Fanfic: A volta dos Vampiros | Tema: Vampiros

Eu já estava a caminho da casa de Melanie, ansiosa para resgatar Toby. O garoto que havia ganhado meu coração, logo em que pisei meus pés aqui nessa cidade cheia de mistérios. Eu não me importava em ser entregue para Rafael em troca da liberdade de Toby, era imaginável que eu iria concordar com tudo isso.

Estava com toda a bagagem de acampamento nas costas, eu estava apenas com a roupa do corpo, lá eu dava meu jeito para tomar banho. Mas o mais importante era salvá-lo e tê-lo novamente em meus braços.

Entrei por entre a densa floresta, ainda era noite na certa umas cinco da manhã. Estava torcendo para que Jack não estivesse dormindo, pois ele não iria gostar de ser acordado pela humana que ele mais odeia.

Aproximei-me da grande casa branca, com cercado e um portão com correntes fortes. Empurrei o portão e ele abriu sozinho, pareceu até que alguém já sabia de minha chegada por ali.

-- Peg, enfim chegou! – festejou Mel.

-- Oi! – sorri.

-- Logo há essa hora? Querem fazer o que na mata essa hora? – reclamou Jack ainda jogado em cima do sofá.

-- Nós planejamos de ir salvar Toby, esqueceu querido. – Melanie se aproximou dele o acordando com leves beijos em sua testa.

-- Ok será que podemos ir logo com isso? – disse revoltada.

Os dois me olharam rapidamente. Melanie fez sinal para Jack se levantar, ele não levou a sério e ela o jogou no chão. Fazendo um baque com a queda dele. Eu ri com a cara de reprovação que ele fez a ela se levantando pra ir até a cozinha.

As coisas deles já estavam na sala, à cabana enorme dentro do saco azul. Podia se ver que era apenas uma para os dois passarem a noite juntos.

-- Então Jack, está pronto? – Melanie gritava da sala enquanto Jack estava lá em cima, no banheiro.

-- Ele sempre demora assim? – perguntei.

-- Não, apenas me testando. – ela já estava sem nenhuma paciência. – Vamos homem!

Eu arrumei minha bagagem melhor no ombro e fui saindo da casa, sem eles. Iria esperar por eles lá fora mesmo. O dia já estava amanhecendo, o sol já estava se pondo em seu lugar de sempre, podia vê-lo nascendo. Lindo. Nunca virá algo tão lindo e natural antes. Ele nascia todos os dias, e cada dia mais lindo. Eu estava hipnotizada com tamanha beleza daquilo.

-- Pronta peg? – chamou-me Jack me distraindo.

-- Nunca estive tão pronta em toda minha vida. – disse com um sorriso no rosto.

-- Preparada para dormir com baratas, morcegos, corujas, lobos, aranhas, varejeiras...

-- Cala boca e vamos Jack. – antes que ele terminasse a provocação, Mel o interrompeu dando-lhe um soco no ombro. Ele riu ao ataque.

Jack carregava apenas a bagagem de Melanie, que pelo visto era só o que levariam. Como se fossemos conseguir tirar Toby de lá hoje mesmo. Sem nenhum inter-rompimento de Rafael. Eu estava certa do que estava prestes a fazer, arriscar minha vida pelo homem que amava.

Eu não me importava se morresse tentando salvá-lo, nunca pensei numa maneira de morrer. Morrer por amor não seria uma coisa ruim e sim, verdadeira.

-- Morrer por amor é lindo mesmo Peg. – zombou Jack.

-- Jack, eu disse pra não ler a mente dela. – reprovou Mel.

O encarei reprovando, nunca soube de aquele poder misterioso de Jack.

-- Será que eu poderia ter privacidade com meus pensamentos? – disse.

-- Ele nunca fez isso peg, o desculpe. – falou Melanie.

-- Tudo bem, ele sempre foi escroto mesmo. – disse rindo.

Pela primeira vez ele não veio querer me atacar como sempre fazia se manteve longe. Melanie estava longe com seus fones de ouvido, primeira vez também que vira um vampiro com fones de ouvido. Ri.

