Fanfic: RBD La Familia: Loucuras em família *Portiñon, Herroni* - Finalizada | Tema: Rebelde (RBD)

"Eu juro que se esse gato não calar a boca eu vou arrancar a lingua dele!" Dulce exclamou irritada, aumentando o volume da TV.

"Dul, deve ser um filhotinho ainda." Anahi lamentou, olhando pela janela para a rua, a chuva estava forte naquela noite e os trovões ecoavam pelas ruas. "Deve estar com frio, com fome, com medo, com..."

Dulce olhou lentamente para Anahi e franziu a testa. "Você não vai fazer isso, não é?"

"Dul..."

"NÃO, NÃO, NÃO!" A ruiva gritou, se arrastando pra outra ponta do sofá e balançando a cabeça frenéticamente. "Já temos dois cachorros, não precisamos de um gato. Aliás, eles vão se matar, então, não, sem chance!"

"Mas Dul..."

"Anyyyyyyyyyyyyyyy." Dulce gemeu. "Pelo amor de Deus, mais um animal não. Ainda mais um gato! Eles são traiçoeiros! Eles armama emboscadas! Eles podem parecer fofos e lindos quando filhotes, mas quando crescem, querem que você se foda."

"Ah, Dul." Anahi olhou para seu colo e ficou girando seus dedos, tristemente. "Quando eu era criança, eu tinha um gatinho e ele estava sempre comigo. Ele era da minha irmã, mas quando eu comecei a brincar com ele, ele quase não ia mais com ela, só comigo. Ele era tão carinhoso, fofinho e se dava tão bem com nossos cachorros."

"Você está realmente fazendo jogo emocional comigo?!" Dulce revirou os olhos. "Não vai funcionar." Ela voltou a olhar para a TV e aumentou ainda mais o volume quando o gato continuou a miar cada vez mais alto. Alguns segundos se passaram até que ela ouviu que Anahi estava fungando. Dulce olhou para Anahi desacreditada. "Você está mesmo chorando por causa dessa máquina de miar, comer e dormir que você nem sabe como é?" Anahi não falou nada, só olhou pela janela de novo. "Ele pode ser horrível. Pode estar sem pêlo, pode estar cheio de doenças, pode estar cego, pode estar com as patas quebradas, pode ser o demônio! Não sabemos porque o abandonaram!"

"Mas tudo isso a gente pode levar para um veterinário ver." A loira sussurrou, quase inaudível.

"Menos a parte do demônio! Ele pode ser um destruídor nato. Isso não tem como curar." Dulce argumentou.

"Por favor, Dul." Anahi olhou para Dulce com grandes olhos lagrimejados.

A ruiva sentiu seu coração quebrando em mil pedacinhos para a visão triste à sua frente. Antes que ela se desse conta do que estava falando, ela concordou. "Ok."

Anahi deu um pulo do sofá e abraçou Dulce. "Obrigada, obrigada, obrigada, obrigada, muito obrigada!" Ela beijou todos os cantos do rosto de Dulce que ela pode encostar e terminou lhe dando um longo selinho. "Você é demais!"

"É, é, é, eu sei." A ruiva suspirou e voltou a olhar pra TV.

"O que está fazendo?" Anahi perguntou confusa.

"Assistindo TV." Dulce respondeu como se fosse óbvio.

"Você não vai lá buscá-lo?!" Anahi exclamou, apontando pra porta.

Dulce olhou-a como se tivesse crescido uma segunda cabeça. "Anahi, o mundo está caindo lá fora! Tem uma baita tempestade! Eu não vou sair nessa chuva pra ir atrás de um maldito gato!"

"Mas, mas, até amanhã ele já pode estar morto, pode não sobreviver a essa chuva." Anahi fez beicinho.

"Você quer que eu morra, só pode. É isso, não me ama mais. Ai agora quer que eu saia nessa tempestade pra mim pegar uma pneumonia e morrer, ou ser atingida por um raio, ou ser atacado por aquele gato!" Dulce bufou. "Eu não vou agora, sem chance."

"Quer apostar?" A loira ergueu uma sobrancelha.

"Eu não acredito que ela fez isso!" Dulce murmurou irritada, arrastando os sacos de lixo para achar seu celular, apesar dela ter quase certeza que agora ele não serviria para mais nada. "De todas as coisas... meu celular! Mas ela vai ver, eu vou me vingar! Ela acha que isso vai ficar barato, mas vai ver que essas coisas não se faz. Eu to congelando aqui fora e ela lá em cima, no conforto." A ruiva apertou sua jaqueta mais perto do corpo, mas de nada adiantou, ela estava molhada até os ossos e o vento frio não estava ajudando em nada.

"JÁ QUE ESTÁ AI EMBAIXO, APROVEITA PRA PEGAR O GATINHO!" Anahi gritou da janela da sala de seu apartamento.

