Fanfic: A volta dos Vampiros | Tema: Vampiros

As palavras de Toby fizeram meu pobre coração humano bater mais forte, meu cérebro parou por um instante, minha cabeça girou e quis beijá-lo ali mesmo. Sem hesitar. Sem medo. Eu já tinha ouvido aquelas palavras, ditas em outras palavras. Em outro momento de nossa vida.

-- Nunca pensei que conheceria alguém como você ao chegar aqui. – disse-lhe olhando nos olhos. Olhos aqueles que me prendiam ali por uma noite toda se fossem necessário.

-- E eu que nunca pensei que apesar de todos esses séculos de vida, iria encontrar uma nova paixão. – ele sorriu abrindo um lindo sorriso, que me fez sorrir também.

-- Você sofreu por um amor? – perguntei-lhe.

-- Sim- ele cabisbaixo respondeu. – Há alguns séculos atrás, ela morreu em um incêndio terrível.

-- Incêndio? – o olhei e ele estava com um olhar de tristeza que dava dó. – Como aconteceu?

-- Não gosto muito de lembrar, apenas – ele fez uma breve pausa. – Aconteceu.

Estávamos os dois deitados sobre um tapete branco e macio no chão, à lua brilhava sobre nós dois. Como se ela estivesse ali especialmente para aquele momento. Juntos como se fossemos uma concha, me encaixava perfeitamente junto a ele. Éramos um.

-- Seu irmão parece não ir muito com a minha cara.  Não vai ser fácil que ele me aceite como... Cunhada. – disse sorrindo.

Ele deu um pequeno gargalhar e disse:

-- E daí que não vai ser fácil? Vai ser muito difícil, e vamos ter que trabalhar nisso todos os dias. Mas eu quero fazer isso, porque eu quero você. Eu quero você para sempre. Você e eu, todos os dias. – e me beijou a orelha um ato simples, mas com muito valor para mim.

-- Foi à coisa mais linda que alguém já me disse. – virei o encarando e o beijei os lábios, num toque suave, calmo, como se o tempo estivesse ao nosso favor naquela noite.

E ficamos ali por horas e horas, se eu não tivesse acordado no meio da noite com frio, não teria percebido que havia passado a noite fora, e estava a dormir com ele. Ali, na varanda a lua ainda pairando sobre nós. Era tudo perfeito.

-- Por quê? –disse.

-- Eu não podia lhe contar tudo sobre a nossa linhagem logo que te conheci. Não é uma coisa fácil de dizer, Peg. – disse Toby.

-- Apenas podia tentar me explicar. – chorei.

-- Se no começo ele tivesse contado a você, por um momento você iria querer continuar com ele? – perguntou-me Rafael. – Sabendo que ele é uma ameaça para você, mas que ao mesmo tempo ele pode proteger você.

Parei a choradeira e o encarei. Eu não tinha a resposta para a sua pergunta, pois nem eu mesma havia pensado em hipótese alguma sobre esse argumento dele. Proteger-me sendo que ele foi feito do meu DNA.

-- Proteger-me sendo que ele fora feito do meu DNA? – disse.

-- Isso não quer dizer nada. – começou Jack. – Por você ser a tutora do sangue pelo qual ele foi criado, o trabalho dele é proteger você. E quem venha a estar junto de você.

-- Exatamente. – começou Melanie. – Você quando descobriu sobre nós aquele dia em nossa casa, você simplesmente se afastou não quis nos ver. Mas na hora do aperto, do medo foi a ele que recorreu.

-- O quê? – comecei. – Estou sendo julgada por identidades que eu nem sabia. Nunca soube que meu pai trabalhava nas horas vagas de criador de Vampiros. Passei por todos esses anos querendo saber o motivo de sua morte. E agora, descubro isso.

-- Não faça a humana sofrida nesse momento Peregrina. – voltou Rafael a falar. – Você está aqui por um próprosito, emprestar seu corpo para essa criatura no ventre de Rose. – ele apontou para Rose que estava em pé com as mãos nos quarto, me encarando sorrindo.

