Fanfic: A volta dos Vampiros | Tema: Vampiros

Estávamos todos sentados no sofá. Um do lado do outro, como crianças de castigo. Peg e Melanie ainda não haviam chegado, eu já estava ansioso para acabar com tudo isso logo. Era angustiador e doloroso ver que as horas passavam e aquela coisa crescia ainda mais dentro dela.

-- Calma Toby, logo, logo ela chegará acompanhada de Melanie. Não se preocupe sobrinho. – disse Zach afagando meu ombro.

-- Cada minuto que se passa sinto um aperto em meu peito, como se aquilo fosse rasgá-la a qualquer momento e sair por ai devorando todo mundo. – disse com as mãos entrelaçadas atrás da cabeça. Agoniado.

-- Vamos nos mexer então. – disse Jack. – Zach, não será preciso nada para prender a fera? Ela irá sair e nos devorar se não tivermos algo para prendê-la.

-- Verdade Jack, eu estava pensando nisso agora mesmo. Que tipo de caixa ou outra coisa vocês têm por aqui? – disse ele.

-- Na verdade não temos nada, nenhuma caixa, nenhuma gaiola, jaula. Nada. – respondeu Jack se levantando.

Eu já estava por um fio de minha calma e paciência. As horas passando, pois o relógio tiquetaqueava a todo segundo. Cada instante.

-- Não podem matar a fera dentro dela ainda? – disse.

-- Podemos, mas se a fera já estiver forte o suficiente, o veneno irá transpassar por ela e matar Peg. – disse ele.

-- Mas ela é vampira Zach! – respondi.

-- Mas o veneno é justamente para isso. Vampiros. – respondeu ele.

-- Por isso Rafael inseriu aquele líquido dentro de Peg na inserção? – lembrou Jack.

-- Isso mesmo rapaz, esse líquido nos pegaria de surpresa se caso tentássemos matar a fera. – disse ele.

-- Meu Deus! E como vamos fazer isso a mantendo “viva”? – fiz aspas com os dedos.

-- Fácil. – disse Zach. – Dei uma pequena dose de remédio na água pra ela, sem ela perceber.

-- E o que tem esse remédio? – perguntei.

-- Vai deixá-la fraca e a fera também. Facilitando nosso trabalho de inserção.

-- Nosso? – repetiu Jack.

-- Meu e de Toby. – respondeu ele.

-- Como assim? Irei ajudar também?

-- Mas é claro, preciso de você para levá-la até o quarto sem que ela perceba de nada. Afinal, ela é muito esperta sobre isso.

-- E quanto a Rafael? – lembrou Jack.

-- Quando ele sentir que a fera está correndo perigo irá aparecer. E você dará um jeito Jack. – já encorajou Jack a essa missão quase mortal.

-- Você é doido? Ele é mais forte que eu séculos. – respondeu Jack se colocando de pé.

-- Mas trouxe meu filho comigo. – respondeu Zach.

-- E cada esse infeliz? – procurou Jack. Procurei pela casa com os olhos, e não vi ninguém.

-- Melanie está com ele vindo para casa junto de Peg, não se preocupem. – respondeu Zach.

Jack pegou uma maça que estava em cima da mesa dentro de uma enorme bacia vermelha. Estampada com desenhos de frutas. Mas não demorou muito Melanie bateu com a porta, a abrindo.

-- Ajudem! – gritou ela carregando Peg pelo braço. Ela segurando a barriga com os olhos virando. Corri e a peguei em meus braços, já fraca, mole feito gelatina. Mas segurava a barriga com toda a força que ela ainda tinha.

-- O que houve? – perguntei. E Zach e Jack já estavam junto a mim.

-- Estávamos vindo embora de volta para casa e ela caiu no meio do mato, e ficou por lá mesmo. – respondeu ela.

-- Onde está River? – disse Zach procurando pelo meu suposto primo.

-- Estou aqui, pai! – respondeu ele atrás de Melanie, todo molhado por conta da chuva.

