Fanfic: A volta dos Vampiros | Tema: Vampiros

Eu já estava lá, de frente com o enorme portão enferrujado do castelo dos Peterson. Não teria como voltar atrás, pois no caminho para cá, mandei um sinal de quê viria ao encontro deles e lhes disse o que iria fazer ao chegar aqui.

-- Eu estou indo ao encontro de vocês! – disse correndo rápido mesmo sabendo que não era rápida como Toby, mas não queria que ele conseguisse me encontrar.

-- Então venha minha querida Peregrina. Pague as contas de seu amigo, e poderá ter uma eternidade pela frente com seu amado. Toby. – dizia Rafael do outro lado da linha do telefone celular. Sua voz era irônica, de felicidade excessiva.

Eu havia dado minha palavra, eu iria me entregar. Entregar meu jovem corpo como hospedeiro de uma criatura que nem mesmo tenho conhecimento direito. Iria ajudar o vampiro que matou meus pais e gradativamente estava me matando também.

Aos poucos fui entrando portão adentro, ele se abriu ao perceber quem era que chegará.

-- Enfim a chave chegou. – disse alguém.

-- Chave? – repeti a palavra.

-- Sim, você Peregrina. – quando fui me aproximando do breu que era o corredor, e a luz foi focando mais no dono da voz, foi que reconheci quem era. – Rafael. – suspirei.

-- Bem-vinda novamente querida! – disse ele risonho.

-- Obrigada. – respondi curta e objetiva. – Vamos ao que interessa?

-- Ah, vamos com calma. Quero que antes visite minha amiga Rose, ela está esperando por você ali mesmo. – ele me envolveu em seus braços me guiando até a porta a nossa frente. Enorme, enferrujada e com correntes e cadeados nela.

Ele abriu-a e deixou que eu entrasse.

-- Peregrina, é você? – disse Rose com a voz rouca e fraca, quase sumindo.

-- Aham. – meu coração novamente a milhões de batimentos cardíacos.

-- Não tenha medo, na precariedade que estou não poderei lhe machucar. – disse ela acendendo o abajur ao lado de sua maca.

Rose estava intacta, sem qualquer tipo de alterações em seu rosto por conta da gravidez, mas em compensação, podia-se ver o volume em sua barriga. Uma criatura que se mexia a cada passou que eu dava em direção a ela. As pequenas mãosinhas tocaram as minhas ao sentir meu leve toque em sua barriga. Recostando seu pequeno rostinho em minha mão, que era exatamente do tamanho de minha mão direita. Era tudo estranho, esquisito e assustador.

-- Ele gosta de você. – disse ela chorando.

-- Por que escolheres justo a mim? – perguntei sem dar voltas.

Ela se esforçou ajeitando-se na maca que fez com que a criatura dentro de seu ventre, se assustasse. E por um instante, tive a certeza de ouvir o grito dela.

-- Por que é você a escolhida por ele.

-- Ele quem? – perguntei.

-- A criatura.

Beleza, um ser desconhecido dentro do ventre de uma vampira, tinha o poder de escolher um corpo hospedeiro pra ele se alimentar? E esse alguém, por incrível que tudo isso pareça seria eu?  Ótimo!

-- Olhe, eu sei que é difícil de entender, mas logo, logo, você saberá o por que.

-- Logo, logo, quando? Hoje ou depois que eu estiver ai no seu lugar, buchuda de uma criatura que nem minha é e se alimentando da minha vida.

-- Acho que você ainda não entendeu, não é mesmo? – disse ela erguendo a cabeça para me olhar melhor. Seus cabelos avermelhados caindo sobre seu busto em cachos impecáveis, era até duvidoso de acreditar que na situação que ela se encontrava, seus cabelos estivessem lindos e brilhosos.

-- Não, mas eu adoraria entender tudo isso. O que foi que Jack ou Toby fez no passado que eu terei que pagar a conta final por ele. Por quê? Pode me dizer? – me alterei derrubando o abajur no chão que se quebrou.

-- Não foi bem “o que Jack e Toby fizeram” foi por quem Toby se apaixonou. – disse ela sorrindo.

-- Não acredito que vai agora, a essa altura de tudo, dar uma de vampira ciumenta só porque está grávida e vulnerável.

Ela se levantou com uma facilidade que me fez dar três passos para trás, tropeçando na porta que fecho com minha burrice humana.

-- Escute bem isso. – começou ela andando em minha direção. – Eu não quis isso, aconteceu. E há mais nessa história do quê você possa imaginar.

-- Então por que não me conta logo, para que eu possa decidir o que quero fazer.

-- Você não tem escolha Peregrina, ou faz, ou eles morrerão com você.

-- Todos morrem? – repeti.

-- Sim e por incrível que pareça você é a culpa de tudo isso.

-- Eu a culpa de uma burrice estúpida de Jack?

-- Não foi só Jack, sempre acha que ele é o vilão, ou melhor, o único vilão de todas as maldades no mundo não é mesmo? – disse ela colocando a mão nos quadris e sorriu ironicamente para mim. E por instinto a criatura tocou sua barriga.

-- Acho melhor eles contarem não é mesmo, Jack, Melanie e Toby.

