Fanfics Brasil - CAPÍTULO 1 - O PRIMEIRO OLHAR S e c r e t o s

Fanfic: S e c r e t o s


Capítulo: CAPÍTULO 1 - O PRIMEIRO OLHAR

8 visualizações Denunciar


Li


 



“Ele corria descontroladamente e quase sem fôlego. Seu cabelo loiro voava com o vento. Estava ferido, o sangue escorria pela perna onde o osso quebrado havia rasgado a pele. Olhou o velho juazeiro e pensou em se esconder lá, porém ele jamais conseguiria, estava sangrando demais e ia deixar um rastro no tronco da arvore.
Continuou a correr. Eu não via seu rosto, apenas aquele cabelo loiro que voava, nem ao menos os traços da sua silhueta eu conseguia desvendar. Todavia conseguia sentir o medo que ele estava sentido, a dor rasgando a batata da sua perna, a frieza do sangue que escorria da ferida e o vento deixavam gelado.


De repente a floresta se fez escuridão.


Ele não sabia mais para onde correr, nem que rumo tomar. Não via estrelas para que pudesse se orientar. Mas não estava nublado e nem era noite de lua cheia, como podia no céu não haver uma única luz brilhante?


Era como se alguém tivesse brincado com seus sentidos, cegado sua visão.


Para onde correria? Aquele que o machucou poderia ter ficado para trás, ou estar bem na sua cola. Era apenas uma questão de tempo.


A intenção do homem mascarado não era simplesmente assustá-lo. Era mata-lo.


E só estava se divertindo com sua presa.


Então eu pude ver que seu corpo caiu ao chão, derrotado, tremendo, em choque.


Ele se ajoelhou e o ouvi murmurar, pedir perdão a Deus por suas falhas.


Pediu ao Criador de todas as coisas, para que sua morte não fosse tão demorada e enlouquecedoramente dolorida.


Respirou fundo e fechou os olhos. Eu sabia disso, mas não conseguia ver seu rosto, enquanto o predador se aproximava para uma ultima dança com a morte...”


 


Acordei na manhã do ultimo dia de férias naquela casa, cansada como se tivesse corrido quilômetros...


 


Elisha, você tem certeza que não quer ficar conosco? — disse vovó Kate, se inclinando para o banco traseiro para me olhar, com seus olhos acinzentados cheios de saudade antecipada. Uma mecha do cabelo loiro, tão claro que os fios brancos nem eram notados, pendia pelo seu rosto e ela ergueu a mão para coloca-la cuidadosamente atrás da orelha. O movimento foi rápido, entretanto eu podia jurar que a vi apanhar uma lagrima.


Um nó se formou em minha garganta, antes de eu responder. Demoraria quase um ano até rever ela e vovô Jonh, pais do meu pai. Respirei o mais fundo que pude e engoli a saliva, obrigando o nó a descer garganta abaixo, antes que qualquer umidade se fizesse lagrima em meus olhos.


Tenho vó. Não que eu realmente queira, mas é meu dever voltar ao nosso exílio. — falei com uma ironia desnecessária, enquanto iamos para o aeroporto.


— Meu bem, — vovô a chamou enquanto mantia o olhar na estrada — não podemos fazer essa injustiça com Angela. Elisha é tudo que ela tem.


Ele era um homem de poucas palavras. Sessenta e oito anos, sete a mais que minha vó, pele clara e os poucos cabelos que restavam alternavam entre branco e castanho, formando um cinza quase prateado.  Homem de poucas palavras... como devia ter sido meu pai...


Minha vó tentou me convencer de todas as formas a cursar o colegial em Los Angeles, Califórnia. Mas eu não poderia deixar minha mãe sozinha.


No interior do Nordeste Brasileiro, existe uma desconhecida cidadezinha chamada Sítio Novo, com a população: 5.087 habitantes. E foi lá, há dez anos, que minha mãe escolheu nos exilar do mundo, após o assassinato do meu pai. Nós não somos brasileiras, nascemos nos Estados Unidos, mas minha mãe fez questão de esquecer, aos poucos, o nosso idioma natal.


Todo ano, nas férias da escola, eu viajava para a casa de meus avós paternos, os únicos que eu tenho, todavia esse ano foi diferente. Eu havia acabado o ensino fundamental e minha vó insistiu, pelas seis semanas que passei lá, para que eu terminasse meus estudos secundários em Los Angeles. Foi de coração partido que eu neguei todos seus os apelos. Eu adorava a Califórnia (apesar de só ir para lá no inverno), e detestava Sítio Novo, era o meu inferno na terra. Odiava o fato de não terem lojas dignas de uma tarde de compras, a falta de um cinema, odiava, de verdade, as fofocas da cidade pequena e principalmente o fato de não haver uma única pizzaria na cidade. Mas eu jamais me mudaria deixando a minha mãe sozinha.


