Fanfic: A volta dos Vampiros | Tema: Vampiros

--Toby meu amor! – disse já me levantando da cama e indo em direção ao abraço dele. Ele me enrolou em seus braços, só não me apertou mais porque se deu conta da barrigona que eu estava agora.

-- Eu achei que você não tinha sido forte o suficiente para a criatura e nem para a sua nova... Vida! – disse ele acariciando meu rosto.

-- Realmente não fui forte como humana, mas Rafael aplicou teu sangue em minhas veias. Foi daí que tive forças para continuar aqui, voltar pra você. – me inclinei para beijá-lo.

Eu já me sentia segura ali com ele, mesmo sabendo que ele não estava gostando dessa nova “eu”, mas uma hora ou outra, a partir daquele momento, ele iria ter que aceitar qualquer que fosse a minha decisão.

-- Já se alimentou? – perguntou ele.

-- Melanie me deu um saquinho com sangue animal, mas preciso de sangue humano. Tomado direto da veia, é o que a criatura quer.

Quando disse da criaturinha dentro de mim, os olhos de Toby desceram até minha barriga, deixando meus olhos sozinhos. Ele acariciou minha barriga, delicadamente, como se estivesse com medo de me machucar com seu toque.

-- Não se preocupe, não dói nada. – disse segurando a mão dele sobre a minha.

E ele sorriu ao sentir. Mas a criatura se encolheu ao toque de Toby, era como se estivesse com medo dele, não fez como fazia comigo que vinha logo ao encontro de meu toque. Ela simplesmente sumiu de repente.

-- Onde está você? – Toby encostou a orelha em minha barriga e falava como se fosse obter resposta. Nesse momento tão lindo, Rafael entra na sala já em disparada.

-- A criatura não gosta de você, afasta-se! – ordenou Rafael.

-- Como assim não gosta de mim? – grunhiu Toby.

Logo Melanie e Jack estavam juntos novamente de pé ao meu lado. Jack com um ar de cansado, com fome e irritado. Achei estranho ele não ter dito nada até esse momento.

-- Por que você era contra a inserção e a criatura sentia isso. – continuou Rafael.

-- Sentia? Qual é a piada? – finalmente Jack falou.

-- Você é o pai dessa criatura dentro da barriga de Peg, mesmo a mãe dela sendo Rose. – ele fez o sinal da cruz e beijou a mão. – Que já não está mais conosco.

-- Não está mais? O que fizesses? – aproximou-se Jack furioso.

-- O que fiz foi para o próprio bem dela, nada mais do que eu pudesse fazer por ela. – disse ele.

-- E como isso vai viver agora? – perguntei.

-- Você é a nova hospedeira. – disse ele.

-- Nova? – repetiu Toby desconfiado.

Rafael percebeu que foi pego em mais uma de suas mentiras escondidas por trás de mais mentiras, e logo tentou desviar o assunto vindo me aplicar mais uma dose de sangue animal na veia. Mas Jack voltou aonde ele não queria voltar.

-- O que quis dizer com “nova”?

-- Uma nova peregrina, feliz, vampira imortal, poderá viver toda a eternidade ao lado de seus amigos e como ela sempre quis, ao lado do homem que ela ama. Toby – disse Rafael alisando meus longos cabelos que batiam na cintura.

-- Disso todos aqui já sabemos, ela escolheu isso. – falou Maggie.

-- Não, ela simplesmente salvou séculos de geração. – disse Rafael.

-- Geração! Há! Você consegue me fazer rir mesmo cara. – zombou Jack voltando a ser ele mesmo.

-- Por que achas que precisei de Peregrina para essa inserção?

-- Apenas para tirar um barato com nossas caras, e provar que apesar de todos esses séculos, você ainda pode mandar em nós. Mas isso acaba aqui e agora. – disse Toby.

-- Não – aproximou-se Rafael. – É agora que tudo terá seu começo do fim.

-- Hã? – disse. Eu era a personagem principal daquela discussão e estava sendo deixada de fora, não podia.

-- Essa criatura dentro de Peg é como um peixinho envenenado que cultivamos há séculos.

Envenenado?

-- Peixinho? Tu ainda curtes essas coisas, caramba! – riu Jack. Mas Rafael não suportou mais as brincadeiras estúpidas de Jack e o jogou contra os espelhos que se estilhaçaram no chão. Quando vi Toby, Melanie e Maggie já estavam lá, tirando Jack das mãos dele.

-- É apenas uma morte final para ela. – disse Rafael rindo.

-- Você inseriu uma ameaça dentro dela? – ele estava com a boca sangrando, ele cuspia sangue. Por um triz ele iria para a cova dos duros.

