Fanfic: S e c r e t o s

O olhei por uma curta fração de segundos, sem saber o que pensar e me voltei para olhar o corpo. Entretanto não havia mais nada lá. Nem mesmo os urubus! Aquele, certamente, não era o momento certo para eu começar com minhas loucuras. Minha respiração estava no seu auge. “Controle-se Elisha! Vire-se! Ele está te esperando e você não está causando uma boa impressão!” Gritei em pensamentos.

Não havia corpo algum. Nunca houve. Eu apenas tinha tido uma visão ou qualquer coisa do tipo... que insistia em me assombrar.

Lentamente me virei e o encarei. Ele ainda estava parado na chegada, com um pé atrás, como se não tivesse a certeza de estar fazendo a coisa certa. Vestia uma bermuda clara e camisa sem mangas branca que deixava seus braços fortes a amostra.

— Oi! — respondi e tentei sorrir demonstrando minha simpatia, mas o susto fez com que meu sorriso saísse como uma careta. Engoli seco e tentei respirar normalmente, porém era impossível o vendo ali na minha frente.

— Desculpe, eu não quis te assustar. _ ele disse dando alguns passos para perto de mim e quase tive uma arritmia cardíaca quando ele se abaixou e apanhou minha bolsa. Levantou-se de novo e esticou o braço me entregando ela. Fiquei olhando para a mão dele, grande e com dedos longos, segurando a alça da minha bolsa de couro caramelo, com receio do que ia sentir se nossas mãos se tocassem. Então cuidadosamente a peguei e tentei sorrir. Ele estava a pouco mais de meio metro de mim.

— Juro, eu não quis te assustar. — ele repetiu quando eu não falei nada.

Esperei tanto por isso, desejei tanto vê-lo e ali estava eu, me comportando como uma completa idiota.

— Você não me assustou... — minha voz saiu entrecortada e tive que limpar a garganta para continuar — É que eu pensei ter visto uma raposa... — eu falei raposa? Droga! Ele nunca mais iria querer me ver.

— Faz tempo que você chegou? — ele perguntou indo à beirada do muro procurar o tal animal.

— Poucos minutos. — fiquei feliz por minha voz ter se saído normal desta vez.

Ele, não tendo encontrando nada nas pedras, voltou a me olhar. Seus olhos eram azuis acinzentados, o nariz afilado, a barba rala contornava o maxilar e um queixo bem definido completava o rosto daquele Deus da beleza. Eu estava de boca aberta enquanto ele fitava cada pedacinho do meu rosto e, com um meio sorriso, pegou uma mexa do meu cabelo que voava e a colocou atrás de minha orelha.

Juro que meu coração parou de bater quando ele deslizou a costa do dedo indicador pela minha bochecha, parou segurando meu queixo e disse:

— Você é muito mais linda assim... Na luz do dia.