Então, fechei meu coração para a minha paixão californiana e entrei no avião, disse adeus a meus avós e parti de volta ao purgatório.


 


Após um voo longo cheguei a Natal, capital do Rio Grande do Norte, Estado em que vivemos. Mamãe me esperava e quando passei pelos portões de desembarque, avistei-a inquieta no local de espera. Abriu um sorriso de canto de orelha a outro exibindo seus dentes perfeitos. Dei a volta passando pelas outras pessoas que aguardavam o desembarque e a abracei. Como eu sentia falta daquele cheiro dela.


— Elisha, filha, que saudades, _ ela disse segurando meu rosto com as duas mãos e olhando para cada pedacinho de mim e o canto do seu olho direito ficou úmido, intensificando ainda mais o azul celeste de seus olhos. — Parece que você cresceu ainda mais!


— Para mãe, só foram algumas semanas longe e, além disso, eu já tenho 15 anos, nem cresço mais! — assim espero — Eu também estava morta de saudades!


Seguimos viagem para Sítio Novo no Eco Sport bege perolado, cujo eu não tinha permissão para dirigir até os 18 anos, enquanto a minha mãe tagarelava sobre a festa de São Sebastiao, o padroeiro da cidade, que estava para acontecer.


 


— Filha? O que você tem? _ ela perguntou a me ver se encolhendo.


— Nada mãe! _ eu disse desviando o rosto da janela do carro.


— Você sempre fica assim quando passamos por esses cruzeirinhos.


Ela se referia aquelas cruzinhas que colocam no local onde pessoas morreram de acidente de carro.


— Não é nada. Continua contando sobre as novidades.


— Queria mesmo te contar uma coisa. — ela abriu um sorriso de orelha a orelha, pensativa e eu já sabia que eram assuntos do coração — Reencontrei uma antiga paixão.


— Que antiga paixão? Mãe, eu não sabia que você tinha nenhum rolo antigo!


— Na verdade foi só uma paquera há alguns anos. Você era criança e eu estava na faculdade.


— Mãe, meu pai tinha acabado de morrer! — condenei.


— Calma, Elisha! Não traí o luto de seu pai. Como eu disse, foi só uma paquera e não aconteceu nada entre nós naquela época. — ela deu um sorriso estranho — Mas não posso negar que tudo que ele queria era conseguir consolar a viuvinha...


Demos uma gargalhada.


— Claro, você é linda! Mas o que aconteceu agora?


— Ele vai mudar para Sítio Novo e...


Não precisei ouvir mais nada. Era só desligar os pensamentos e deixar que ela tagarelasse até chegar a Sítio Novo. A única coisa que ocupava minha mente era como tinha sido bom passar um tempo longe daquela cidade e de tudo que me fazia mal...


 


Na manhã seguinte aconteceria a festa mais esperada daquela cidade: festa do padroeiro.


Assim que levantei, tomei um café da manhã rápido e a campainha tocou. Fui correndo atender, pois já sabia quem era. Minha melhor amiga Silvânia Fernandes. Abraçamo-nos muito forte e depois saímos para dar uma volta e colocar a conversa em dia.


Não havia amizade melhor que aquela! Fisicamente, a única coisa que tínhamos em comum era o azul dos olhos. Ela era morena, cabelo liso e castanho escuro que caia levemente ondulado nas pontas, um pouco abaixo dos ombros, media menos de 1,60m de altura e todo o seu corpo estava nas proporções certas. Era incrivelmente bonito o contraste entre seus olhos claros e o cabelo escuro... Enquanto tudo que eu queria era ignorar a fita métrica que dizia que eu já beirava 1,80m.


Enfim a hora da festa chegou. A cidade era tão pequena e estava tão lotada de carros que a minha mãe não podia tirar o nosso carro da garagem, então fomos caminhando, de salto alto. A festa acontece todo ano no mesmo lugar, no fim da cidade. Íamos descendo a ladeira, ansiosas e torcendo para não tropeçar no calçamento de paralelepípedo.


E enquanto seguia caminho para aquela festa nossos olhos se cruzaram pela primeira vez.


Eu o vi. E pela curta fração de segundos que passamos nos encarando, os seus olhos claros mudaram: de tédio para interesse. Era como se algo estivesse conectando nossos olhares... Mas... Não me lembrava de ter visto aqueles olhos misteriosos antes.