-- Encontrou Rafael? – perguntou Zach.

-- Não senhor, fui até o castelo deles e nada dele e nem de seus escravos. – respondeu ele.

River era branquelo, olhos azuis, cabelos escuro e alto. No meu tamanho.

-- Toby? – resmungou peg. – Onde estou?

-- Calma querida está tudo bem. Você está em casa. – disse Melanie a ela, acariciando seu rosto suado.

-- Ei, ela está acordando Zach! – voltei à atenção dele para mim, ainda estávamos no meio da sala parados. Tínhamos que agir logo.

-- Leve-a para o quarto. Deite-a na cama e a acorrente. Agora mesmo! – ordenou Zach.

-- Acorrentá-la? Mas o que é isso? – reclamei.

-- Vá Toby, faça o que estou mandando. VÁ! – gritou ele.

Não gostei dessa ideia de acorrentá-la, parecia que estávamos prendendo um cachorro em plena lua cheia. Subi as escadas correndo com ela em meus braços, tendo alucinações, chamando pelo nome de Rose. Implorava por ajuda, gritava de dor.

-- Por favor, Toby, prometa-me uma coisa. – ela dizia entre tremedeiras e a cada intervalo de dor.

-- Diga meu anjo, prometo qualquer coisa. Seja o que for. – respondi na fúria, já estava acorrentando ela enquanto ela delirava. Acorrentei-a sem que ela percebesse o que estava fazendo. Prendi suas mãos, seus pés, suas pernas. E a mantive ali, consciente comigo por enquanto.

-- Cuide dela. – disse ela já chorando.

-- Nós dois vamos cuidar. – disse beijando sua testa.

-- Prometa! – ela falou mais alto.

-- Eu prometo, prometo isso a você. – respondi em lágrimas.

-- Jamais deixe que Rafael toque nela, em você, em Melanie e nem em Jack. – disse ela apertando minha mão.

Aquilo estava me cortando o coração morto por dentro. Não seria forte por muito tempo, se eu continuasse ali sozinho com ela, iria desacorrentá-la e mandá-la correr o mais rápido que pudesse, salvando-se.

-- Jamais deixarei que nada aconteça com ela e nem com nenhum deles. Mas fique calma. – segurei a mão dela com minhas duas mãos. Mantendo-a acordada. – Iremos cuidar dela juntos.

Zach já estava no quarto com River, Jack e Melanie.

-- Melanie sente-se ao lado dela. Mantenha- a acordada durante todo o processo. – disse Zach.

-- Jack, você fique atento a qualquer movimento errado que sinta lá fora. Pode ser que Rafael resolva aparecer com Maggie. – disse novamente.

-- Ok. – Jack assentiu.

-- River fique de vigia lá embaixo. Ainda vou precisar de Jack aqui em cima. – Zach lavava as mãos com sabão e vestia luvas de borracha.

River apenas assentiu e desceu as escadas correndo para fazer o que lhe havia sido mandado.

-- E quanto a Toby? – disse Melanie. Eu estava apenas mantendo Peg acordada, mas ela já estava revirando os olhos novamente, delirando por conta das dores intensas.

-- Toby irá me ajudar na desinserção. – disse ele.

-- Mas ele não irá conseguir manter isso. – respondeu Jack e Melanie ao mesmo tempo.

-- Eu irei! Faço tudo para tirar peg desse sofrimento eterno. – respondi nervoso.

-- NÃO! – gritou peg. – Parem agora mesmo com isso, não machuquem minha filha.

-- Não é sua filha, não é uma criança. Isso é a maior das maldições minha filha. Só queremos lhe ajudar. – respondeu Zach já de prontidão com uma seringa para inserir em Peg.

-- O que há ai dentro? – perguntei.

-- Apenas um calmante para a fera. – respondeu.

-- Vais conseguir fazer isso Zach? – perguntou Jack se virando de costas para não ver o processo.

-- Não irei, eu vou. Foram séculos de experiência. – respondeu ele sério.