-- Lógico que sim, achas mesmo que iria fazer algo do bem para ela? – gargalhou ele me olhando. Esquivei-me tentando me esconder, por um instante quis correr, mas seria impossível com aquela melancia enorme dentro de mim.

-- Por quê? Não tínhamos resolvido nossos assuntos pendentes do passado? – falou Melanie.

-- Pense comigo Mel, foi só ela chegar a essa cidade que tudo em nossas regras mudaram. Em nossas vidas.

-- E havia regras? – disse Jack enxugando à boca sangrenta.

-- Vampiros podiam recriar, mas apenas com vampiras. Não humanos, não era de nosso paladar recriar com meros humanos de onde os corpos não seriam fortes o suficiente para sustentar uma criatura desse porte. – explicou ele gesticulando e olhando para todos, parando em mim.

-- Por que eu? Nunca quis fazer nada que os prejudicasse, pelo contrário, sempre quis ajudar.

-- Você prejudicou. Mesmo sem querer, mas prejudicou.

-- Não podemos fazer nada se sua irmã mimada e romântica se apaixonou por esses dois idiotas ai. – revoltou Mel.

-- Também não precisa falar dessa maneira, você se apaixonou por mim ok? – lembrou Jack.

-- Será que tem como irmos logo ao ponto, o que essa criatura é capaz de fazer? – perguntou Toby.

-- Todos nós que nascemos de pais Vampiros. – sentou-se Rafael. – Nós não ficamos dentro de uma bolsa de água como os bebês humanos ficam. Crescemos fora do ventre de nossas mães, ou seja, somos criaturas enormes dentro do ventre. Temos o poder de crescer dez vezes mais que os bebês humanos. E temos asas.

-- Asas? Que isso? – cruzou os braços Jack. Rindo.

-- Somos como borbeletas. Sabes como é não é, então, dessa mesma forma. Mas somos muito poderosos. E essa criatura ai – ele colocou a mão em minha barriga e a criatura se aproximou dele. – É o fim para peregrina.

-- E como você pode fazer isso com ela? – disse Toby revoltado se aproximando.

-- Foi por conta dela que minha irmã foi deixada e derrotada, se Jack não tivesse se apaixonado por Melanie e nem a transformado e Toby se apaixonado por ela. – ele me apontou, eu estava bem escondida, tentando ser invisível. – Nada teria acontecido.

-- Mas não aconteceu nada demais. – policiou Toby.

-- Ou seja, essa criatura é o fim de uma raça de vampiros. Todos os que voltaram, ao terem essa criatura inserida em seu corpo morto, terá pouquíssimos dias de imortalidade.

-- Mas não sou vampira, não fui criada por vampiros. – disse aproximando-me descalça.

-- Seu pai era vampiro, sua mãe. E nossos pais eram vampiros, você só não tinha sangue de vampiro ingerido direto em seu pulmão deixando seu coração fraco e sem batimentos. – explicou ele.

-- Então isso quer dizer – iniciou Melanie.

-- Isso mesmo querida, essa criatura irá fazer todo o trabalho de séculos por nós. – continuou ele antes dela mesma dizer, mas nada.

-- Você mesmo quer acabar com toda a sua raça vampiresca, mas porque isso? –disse sem nada entender.

-- Não quero acabar com a raça, apenas com o mal dos humanos entre nós.

-- Mas é de nós que você se alimenta.

-- Nós, os Peterson, temos uma conduta de não nos alimentar mais de humanos a séculos, ou seja, vocês já não servem mas para nada. E com isso não tem mais graça alguma continuar nessa imortalidade.

-- Fale só por você idiota. – resmungou Jack. – Quero passar o resto de minha imortalidade ao lado de Melanie, então vá sozinho.

-- A decisão não é nossa, a culpada agora é Peg que entrou em nossas vidas. E que aceitou o fim da imortalidade dentro dela mesma. Quero todos vocês na terra dos duros.

Rafael deu seu último falar e saiu do quarto deixando todos nós lá, sozinhos. Todos em um terrível e tedioso silêncio. E mais uma vez toda a responsabilidade foi jogada para mim. Terei mesmo que decidir sobre a eternidade de todos?

A criatura se debateu dentro de mim, me jogando no chão com um enorme baque. Toby já estava segurando-me para não me machucar mais.

-- Peguei você querida. – disse-me sorrindo.

E novamente sentia como se estivesse sofrendo o momento do nascimento dessa criatura terrível, como se ele estivesse cortando meus músculos, lutando contra eles até chegar à pele fina e nascer traumaticamente. Dolorosamente. E mais uma vez não suportei a enorme dor, mesmo a essa altura sendo uma vampira novata. Era dor demais, e voltou a me mordiscar por dentro. Uma, duas, três vezes.