Fanfic: A volta dos Vampiros | Tema: Vampiros

Abri os olhos ainda meio que desacordada. Esfreguei-os na tentativa de acordar mais rápido. Olhei ao redor do quarto e percebi que estava ali sozinha, nem mesmo Toby estava comigo. Era como se todos estivessem me evitando depois do quê fiz.

Empurrei o lençol para junto de meus pés ainda deitada, pois não conseguia me levantar por conta de minha enorme barriga. Ela havia crescido mais desde minha última refeição. Era como se a criança estivesse satisfeita com o que eu lhe dava de alimento.

Até eu mesma estava me acostumando a caçar, era melhor do quê saber que bichinhos inocentes estavam sendo dilacerados para cobrir minha sede por sangue. Isso eu não podia nem imaginar, pois já me sentia culpada por isso.

Senti que precisava me alimentar novamente, quando ouvi o roncar agudo da criança dentro de mim. Ela alisou minha barriga por dentro com suas mãosinhas. Eu tentei avistar o telefone para ligar para Toby vir me ajudar a sair da cama, mas por conta da barriga, não consegui achar o telefone e muito pior levantar de lá.

Deitei-me de lado e a criança girou-se dentro de mim se colocando na mesma postura, se mantendo imóvel, como se quisesse me ajudar a levantar mais rápido. E fui me levando até cair de costas no chão. Um sucesso, sem contar às dores que senti nesse momento.

-- Peg o que foi isso? – disse Toby já no quarto me olhando. Logo atrás dele Mel e Jack.

-- Eu ia chamar você para me ajudar a levantar, mas não lhe encontrei por perto, agi por mim mesma. – disse rindo timidamente.

-- Poxa querida, gritasse. – disse ele.

-- É afinal, você é boa em gritos né. – zombou Jack entrando no quarto e pegando meu telefone que estava escondido dentro do cobertor.

-- Está com fome querida? – perguntou Mel.

-- Sim. – disse. – Estou com muita sede, preciso sair para me alimentar.

Toby me tinha em seus braços agora, levando-me de volta para a cama e me deixando lá. Cobri-me de volta com o cobertor, estava sentindo um frio absurdo. Isso era normal a essa altura de minha nova vida?

-- Você quer ir caçar comigo hoje querida? – perguntou Toby se oferecendo para ir caçar comigo. Eu tinha ouvido isso mesmo?

-- Sério querido? – disse feliz.

-- Sim, quero lhe ajudar a passar por isso. Mesmo que eu ainda não goste disso que te mata a cada dia. – ele segurou minha mão. – Mas acho que posso lhe ajudar a manter o controle quando for se alimentar de alguém.

-- Eu aceito ir caçar com você, será a primeira de muitas outras. Não é mesmo? – disse.

-- Claro.

-- E quando meu filhinho nascer, iremos todos nós ajudar ele também a manter o controle. – disse alisando a barriga e a criança respondeu.

Toby me pegou pela mão e ajudou-me a levantar da cama. Quando menos esperei já estava de pé novamente.

-- Vou esperar você lá embaixo. –disse ele me beijando a testa.

-- Melanie, você pode me ajudar a trocar de roupa? – eu já não conseguia mais me vestir sozinha, pois perdia o equilíbrio e na maioria das vezes, caía rolando no chão.

-- Claro querida, o que queres vestir hoje? – perguntou ela.

-- Algo que me deixe correr pela floresta e saltar sobre as árvores, deixando-me livre para me alimentar de tudo. – sorri.

-- Ok. – só o que ela disse.

Ela abriu meu armário e tirou um vestido bem grande e comprido, branco com alças fininhas, mal poderiam me apertar ou até mesmo me impedir de caçar. Vesti-o facilmente, Mel me segurou enquanto eu vestia o vestido.

-- Está linda querida! – elogiou-me ela.

-- Obrigada mel. – disse segurando a mão dela junto da minha. – Desculpe se agi sem antes falar com vocês.

-- Sobre o que está falando? – ela ficou confusa.

-- Por ter aceitado a inserção, mas fiz isso porque queria salvar você e mostrar para Jack que não tenho raiva dele, apesar de tudo que ele fala comigo. Somos todos uma família agora. –disse sorrindo para ela.

-- Não se preocupe você já está quase para ter essa... – ela fez uma pequena pausa para olhar a minha barriga, acariciando. Mas a criança se afastou. – Essa criança, como você mesma diz.

-- Sim. Obrigada por entender Mel, acho que você é a única que me entende e me compreende de verdade. – disse.

-- Toby também compreende você, só não gosta de demonstrar isso. É difícil para ele, entenda isso.

-- Eu sei que é, mas foi uma escolha que eu fiz. – disse.

-- Bom, é melhor você ir logo antes que ele desista. – lembrou-me ela.

-- Verdade. Vou indo, mas volto antes mesmo de sentir minha falta.

-- Ótimo, enquanto você se diverti com seu namorado, irei me divertir um pouco com o meu. Então, não precisa se apressar. – brincou ela, soltando uma risada.

Sorri junto.

