Fanfic: A volta dos Vampiros | Tema: Vampiros

Acordei na manhã seguinte bem melhor, como se estivesse dormido em uma nuvem. Aqueles dias, ou melhor, aqueles segundos que passei na floresta atrás de Toby, não me resultaram em boas noites de sono. Todo aquele pesadelo ainda não havia passado, não agora que eu sabia que os Peterson queriam alguma coisa comigo.

Lembrei-me da vampira que apunhalei pelas costas na noite em que fugi daquele enorme castelo com Toby, ela já estaria acordada a essa altura? Procurando por mim? Farejando-me feito um cachorro atrás de seu osso perdido?

Olhei pra cama toda bagunçada, cobertores no chão e um corpo a mais na cama, era Toby. Todo espelhado seu braço direito apoiando minha cabeça sobre ele, sem camisa seu peito reluzente a pouca luz que o sol fazia por entre as cortinas brancas de meu quarto.

Ele dormia como uma criança. Passei minha mão por seu rosto, seus lábios estavam vermelhos, talvez ele não se alimentasse de sangue há algum tempo. Ele acordou quando toquei seus olhos.

-- Peg? – disse ele ainda sonolento me olhando com os olhos entre abertos ainda.

-- Sim dorminhoco bom dia! – disse.

-- Oh meu Deus! – ele se levantou correndo e pulou da cama diretamente na poltrona roxa que eu tinha em meu quarto, perto da janela. – Fique longe de mim.

-- Por quê? – disse assustada com o movimento astuto dele.

-- Posso ouvir o seu batimento cardíaco daqui, sinto sua veia pulsar em seu pescoço. – seus olhos haviam mudado agora.

Encolhi-me na cama senti um tremor quando ele disse aquelas palavras.

-- Toby! – levantei-me e fui à direção dele. – Você pode controlar isso, eu sei que pode.

-- Por favor, Peg, não se aproxime de mim.

Eu não pude obedecer ao pedido dele fui me aproximando dele devagar e, a cada passo que eu dava em sua direção, ele ia se afastando mais ainda. Na tentativa dele correr ele derrubou meu abajur no chão que se despedaçou em vários pedaços.

Quando vi que ele estava no chão, sem forças mais, agachei-me me aproximando de seu rosto. Delicadamente coloquei uma de minhas mãos em seus olhos vermelhos, suas veias pulsadas ao redor de seu olho mostrando toda a sede dele por sangue. Passei levemente meus dedos por seus olhos, as veias se acalmaram deixando o rosto dele sumindo uma por uma, em sequência.

-- Viu? Você conseguiu! – disse ao sorrir pra ele.

-- Mas eu podia não ter conseguido me controlar, podia ter atacado você. – ele suava que pingava suor em minha perna.

-- Mas você não me atacou.

-- Se eu tivesse atacado você – ele fez uma breve pausa – Eu não iria coseguir parar, talvez você já nem respirasse mais.

-- Quer saber de uma coisa? – sentei-me ao lado dele no chão recostado em meu armário. – Eu iria deixar que se alimentasse do meu sangue, não me importaria de liberar minhas veias para você se alimentar. Faria qualquer coisa para te ver bem.

Percebi em sua face que ele não havia gostado do que eu tinha dito. Ele em alguns momentos era imprevisível, não sabia como dizer as coisas sem magoá-lo.

-- Você é louca? Eu poderia matar você numa tentativa dessas. – revoltou-se ele.

-- Toby – disse tendo seu rosto em minhas mãos agora – Eu faria qualquer coisa pra ajudá-lo, posso não ser uma de vocês. Mas vejo o quanto deve ser difícil você ter que passar por tudo isso, se controlar a sede de matar pessoas.

-- Não é necessário matar Peg. – ele libertou seu rosto de minhas mãos se levantando e me deixando no chão sozinha. – Eu só preciso aprender a me controlar.

Permaneci ali mesmo, eu não iria discutir esse assunto com Toby a essa hora da manhã. Eu já tinha formulado todo meu trajeto de vida ao lado dele, eu seria a única humana da família dele. E iria envelhecer ao lado dele, enquanto ele iria permanecer jovem eternamente. Mesmo que pra isso, eu tivesse que alimentá-lo do meu sangue.

-- Eu não me importo que você se alimente de mim. –disse me colocando de pé.