Tive um daqueles arrepios que sinto quando... Quando “eles” estão chegando. Todavia, acontece que “eles” não vinham ao caso agora. Foi como se eu estivesse caindo do alto, com os cabelinhos do braço se arrepiando. Brinquei com Silvania e falei que a morte estava passando por perto de mim naquele momento.


Ele estava conversando com outro cara. Os dois eram altos e fortes. O cara misterioso era bonito, devia ter uns vinte e tantos anos, loiro, uma barba rala, e aquele olhar que me deu arrepios. Foi estranho, realmente muito esquisito.


Continuamos andando e era tanta gente que logo esqueci daquilo.


Entramos na festa e aos poucos a turma foi se reunindo na pista de dança. Silvania, Wellen, Pricis, Bruno, Alisson e eu éramos amigos há muitos anos. Juntos estaríamos cursando o primeiro ano da única escola de ensino médio de Sítio Novo. Não sei se nós todos juntos numa sala de aula era algo que poderia se considerar um terror para os professores... Só sei que nas aulas da minha mãe (esqueci de mencionar que minha mãe é professora de Matemática do ensino médio) eu iria me comportar bem.


Enquanto estávamos comentando sobre as férias, Syllas chegou acompanhado de Bella e os dois se juntaram a nossa roda de amigos. Bella estava um ano a nossa frente na escola, mesmo assim sempre estava conosco. Syllas era meu ex quase namorado; terminamos antes das férias.


Quer dizer, para o meu constrangimento agora, não havíamos exatamente terminado. Apenas tínhamos decidido que seria melhor dar um tempo enquanto eu estivesse na Califórnia. É... Mas parece que para ele esse tempo já tinha acabado...


— Senti muitas saudades de você, minha linda! — Syllas disse enquanto me dava um abraço apertado. Eu não queria voltar com ele: fato! Mesmo ele sendo lindo, loiro, alto e de olhos claros. Apesar de todas essas qualidades não tinha aquela química entre nós e era melhor nem continuar nada.


Ele conversava comigo, eu tentava me esquivar de suas indiretas, Bruno dançava com Wellen e, mesmo com as distrações, o vi novamente.


O homem que eu tinha visto antes estava a alguns metros de nós e me encarava. Eu conversava com o pessoal, me livrando dos empurrões que levava dos casais que dançavam e disfarçadamente o olhava de vez em quando, só pra sentir meu coração disparar feito doido no meu peito cada vez que nossos olhares se cruzavam. Ele, assim como eu, não estava dançando, apenas estava em pé, conversando com o amigo, bebendo qualquer coisa e me observando.


Meu desejo era de ir até lá e perguntar algo sobre ele, qualquer informação que o fizesse parecer menos misterioso, e me via obrigando meus pés a não fazerem o caminho até ele.


Passou um tempo e eu ainda estava lá, parada com que não estava dançando, mesmo tendo Syllas me convidado pra dançar varias vezes. Silvania me puxou para dar uma volta e tentar encontrar um rapaz que ela tinha visto antes da festa. Segui com ela, abrindo caminho pela multidão e quando passei perto dele (de propósito), ele segurou meu braço, se inclinou pra mim e sussurrou no meu ouvido:


— Me diz seu telefone. — sua voz era aveludada e seduzente. Nem pensei muito, apenas gritei o número do meu celular no ouvido dele e ele voltou a sussurrar no meu ouvido — Obrigada, foi encantador te encontrar.


Obvio que, com todo o barulho da banda ao vivo, minha voz não saiu sedutora e macia como eu desejava. Penso eu que soou mais como uma interiorana desesperada. Ele soltou meu braço e eu continuei seguindo Silvania.


Depois que minha amiga encontrou o rapaz que procurava, eu me distanciei dela, perambulei me esbarrando nas pessoas, procurando por ele, mas não o vi e fiquei desanimada. Procurei minha mãe, mas também não a encontrei e terminei indo para casa sozinha, antes da hora.


Entrei na nossa casa de primeiro andar, e olhei pela cozinha americana. A luz estava acesa como deixávamos sempre que saiamos. A casa não era relativamente grande, mas estando sozinha no meio da madrugada eu a achava extremamente perturbadora.


Fiquei parada tentando controlar a ansiedade que comecei a sentir enquanto mensurava quanto tempo eu levaria para subir as escadas sem precisar correr feito um filhote de coelho assustado. Quinze degraus. Contei por vezes.


— Vamos lá Elisha, você não é tão covarde assim! — resmunguei sozinha e minha voz ecoou na casa vazia, nesse mesmo momento a luz da cozinha começou a piscar descontroladamente e eu subi os degraus num piscar de olhos e corri direto para o meu quarto.


