Fanfic: Te Amo αté Amαnhα !

Minha
mãe e meu pai tão completamente assustados. Se olhando em todo o momento...
Olhos arregalados... Não sei se eles vão topar. Aliás, eu gostaria de saber uma
coisa que eu sei realmente. Nem sei mais se meu nome é Dulce Maria, porque a
única coisa que continua igual em mim é a personalidade. O resto é resto, e tá
tudo mudado.

– E então? – tio Pedro perguntou.
– Filha, é isso o que você quer? – perguntou meu pai.
– Sim, pai. Eu quero tentar.
– Mesmo? – minha mãe é surda, fato.
– É mãe, mesmo!
– Então a gente assina – TE AMO PAI. – Me dá um tempo pra ler e tudo certo.
– Claro que sim – tio Pedro. – Obrigado mais uma vez por nos receberem. Não vão
se arrepender. A filha de vocês tem talento.
– A gente sabe disso – valeu mãe. – Obrigada vocês por acreditarem tanto nela.
– Quer voltar pra lá, Dul? – a mãe da May me perguntou.
– Não tia, valeu. Eu acho que vou me acostumar com a idéia, primeiro.

Nos despedimos e eu abracei meus pais. Minha mãe foi pra cozinha fazer o almoço
e o pai foi pro computador escrever o livro dele. O que resta? Vou pro meu
quarto pensar na minha vida. Ou na minha ex-vida. Ou na vida que começa agora.
Qualquer coisa que não se chame Christopher Uckermann tá bom pra mim.

Uma
semana. Uma semana sem conversar com ela. Uma semana agüentando a Manu no meu
pé. Uma semana de arrependimento. Como eu pude achar que tava apaixonado pela
prima da May? Ela não passa de um belo par de pernas... E foi exatamente por
isso que eu me apaixonei. Só pelas pernas, nada mais. Ninguém sabe que eu traí
a Dulce, mas todo mundo acha que eu terminei com ela pra ficar com a Manu. E
todo mundo me “odeia” por isso. Afinal, a Dul conquistou os meus amigos...
Infelizmente não foram só os meus amigos os conquistados por ela. A nova Dulce conquistou
muitos por aqui. A minha sorte é que ela os esnoba. A ouvi dizendo pra Anny que
não vai andar com gente que só vê o exterior dela. E isso inclui o Derrick. Nem
sei porquê, mas na hora que ouvi senti um alívio que parecia que tinham tirado
uma cruz das minhas costas. Mesmo assim, o aperto no meu coração continua, e o
pior é que eu nem sei porquê.

– Mas então, May... Sei lá. Não sei se posso confiar nele – ouvi a Dulce dizer.
– Claro que pode, eu o conheço. Quando gosta de alguém... – o comentário foi
malicioso.

–
Ah, para! Ele não tá gostando de mim...

ELAS TÃO FALANDO DE MIM!

– O Aarón nunca gosta de ninguém – May disse. – Mas o jeito com que ele te
olhou naquele dia... Cara! Ele tá muito apaixonado!

Aarón? Aquele modelo que trabalha na agência com ela? O fato é que desde que a Dulce
começou a trabalhar na agência de modelos do pai da May, ela nem olha mais pra
mim... Só fala nesse Aarón. Aarón pra lá, Aaron pra cá. Quem esse modelinho
idiota pensa que é?

Será que
eu devo acreditar na May? Meu Deus Dulcezitah, imagina só se aquele homem gosta
de ti? Tu morre. Morre!

– Ele tava rodeado de mulher – continuou a May – e quando tu entrou ele
simplesmente se livrou delas pra ficar livre pra ti. O que tu acha que é isso, Dul?
Atração? O Aarón nunca se livra de mulher... Não de dez só por uma! Foi a
primeira vez que o vi fazer isso, em anos de amizade.
– Tu acha? – nem um pouco medrosa eu.
– Claro!
– Mas May...

Essa
lenga-lenga tá me dando dor de estômago, ânsia de vômito, que nojo! Preciso
sair daqui rápido. Mas eu to curioso pra saber mais... To curioso pra saber se
realmente a Dulce tá a fim desse cara.

– Ele vem me buscar hoje pra almoçar... – a ouvi dizer.

NÃO, eu não quero mais ficar aqui. Não quero e não vou. Outro dia vi o orkut da
Dulce. O relacionamento tava solteiro, não tinha mais foto minha, nas paixões
só família, amigos e outras coisas... Mas entre essas coisas eu não tava. E o
“quem sou eu” tinha mudado. Eu sei que era um recado pra mim. “Aprendi que para
ser feliz basta querer. Aprendi que o tempo cura, que a mágoa passa, que
decepção não mata, que a dor fortalece, e que ela é inevitável, mas o
sofrimento é opcional”. Infelizmente não posso dizer o mesmo. Porque eu quero
ser feliz e não tenho conseguido sorrir ultimamente. Porque o tempo não tá
curando merda nenhuma. Porque minha mágoa de mim mesmo tá cada vez maior.
Porque a decepção que eu sinto por ter sido tão idiota tá me matando sim, e a
dor tá ajudando. Porque dói demais, e com a dor vem o sofrimento. O sofrimento
de não ter ela comigo. De não ter a minha amiga pra me aconselhar, e não ter a
minha irmã pra me consolar, e de não ter a minha namorada pra tudo... De não
ter ela pra nada.

Naquele
mesmo dia, troquei meu “quem sou eu” também. E eu sei que ela leu, porque no
outro dia tava lá nos visitantes recentes “Dulce Saviñón”. Mas, apesar de saber
que ela leu, sei que não tocou nela tanto quanto o dela tocou em mim. Dizia “Não ame
pela beleza, pois um dia ela acaba. Não ame por admiração, pois um dia você se
decepciona. Apenas ame, pois o tempo nunca pode acabar com um amor sem
explicação”. Não sei se ela entendeu que era pra ela, porque eu acho que ela
acha que eu amo a Manu. Aliás, eu me lembro vagamente de ter dito isso à ela
naquela noite na casa da May. Infelizmente bêbado a gente faz coisas que
gostaria de nunca ter feito. Infelizmente ainda não existe máquina do tempo.

Eu sei
que é besteira, mas contei os minutos pra essa aula acabar. Eu vou sair com o
Aarón. Para Dulce, é só um guri! Para Dulce, não é só um guri. É o guri mais
perfeito que tu já viu! Porque todo dia ele te dá alguma coisa de presente,
porque todo dia ele te trata como se tu fosse uma princesa, porque todo o dia
ele te elogia, porque todo o dia ele elogia a pessoa que tu é e não a pessoa
que tu parece ser. Porque todo dia que ele não te vê, ele te liga pra desejar
boa noite...

Ele
chegou.

– Fala lindinha, tudo bom? – me beijou na testa. Nem sei porquê, mas amo isso!
– Tudo sim, Aarón. Como foi lá na agência hoje de manhã?
– Tudo normal – quando ele diz isso quer dizer “como sempre, um monte de mulher
em cima de mim, beijos pros fãs”.
– Sei – ri.
– O ruim é que tu não tava lá, né. Senão teria sido diferente.
– O que seria diferente? – perguntei.
– A minha manhã. Se perguntassem eu não diria “tudo normal”. Diria “tudo vermelho”.

Nós dois rimos e eu subi na moto com ele. Coloquei o capacete e segurei firme.
Olhei pro lado e vi “todo mundo” me olhando. Entre o “todo mundo”, tá o Christopher
com a mesma cara de cão abandonado daquele dia na casa da May. Meu estômago
embrulhou. Mas eu sei que ele merece tudo isso... Porque traição é uma coisa
inaceitável. Nunca vai haver perdão.

Como eu
posso querer me igualar a esse cara? Primeiro: ele é modelo. Segundo: ela
confia nele. Terceiro: ele tem uma moto – mesmo que a Annie não dê bola pra
esse tipo coisa. – Quarto: ele é bonito – eu admito. – Quinto: certamente ele é
mais legal com ela do que eu já fui. Sexto: ele fica mais tempo com ela do que
eu. Sétimo e principal: ele não a traiu. É fato, se a Dulce quiser escolher
entre nós dois, ele será o escolhido. Boa hein Uckerzão? Tu faz chantagem com
ela pra namorá-la até encontrar a pessoa certa pra ti, vira melhor amigo dela,
fica um mês com ela, conhece os pais dela, trai ela e só depois descobre que a
pessoa certa pra ti tava o tempo todo do teu lado. E ela não tem um bundão,
diferente de como tu pensava... Mas ela tem cabeça. Tem cérebro. Tem tudo
aquilo que realmente é preciso ter. EU NÃO POSSO TÁ APAIXONADO PELA DULCE MARIA!
Logo agora que eu não tenho mais ela? Mas é um mané mesmo!

–
Chris?
– Ah, oi Anny.
– O Aarón e ela tão... er...?
– Não sei mais nada da vida dela – ok, eu sou um estúpido.
– Desculpa – ela pediu. – Eu queria saber só... Achei que talvez tu soubesse.
– Por que ela contaria pra mim e não pra ti?

A Anny baixou a cabeça e não me respondeu. O que eu perdi?

– Que foi? – perguntei.
– É que... Eu acho que ela descobriu que eu fiquei com o Derrick.

MEU-QUEIXO-CAIU, fato.

Essa
agência de modelos é o sonho de até mesmo as que nunca sonharam em ser modelo.
Cara, as pessoas te tratam bem, não tem ninguém que se odeie aqui dentro, todo
mundo tá sempre sorrindo, todo mundo tem emprego, os meninos e as meninas
(modelos) são muito queridos... Incluindo o Aarón, claro! Ele é o que me trata
melhor, apesar de todo mundo me tratar. Ele faz tudo o que eu quero e até o que
eu não quero. Pega água pra mim, me trata como uma princesa, elogia minhas
fotos, diz que eu sou muito importante na vida dele, me chama de “Lindinha”.
Ain, eu não posso tá me apaixonando... Não de novo. Não como eu me apaixonei
pelo Derrick. Era doentio demais.

–
Oi Dul – todo mundo. Minhas amigas modelos. Elas são tão queridas. Já to amiga
de várias delas, principalmente da Bruna, da Évelyn, da Nathy e da Angelique.
Essa Angelique mesmo, aquela que quase bateu no Chris aquela vez, e que me
mandou calar a boca. Quando eu entrei na agência ela me pediu desculpas. Ela é
um amor, mas tem um defeito: é amiga da Belinda. Só que isso a gente releva.
– Oi gurias – sou simpática. – O que tem pra mim aí hoje, alguém sabe?

POR QUE ELAS TÃO SE OLHANDO DESSE JEITO? Oh man, POR QUÊ? Medo.

Como a Anny
teve coragem de fazer isso com a Dulce?
MEU DEUS, eu falei isso alto mesmo?

– Mas ela também fez isso comigo quando eu tava contigo, e eu perdoei.
– Certo – humilhou, não precisava. – Mas tu perguntou pra ela já? Tipo, se
ela... Sabe?
– Não... Será que ela sabe?

Ai Anny... DÃ! Mas essa guria me racha a cara. É ponga mesmo! Haha.

– Tu tá gostando do Derrick, Anny?

Ela
é transparente demais. Olhei nos olhos dela... Encheram de lágrimas. Não, tenho
certeza que isso não vai dar certo.

-
Não... – hãn?

-
Como não? Então porque você ficou com ele.
- Não sei. Talvez por vingança. Não sei Chris. – ela começou a chorar.

O
que mais eu posso fazer além de puxá-la pra um abraço enquanto ela chora?
Coitadinha, é a segunda vez que ela sofre por um idiota... E o primeiro deles
fui eu.

Eu tenho
até medo de perguntar o porquê dessas caras. Mas eu tenho que perguntar.

– Dul...– a Nathy começou... Só que não tá continuando!
– Que foi, gente? Eu to até com medo agora! – e irritada, fato.
– Calma Lindinha, senta – por que o Aarón tá me levando pro sofá? AAAAAH EU
QUERO SABER!
– Vocês tão me assustando, carambolas! – pra não dizer outra coisa!
– É que tem uma pessoa aí dentro...
– Eu vou ser demitida, né? – esse é o momento mais esquisito da minha vida. –
Na verdade eu já sabia que mais cedo ou mais tarde isso ia acontecer, porque eu
não sou boa o suficiente pra tá aqui e – tá todo mundo me olhando – ah gente, o
que é? Vocês acham que eu vou ficar triste com isso? Cara, foi bom enquanto
durou, entenderam? Tipo, eu ganhei uma grana e pá! Sem mágoas com o tio Pedro,
nada a ver isso...
– Cala a boca, Dulce! – de novo, Angel? Assim eu choro.
– O quê? – perguntei.

Cada palavra que eles dizem não entra na minha cabeça. Não dá pra acreditar. É
simplesmente impossível. Ou eu to sonhando, ou eu to sonhando, ou quem sabe eu
to sonhando...