Eu estava agoniado já, ela tremia na cama, se debatia como se o mal estivesse dentro dela. Eu estava assustado com os movimentos insertos dela, tinha medo que ela quebrasse a coluna com seus movimentos errados.

Zach se aproximou e me mandou sair do lugar, ele rasgou o vestido de Peg do lado direito e enfiou a seringa com tudo em sua barriga. A fera se debatia fazendo peg se debater contra a parede também, junto dela. Ela a machuca para que pedisse que parassem com o processo de desinserção.

-- Cuidado, você pode machucá-la desse jeito. – disse.

-- Toby fique calmo, isso está perto de acabar. Acalme-se. – Melanie apertou minha mão que estava suando junto com a dela.

-- Parem, por favor, não suporto mais essa dor. – gritava peg entre choros.

A fera ainda se debatia dentro dela, ela revirava os olhos como se estivesse sendo possuída por uma alma maligna. E o que estava dentro dela era maligna.

-- PAREM! – gritou Peg. – O deixem em paz, não suporto mais essa dor. Ela se debate dentro de mim, estou sendo rasgada. PAREM, por favor!

Zach pegou a tesoura e mais um bisturi, cravando-a com tudo na barriga de Peg. Que a fez dar um grito ensurdecedor de dor. Peg já estava dilacerada por dentro, toda devorada, sangrava como se tivesse sido esfaqueada várias vezes no mesmo lugar. Seu corpo por dentro todo furado de mordidas.

-- O que é isso dentro dela? – disse.

-- É a criatura. – respondeu Zach. – Ela percebeu que vamos tirá-la de seu ninho.

Ela estava recuada, quieta dentro do ventre dilacerado de Peg. Seus olhos vermelhos arregalados por sangue, já criava asas dentro dela. Suas garras tão afiadas que reluziam na luz do quarto. Suas presas exposta pronta para sair dali e devorar todos que estivessem a sua frente.

-- Peg desmaiou Zach. – disse Melanie desesperada.

Voltei até perto dela, peguei seu rosto em minhas mãos. Mas ela não acordou permaneceu de olhos fechados. Entrei em pânico.

-- ZACH! Ela não respondeu aos meus toques. Zach! – gritei.

-- Preciso tirar a fera antes de matar todos nós na primeira chance que tiver. Tente reanimá-la Melanie. Vá! – disse ele. – Volte aqui Toby, me ajude a tirá-la.

-- Mas e Peg?

-- Ela está bem, apenas fraca por conta do processo. Venha! – gritou ele.

Dei mais uma olhada nela e fui novamente ao ponto de começo. A barriga dela estava totalmente devorada. A fera me encarava com um olhar demoníaco, uma coisa que eu nunca vi em todos esses meus séculos de vida.

-- Pegue essa seringa que está atrás de você. – disse ele indicando com o dedo.

A seringa era enorme, o líquido dentro era verde. Um verde nojento. Supostamente seria o veneno a matar a fera.

-- Aqui está. – entreguei a ele.

-- Ótimo. Agora Melanie. – disse ele a Melanie que o olhou. – Veja se ela terá algum tipo de efeito quando eu aplicar na criatura.

-- Ok. – respondeu ela.

Jack permaneceu imóvel, por um segundo que olhei para ele, estava de costas por um instante pude o ouvir chorar. Mas depois iria saber se realmente eram lágrimas aquilo tudo. A fera expôs as garras e armou as asas, como para se defender dele.

-- Agora chegou seu fim criatura das trevas. Procure outro corpo para recriar. – disse Zach com a fera.

Ela grunhiu na cama, acorrentada. Melanie segurou a cabeça dela que estava se debatendo novamente, era a criatura dentro dela se mostrando revoltada.

-- Segure-a, não a deixe se mover ou o veneno passará para ela também. – lembrou Zach.

-- Segure-a Mel. – disse Jack ainda de costas.

Zach enfiou toda a seringa no rosto da fera, já formada. Estava apenas esperando o momento para ser libertada. Peg já estava toda rasgada por dentro, por isso as dores inexplicáveis.

