Fanfic: A volta dos Vampiros | Tema: Vampiros

Acordei com um barulhinho irritante, como se fosse um bipe irritante. Repetitivamente, sucessivamente, várias vezes. Tirando-me do sério. Meus olhos ainda estavam embaçados, não conseguia abri-los direito era como se eu estivesse passado à noite bebendo e agora, estivesse de ressaca. Minha cabeça latejava, doía, ardia. Girava.

Olhei ao meu redor e ainda estava deitada na maca. Maca? Onde eu estaria? Senti alguém segurando minha mão.

-- Ei, você acordou? – não consegui reconhecer a voz. – Peg?!

Tudo que eu via eram borrões, tentei levantar a mão para esfregar os olhos, mas não consegui. Estava presa a uma seringa enfiada em minha veia, ao invés de tirar meu sangue estava aplicando sangue em mim. Como assim?

-- Peg sou eu Melanie. Eu sei que está consciente, fale comigo querida.

Ah sim, Melanie. Logo me lembrei dela, ergui a cabeça para olhá-la, forçando a visão a enxergá-la.

-- Mel? – disse com a voz rouca.

-- Isso mesmo querida sou eu. Como está se sentindo?

-- Não sei bem como estou me sentindo. Apenas sei que estou com muita fome, muita mesmo. – meu estomago roncou ao lembrar o sabor de comida.

-- Você não se lembra? – disse outra voz.

Tentei adivinhar de quem era, mas não consegui. Apenas procurei pela dona da voz e não encontrei.

-- Quem está ai com você Mel? – perguntei com medo. Medo esse que nem eu mesma sabia explicar.

-- É Maggie.

Maggie. Maggie. Repeti o nome em minha cabeça até que me lembrei de quem era. A própria loira azeda que queria roubar meu namorado. Namorado? Toby!

-- Onde está Toby? Preciso vê-lo! – disse já me levantando, mas Mel me parou antes mesmo de cair da cama. Senti um peso sobre mim.

-- Acalme-se! Toby ainda não acordou, está dormindo e Jack está com ele.

-- Como ele está?

-- Mal. Ele ainda não acredita que você foi capaz de trocar uma vida pela imortalidade. – disse ela se sentando a beira da maca.

-- Imortalidade? – eu não me lembrava de nada.

-- Sim, não se lembra? – suas sobrancelhas se uniram.

-- Não. Deveria? – cocei a cabeça.

-- Você aceitou dar o seu corpo como hospedeiro do filho de Jack com Rose. – disse Melanie. E aos poucos fui me lembrando do que ela estava falando. Sangue, bisturis, tesouras, dor, tontura, ardência, mordidas, picadas, sangue. Sangue.

-- Onde está Rose?

-- Rose não era mais útil para Rafael.

-- Como assim não era mais útil? Ela é irmã dele. – disse.

-- Era. Eles discutiram hoje de manhã, ela ainda estava fora de defesa. Então ele fez o que qualquer um teria feito.

-- Ele a matou? – arregalei os olhos.

Ela só assentiu que sim. Como ele poderia ser tão cruel?

-- E agora? – disse.

-- Agora o que, querida? – sorriu ela.

-- E a criança? Como fica?

Pude ouvir Maggie rindo no fundo. Uma fúria repentina e sem explicação me subiu pela cabeça, só queria arrancar a garganta dela.

-- Está com você, peg. – disse Melanie indicando o volume debaixo do cobertor.

-- Meu Deus! – assustei-me. – Está... está dentro de mim? Mas assim, do nada?

-- Sim querida, você aceitou fazer a inserção. Quer ver pelo espelho?

Melanie perguntou como se eu estivesse provando um vestido para alguma festa. Mas mesmo assim aceitei, ela me ajudou a me levantar da maca. Num pulo eu estava de pé em frente ao espelho, descalça. Parecendo uma louca. Frente a frente com o espelho da verdade.

