Fanfic: Convite ao Amor (Laliter) | Tema: Laliter

- Não seja boba. Vou pegar café e bolo para você. Tem que estar com fome. Eu estava.

Jim nada disse enquanto PETER não voltou com o café e um pedaço de bolo de cenoura. Apenas olhava de forma distraída.

- Você não comeu seu bolo, Jim - disse PETER, enquanto se sentava.

Ele se virou para PETER, com os olhos ainda va­zios.

- O que você disse?

- Seu bolo - respondeu PETER, acenando em dire­ção ao prato intocado.

Ele sacudiu a cabeça. -Não posso comer.

- Ela não vai morrer, Jim.

- E se morrer? - disse, com tristeza. - Não posso viver sem ela. É tudo o que tenho.

- Eu sei, Jim. - LALI pressionou a mão com gen­tileza em seu braço. - Mas você não terá que viver sem ela. Não ainda, pelo menos. Chegamos a tempo. Vamos cuidar dela juntos e fazê-la melhorar.

Os olhos de Jim encheram-se de lágrimas e LALI sentiu-se chocada. Só tinha visto um homem chorar uma vez na vida: seu pai, no enterro de sua mãe. O choro de Jim fez com que voltasse no tempo, ao lado do túmulo da mãe e do terrível som dos soluços de seu pai, enquanto o caixão era baixado na terra.

- Estou tão preocupado! - falou Jim, engasgado.

- Todos estamos, Jim - disse PETER com gentileza.

- Nunca pensei que me casaria - continuou Jim, a voz se quebrando mais uma vez. -Aos 40, era um solteirão sem esperança. Não era exatamente feio, mas não era o tipo de sujeito de quem as mulheres gostam. Flora costumava fazer compras no mesmo supermercado que eu. Não podia acreditar que pu­desse gostar de mim, mas gostou. Antes que eu soubesse o que estava acontecendo, estávamos ca­sados.

Um grande nó se formou na garganta de LALI enquanto olhava as lágrimas descerem pelo rosto áspero de Jim.

- Melhor coisa que fiz na vida - terminou ele, puxando um lenço do bolso.

Um silêncio carregado de emoção desceu sobre a mesa. Todos começaram a comer e beber, ninguém disse uma palavra. LALI observou que as pessoas nas outras mesas também não conversavam muito. Cafeterias de hospitais, pensou, não eram lugares de alegria, especialmente de madrugada. Quando os olhos dela se voltaram para a mesa, viu que PETER a olhava fixamente. O que está pensando? Quis per­guntar. Mas não disse nada e olhou para o café.

PETER não podia acreditar nos pensamentos loucos que enchiam sua cabeça naquele momento. A peque­na e tocante história de Jim sobre seu romance com Flora amolecera-lhe o cérebro. Porque, de repente, estava pensando que era isso que ele deveria fazer: casar-se... com LALI. Uma péssima idéia. Pior até do que se deixar vencer pelo desejo e dormir com ela. De uma forma perversa, um caso com um canalha poderia até ter o efeito colateral benéfico de lhe dar alguma experiência para que se protegesse. Mas casar-se com o mesmo canalha não faria bem nenhum a LALI. Porque tal união não lhe daria a coisa que mais queria na vida: filhos. Este último pensamento transformou em aço o coração estranhamente suavi­zado de PETER, fortalecendo sua decisão de manter o caso estritamente sexual. Dessa forma, quando aca­basse, LALI não ficaria muito ferida. Ao mesmo tempo, seria melhor se não durasse muito tempo, que o relacionamento terminasse quando ela fizesse 25 anos. O que lhe dava quanto tempo para ficar com ela? Seis curtas semanas. Não muito tempo para esgotar um desejo que crescera durante anos e sobre o qual ele tinha agora pouco controle. Apesar de tudo o que acontecera aquela noite, ele mal podia esperar para levá-la para casa, para a cama. O que confirma­va o tipo de homem que ele era: inadequado para se casar com uma garota adorável como LALI.