-- E se eu decidir que não quero? – disse revoltada.

-- Você simplesmente não tem querer. – disse ele.

-- Tenho, pois ainda respondo por meus atos, ainda sou humana. – enfatizei a última palavra.

-- É seu irmão que cresce naquele ventre. – disse Maggie se metendo.

-- Irmão? – duvidou Toby.

-- Começou a zoeira, Rafael? – zombou Jack. – Acha mesmo que vai enganá-la com esse golpe mais do quê baixo?

-- Eu tenho provas de quê essa criatura é irmão dela. Maggie querida vá buscar a papelada.

A loira oxigenada entrona foi buscar a papelada passando por mim e me dando uma ombreada, como provocação. Eu queria arrancar seu pescoço fora, apenas vê-la estrebuchando no chão, como fiz quando enfiei a estaca em suas costas quando salvei Toby.

-- Como posso acreditar em meros papéis de séculos passados. – disse.

-- Por que Jack não conta como ele descobriu! – sentou-se Rafael numa poltrona velha, de couro ao meu lado. Repousando a perna esquerda sobre a direita, numa pose exuberante.

-- Por que sempre complica pra mim cara, não posso responder sozinho pelos fatos. – reclamou Jack.

-- Quer que Melanie responda por coisas que nem ela mesma presenciou? – Rafael tocou na ferida.

-- Sua mãe estava grávida quando eu a matei. – disse Jack olhando para Melanie chorando acorrentada no chão. – Mas eu estava numa fúria horrenda de matá-la, pois ela veio pra cima de mim com uma estaca para matar-me.

-- Por que não poupou a criança? – disse.

-- Por que iríamos ter você como troca.

-- Troca? – repeti.

Toby que tomou a pose da história agora.

-- Depois que Jack matou sua mãe. – Jack virou-se o ignorando. – Seu pai que estava sobre a minha mira, me prometeu você. Desde que eu cuidasse de você e não deixasse que nada de mal lhe acontecesse. Usando seu sangue para nos manter vivos.

-- Ou seja. – comecei. – Vocês dependem de mim para viver?

-- Exatamente. – completou Rafael. – E seu pequeno mais novo irmão anormal, também. Então, qual vai ser Peregrina?

-- E como não voltaram para me resgatar, para me proteger? – disse ignorando Rafael.

-- Nós permanecemos lá, todos esses anos. Até mesmo quando você chegou aqui na cidade. Quando nos esbarramos na lanchonete. –lembrou ele. – Passei todo esse tempo cuidando de você, conhecendo você de longe. Mas só senti que devia me aproximar de você, quando nos esbarramos na lanchonete, foi ai que percebi que era a hora de conhecer você melhor. Mais do quê pude conhecer a distância.

-- E o que conhecesses de mim? – perguntei.

-- Que você é uma humana amorosa, amiga, inteligente, tem compaixão. – disse Toby.

-- E sempre pensa-nos outros e esquece-se de olhar pro próprio umbigo. – zombou Jack.

-- Quer perder a língua meu jovem? – provocou Rafael.

-- Só tente. – retrucou Jack.

-- Abra a boca Melanie. – aproximou-se Rafael dela.

-- Parem! – disse chamando-lhes a atenção. – Eu irei dar meu corpo como hospedeiro.

-- Não Peg, não faça isso consigo mesma. – pediu Toby.

-- Já me decidi, é isso mesmo. Podem fazer a inserção. – disse engolindo a seco, mas com uma segurança enorme de mim mesma.

-- Ótimo- festejou Rafael. – Maggie querida, prepare a sala, vamos ter um novo nascimento hoje.

A loira azeda já estava lá, preparando a maca e me desacorrentando para levar-me junto dela. Toby se jogou sobre o solo mal feito e Jack deu-lhe uma batida nas costas, mas Toby não quis aceitar seu pedido de desculpa estranho.

Eu já estava deitada na maca e me virei para dar uma última olhada em Toby, caso a inserção não desse certo e eu fracassasse. Mas me perguntava em silêncio, será que eu era forte o suficiente para tudo isso?