Fanfic: A volta dos Vampiros | Tema: Vampiros

Zach estava lá fora no quintal com Peg, estava a ensinar a ela como se controlar. Isso era muito bom até porque nem eu mesmo conseguia me manter sobcontrole com ela na situação em que ela se encontrava.

Eu queria estar com ela a todo custo, a todo o momento. Ajudando-a passar por essa fase mais do quê difícil em sua vida. Eu podia o ouvir explicando a ela como devia fazer sua caça, e ela logo em seguida passava correndo a todo vapor pelo quintal, dentre as árvores colocando em prática o que ele havia dito.

-- Eu sei como deve estar sendo difícil – disse Jack.

Desviei os olhos da janela por onde eu estava a ver Peg em seu mais que treinamento, e andei até ficar de frente com ele.

-- Não, você não sabe. – disse ranzinzo saindo da cozinha e indo para a sala.

-- Olhe Toby, eu sei muito bem pelo que você está passando. Mas isso não explica você ficar emburrado por todos os cantos, o dia todo. – disse ele encostando-se ao vão da porta.

-- Você encheu a cabeça dela com suas porcarias e agora vê o que ela está fazendo? – disse apontando para fora. Ela corria e dilacerava um corpo já falecido em suas mãos.

--Olhe, eu quero lhe pedir desculpas. Nunca foi minha intenção fazer isso a ela. – disse ele tentando se arrepender.

-- Não precisa se sentir culpado pelo que você já fez. É sempre assim, ainda me culpa pela Rose não é? – toquei novamente em sua funda ferida.

-- Esqueça essa vadia Toby, nunca lhe culpei por nada que houve entre vocês dois. – ele torceu o assunto desviando, pude ver isso em sua feição.

Sentei-me ao lado dele no chão, entre o vão da porta e a saída para o quintal onde Zach estava com Peg. Fiquei ali com ele, sentados calados, imóveis.

-- Peço-lhe desculpas por ter transformado Rose. Eu sabia que você a amava mesmo sendo humana, mas eu sabia do desejo dela de ser vampira e do seu desejo de tornar a vida dela eterna ao seu lado. – disse pairando minha mão em seu ombro.

Jack apenas me olhou com lágrimas nos olhos e sorriu. Por mais que um vampiro não pensasse isso, mas depois de tanto tempo com Peg, eu percebi o que aquele pequeno sorriso tímido e disfarçado quis dizer. Ele havia me perdoado, depois de séculos de convivência e eternidade desse dia para frente.

-- Mas por outro lado, Melanie foi à coisa mais linda que me aconteceu em todos esses séculos de imortalidade, Toby. – foi explicando ele. – Eu matava pessoas loucamente sem pensar se tinham filhos, netos, parentes. Apenas matava-as sem hesitar, simplesmente pelo desejo de sangue. E quando Melanie nos salvou daquele incêndio, foi à coisa mais real, viva e humana que já vi em toda a minha vida.

-- Vamos Jack levante-se ou eles chegaram. – dizia Melanie em meio a todo aquele fogo que já queimava minha pele.

-- Não Melanie, saia daqui. Não faça isso! – disse entre tossidas e mais tossidas.

-- Não posso deixar você e Toby queimarem aqui. – dizia ela já me erguendo do chão.

Toby ainda estava caído, eu precisava ajudar meu irmão. Não podia apenas me salvar e deixá-lo lá. Era ele quem iria passar todo o resto de eternidade comigo.

-- Preciso salvar Toby, Mel. Toby! – eu dizia em voz alta, chamava por ele, mas ele já estava desacordado.

-- Ei, tome. – ela ergueu-me seu pulso.

-- O que está fazendo? – disse confuso.

-- Beba. – ela sorriu acariciando meu rosto. – beba, você precisa salvar seu irmão.

-- Não posso, não irei conseguir parar. – recusei.

-- Eu confio plenamente em você, mas agora beba. Eu estou lhe implorando. – ela mantinha aquele lindo sorriso bondoso no rosto. Deixei que minhas presas se formassem e dei-lhe uma última olhada.

