Fanfic: A volta dos Vampiros | Tema: Vampiros

Procurei por Peregrina nas redondezas da floresta, mas não a encontrei. Tudo de ruim passou pela minha cabeça, ela podia ter ido se entregar para eles em troca da liberdade de Melanie sem antes mesmo, pensar nela mesma. Chamei por seu nome em cada canto que passava, podia sentir o cheiro dela ali ainda, naquele pequeno canto recostado de uma árvore.

Jack jamais seria grato por nada que ela fizesse por ele, mas era como se ela não tivesse consciência do quê estava prestes a fazer. Na noite passada, quando falei com ela pela última vez, tentei invadir a privacidade de seus pensamentos, mas não consegui fazer isso com ela. Pois ela sempre foi sincera comigo e verdadeira, nunca que iria dizer que me amava e no dia seguinte iria se entregar para a morte.

Fiz o caminho de volta, voltando para casa. Ainda tinha esperanças de encontrá-la antes que fizesse algo que depois se arrependesse de ter feito. E também ainda tinha esperanças de encontrar com Jack novamente. Pois desde que tudo isso aconteceu, ele sumiu sem dizer aonde iria.

Passei por uma pracinha onde todas as crianças da cidade brincavam, corriam na caixa de areia que havia ali e subiam e desciam o escorregador, várias vezes. Incansavelmente. Seus pais brincavam juntos, empurrando seus filhos nos balanços, sentados alguns nas gangorras juntos a seus filhos. Todos com grandes sorrisos no rosto. Felizes.

Por que Peg iria querer desistir de toda essa vida maravilhosa, por um idiota mal agradecido e uma vampira psicótica assassina? Não dava para entender nada disso, não havia lógica nisso.

Aproximei-me da porta de casa entrando calmamente, um passo de cada vez. Quando já estava lá dentro pude ver Jack sentado no chão da sala de estar. A roupa toda suja de barro e olhos vermelhos.

-- O que houve com você? – disse.

-- E desde quando você se importa comigo? – ele respondeu marrento se levantando.

Eu não queria brigar com ele. Por mais que minha vontade fosse de socar a cara dele e deixá-lo se estrebuchando no chão, eu não queria. Não hoje. Não agora.

-- Desde que você resolveu meter Peg no meio. – disse.

Ele voltou para me encarar com cara de desgosto.

-- EU? – riu ele zombando. – Ela quem se meteu no meio.

-- Não Jack, ela não simplesmente se meteu. – aproximei-me. – Ela quer salvar você, ajudar você. E como sempre, você nunca reconhece o que ela faz por você. Nunca.

-- Reconhecer? Não devo nada a ela. – disse ele marrento.

-- Tem certeza mesmo, pois se eu fosse você remexia nas suas memórias passadas e via o que andou fazendo. – disse com o dedo em sua cara.

Ele soltou um grande urro de risada ecoando dentro da sala.

-- O que fiz ou deixei de fazer não desrespeita a você, e muito menos a ela. – disse ele.

-- Nem a Melanie? – provoquei.

-- Deixe ela fora disso, ela não está presente para se defender.

-- E você não é capaz de defendê-la e ao mesmo tempo assumir seus atos?

-- Olha cara, você tem sua namoradinha para se preocupar. Pois ela pode estar por ai, perdida. – seu tom de voz agora era de sarcasmo. – Ah ia esquecendo essa pequena... Metáfora “Pássaros foram feitos para voar...” – riu ele.

Ri.

-- E vampiros para matar. – zombei.

-- Toby, o que quer que eu diga? “Ô maninho, sinto muito por sua namorada querer se matar a tentar ME ajudar”. É isso?

-- O mínimo que você pode fazer.

-- E é esse mínimo que não irei fazer. Jamais.

Quando fui pra cima dele pra quebra-lhe a fuça, a porta se abriu.

-- Eu mesma posso fazer isso. – disse Peg.

-- Peregrina! – disse Jack.

Eu não pude acreditar que era ela que estava ali, de frente comigo toda suja de barro, cabelos molhados todo desgrenhado. Ensopada e tremendo com o vento frio que entrava pela porta. Peguei uma toalha na gaveta da estante e fui até ela, enrolando- a na toalha limpa.

