baixa brincando com um pedaço de graveto, escrevendo o nome dele no solo.

-- Preciso que me ajude, não podemos deixar que ela se mate nessa missão suicida contra ela mesmo. – disse.

-- Ela é louca Melanie, não pensa. Aquela idiota. – ele se afastou de mim. Levantando-se.

Eu não queria pensar sobre isso agora, sentir ciúmes agora nessa altura de nossa “vida”. Mas precisava me certificar.

-- Você sente algo por ela não é? – disse com um nó em minha garganta.

Ele se virou pra mim parecendo que iria cair, fiz um movimento de proteção se caso ele caísse sobre mim.

-- O que disse Mel? – ele fez cara de espanto, seus olhos arregalados.

-- Isso mesmo Jack, você a ama não é? – disse agora em pé, olho a olho com ele.

-- Ah não Melanie, você nunca teve isso. Ciúmes a essa altura de nossas vidas? Sério? – ele não zombava agora.

-- Me responda! – forcei.

Ele se aproximou de mim.

-- É lógico que não, é você que amo e sempre amarei por toda a minha eternidade. – ele me abraçou. Meus braços permaneceram onde estavam sem envolvê-lo também.