Fanfic: A volta dos Vampiros | Tema: Vampiros

Agora eu corria contra o vento que só fazia bagunçar meu cabelo, me impedindo de ter uma visão certa de onde estava indo. Eu podia apenas sentir o cheiro dele que havia passado por ali, nada mais. Já não conseguia mais vê-lo, ele havia sumido de minha visão antes mesmo que eu pudesse perceber.

Ele corria como um cachorro louco atrás de um graveto, louco para pegá-lo novamente e voltar para brincar todo feliz, com seu dono. Era torturante ver como Jack estava a essa altura, por qualquer coisa ele chorava, lamentava sua existência. E isso, só tornava ainda mais difícil para eu continuar ali, de pé sempre com ele. Mas, de mão atadas.

Pois, por mais que eu quisesse sair correndo atrás de Peg e trazê-la com Toby junto, não iria dar certo. Rafael jamais me deixaria sair dali sem antes dar o troco por ter entrado em propriedade dele e roubado um de seus prisioneiros. Eu apenas me perguntava a essa altura:

“Será que Peg conseguiu?” sussurrei pra mim mesma em meus pensamentos, trancafiados longe de qualquer interrupção de Jack sobre eles.

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-- Maggie você não pode entregá-la para Rose nem para Rafael. Ela veio aqui para me salvar – explica Toby para a suposta humana a nossa frente.

-- Eu não me importo com o que eles irão fazer com ela, apenas quero tirá-la de perto de você, Toby. – reprovou ela.

-- Por que você não me ajuda a tirá-lo logo daqui? – disse.

Ela se aproximou de mim passando pela proteção de Toby, ficando frente a frente comigo. E pela primeira vez, de verdade, eu tive medo de um vampiro. Ela era muito mais alta que eu, cabelos lisos louros no meio das costas, com uma franja de lado jogada sobre seu olho, os olhos eram de se invejar, azul feito o céu num dia depois de chuva. Ela era linda. Uma linda vampira com um corpo escultural um verdadeiro violão humano.

-- Por que eu o amo! – ela cuspiu essas palavras em minha face. Que segundos depois tiveram o efeito colateral. Meu coração bateu mais fraco, triste, dês amado.

-- Peg, não acredite em nada que ela diz nada. É tudo mentira não escute isso. – pude ouvir a voz de Toby. Desviei o olhar para procurá-lo e ele estava jogado contra o chão sem conseguir se mover direito.

-- Por que você fez isso com ele Maggie? Sabe o quanto ele se preocupou com você quando você sumiu naquela festa, na escola, aquela noite? – aproximei-me dela demonstrando que não tinha medo dela. Mas eu estava com medo, não sabia o que se passava na cabeça dela nesse momento.

Ela nada disse apenas me olhava fixamente nos olhos. E nesse momento, vi a eterna criança refletida dentro de seus olhos. Pude a ver correndo pela casa e sua mãe atrás pedindo que ela parasse senão poderia se machucar. A criança ainda estava viva dentro dela. Mesmo que seu coração já não batesse mais.

-- Cale a boca humana estúpida. – não vi quando ela fez, apenas senti-me caindo sobre as caixas que havia dentro do quarto minúsculo e meu maxilar doendo, meu nariz sangrava.

-- Que isso Maggie? Por que machucá-la? – vociferou Toby.

-- Ela tirou você de mim, acha que devo agradecê-la por isso? – disse ela.

-- Ela não me tirou de você – Toby já estava de pé, agora tocando o rosto dela. – Você me perdeu.

Ela o pegou pelo pescoço tirando seus pés do chão, prendendo-o contra a parede sufocando-o. A veia em sua testa pulsava de raiva, suas mãos calejadas tentavam afastar as dela para se livrar da fúria da loirinha.

Coloquei-me de pé, ainda com o nariz sangrando sem forças e fui até ela. Peguei uma perna de cadeira que estava quebrada dentro da caixa de isopores e fui a sua direção. Toby viu o que eu iria fazer e tratou de continuar a distraí-la.

 -- Então é esse seu plano? – disse ele enquanto me aproximava de mancinho. – Me matar?

-- Não, matar ela. Fazê-lo sofrer o que eu estou sofrendo. – ela chorava e ria ao mesmo tempo agora.

-- Sofrendo? Jack, Melanie e eu sofremos quando pensamos que tinha sido morta naquela noite e agora, você vem falar de sofrimento? – ele tocou a ferida profunda dela.

Ela relaxou deixando-o cair no chão sentado, e foi pra cima para matá-lo. Foi daí que tirei força pra fazer o que tinha que ser feito, cravei o pedaço de madeira em seu coração pelas costas. Certeiro. Ela virou-se pra mim, os olhos arregalados, vermelhos como se estivesse espremido um pimenta em seus olhos. Ela estava rachando, cinza. Como pedra e por fim, caiu no chão. Morta.

-- Vamos, não temos tempo. – disse Toby me levando pelo braço.

Descemos as escadas correndo, os zumbis acordaram quando deram por sinal de algo errado.

-- Droga esqueci-me deles. – ele lamentou. – Vá, vá embora busque ajuda, saia daqui.

-- Quanto é difícil pra você entender. – eu tinha seu rosto em minhas mãos agora. – Que daqui não saiu sem você? – disse.

Ele só me olhava incrédulo, como se eu fosse uma louca solta por aí. Arriscando minha própria vida por ele que se considerava uma aberração da natureza. Que não valia esforço querer proteger.

-- Nós vamos sair juntos dessa eu prometo a você isso. – confortei-o.

-- Vindo de uma humana é bem convincente – disse ele rindo.