Ela se moveu na cama, tornei a voltar para o lado dela. Melanie não tinha conseguido segurá-la o tempo certo. Ela havia mexido os braços, se debatendo junto à criatura. Segurei seu rosto em minha perna mantendo-a quieta. Seus olhos se reviravam e ela chamava meu nome, com medo em seus olhos.

-- Tob... - ela retornou a apagar novamente. Ela parou de se debater, esperei alguns segundos para poder soltá-la. Até que Zach falou novamente.

-- Pronto! – disse ele com a seringa vazia em mãos.

-- Terminou tudo? – disse Jack.

-- Tem certeza? Não há nenhuma outra dentro dela? – disse Melanie desconfiada da rapidez do acontecido.

-- Nenhuma terminei e acabei de verificar. Ela está limpa. Pelo menos por enquanto. – disse ele não mostrando muita certeza.

-- Por favor, diga que deu tudo certo. Dê-me uma certeza. – disse. – Ela vai voltar humana?

-- Humana nunca mais Toby sinto muito. – o lamentou.

-- Mesmo depois de tudo isso? – disse Jack entrando no quarto com os olhos cheios de lágrimas.

-- Eu fiz o que devia ter feito o que prometi a vocês. Matei a fera. Ela sim está acabada. – disse ele tirando as luvas.

-- Pai. – entrou River no quarto.

-- Sim.

-- Nada de Rafael. – disse River alegre.

-- A fera está derrotada, ele deve estar fugindo. Mas irei encontrá-lo perdido por ai.

Jack se sentou na beirada da cama, o sangue de Peg ainda escorria pelo chão. Formava-se uma poça com seu sangue debaixo da cama. Ela suada e desacordada.

-- E quanto a ela? Irá acordar? – disse Jack.

-- Já isso não posso afirmar a vocês. – disse Zach repousando uma mão em meu ombro e outra em Jack. Ele se sentou na cama junto a todos nós. Rodeando Peg.

-- Onde está a fera? – disse.

-- Está morta dentro dela. Precisamos de um lugar para colocá-la.

Levantei-me da cama pedindo que Jack senta-se em meu lugar repousando a cabeça de peg em seu colo. Ele o fez. Melanie me olhou desconfiada, River e Zach também.

-- O que vais fazer Toby? – disse Melanie.

-- É cara, deixa isso ai morrer ao poucos. Saí daí! – reprovou Jack.

-- Não posso deixar que isso tenha a chance de viver de minha pequena novamente. – disse. Peguei a tesoura que estava em cima da cama ainda suja de sangue. E olhei bem para aquilo dentro da minha pequena. E fiz. Sem dó. Pique-lhe em mil pedaços, tendo total certeza de seu fim, fiz com minhas próprias mãos. Não me arrependi.

Ouvi apenas seu último grunhido de raiva quando lhe dei a primeira rasgada, cortando-lhe a cabeça que rolou pelo chão do quarto.

-- Oh meu Deus! – disse Melanie se curvando para Jack. Cobrindo os olhos.

-- Deixem ele se livrar desse ódio. – ouvi Zach dizer isso.

Fiz o que tinha que ser feito, limpei minhas mãos e voltei para Peg. Iria ficar ali até o amanhecer com ela. Até que ela abrisse seu lindo par de olhos novamente.

Jack e Melanie se levantaram para limpar o quarto e recolher os utensílios usados. River e Zach permaneceram no mesmo lugar comigo. Sem mover um dedo. E peg, ah Peg, ainda estava desacordada. Mas eu ainda tinha esperanças que no dia seguinte ela iria acordar. Sem dor.

-- Será que o veneno irá matá-la Tio Zach? – disse com lágrimas em meus olhos.

Ele apenas me olhou sem nada a dizer. Aquela incerteza me matava cada vez mais. Quanto mais iria ter que esperar pelo dia seguinte? Recostei minha cabeça junto à dela, e fiquei ali mesmo.