Ele estava de costas indo para o banheiro tomar banho, virou para me olhar.

-- Você está se ouvindo? – ele se aproximou mantive meu coração e meu estado nervoso, regular. Pois ele era capaz de perceber meus batimentos cardíacos de longa distância. – Você não se importa consigo mesma, e ainda diz uma coisa dessas. – riu ele.

-- Você que não me deixa te ajudar. – disse gesticulando.

-- Você já me ajuda – ele tinha meu rosto em sua mão agora o acariciando. – Só por você ter aceitado quem eu sou e permanecido ao meu lado, já é uma grande ajuda.

Ele me beijou os lábios carinhosamente, delicadamente com uma suavidade de como se fossemos ficar longe um do outro novamente.

-- Agora, eu vou caçar. Preciso ficar sozinho por alguns instantes tudo bem pra você? – disse ele me sorrindo.

-- Tudo bem. – sorri. Deixei que meus braços se envolvessem em volta de seu pescoço e o beijei novamente. Suas mãos acariciavam minhas costas, meus dedos entrelaçaram-se em seus cabelos. E éramos apenas um.

-- Amo você peregrina, jamais se esqueça disso. – sussurrou ele em meu ouvido.

-- Amo você ainda mais Toby. – disse a ele sorrindo.

Ele saiu pela porta me deixando pra trás, dando uma última olhada pra mim e sorriu. Eu sabia que nada iria acontecer, ele ia apenas caçar nada mais. Voltei pra cama me deitando novamente quando ouvi o barulho da porta bater. Eu me perguntava “Se ele pode saltar de grandes alturas, voar praticamente. Por que insistia em sair e entrar pela porta?”. Ri ao pensamento.

Assim que me deitei e relaxei o corpo na cama, a campainha tocou logo em seguida.

-- Aposto que Toby esqueceu alguma coisa! – sorri.

Peguei um roupão de cama branco e vesti-o por cima do pijama que eu estava usando. Um mini short de caveirinhas e uma blusa de alcinhas, conjunto do short. Desci as escadas correndo e dei de cara com a porta.

-- Jack? – me assustei quando o vi, já era o segundo dia desde que voltamos da nossa incursão de salvamento de Toby e Jack não havia aparecido nem dado nenhum telefonema.

-- Precisamos da sua ajuda, Peg! – disse ele e logo Melanie apareceu atrás dele. Toda suja, cabelo desgrenhado, ambos sujos e desgrenhados.

-- Oh Deus! – disse indo ao encontro de Melanie, incluindo-a em um abraço confortador que logo ela devolveu. Mas estava fraca demais para me abraçar como era de costume dela.

-- O que houve? – perguntei ainda tendo-a em meus braços.

-- Ele ateou fogo em nossa casa. – disse Jack com os olhos cheios de lágrimas.

-- Rafael?

-- Não Peregrina papai Noel. – zombou ele. Nem mesmo estando em uma situação devastadora, Jack não deixava de tirar proveito da situação. – Claro que foi aquele estúpido novamente.

-- Mas por que ele fez isso? Você voltou lá foi isso? – disse.

-- Sim, voltei. – zombou ele novamente me dando um sorrisinho maléfico.

-- Não peg, nós não voltamos lá. – disse Mel finalmente. – Pare de graça Jack.

-- Enfim, precisamos de um lugar pra morar agora! – ele logo foi entrando em minha casa, mas deu de cara com a porta, pois para ele entrar, era preciso ser convidado pela Doda da casa.

-- Venha Mel. – a conduzi até a porta, mas ela hesitou parando.

-- Preciso ser convidada para ter o direito de entrar. – disse ela sincera.

-- Você sempre será convidada aqui Mel. – disse segurando a mão dela sobre a minha e a coloquei pra dentro deixando Jack pra fora.

-- E eu sua estúpida? – revoltou ele.

-- Espere Toby voltar ai você pedi pra ele. – sorri ironicamente fechando a porta em na cara dele.

Melanie estava toda suja, cabelo desgrenhado, unhas pretas, respirava rápido demais.

-- Por que ele fez isso com a casa de vocês? – perguntei ajudando Melanie a limpar o rosto com um pano e água morna.

-- Eu não sei, talvez por termos tirado Toby das garras maldosas dele. – disse Mel rindo, mas com uma vontade imensa de chorar.