Ela mantinha a pose positiva. Cravei meus dentes em seu punho, pude sentir quando o sangue entrou pela minha boca queimando pela sede e descendo garganta até cair como bomba em meu estômago. Fazendo todo meu corpo arder em chamas.

Eu não consegui me controlar, quando vi o que tinha feito. Ela já estava desacordada no chão. As labaredas de fogo ardiam cada vez mais altas. Toby ainda desacordado, já a ser tomado pelo fogo. Corri até ele, tirando-o da labareda e logo em seguida peguei a Melanie.

Corri escada à cima com ambos em meus ombros, desmaiados. Já longe daquela igreja em chamas, os coloquei sobre o solo todo de um barro vermelho.

-- Dei meu sangue a você que ainda não era transformado, Toby. – disse Jack lamentando. – Você ressonou e acordou perturbado por conta de todo aquele fogo que havia lhe queimado.

-- Não se preocupe comigo, sou grato por ter você como irmão. E mais grato ainda por poder passar o resto de minha eternidade junto a meu único irmão. – sorri afagando seu ombro.

Ele apenas sorriu e logo voltou a falar.

-- Já Melanie. – começou ele.

Ela ainda estava com seu pulso sangrando. Era muita tentação. Se eu a matasse ali, seria mais uma pista para irem atrás de mim. Acaram de pegar Rose transformada, logo descobririam que fora eu. Ela seria mais uma vítima minha. Melanie. Esse era seu nome.

Peguei seu pulso sangrando e minha mão e enrolei um pedaço de minha camisa branca em seu corte feito por meus dentes. E dei de meu sangue para ela. Ela havia se queimado nas chamas, um lado de seu rosto vermelho, queimado. Seu pulso já não respondia mais aos batimentos cardíacos dela. Estava morta.

Meu sangue iria curá-la, mas ao mesmo tempo transformá-la na pior das aberrações sobrenaturais da história da humanidade. Uma vampira.

Sua feição era de anjo, cabelos caindo sobre os ombros em perfeitos longos fios brilhosos, mesmo na noite podia ver seu corpo escultural, seus braços magrinhos. Cílios de boneca. Uma perfeita garota.

Ela abriu os olhos assustadas, se debatendo. A segurei firme em meus braços. Abraçando-a junto a meu peito machucado.

-- Jack? – disse ela confusa em sussurro.

-- Sim Mel, sou eu. – respondi.

-- Onde está Toby? Você está bem? – ela alisava meu rosto, mantendo seus olhos junto aos meus.

-- Toby está bem, esta acordado já curei ele. – respondi sorrindo.

-- Seu segredo está guardado comigo querido, não se preocupe. – disse ela.

Apenas sorri. Não conseguia mais parar de olhá-la. Ela era linda.

-- Eu te amo Jack, amo você. – ela disse sorrindo e beijou-me levemente. Seus lábios doces e molhados da chuva se entrelaçaram aos meus. Unindo-nos em um só.

-- Você realmente a ama, não é Jack? – disse.

-- Sim, Toby. E muito. – ele me olhou confuso.

-- Eu sei bem como é isso maninho, querer o bem da pessoa amada. – respondi.

-- Por isso peço-lhe perdão por todas as coisas que fiz a você durante todos esses anos de imortalidade. Então, podemos voltar a ser irmãos? – disse ele.

-- Nunca deixamos de ser irmãos, sempre fomos. – ergui a mão para que ele apertasse a minha num ato de companheirismo. E ele o fez.

-- Então iremos agir juntos nessa batalha para tirar Peg das mãos de Rafael. Impedir que ele dê continuidade a seu plano idiota de acabar conosco. – disse ele ainda a segurar minha mão.

Assenti gostando da atitude de meu irmão, iríamos agir juntos em mais uma batalha contra Rafael. Seria mais fácil com a ajuda de Zach que conhecia Rafael ha mais séculos que nós dois. Mas Peg nos salvaríamos, pelo menos dessa maldição dentro dela.