Ela me ajudou a descer as escadas, pois eu estava com medo de cair escada a baixo rolando feito uma bola. Quando cheguei até a sala, Jack e Toby estavam sentados juntos civilizadamente. Era até engraçado vê-los conversando juntos e civilizados. Demais.

-- Pronta querida? – perguntou-me ele.

-- Pronta. – disse.

Ele veio até mim, pegando minha mão e segurando junto ao peito dele.

-- Adorei vê-los conversando civilizadamente, pela primeira vez em séculos meninos. – disse Melanie beijando Jack.

-- Eu também. – disse. – Sinto até uma pequena vontade de chorar com tudo isso.

-- Oh Deus! Não chore peg. – disse Toby beijando-me a testa.

Despedi-me de Jack e Melanie e saí porta a fora com Toby. Sem nem olhar para trás, queria logo ter essa experiência junto dele. Ele segurava minha mão a todo custo, sem se quer soltá-la um segundo para descansar seu braço. Andávamos devagarzinho.

Entramos por dentro das árvores gigantes, e a lua já brilhando no céu. Como em todas as outras noites que eu vinha nesse mesmo lugar escondida me alimentar. Sentamos no solo de barro juntos, ele me abraçou e ficamos ali até ficar um pouco mais tarde e a lua chegar ao seu ápice certo.

-- Sabes que quero apenas o seu bem, não sabes? – disse ele sussurrando em meu ouvido.

-- Eu sei querido. – disse baixinho.

Apenas eu podia ouvir sua voz sussurrada em meu ouvido, e só ele podia ouvir meus cochichos.

-- Eu devia tê-la impedido de fazer essa inserção desde o começo das marmotas de Rafael. – arrependeu-se ele.

-- Isso já passou querido, eu já estou prestes a dar a luz a essa criança. - disse alisando a barriga.

-- Se eu pudesse voltar no tempo. – ele repousou a mão sobre a minha barriga e a alisou. A criança dentro de mim não recoou como da última vez que ele me tocou dessa forma. Pelo contrário, ela tentou tocá-lo também.

-- Olhe, a criança gostou de você. –disse.

Ele se moveu para poder ver melhor minha barriga escondida na escuridão da floresta. E continuou a alisá-la.

-- Sério? – disse ele feliz. – Jack não vai gostar disso, o filho dele gosta de mim e dele não. – rimos juntos.

Percebemos quando alguém chegou perto de nós na floresta, permanecemos quietos.

-- Tenho um plano, só segue o histórico. – disse ele se levantando e me deixando deitada recostada sobre o tronco da árvore.

-- Estão perdidos aqui? – disse uma senhora.

-- Sim, minha noiva está doente.

-- Ela está grávida? – a senhora se aproximou de mim, me mantive imóvel. Como se estivesse mesmo em maus estados.

-- Sim, está passando mal. Pode ajudá-la? – disse Toby me fazendo sinal para atacá-la quando me estive convincente.

A senhora se ajoelhou ao meu lado, me sorrindo. E recostou sua mão em minha barriga. Foi quando a criança começou a se debater de sede pelo sangue dela. Não pude conter.

-- Como se sente minha filha? – disse ela.

-- Com sede. – agi loucamente, peguei sua veia do pescoço certeira e rasquei sua pele com minhas presas. Sugava o sangue como se estivesse tomando ele num canudinho de abertura muito pequena. Sacudia-a em minha boca, necessitando de mais. A criança ainda se debatendo dentro de mim, mas se alimentava também.

-- Peg mantenha o controle para não matá-la! – pude ouvir Toby falar, mas já era tarde demais. Eu já tinha quebrado o pescoço dela e estava terminando de drená-la.

-- Ei peg, peg! – Toby já estava ao meu lado, tirando-a de minhas mãos.

-- Toby. – disse assustada.

-- Você a matou peg, você a matou. – repetiu ele.

Comecei a chorar de remorso por ter matado uma senhorinha que queria apenas me ajudar. Não sei por que Toby não impediu antes, ele sabia que eu não iria conseguir parar.

-- Por que não impedisse antes? – reclamei me levantando.

-- Por que vim lhe ensinar a controlar seu instinto de vampira. – disse ele já ao meu lado.

-- Mas você sabia que não conseguiria. – chorei.

-- Sim, mas essa é quem você é agora. Não podes mais querer sentir pena de todas as suas vitimas.

-- Mas são pessoas inocentes.

-- Eu sei. – ele me abraçou. – Mas é delas que você precisa para se alimentar.

-- A criança se acalmou depois do quê fiz. – disse.

Ele tocou minha barriga.

-- Realmente ela estava com sede. – riu ele.

-- Sim. – respondi. – Por que está fazendo isso?

-- Isso o que? – disse ele.

-- Me ajudando a me alimentar.

-- Por que quero ficar mais perto de você, te ajudar a passar por essa fase difícil de sua nova “ser”. – disse ele sorrindo.

-- Gostei desse seu novo “ser”, bem mais companheiro que o outro. – sorri.

Rimos juntos e ficamos ali o resto da noite. Toby não me repreendeu pelo que fiz apenas me disse como me manter em controle da próxima vez. Mas eu não queria manter o controle e muito menos que houvesse uma próxima vez.

Apenas voltar a ser eu mesma.