Levantei uma sobrancelha e antes mesmo que pudesse me virar para vê-los entrar, fui acorrentada pelas pernas e mãos. E em seguida entraram os três, um de cada vez. Cabisbaixos.

-- O que é isso? – disse.

-- Apenas uma pequena... Proteçãosinha. – disse Maggie rindo de tudo aquilo.

-- Toby, cada dia mais... Sexy. – disse Rose.

O sangue me subiu que eu tinha a certeza que podia destruir aquelas malditas algemas em minhas mãos e arrebentar a cara dela. Não me importava que ela estivesse grávida de uma criatura nada conhecida na espécie humana.

-- Bom quem irá começar a contar a história? – disse Rafael por final.

-- Eu. – disse Toby, mas Jack tomou a frente dele.

-- Eu comecei a guerra, então, nada mais justo que eu começar a história, maninho. – disse Jack zombando.

-- Há alguns anos, ou melhor, a muitos e muitos anos atrás Peg, nós chegamos à cidade já transformados. Estávamos à procura de nosso criador, nosso... Mestre.

-- Mestre? – disse.

-- Sim. – disse Toby. – O nosso criador.

-- E vocês o encontraram?

-- Encontramos – disseram os três juntos. Melanie permanecia com a cabeça baixa, sentada no canto mais escuro daquele pequeno quartinho que mais era usado para funerais e pessoas doentes.

-- E quem era ele? – aproximou-se Rafael.

-- Tem como ir com calma meu caro parente? – disse Jack.

-- Claro, mas digamos que o tempo de Rose seja curto e da criatura também. – disse ele angustiado.

Eu já estava prestes a roer aquelas correntes com meus dentes, mesmo que ficasse banguela. Não me importava, mas eu não conseguia mais viver com tudo isso, todo esse fingimento, todas essas mentiras. Era insuportável me sentir traída ali no meio de todos esses vampiros.

-- Quem era ele? – gritei já tremendo de nervosismo.

-- Seu pai. – disse Toby que se manifestou vindo em direção a Melanie e sentando-se ao lado dela. Jack não havia dito nada até então.

Meu pai? Como assim, ele era médico não caçador ou criador de criaturas sobrenaturais ou sei lá qual seria o nome que os cientistas dariam para eles. Impossível que isso fosse verdade.

-- Você tem provas? – disse.

-- Acha mesmo que iríamos dizer isso a você sem nem se quer, ter provas? – disse Maggie.

-- Vai saber, vindo de vocês. – disse e Rose veio para cima me atacar, mas Toby e Jack já estavam a minha frente num piscar de olhos.

-- Viu como ambos te protegem? – disse Rose.

-- Eles são meus amigos, nos protegemos juntos. – disse. -- Meu pai era médico, impossível ele ser mestre de uma trupe de vampiros. – disse.

-- Nas horas vagas minha querida.  E por mais incrível que pareça, eles dois ai, ou melhor, todos os três, foram criados com seu sangue. – disse Rafael se aproximando mais. – Seu pai foi o mestre, o criador de todos nós.

-- Oh meu Deus! Não pode ser verdade isso. – disse caindo de joelhos.

-- Seu pai criou todos nós Peregrina e você é a nossa salvação final. – disse Jack.

Eu ergui os olhos olhando para ele sem nenhuma reação, mas ele estava reluzente, sorrindo como uma criança que acabará de ganhar um presente.

-- Salvação? – disse.

-- Sim, com você viva nós iremos temos vida, nós seremos eternos. Mas, se você decidir morrer por conta dessa... Criatura estúpida ali dentro daquele vente podre, nós morreremos junto com você. – disse Jack.

-- Então vocês foram gerados com meu DNA? – disse.

-- Isso mesmo querida. – disse Rafael acariciando meu rosto, vi que Toby não gostou daquilo, mas se manteve imóvel.

-- Fomos só alimentados do teu sangue, nada mais que isso. – disse Melanie.

-- Se eu morrer, todos vocês morrem também?

-- Exatamente, e sei que você não quer isso. – disse Rose esfregando a barriga.

-- Mas é óbvio que não, até porque, eu amo Toby, Jack e Melanie. São meus amigos, minha família. – disse chorando.

-- Relaxe, seu relacionamento com Toby não vai mudar só porque ele depende de você pra viver. Mas, o dessa criatura é o mais dependente de você. – disse Rafael.

-- Como assim?

-- Na noite em que seus pais morreram, ou seja, na noite em ele tentou nos exterminar. Nós, todos nós, matamos seus pais. – Rafael ainda guiava essa história, sem nem se quer se importar com o que eu iria sentir com aquelas palavras.

-- Vocês? – disse – Quer dizer que passei todo esse tempo convivendo com o assassino dos meus pais? – disse.

-- Calma a Peg, por favor! – Toby colocou a mão em meu ombro.

-- Saia de perto de mim, seu assassino imbecil. – disse.

-- Não fui apenas eu, eles queriam exterminar a própria raça que eles criarão. – o lamentou. – Não podíamos deixar de existir.

-- Não podia apenas sumir, deixando-nos em paz? – disse sem medir palavras.

-- Não.

-- Por quê?

-- Por que eu já estava apaixonado por você. – disse Toby com os olhos cheios de lágrimas. E mais uma vez, senti como se fosse a primeira vez que nos esbarramos naquela lanchonete.