Levantamos juntos ao mesmo tempo e saímos pela porta que dava para o quintal. Zach corria junto com Peg de um lado para outro no quintal, ensinando-a conter sua sede. Mas na verdade tudo isso era apenas para nos dar tempo de tirar aquilo de dentro dela.

-- Estou super cansada já. – reclamou Peg.

-- Posso trazer um saquinho para você Peg. – disse Melanie sentada na rede nos fundos. Jack estava agarrado com ela.

-- Não obrigada Mel, prefiro algo fresco. Na hora. – zombou ela.

Peg estava pegando a mania de Jack de zombar de tudo e de todos. Isso ainda me irritava nele, o fato de termos resolvido nossos problemas passados, não quis dizer que iria suportar as manias idiotas dele.

-- Querida, você aprendeu muito hoje, hein! – elogiei beijando-a.

-- Obrigada querido. – ela se esquivou. – A pequena aqui dentro está com fome.

-- Quer ir caçar hoje? Eu vou contigo. – disse.

-- Não querido. – ela riu. – Tive um ótimo progresso hoje, seu tio mesmo quem disse. Não é mesmo Zach? – ela virou para olhá-lo.

-- Sim, é verdade sobrinho Toby. Ela se desenvolveu muito bem. Correu com uma atleta, pulou como um coelho saltou como um canguru. Foi perfeita. – ele se aproximou alisando a barriga dela. – Nem parece que está esperando um bebê.

-- Bebê? – zombou Jack aos fundos. – Caramba.

-- Pare Jack! – riu Melanie.

-- Tudo bem Mel, já estou acostumada com as brincadeiras maldosas de Jack. – peg riu. – Bom Toby, vou indo caçar se importa se hoje eu for sem você?

-- Não querida, fique bem ok? Qualquer coisa grite, irei ao seu encontro em dois piscares de olhos. – beijei a testa dela.

Ela tirou os sapatos e tirou a blusa de frio. Prendeu os cabelos e saiu em demasiada correria para dentro das árvores. Esperamos até as árvores próximas pararem de se mover para poder colocar o plano seguinte em ação.

-- Pronto, quando será feito a desinsersão? – perguntei.

-- Hoje à noite. – disse Zach.

-- Mas já? – espantou-se Melanie. – Ela ainda não está pronta.

-- Mas a criatura irá rasgá-la hoje. – alertou ele.

-- Rasgá-la? O que quer dizer com isso? – disse cruzando os braços.

-- Eu estive mais perto dela hoje, e mesmo vendo-a correr. Pude ver a fera dentro dela de longe, ela se movia como se estivesse preparando o terreno. E será hoje, à noite.

-- Mas não temos todas as coisas prontas, Zach. – disse Melanie.

-- Não precisamos de água morna, panos limpos, um bom lençol de cama, travesseiros confortáveis e muito menos banheiras. – disse Zach zombando. Já vi de onde Jack puxou o senso de humor. – Estamos falando de uma fera, ela irá sair de dentro dela e matar todas as pessoas dessa cidade.

-- Deus! – resmunguei.

-- Eu ainda avisei muito antes não é Toby? – cobrou Jack.

-- Poupe-me de seus sermões Jack. – disse.

-- Nada de briga meninos. – interrompeu Zach.

-- E o que vamos fazer para que ela não perceba nada? – disse Melanie.

-- Em primeiro lugar Melanie, vá atrás dela. E veja se ela realmente matou ou não alguém.

-- Matou? – repeti.

-- Vá Melanie! – ordenou Zach me ignorando.

Melanie saiu correndo e entrou nas árvores sumindo logo.

-- E agora, parabéns Toby. Você conseguiu fazê-la confiar em você. – ele afagou meu ombro.

-- Isso ai maninho. – deu-me um soco Jack.

Senti-me orgulhoso por um lado e traidor pelo outro. Eu havia passado confiança para ela e ao mesmo tempo estaria acabando com tudo que ela havia construído sem a ajuda de ninguém. Mas isso era um mal que deveria ter sido cortado pela raiz e não fora.

-- E agora? – disse Jack.

-- Agora entrem e esperem que ela chegue. Até à noite ela aparecerá.