Entrei, tranquei a porta e respirei fundo me sentido segura em meu quarto. Verifiquei o espelho, me certificando de que não tinha nenhuma imagem esquisita nele e só então tirei minhas roupas lembrando-me no cara que encontrei na festa. Senti um frio na barriga ao pensar nele. Fui tomar um banho. Aproveitei bem a água quente enquanto pensava naqueles olhos... Naquela voz. Terminei o banho e voltei para o meu quarto.


Fiquei em pé na frente do espelho, vesti minha camisola de seda da Victoria`s Secret e fui secando meus cabelos loiros preguiçosamente com uma toalha enquanto me olhava, tentando imaginar o que aquele homem podia ter visto em mim que chamou sua atenção. De vez enquanto olhava o meu celular em cima da cama.


Não que eu estivesse realmente esperando que ele fosse me ligar, afinal ele nem tinha anotado o numero, nem mesmo salvo na agenda do seu celular. Então com certeza ele não ia ligar.


Voltei a focar em meu reflexo no espelho. Encarei meus próprios olhos azuis, levemente puxados, mordendo meus lábios carnudos e observando meu corpo por baixo da camisola. Não encontrei nada que pudesse ter chamado à atenção dele. Eu era apenas uma garota de quinze anos. Minha cintura era fina e eu tinha pernas longas parecidas com as de uma boneca barbie, meus cabelos caiam em cachos pesados e dourados até a cintura. Eu me achava estranha. Esquisita.


Enquanto a maioria tinha pele bronzeada, eu era pálida e alta demais. Eu ouvia coisas que ninguém mais ouvia. Eu via coisas que não havia como explicar, a não ser por um papel que atestasse minha insanidade. Era uma garota assustada e perturbada. Definitivamente eu era a pessoa mais estranha que eu conhecia.


No caso... Nesse caso, eu não deveria ocupar meus pensamentos com um cara que estava longe do meu alcance. Muito menos perder meu tempo pensando se ele queria dizer o que ele tinha dito quando disse que tinha sido encantador me encontrar.


 Não havia nada em mim de especial que fosse chamar a atenção de um homem lindo como ele de forma positiva.


Apesar de muitas pessoas, principalmente garotos, dizerem o quanto me achavam bonita, tinha uma garota chamada Fabby que, junto com uma meia dúzia de estupidas seguidoras, adoravam colocar apelidos em minhas pernas e minha forma esguia. Algo como “pernas de sabiá” era o que eu ouvia do bando. E elas tinham o poder de me derrubar com um único golpe... uma única palavra. Humilhação!


Você pode imaginar que eu era pessimista, ainda mais tendo em vista que as pessoas sempre me achavam bela, porem a verdade é que eu aprendi com a minha mãe a esperar pelo pior, para não sofrer depois.


Ela sempre me alertou para que eu não cometer os mesmo erros que ela. Eu era tão nova quando ela se apoiou completamente em mim e aprendi a me proteger, a não chorar na frente das pessoas, pois ela sempre me disse que isso era sinal de fraqueza. Eu a vi se despedaçar depois da morte do meu pai, a ouvi chorar todas as noites, por cada maldito dia daquele ano. Então por causa dela e do que ela me ensinou eu não conseguia confiar completamente em ninguém...


Fui me deitar depois de apagar as luzes.


Meu coração quase parou quando vi algo. O medo me invadiu e meu corpo inteiro se arrepiou. Não imaginei que fosse receber uma visitinha “deles” tão rápido.




Compartilhe este capítulo:

Autor(a): zafiacap

Este autor(a) escreve mais 2 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

    Eu juro! As cortinas com blackout estavam fechadas e todas as luzes apagadas. Entretanto um feixe de luz começou a se formar no canto superior da parede de frente a minha cama. No inicio era só uma pequena luz vermelha e em seguida foi aumentando, andando pela parede. Conhece aquela sensação de que não vai conseguir chegar ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 4



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • claudia_miranda Postado em 27/09/2012 - 13:18:59

    muito boa a sua web,posta mais,de olhadinha nas minhas webs ela é o cara e obsessão sem limites besitos

  • bruninhagbrito Postado em 20/09/2012 - 23:21:01

    Vamos a saga secretos \o/

  • zafiacap Postado em 20/09/2012 - 23:18:37

    Obrigada Flor!

  • joannacarolina Postado em 20/09/2012 - 23:03:23

    Akiii estou \o/ rsrs | Muuito boa,Parabéns!


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais