Fanfic: A volta dos Vampiros | Tema: Vampiros

O dia já tinha amanhecido, percebi pela luz do sol passando para dentro das pálpebras dos meus olhos. A janela estava aberta novamente, apesar de tudo que houve na noite anterior eu lembrava-me muito bem de ter fechado aquela janela.

Levantei da cama, eu ainda estava de calça jeans, blusa e chinelos de dedo. Não havia nem tomado banho, percebi pelo suor em minhas costas. Afastei o cobertor para os pés da cama e me levantei indo até a janela.

-- E mais um dia começa novamente. – murmurei entre um bocejo. O sol como sempre lindo, as crianças já estavam no parquinho. Os sorrisos entre dentes corriam em loucura de um lado para o outro.

Eu ainda não conseguiria enfrentar Toby, não por hoje. Não era só ele, mas Jack e Melanie, tudo isso era demais para mim. Mas também não conseguiria ignorar ele, não depois das palavras dele: “Eu te amo Peregrina!”.

Fui em direção ao banheiro abrindo a porta com demasiada fraqueza, sem qualquer ânimo. Liguei o chuveiro na água gelada para fortalecer meu ânimo, me dar vontade de ir até ele e dizer tudo que está preso em mim, em meu coração. Sem medo de machucá-lo, de me machucar. A água caia sobre minha cabeça como agulhas sendo enfiadas em meu crânio era uma sensação boa, mas ao mesmo tempo me causava dor.

Desliguei o chuveiro sem hesitar, me enrolei na primeira toalha que vi e corri de volta pro quarto. Em passos lentos e preguiçosos, me joguei na cama, ainda enrolada na toalha molhada. E lá fui eu de volta as lembranças passadas.

-- Peregrina, desça já daí agora. Você pode cair dessa escada minha filha e se machucar feio! – minha mãe puxou-me delicadamente para me colocar sentada no chão. – Não suba mais ai querida.

Ela me beijou a testa, que queimou logo em seguida com o toque de seu beijo.

-- Não se estresse mulher, deixe a menina brincar em paz. –disse meu pai em contra partida. – Ela é uma criança, deixe-a se divertir. – ele me sorriu.

-- Ouviu isso querido? – disse minha mãe, já nervosa.

Meu pai se levantou de sua velha poltrona preta recostada no lado mais escuro da nossa pequena sala. E foi até a porta junto de minha mãe.

-- Fique aqui querida, não saía de maneira alguma. Nós já voltamos.

-- O que foi mamãe? – disse com medo em minha voz.

Ela se aproximou de mim deixando meu pai esperando na saída da sala, e se ajoelhou para ficar na minha altura.

-- Lembra quando seu pai disse que o bicho papão teria fugido do livro? – dizia ela. Afirmei com a cabeça. – Então, ele voltou. E, eu e seu pai vamos prendê-lo no livro novamente, mas dessa vez ele não fugirá. Eu te amo querida. – ela me sorriu dando-me um beijo na testa.

Ela saiu pela porta principal, me dando um último olhar de adeus. Mas eu mal sabia que seria a última vez que os veria naquele dia.

As lágrimas já derramadas sobre o lençol branco da cama deixaram suas marcas escuras no lençol. Eu até hoje não consigo pensar, imaginar, lembrar que aquela fora a última vez que vi meus pais.

Levantei e fechei as janelas, as cortinas não queria ouvir nada, sentir nada. Apenas me enfiar debaixo das cobertas e dormir até não acordar mais. Pois não sei se conseguiria continuar com essa insegurança.

-- Será que o bicho papão os levou para as páginas do livro? - sorri na lembrança do segundo dia que passei sem meus pais, conversando com uma vizinha de minha mãe que cuidou de mim. Eram torturantes demais todas aquelas lembranças. Não os ter mais comigo, mas tê-los apenas em velhas Memórias.

Meu celular vibrou sobre o cobertor, quando olhei para o visor era Toby me ligando. Já havia umas vinte mensagens e ligações dele. Desliguei o celular, mas ele havia deixado uma mensagem de voz, apertei para ouvir.

-- Peg, por favor, diga que está bem. Apenas me diga que está bem, ou melhor, responda apenas um “Sim” mais nada. Dê-me notícias. – desliguei não quis ouvir o resto, meus olhos já estavam cheios de lágrimas novamente, prontas para escorrerem sobre minha face.