Fanfic: A volta dos Vampiros | Tema: Vampiros

Toby ainda me tinha em seus braços, seu perfume me trazia paz, tranquilidade, aconchego. Tudo. Mas eu não podia sentir confiança da parte dele em mim, não depois do que aconteceu.

-- Eu quero que você saiba que não precisa fazer nada que você não queira meu amor. – disse Toby.

-- A questão não é essa Toby. – me levantei olhando pra ele agora. – A questão que está em jogo é Melanie.

-- Mas nós acharemos outro jeito de salvá-la.

Ele só me olhava com um olhar de reprovação, como se mesmo que eu já tivesse a decisão tomada ele jamais iria concordar com nada que eu dissesse naquele momento. Mas eu já tinha a decisão formada.

-- Eu já sei o que fazer querida. – disse Toby todo animando.

-- Não! – reprovei. – Eles querem a mim, então será a mim que eles terão. Não se meta mais nessa bagunça.

-- Ei Peg! – ele pegou meu rosto em suas mãos. – Nós estamos juntos nessa, até o seu último suspiro minha querida.

-- Eu nunca pensei que iria dizer isso, mas será o meu último suspiro no dia em que fizerem a incursão daquela – fiz uma pausa – Criatura em meu ventre.

Ele se revoltou e jogou um vaso que havia em cima de uma mesinha de centro, contra a parede. O vaso caiu todo despedaçado no chão, tinindo.

-- Será que você não entende? É isso que eles querem que você se sacrifique por coisas que Jack fez no passado. Jack é o culpado, ele tem que pagar.

Eu andava de um lado pro outro, tentando achar uma maneira de dizer isso a ele, mas não achava nenhuma convincente. Verdadeira.

-- Mas eu preciso. – disse enfim.

-- Não, você não precisa peregrina! – disse ele parando para me olhar.

Toda a comida que havíamos comprado estava intocada na mesa, no meu prato. Fui até ele, tentei fugir do assunto, fugir de Toby. Pela primeira vez eu fugi dele. Não por que eu queria, mas no momento seria inútil conversar com ele sobre aquilo. Sobre o meu suicídio fatal.

-- Não finja que não está me ouvindo, pois sei que está. Ouço seus batimentos. – disse ele.

Continuei comendo minha comida, gélida.

-- Peg!- gritou ele me assustando.

-- Não adianta Toby, eu já decidi. Vou ser a hospedeira daquilo. – disse.

-- Você não está se ouvindo não é mesmo? – riu ele com raiva.

-- Estou sim, muito bem. – revoltei, deixei-o na cozinha e subi correndo as escadas para meu quarto e ele veio atrás me seguindo.

-- Não, não está. – ele parou na porta e eu sentada no chão no tapete. O céu escuro, chovendo nem mesmo as estrelas estavam pra mim hoje. Eu só queria chorar, minha amiga, única amiga havia sido levada pra sabe-se lá onde.

-- Me deixe! – disse com lágrimas na garganta, entalada.

-- Não de jeito nenhum. Temos que conversar sobre isso.

-- Não temos não Toby, já disse tudo que tinha pra lhe dizer! – gritei chorando, com as mãos entrelaçadas em meus cabelos compridos. Suava como criança correndo.

-- Querida – ele se sentou ao meu lado – Se eles forem colocar essa... Criatura dentro de você terá que tomar sangue de vampiro.

-- Então tomarei, é só isso que preciso? – disse.

-- Não entende? Você irá ter que morrer! – vociferou ele.

Pensei apenas por um segundo. Não muito.

-- Então morrerei. Pois irei voltar. – levantei-me deixando ele lá.

-- Não vou deixar que faça isso com sua vida. Você voltará vampira, acabará com sua vida.

-- Eu quero isso Toby, eu!  - disse mais alto dessa vez. – Iremos ficar juntos pelo resto da nossa eternidade. Juntos. Pensei nisso.

Desci as escadas saindo porta a fora, sem dar satisfação a ele.

-- Você vai acabar com sua vida por um assassino que matou seu pai? – disse ele.

-- Meu pai?! – parei.

-- Sim, seu pai.

-- Como sabe disso? – perguntei. Isso me interessava, passei anos querendo saber quem havia matado ele.

Ele respirou fundo, como se fosse vivo e aliviado por ter me parado. Percebi que havia mentiras em seu olhar.

-- Droga Toby! – reprovei e voltei a correr.

-- Peg! – gritou ele atrás de mim, correndo.

-- Me deixe falar. – pediu ele.

-- Não, me deixe sozinha.

Entrei dentro da densa floresta e deixei que os pingos da chuva molhassem minha roupa, despenteasse meu cabelo, tirasse minha maquiagem mal feita. Nada me importava. Não mais. Eu iria salvar Melanie, tivesse eu que fazer qualquer coisa por ela, qualquer coisa, não importava.

Como eu havia dito uma vez, eu farei qualquer coisa por meus amigos, pois eles são minha família agora. Até mesmo Jack que não merecia, mas eu não era como ele, quem sabe com isso ele se tornaria uma pessoa melhor. Quem sabe, sempre há esperanças.

-- Não para Jack Peg! – disse Toby.

-- Por favor, Toby, me deixe aqui. Prometo não ir a lugar nenhum sem antes falar com você, prometo. – disse tentando ser o mais verdadeira possível.

-- Eu estarei aqui, sentado nesse banco de praça. Não sairei daqui antes de conversarmos novamente sobre sua fúria suicida.

-- Tudo bem. – disse e me calei.

-- E mais uma coisa. – disse ele novamente. – Eu amo você, jamais, jamais se esqueça disso querida.

Um nó nasceu em minha garganta, eu poderia dizer o mesmo pra ele? Mesmo sabendo que há algumas horas eu estarei deitada sobre uma maca de vampiros sendo hospedeira de uma criatura que poderá me comer viva, de dentro pra fora até não sobrar mais nada de mim?

-- Eu te amo ainda mais Toby, jamais nunca se esqueça dessas palavras. Nunca. – foram minhas últimas palavras naquela noite chuvosa, desabei num choro sem fim. Chorei feito criança, mas uma criança diferente que sabia que estava de frente com a escuridão e não tinha outra saída a não ser enfrentá-la de frente.

Chorei, chorei e chorei.