Jack estava agora cantando enquanto caminhávamos dentro da densa e escura floresta. Um fato raro de se ver, porém divertido.

Meu tênis já estava todo sujo de barro, cheiro de mato molhado, canto dos pássaros um verdadeiro silêncio ali no meio daquela floresta.  Eu olhava para o céu agora mais claro, e era como se as grandes árvores fossem cair sobre minha cabeça e logo, eu ficava tonta.

Cada vez que andávamos, sentia que andávamos em circulo. Não era possível, logo o dia estaria chegando à metade e nada de chegarmos até Toby. Parei logo atrás de Melanie e Toby. Eles perceberam e pararam também, me olhando incrédulos.

-- O que houve peg? Cansada? – perguntou Melanie.

-- Não, apenas curiosa. – disse.

-- Ah não, curiosidade alheia agora não né menina. – reclamou Jack se sentando no barro.

Fiz que não tivesse ouvido nada daquilo.

-- Estão mesmo me levando até lá? – disse direto.

-- Claro peg, acha que estamos enganando você. – disse Melanie.

-- Acho. Pois nem você nem Jack queriam me trazer até aqui, me meter nessa coisa toda, sendo que eu sou a maior culpada disso.

-- Nós já chegamos a nossa trilha Peg! – resmungou Jack. – E outra, chega de mancar a sofrida, a vítima. Pois a vítima é meu irmão garota.

Eu sabia que aquilo que ele havia dito era verdade, ele estava nessa por minha culpa, mas eu realmente me culpava por isso. Tentei ignorar brigar com Jack ali não iria me levar a nada, apenas a mais uma discussão sem direção alguma.

-- Quando começamos a incursão? – perguntei.

-- Logo que terminarmos por aqui. – respondeu Melanie.

Jack e Melanie já estavam com sua cabana montada num rápido movimento que mal pude ver o processo. Ela era de um tom azul céu com as bordas do zíper num azul mais escuro, se destacando, era enorme maior que a minha que cabia apenas eu e meu ursinho Pimblu. A minha era simples e velha demais, acabada pelo tempo, meu pai havia me dado quando criança eu acampava na sala de casa, principalmente quando não conseguia dormir depois das histórias de meu pai.

Montei a minha rapidinha pra que pudéssemos ir direto ao motivo de nos metermos numa floresta tão cedo e sem dia certo de volta.

-- O que houve com seu pai, peg? – perguntou Jack curioso. Surpreendi-me com a pergunta e educação dele.

-- Sei apenas da história que me contaram quando pequena. – sentei-me do lado de dentro da cabana, Jack e Melanie se sentaram também, ao mesmo tempo. – Mas, realmente não sei o que houve com eles dois.

E eu realmente não sabia, adoraria descobrir, mas talvez fosse tarde demais. Demais.

-- E se seu pai estivesse vivo? – disse Jack novamente educado.

-- Seria demais! – sorri ao pensar. – Iria dizer tudo que sempre quis dizer a ele, tudo que não pude dizer tentar recuperar o tempo que não tive ao lado dele. - senti uma lágrima se formar em meus olhos.

-- Não fique assim Peg, seja onde ele estiver ele está olhando por você, tenho certeza de que ele morreu tentando lhe proteger de seja lá o que for. – consolava-me Melanie.

Eu apenas olhei para ela e sorri, foi só o que consegui fazer com toda aquelas lágrimas escorrendo por meu rosto. Odiava chorar assim, aos olhos de todos era mais doloroso ainda, como se qualquer coisa que eles dissessem me fizesse querer chorar mais ainda.

-- Eu não posso dizer que sinto o mesmo que você peg, amor por pais. Pois, eu nunca tive a chance de conhecer os meus, de saber que um dia tive pais. Se é que tive. – disse Melanie, já ao meu lado. – Fui criada pela mãe de nossa amiga Maggie, devo a ela tudo que sei hoje. – ela sorriu.

-- Sinto muito Mel, sei o quanto deve doer em você. – abracei-a querendo e ela o mesmo fez.