-- Veio aqui a troco de quê? – disse ele tentando ser idiota mais uma vez.

-- Apenas para tentar que pela primeira vez na sua vida de bosta, você realmente seja um vampiro homem. – disse ela vociferando se afastando de mim.

-- Como é? Estou meio surdo hoje. – zombou ele rindo.

-- Isso mesmo Jack, deixe de ser vampiro bicha e assuma logo o que você fez.

-- Bicha?

-- Isso mesmo.

-- O que está acontecendo aqui, Peg? Diga-me! – disse eu sem nada saber.

-- O seu irmão Toby, eu relevei todos os surtos psicóticos dele comigo, o mau relacionamento dele comigo e tudo. Mas o que descobri hoje foi à gota d’água pra mim. – disse ela já chorando.

-- Você descobriu que eu estou com razão em você ajudar Rose? – disse ele.

-- Não, uma coisa pior.

-- O que peg. – disse enfurecido já.

-- Ele matou meus pais, Toby. Você não podia ter feito isso comigo! – gritou ela jogando um vaso de vidro contra ele. Acertando em cheio sua face.

Ele limpou o nariz que estava sangrando agora, mas não fez nenhum movimento violento contra ela.

-- Ok, eu sabia que ele irá contar isso a você. – ele riu.

-- E por que fizesse isso, Jack? Jamais fiz mal nenhum pra você. Por que matá-los, tem ideia dos anos que passei procurando pela verdadeira face do assassino? – Peg chorava como criança.

-- Quer saber o porquê mesmo? – ele dizia se levantando do chão.

Ela disse sim com a cabeça. Eu já sabia que uma hora ou outra tudo aquilo iria desabar, como um castelo de areia que vai ao chão depois que uma onda o derrubar.

-- Seus pais eram caçadores de vampiros. Eles sabiam da nossa existência e tentavam a todo custo nos colocar como extinção. Foi quando ele matou toda a nossa família. – ele me olhou como se fizesse sinal para que eu concordasse. E fiz, pois era a verdade.

-- Toda a sua família? – disse ela pasma.

-- Toda!

-- Mas e os Peterson?

-- Conseguiram de salvar, mas eu e Toby fomos trancados na igreja junto a todos os outros vampiros. Mas foi quando Melanie a única humana nos salvou. Devo tudo a ela hoje.

Todo o mundo desabou em nossas cabeças naquele momento, Jack falou tudo que havíamos escondendo a tempos de Peg, eu não precisei falar muito, pois ele já havia dito tudo por mim. Ela permanecia imóvel, como se estivesse congelada ali mesmo.

Eu só estava esperando até que ela começasse a sessão perguntas para Toby, pois iria acontecer. A qualquer momento iria.

-- E você sabia de tudo isso Toby? – ela me olhou.

-- Sim querida, mas não quis machucar você. Eu precisava cuidar de você. – disse a verdade e o que meu coração pedia naquele momento. – Mesmo sabendo que eu mesmo era a ameaça pra você, mas jamais, jamais eu iria machucar você.

-- Eu posso imaginar. – disse ela secando os olhos e saindo porta a fora.

-- Aonde você vai Peg? – perguntamos eu e Jack ao mesmo tempo.

Ela parou para me dar uma última olhada.

-- Aonde eu deveria estar a muito tempo. – e ela saiu correndo sem dizer mais nenhuma palavra.

Eu e Jack nos olhamos já sabíamos onde ela estava indo. Cumprir com o que havia prometido. Era difícil de imaginar que uma garota de dezessete anos, com grandes sonhos iria se sacrificar por um idiota sem valor.

-- O que vamos fazer? – disse Jack.

-- “Vamos”? Você é o tutor disso tudo, ontem era pra ter sido um dia de comemoração para ela e você conseguiu que ela se esquecesse de tudo para mais uma vez tentar provar a você que é capaz de tudo. Mesmo sendo humana, bravo, dessa vez ela vai se matar e mesmo assim nada significará para você. – disse tudo isso e o deixei sozinho. – Resolva você mesmo, pois se eu perdê-la, mato você em seguida. Com minhas próprias mãos.