-- Será que ele está tentando enviar alguma... Mensagem? – disse.

-- Mensagem?

-- É, quem sabe, eles querem alguma coisa comigo talvez estejam tentando entrar em contato comigo sem que vocês percebam. – disse, mas nem eu mesma fazia ideia do quê estava dizendo.

-- Pode ser Peg, bem pensado isso. – elogio ela me sorrindo.

Seu rosto estava todo sujo de sangue, suas roupas rasgadas, arranhões por todo o corpo. E uma enorme queimadura na mão direita.

-- Meu Deus, precisamos cuidar disso Mel. – disse assustada com tamanha queimadura. O pus amarelado escorria do machucado imenso.

-- Peg. – disse ela me impedindo de limpar a queimadura. – Se esqueceu de que sou vampira? Eu posso me curar.

-- Ah, sim, claro! – sorri envergonhada, sempre esqueço esses fatos.

-- Só preciso de sangue. – disse Melanie.

Senti que seria a hora de liberar minhas artérias para alguém, e esse alguém seria Melanie.

-- Ok alimente-se de mim. - disse erguendo o pulso. Tremendo um pouco, mas confiante.

-- Desculpe Peg, mas é do sangue de Jack que devo me alimentar.

Franzi o cenho sem entender nada.

-- Por quê?

-- Foi ele quem me criou, então, só posso-me alimentar dele.

Ah claro, tinha que ser né nem nessas horas ele sumia do mapa.

-- Agora irá me deixar entrar? – disse Jack abrindo a porta.

O convidei para entrar apenas para alimentar Melanie. Mas sabia que depois de convidado um vampiro poderia entrar e sair dali sem minha permissão.

Melanie cravou suas presas no pulso de Jack e sugava o sangue de sua veia como se estivesse tomando água de coco de canudinho. As veias não se deixavam esquecer, sempre presentes nos olhos dela.

-- Satisfeita querida? – perguntou Jack todo carinhoso.

-- Sim, obrigada querido.

-- Agora pode ir Jack. – disse provocando-o.

-- Olha só, precisamos de um plano para atraí-los para a cidade sem machucar ninguém. – começou ele com seus planos malignos. Ignorando-me.

-- Pra? – disse Mel.

-- Descobrirmos o que querem com ela. – apontou ele pra mim.

Quando começamos a planejar tudo, Toby chegou já dando ideia. Fiquei surpresa com a atitude dele.

-- Uma festa. – começou ele.

-- Festa? – falamos nós três ao mesmo tempo.

-- Sim, Peg faz aniversário essa semana. Um ótimo motivo pra atraí-los. – disse Toby sorrindo e se sentando ao meu lado.

-- Você querendo ajudar? Está bem maninho? – Jack colocou as costas de sua mão na testa de Toby, se certificando que ele estivesse realmente bem.

-- Sim, seu idiota. Só quero acabar com tudo isso. – disse Toby me abraçando apertado e beijou meu pescoço.

Houve alguns olhares na sala, entre Jack e Melanie, eu e Toby. Mas estávamos todos de acordo com tudo aquilo. Jack pela primeira vez decidiu ajudar sem pensar apenas nele mesmo. Melanie é a vampira que topa qualquer parada, principalmente se for pra manter o amor dela ao seu lado por toda eternidade. E tem Toby, que quase não compartilha seu pensamento tão pouco suas ideias, mas que decidiu ajudar colocando uma de suas ideias a pensamento aberto.

E tenho eu, a única humana desses três aí. Como diz Jack “Essa humana inútil”, sim eu. Desde o início eu havia topado participar do plano de Jack, precisava mais que tudo saber o que eles queriam comigo. E também tinha meu aniversário que eu já nem me lembrava mais, mas que era um ótimo motivo para atraí-los para a cidade grande.

-- Então ok. – finalmente Melanie falou novamente. – Amanhã iremos começar a arrumar as coisas para a “comemoração” – ela disse a última palavra fazendo aspas com os dedos.

-- Isso mesmo, terá uma “Party” – Jack se levantou e fez um mexe-mexe rápido.

Todos nós rimos com a requebrada dele.

-- Isso mesmo, amanhã. – disse eu animada. Afinal, amanhã resolveríamos esse pequeno problema.