Fanfic: Te Amo αté Amαnhα !

Por que todo mundo me
chama de bêbado? Que droga, eu não to bêbado... Eu to alegrinho, é diferente. E
também a Dulce me faz sentir um lixo. Onde já se viu ela dizer ‘ainda bem’ na
hora de terminar comigo? Ah, vai se ferrar também! Agora eu nem sei mais onde
que vou dormir...

– Chris...

MANU?

– Onde tu tá, Manu? Não to enxergando.
– Aqui, bem embaixo de você. Quer dormir aqui? – ela sorriu pra mim. ELA
SORRIU.
– Cl-claro... – eu to parecendo um virgem assustado.
– Então deita, gatinho...

Já são
cinco horas da manhã e eu não consigo dormir. Que ódio! O Christopher me deixou
raivosa essa noite... Tanto que eu sei lá porquê não consigo pregar essas
drogas de olhos. Vou ao banheiro.

Não acredito no que eu to vendo. Os dois tão simplesmente se comendo embaixo
das cobertas. O Christopher e a Manuela. E a culpa é toda dele! Ele não devia
me trair! Ele podia ter terminado comigo! Ele não tinha o direito de fazer
isso! Ele se julga meu AMIGO! Eu o odeio como nunca odiei na minha vida, e,
antes que eu faça uma besteira, é melhor eu sair daqui.

Lavei meu rosto, mas eu to com uma incrível vontade de chorar. Não sou
apaixonada pelo Christopher, e isso é fato! Mas ele disse que era meu amigo, eu
confiei nele, e olha o que ele faz... Me expõe pra quem quiser ver... Eu sou
CORNA. E qualquer um pode ver. Todos amigos dele. Todos vão rir de mim, mais
ainda do que ririam se o Dérrick soubesse que eu o amo! Eu sou a mais nova
perdedora da escola, mais uma vez. Mas eu não sei porquê, só que não é isso que
me incomoda. Eu achei que podia confiar nele... Mas não posso. E eu não vou esquecer.

Que dor de cabeça
infernal... Ahh, olha a Manu, que linda... HÃ? MANU? NO MEU COLCHÃO? MEU DEUS!
Dul... Olhei pro lado e ela não tá na cama! Eu... Eu a traí... Ai minha cabeça!
Não posso ter traído... E ela não pode ter visto! Não! Levantei, e tá sendo uma
briga pra parar de pé... Dói tudo. Eu to de cueca. Tomara que não tenha rolado
nada... Pelo amor de Deus, que não tenha acontecido nada entre a Manu e eu.

Onde será que essa guria se meteu? Não tá na cozinha, não tá na sala, não tá no
quarto da Mai, não tá no andar de cima, nem no sótão, nem no porão! Ela
simplesmente sumiu! E eu to com uma dor na cabeça... Tá fazendo tunt-tunt cada
vez que eu caminho.

– Oi? Acorda...
– HÃ? – pulei. Aiiiii meu Deus, eu dormi no banheiro!
– Oi? O que tu tá fazendo aqui?

Esse deve ser o pai da Mai...

– Eu... er... Na verdade aconteceram algumas coisas e eu vim do banheiro e
acabei dormindo aqui sem querer. Desculpe senhor.
– Ora, não tem problema... Espera! Tu não é a menina das fotos?
– Fotos?

Do que ele tá falando? Haha, não pode ser... A Mai MOSTROU aquelas fotos
horríveis pro pai dela? Ele deve ter posto fogo! Que coisa mais cômica, eu
conheci ele num banheiro!

– Aquelas que a Mai tirou com a câmera dela... Menina, quando ela me disse que
tu não queria trabalhar eu me decepcionei... – hã? – Certamente eu conseguiria
um bom trabalho pra ti na agencia. Seria ótimo, e dependendo da marca que te
contratasse, tu ganharia muito dinheiro!
– Mas eu sou feia – e corna. Pra tu ver...
– Tá de brincadeira? Tu é uma menina linda... É perfeita pra ser modelo. Se
estiver interessada... Posso pedir ajuda a minha esposa pra te transformar
agora mesmo numa pessoa diferente. Só disfarçar esses olhos inchados do choro –
como ele sabe? – mas nada que uma boa maquiagem não resolva. Teu cabelo é
lindo... Vem, vou te levar pro nosso quarto e ela vai adorar te mostrar como
fazer pra ficar uma modelo!

É valido dizer que o tio Pedro é LOUCO. Também é válido dizer que a tia – mãe
da Mai, que não se apresentou pra mim ainda – tá fazendo loucuuuuras no meu
cabelo e na minha cara e não me deixa ver. Imagina só que coisa mais cômica. Eu
sou corna! Daí eu apareço na sala e todo mundo que nunca soube meu nome olha
pra mim e diz ‘uau’. Daí o Chris percebe que me ama e eu nunca mais vou quero
nada com ele...

HAHAHAHAHAHAHAHA, cala a boca, Dulce! Isso não é um conto de Fadas, nem um
livro pra crianças! Isso se chama vida... OK, mas foi engraçado. Hahahaha. Dã.

Não adianta!
Definitivamente (ai minha cabeça) não adianta! A Dulce simplesmente sumiu. E a Manu
acabou de acordar e me chamou... Eu fui e ela disse que eu “fui maravilhoso”!
Meu, eu traí a minha melhor amiga! Eu sou um desgraçado... Como eu vou conseguir
olhar pra cara da Dulce de novo? Eu quero me matar de tanta raiva de mim mesmo!
Não vou agüentar... Ela deve tá achando que eu fiz aquilo tudo de propósito...
E eu fiz, isso é o pior. Agora eu to na piscina, com os pés mergulhados nela,
tentando achar uma solução pros meus problemas. Mas eu sei que a solução não
vai cair do céu. Que gritos são esses?

Por que
as pessoas tão gritando? Eu nem to feia hoje! Juro! A tia – mãe da Mai – fez
milagres comigo! Eu ainda não acredito isso, mas eu to... Bonita?! Eu to
bonita... Se eu fosse homem, ficava comigo. O Dérrick tá me olhando com uma
cara de espanto que eu confesso, to amando! A Manuela tá me olhando como se
nunca tivesse me visto antes. Acho que ela não se lembra que aquela burrinha na
qual ela ajudou a colocar chifres é essa mesma que tá na frente dela. E o
Christopher ... Calma Dulce, respira fundo.
Ele tá olhando com espanto e tristeza ao mesmo tempo... Nesse mês eu aprendi a
ler o Christopher, e ele tá triste...

Será que ele sabe que
eu sei? Será que... Para, Dulce! Para de se torturar. Ele não merece que tu
tenha saudades de confiar nele. Pra ti o Christopher morreu. Isso, assim mesmo!
Agora sorri cínica... Vai... Isso! Cara, ele tá ainda mais triste agora. Meu
Deus, será que ele tá MESMO triste ou ele tá “mentindo”? Quem devia tá triste
sou eu! Não ele... Ele não tem esse direito!

Ela
sorriu cínica pra mim, do tipo “olha o que perdeu”. E agora sim eu vejo o que
eu perdi. Não por ela estar linda – porque ela tá – mas porque agora eu
realmente percebi que eu perdi uma amiga... Eu perdi a minha quase irmã! Eu
perdi a pessoa que eu contava os meus segredos... Eu perdi a minha melhor
amiga, eu perdi tudo! E o pior: eu sei que, orgulhosa do jeito que ela é, ela
nunca vai me desculpar. O mínimo que eu posso fazer é inventar outra mentira, e
livrar a Dulce dessa vergonha.

– Aí Uckermann, tua namorada tá muito... – se esse Derrick falar ‘gostosa’ ele
vai apanhar – hã... Lindinha, hein!
– Ela não é mais minha namorada – eu disse alto, e por incrível que pareça, ela
não está assustada como todos os outros. Ela assentiu com a cabeça, mandando eu
prosseguir. Tá se formando um nó na minha garganta... – A gente resolveu
terminar.

Os olhares todos se voltaram para mim. Manu com um sorriso, Dul com uma cara
que eu não sei decifrar, Derrick com um sorriso desdenhoso, Belinda pulando de
alegria, o resto todo confuso... Mas a Mai... A Mai tá me olhando com o pior
olhar de todos: o de “eu te avisei”. E ela me avisou mesmo! Eu fui burro... E
agora eu tenho que pagar por isso. E eu nem entendo porque me dói tanto. Acho
que eu gostava de “ser namorado” da Annie. Só que o mais confuso de tudo isso é
o porquê. Por quê? Por que, afinal, eu gostava de estar sempre com ela?

Todos,
depois que olharam pra Christopher, olharam pra mim. Eu gostaria de ser um
deles só pra ver a minha cara. Porque nem eu sei que cara eu to fazendo. Eu não
sei se eu to mesmo aliviada por poder seguir a minha vida ou se eu to fingindo
que to aliviada, mas na verdade to mal. Só que eu não me sinto mal. Eu me sinto
estranha. Estranha porque essa não parece a realidade. Porque o Christopher tá
com cara de cachorro abandonado, a Mai com cara de brava e o Derrick com cara
de “eu te pego, menina”. Tudo isso porque eu to com cara de modelo. Tudo isso
porque eu mudei de cara. Tudo isso porque o que eu era não era suficientemente
bom para fazer eles pensarem isso de mim antes. Só porque agora eu to com a
cara que é pura maquiagem. Porque antes eu era feia e agora eu to bonita.
Porque essa não sou eu, nem nunca será.

– Estamos indo levar a Dulce para casa, filha – disse o tio Pedro. – Peça para
a Maria fazer uma comida pra vocês. Tchau gente.

Todo mundo disse tchau, e ouvi cochichos pra mim do tipo “o que houve contigo?”
e “porque terminaram o namoro?” . No entanto, passei reto e não respondi.
Primeiro porque eu não to a fim, e segundo porque eu não sei a resposta. Não
sei o que houve comigo pra, numa hora eu ser tão feia a ponto de ser trocada
pelo próprio namorado pela primeira vadia que esfrega na cara dele e na outra
hora simplesmente arrancar gritos de olhares de todo mundo.

Definitivamente eu não
sei o que aconteceu para as pessoas serem tão insensíveis a ponto de olhar pra
mim só por causa de um novo visual. Malditos sejam aqueles que chegam perto de
mim por causa disso. Malditos sejam todos os que só se importam com isso! Que
todos se ferrem!

Muitas perguntas do tipo “porquê?” e pedidos do tipo “me conta, vai Chris”. Mas
não, eu me neguei. Neguei todos os pedidos, até agora, que a Mai tá vindo aqui
com cara de “me aguarde, Christopher Uckermann”. E eu to aguardando desde o
momento em que a Dul saiu dessa casa com os pais da Mai. Alguma coisa aconteceu
e eu não consigo nem imaginar o que é.

– Agora você vai me ouvir, seu cachorro filho da mãe! – ela sussurrou de forma
que até os meus pelinhos do... ah, arrepiaram.
– Mai, eu posso explicar, eu...
– Olha, não sei o que tu fez pra minha amiga, porém eu sei que antes de ser
amiga dela, eu sou tua... Só que dessa vez tu rateou. Seja o que for o que tu
fez, vai pagar caro. E se a maldita da minha prima tiver metida nisso, vai
sobrar pra vocês dois. Também não sei o que meus pais fizeram com ela, nem
porque levaram ela daqui, mas eu torço que seja por uma coisa ótima, e que ela
mostre pra quem quiser ver que consegue coisa melhor que tu! Estamos
entendidos?
– Mai... Por favor! Você nem sabe o que aconteceu e já fica me julgando!
– Eu tenho até medo de saber, piá de merda! Se tu me disser exatamente o que
aconteceu, sem mentiras como pras outras pessoas, sem essa história de
“decidimos que era melhor assim” – a voz dela foi muito irônica nessa parte –
vai mudar alguma coisa? Vai mudar a minha indignação? Ou será que só vai
piorar? Eu sinceramente tenho medo do que possa ter acontecido, Christopher. Eu
sinceramente não sei se quero saber a verdade, porque tu, mais que ninguém,
sabe que eu tomo as dores pelos meus amigos, e a Dulce é minha amiga.
– Você vai me odiar – eu disse olhando pro chão. Ela suspirou fundo e me olhou
com mais ódio ainda. Saiu pisando fundo. Alguma coisa me diz que ela já sabe o
que eu fiz. Alguma coisa me diz que as coisas vão mudar muito pra mim, de agora
em diante.