Jack estava chorando, novamente surpreendi-me com o sentimento dele. Era como se tudo estivesse caindo sobre nós, os nossos sentimentos estivessem vindo à tona. Tudo. Não quis dizer nada, apenas deixei que ele chorasse que colocasse todo aquele sentimento, todas aquelas lágrimas pra fora. Eu via que estavam guardadas ali por muito tempo. Muito.

-- Já não posso dizer nada sobre meus pais, eles contribuíram para minha transformação me fazendo transformar meu irmão também, droga! – ele enfureceu jogando o banquinho longe de nós. Logo Mel estava ao lado dele, num vulto que mal senti que faltava alguém ali comigo.

-- Acalme-se Jack, estou aqui com você. Nada muda quanto a isso. – ela beijou o rosto dele, enquanto as lágrimas desciam e molhavam sua boca.

-- Me desculpe peg – ele disse se aproximando de mim. – Me desculpe por ter... machucado você aquela noite em sua casa, depois de perdemos Toby. Sinto muito. – ele se ajoelhou sobre mim e me abraçou a cintura, deixando seu rosto em minhas pernas, chorando. Todo aquele homem maldoso, zombeteiro, que me odiava estava agora em meus braços, chorando. Pedindo desculpas.

Olhei pra Melanie e ela me acenou a cabeça positivo. Deixei que meus braços o envolvem-se, ele tremia sobre minhas pernas e eu junto com o choro dele. Ele suspirava como uma criança com medo do escuro, com medo. Deixei-me abraçá-lo e logo fui tomada pelo momento. Não era justo só ele se desculpar.

-- Eu desculpo você Jack, você é meu amigo. Peço-lhe desculpas, a você e à Melanie, por tudo que tenho feito. – acaricie seus cabelos negros e chorei junto dele. Mel chorava também, como uma criança crescida querendo colo. – Eu prometo a vocês dois, que o tragarei de volta, pra vocês. – sorri erguendo a cabeça de Jack para me olhar.

E consegui pela primeira vez desde que cheguei aqui, tirar um sorriso de Jack sem ser de zombaria dele. Um sorriso sincero, verdadeiro, amigo. E ele novamente me envolveu em seu abraço.

-- Vamos logo ao encontro dele? – disse secando as lágrimas do rosto dele. Ele me acenou com a cabeça e Melanie fez o mesmo.

Levantei-me levando ele junto comigo, ainda abraçado a mim e juntei Melanie a nós.

-- Juntos somos um grupo bonito, hein? – e Jack voltou a zombar, rindo. Ele nos soltou indo buscar alguns objetos pra incursão.

-- Obrigada peg!

-- Pelo quê Mel? – disse secando os olhos.

-- Por ter desculpado todas as mancadas de Jack, ele é um cabeça dura muitas vezes age por impulso, mas é um ótimo homem. – ela disse o olhando pegar as coisas na bolsa ao lado da cabana deles.

-- Podemos ir agora garotas? – disse ele mostrando os objetos. Tesoura, caneta e verbena.

-- Pra quê a caneta? – falou Mel.

--Arma letal, caso alguém tente se meter onde não é chamado. – riu ele animado.

Ri junto a eles, eu estava feliz que tudo estava entrando nos trilhos. Eu e Jack agora, talvez, pudéssemos ser amigos ou apenas viver em harmonia quando estivéssemos juntos. Caminhamos para mais fundo da floresta, dessa vez parecia mais uma mata, as árvores altas haviam sumido. Agora era apenas mato, mato alto e cheiro de sangue para todo o lado.

Eu estava confiante como nunca estive em toda a minha vida. Eu iria trazê-lo de volta e ser feliz também, junto a eles. Todos nós seríamos.

Avistei o grande castelo negro no fundo da mata, enormes bichos sobrevoando o lugar. Era assustador a meu ver, nunca vira isso realmente, assim olho e fato.

-- É ali peg – disse Melanie.

-- Você acha que consegue? – perguntou Jack me olhando com certa confiança.

-- Sim! – disse confiante. – Eu consigo.

Ambos sorriram pra mim, já estava combinado desde o começo que eu iria entrar no castelo e resgatar Toby. Eu era humana, acabava tornando isso um pouco difícil, poderiam sentir-me ali. Mas tudo estava valendo.