Sorri.

Ele me ajudou a escalar o portão indo junto comigo, pulamos do outro lado já fora daquela prisão. Corremos a todo vapor, meu cabelo que sempre atrapalhava a visão prendi-o num coque na cabeça impedindo qualquer tipo de interrupção.

-- Pode correr mais rápido Peg, por favor? – disse Toby correndo mais rápido que qualquer pessoa normal.

-- Não sei... Se... Você lembra – disse ofegante. – Mas sou humana.

Ele acalmou os passos me esperando até chegar ao mesmo passo que ele. Ele me colocou em suas costas como uma criança e começou a correr novamente. Eu pulava conforme ele corria, sentia que ia cair a todo o momento, toda vez que ele assumia um passo mais rápido. Eu cambaleava pra um lado, depois pra outro, mas não caia.

No alto do castelo onde estávamos agora correndo como um louco, Toby saltou do topo como se estivesse voando de asa-delta. Senti meu maxilar soltar da boca, um frio na barriga quando ele saltou, senti meus dentes sumirem diante do grito que dei.

-- AAAAA! – gritei.

Tudo que eu conseguia ver era o grande verde de árvores, nada mais que isso, apenas. Quando Toby pousou no chão fazendo um grande baque e voltou a correr por dentro das árvores, tudo que se era visto eram vultos das árvores, nada mais. Eu não sabia o que sentir naquele momento, se me sentia bem por ter salvado o homem da minha vida ou se me sentia mal por agora ser a procurada dos vampiros.

-- Ei Peg, como está ai? – disse ele.

-- Como... Estou? – disse cansada mesmo não estando correndo. – Louca... Com... Toda essa... Adrenalina.

Pude ouvir um jorro de risada dele, aquela que eu não ouvia há muito tempo já. Fez com que eu me sentisse bem pelo que tinha feito raptá-lo. Do nada ele parou e me colocou no chão.

-- Cara, você corre hein! – elogiei rindo.

-- Caso você não saiba linda mocinha – ele acariciava meu rosto agora. – Sou um vampiro.

-- Oh meu Deus! – sorri. – E agora?

-- Vamos nos esconder por aqui por um tempinho, até que realmente possamos seguir. – disse ele me levando para de trás de um arbusto enorme.

Pude ouvir algumas cavalgadas, eram cavalos. Estamos perdidos se eles nos encontrarem, irão matar Toby e depois eu serei sacrificada.

-- Ok, agora mantenha sua respiração calma ou irão perceber que estamos aqui. – aconselhou ele.

Assenti como uma garota obedecendo a sua mãe.

Pude ver quando se aproximaram e parou em frente ao nosso esconderijo, meu coração palpitou mais ainda não como quando beijei Toby, muito mais. Dessa vez era medo.

-- Droga, perdemo-los de vista. – disse um homem.

-- Você é burro hein cara! – disse outro revoltado.

-- Olha aqui não posso fazer nada se seu cavalo corre que nem uma mocinha. – retrucou.

-- O chefe vai odiar saber disso. O que? Meu cavalo é melhor que o seu. – disse o outro tentando ser melhor que ele.

Ao poucos eles foram se afastando e eu com uma enorme vontade de rir, em meio a toda aquela confusão eles discutiam sobre cavalos. Incrível. Ouvi quando eles se afastaram e me senti muito mais segura, Toby estava de pé, ainda escondido atrás do arbusto. Eu preferi me manter agachada.

-- A barra ta limpa, eles já foram.

-- Certeza? – perguntei me levantando devagar.

-- Sim. – ele sorriu.

Coloquei-me de pé.

-- Conseguimos meu amor, conseguimos. – beijo-me ele, podia sentir o sorriso dele em meio aos beijos em meus lábios.

-- Eu disse que conseguiríamos, eu disse. – agarrei-o com toda a força que eu tinha pra nunca mais perdê-lo de mim.

-- Ei vocês dois! – disse alguém fora nós dois. Viramos juntos pra olhar, meu coração já a palpitar rápido novamente.

-- Jack! – dissemos juntos.

-- Maninho! – vi quando Jack correu até Toby e o apertou num abraço esmagador.

-- Oh Jack, pensei que jamais o veria novamente – disse Toby todo feliz.

-- Eu quem pensei isso cabeçudo. – riu ele.

-- Melanie! – disse eu indo até ela.

Ela me envolveu em um abraço amigável, verdadeiro, sincero. Um abraço de amigas.

-- Obrigada Peg, obrigada por trazê-lo de volta para nós. – agradeceu ela.

-- Obrigada você Mel, por ter confiado em mim. Por ter me feito acreditar que eu seria capaz de entrar dentro daquele castelo e trazê-lo de volta para nossos braços. Obrigada. – disse enquanto ainda estávamos unidas em um abraço confortador.

Nós duas viramos pros dois rapazes brincando de se estapearem em nossa frente. E rimos. É como se tudo estivesse voltado ao normal, como se o mundo girasse normalmente, agora que estávamos todos juntos novamente. E eu havia trazido a felicidade de volta para eles.

-- E então, muito que contar Toby? – disse Jack cansado de tanto zoar com Toby, agora caído no solo todo sujo de barro.

-- Muito meu irmão, não só eu, mas Peg também. – ele veio até mim, me abraçando pela cintura.

-- O que houve Peg? – perguntou Melanie se juntando a Jack.

-- EU, Peregrina, dei de cara com Rose! – disse e senti os pelos de meu braço se eriçar.

-- O que? Rose? – disseram os três juntos, como um coral de igreja.

-- Sim. – afirmei ainda tremendo.