Fanfic: Convite ao Amor (Laliter) | Tema: Laliter

- Então sabe o bastante, não sabe?

- Esses são apenas os fatos. Quero que você me dê detalhes.

PETER suspirou.

- Você sabe escolher bem os momentos, não é?

- Acho que tenho o direito de saber mais sobre o homem com quem estou dormindo, não acha? Você costumava fazer interrogatórios a meus namora­dos.

- Mas eu não sou seu namorado. Sou seu amante secreto. Amantes secretos com freqüência são ho­mens misteriosos.

-Desculpe, mas você não é mais meu amante secreto. Contei a Flora na noite passada que estamos juntos.

- Você o quê?

 LALI sacudiu os ombros.

- Disse que sentia muito.

- Mentira que você sente! Você é uma espertinha, matreira e manipuladora.

LALI percebeu que ele não estava tão zangado como tentava parecer. E ela não tinha intenção de parar.

- Então, vai me contar a história de sua vida ou não?

- Acha que agüenta, menininha?

- Não insulte minha inteligência, PETER. Posso não ter sua experiência, mas vejo as notícias e leio mui­to. Conheço alguma coisa sobre esse terrível grande mundo. Nada do que disser vai me chocar.

A ingenuidade de sua afirmação ficou evidente para LALI nos 15 minutos seguintes, enquanto ouvia a história de vida de PETER. Sua mãe fugira de casa quando ele era pequeno demais para se lembrar dela e o pai era um homem violento e bêbado, um vaga­bundo que ensinara o filho a roubar mercadorias em lojas quando tinha apenas 5 anos de idade e o espan­cava a cada dois dias. LALI se espantou quando PETER descreveu como era não apenas esmurrado e estapeado, mas também golpeado com cintos e queimado com cigarros. Quase não freqüentou a escola, mas era inteligente o bastante para aprender a ler e escre­ver. Amor, é claro, foi uma emoção desconhecida. Sentia-se com sorte quando tinha o que comer. O nome do jogo era sobrevivência. Quando entrou na adoles­cência aos 13 anos, cresceu de repente e se sentiu capaz de enfrentar o pai. Na primeira vez que seu pai lhe batera depois disso, PETER reagiu. Não fugira de casa, como ela pensava, fora literalmente jogado na rua apenas com a roupa do corpo. Ficou num orfana­to por algum tempo, mas sua má sorte continuava; o orfanato era dirigido por uma pessoa que estava inte­ressada apenas no salário que recebia e não em ajudar os meninos. Não foi uma experiência nada boa para uma criança já emocionalmente marcada. Depois de fugir de lá, PETER foi para King`s Cross, em Sydney, onde viveu como invasor em edifícios em ruínas e conseguiu dinheiro da única maneira que conhecia: roubando. Não mercadorias em lojas. Geralmente, arrombava carros estacionados e furtava o que havia dentro. Não se juntou a quadrilhas, não queria confiar em ninguém, só em si mesmo. Fez alguns amigos, mas eram todos da mais baixa estirpe: prostitutas, travestis e traficantes de drogas. Viciar-se em droga foi inevi­tável. Qualquer coisa para tornar a vida mais suportá­vel.