E lá estava eu de frente para a minha nova “eu”. Mel ajudou-me a tirar o roupão vermelho, deixando-me nua em frente ao espelho. Minha barriga magrinha, escultural havia sumido e se transformado e um enorme barril. Era como se eu tivesse ingerido duas melancias ao mesmo tempo, num pequeno intervalo de tempo. Enorme. Assustei-me de primeira olhada.

-- Meu Deus, como isso pode ser possível. Como não vi o processo de inserção Mel? – disse incrédula alisando a barriga esticada pelo couro.

-- Você morreu Peg. – disse ela me olhando pelo espelho e me segurando ao mesmo tempo.

-- Morta? Que brincadeira é essa? Apenas fiz uma inserção, só isso. – sorri feliz por ter conseguido aguentar.

-- Não peg, você está morta. Seu corpo hospedeiro humano era fraco demais para a criatura. – disse ela lamentando agora.

-- Então quer dizer...

-- Sim. – ela continuou antes que eu terminasse a frase. – Você agora é uma vampira!

-- Vampira. – me espantei ao dizer a palavra. Eu achando que tinha sido forte o suficiente com meu corpo humano como hospedeiro, idiota mesmo. Vampira. Alisei a barriga e a criatura dentro de mim se mexeu, recostando-se junto a minha mão.

-- Toby já sabe disso? – disse a olhando.

-- Ela acha que você faleceu totalmente na inserção, mas ainda não sabe que és vampira.

-- Então o que estamos esperando para contar a ele? Vamos logo. – disse animada.

-- Antes você precisa se alimentar.

Melanie me levou de volta para a maca, me ajudando a subir a escadinha que tinha abaixo. A barriga estava toda suja de sangue e com pontos de um lado, pontos de cima pra baixo. Um verdadeiro zigue-zague.

-- Por que tantos pontos e feitos dessa maneira? – reclamei.

-- Por que a criatura é muito... Grande, foi preciso cortar além do necessário. – explicou Melanie.

Fiz que entendi. Ela abriu o frigobar e tirou uma bolsa de sangue de dentro, meus olhos arderam ao ver aquele liquido vermelho vindo até mim, meu primeiro impulso foi pular sobre Mel e arrancar de suas mãos, mas a barriga me impediu.

-- Calma garota, esse é o primeiro de muitos outros. – riu ela me entregando o saquinho.

-- Estou faminta! – rasguei o saquinho com as presas já lá para me servirem e levei direto a boca. Eu sugava com uma vontade inexplicável, como se já tivesse provado disso em alguma outra ocasião. Mas não foi como esperei, o sangue voltou depois que terminei. Vomitei todo para fora novamente.

-- Eca! O que é isso? Sangue do quê? – disse repugnada.

-- É de animal Peg. Toma a criatura precisa.

-- Não vou tomar isso, é nojento. Mataram um animal inocente?

-- Peg, isso não é hora para sentimentos alheios. Vamos logo. – reprovou ela. – Ou prefere matar uma pessoa inocente para saciar a sede da criatura?

Peguei o saquinho novamente, sujei toda a roupa de maca com o sangue que vomitei. Maggie logo achou um jeito de se meter.

-- Ela tem que se alimentar direto da veia. – disse Maggie se aproximando.

-- Não, ela pode se acostumar com sangue animal. Assim, ela não mata nenhum inocente.

Confirmei. Não queria ninguém morrendo por minha causa, não queria ser a causa das mortes. Tratei de tomar tudo e de segurar no estômago, mas a criatura não aceitava. Eu vomitei novamente e senti como se uma faca fosse cravada em mim, de dentro pra fora.

-- Droga! – esperneei.

-- O que foi Peg? – logo Mel estava a meu lado.

-- Acho que a criatura não gostou. –alisei a barriga na tentativa de acalmar a criatura, mas não foi bem como eu esperava. Ela se movia loucamente e isso me fazia sentir dores torturantes.

A porta se abriu e todas nós olhamos ao mesmo tempo. Eu ainda alisando a barriga, morrendo de dores e sede. Faminta.

-- Peg? É você meu amor? – disse Toby sorridente vindo ao meu encontro.