Dulce estreitou os olhos e chutou um saco pequeno de lixo. Embaixo estava seu celular, completamente aos pedaços. A tela estar quebrada em milhões de pedacinhos, a bateria tinha caído numa poça e ele inteiro parecia uma mini poça. A ruiva fechou os olhos e respirou a fundo para se acalmar. De repente, ela ouviu um miado baixo alguns metros dela. Dulce abriu os olhos devagar e olhou para o lado. Num canto da parede do prédio e o muro estava um filhote de gato, completamente encharcado, encolhido entre as paredes, tremendo descontrolavelmente. No escuro e no meio de tanta chuva, Dulce não podia vê-lo muito bem, mas não parecia ter mais de três semanas. A ruiva não iria admitir isso jamais para alguém que não fosse ela própria, mas ela ficou feliz em ir lá e poder salvá-lo de toda aquela chuva. Dulce se agachou na frente dele e estendeu a mão com calma, esperando alguma reação. O filhote apenas olhou para a mão dela e tentou se levantar, mas cambaleou e caiu sentado de novo. Dulce franziu a testa e, antes que se arrependece terminantemente, pegou com cuidado o gatinho, colocou-o embaixo de seu casaco para ir esquentando-o até chegarem no apartamento, deu a volta para chegar na entrada do prédio, deu um pequeno sorriso para o porteiro, que a olhava como se fosse louca, e foi direto pro elevador, apertou o botão do último andar, onde ficava seu apartamento, e tirou o capuz do casaco da cabeça. Ela suspirou e olhou para o gatinho, que ainda tremia, estava de olhos fechados e se aconchegava dentro de sua jaqueta o máximo que o pequeno espaço permitia. Ela também tremia descontrolávelmente.

Quando o elevador chegou, Dulce saiu e caminhou devagar pelo corredor até a porta do seu apartamento. Lembrou que na pressa de ir buscar o celular antes de algum dano acabou esquecendo a chave. Ela bateu na porta com a mão que não segurava o gatinho e esperou.

"Quem é?" Veio a voz divertida de Anahi do outro lado. Pela proximidade, Dulce poderia dizer que ela estava escorada na parede ao lado da porta.

Dulce revirou os olhos. "Pizza." Ela respondeu irritada.

A porta se abriu e Anahi apareceu, sorrindo. "Pizza?"

"Sim, de gato molhado e uma ordem para você comprar um novo celular pra mim a primeira coisa amanhã de manhã." Dulce suspirou e entrou no apartamento, agradecendo pelo calor do aquecedor.

"Então você achou ele?!" A loira perguntou animada, olhando para ela para ver se via o gato. "Como ele é?"

"Molhado, fedido e pequeno." Dulce respondeu a contra gosto, abrindo a jaqueta e tirando o gatinho de lá. Anahi pegou-o com cara de dó e sentou no sofá com ele no colo, fazendo-lhe carinho. "Aliás eu estou bem, obrigada. Só estou molhada e com um frio dos infernos e vou ter que jogar essa jaqueta fora, porque o gato decidiu usá-la como coberta e a minha camiseta está marrom, porque ele com certeza andou no barro. Eu vou pegar um resfriado e até meus ossos estão tremendo, mas eu estou bem, obrigada."

"Que bom." Anahi respondeu vagamente, examinando o filhote. "Ele não parece machucado, mas está meio fraco e com frio. Vou arranjar um lugar pra ele ficar e amanhã de manhã eu vou levá-lo pro veterinário."

"Não, amanhã você vai me comprar outro celular." Dulce corrigiu.

"Perde total, né?" Anahi perguntou sorrindo. Ela parecia até arrependida. "Desculpa."

A ruiva suspirou e balançou a cabeça. "Tudo bem, eu vou tomar um banho pra tentar me esquentar. Toma, rasga essa jaqueta e dá pra ele usar de coberta." Dulce entregou a jaqueta verde para Anahi e suspirou de novo.

"Obrigada." Anahi falou, já colocando a jaqueta em volta do pequeno gato. "Desculpa mesmo."

Dulce só acenou com a cabeça e começou a ir para o quarto, tirando a camiseta, uma vez branca, no caminho. Ela ligou o chuveiro na água quente e esperou alguns segundos antes de entrar. Ela não saberia dizer quanto tempo ficou no chuveiro, mas a água estava tão quente que ela poderia ter ficado dias lá. Dulce desligou o chuveiro, pegou a toalha que ela havia pendurado no boxe antes, se secou e voltou enrolada na toalha para o quarto. Ela foi para o closet e pegou um pijama quente, colocou, jogou a toalha no cesto e voltou para a sala.

O gato agora estava num canto perto do aquecedor, deitado em uma almofada velha e rasgada, que Tony tinha tido o prazer de destruir, com sua jaqueta agora também rasgada embaixo dele. Ele havia se enfiado dentro do capuz e parecia incrivelmente confortável. Na luz ela conseguiu vê-lo bem. Estava bem magrinho e suas costelas apareciam. Era amarelo queimado e branco, suas orelhinhas ainda estavam molhadas e pingavam gotinhas, suas patas eram cinzas. Dulce suspirou de novo e começou a se sentir um pouco melhor por tê-lo ido buscar, mesmo no meio de tanta chuva.

"Aqui, eu fiz pra você." Anahi falou calmamente, parando ao lado de Dulce, colocando uma mão em sua cintura e com a outra estendia uma xícara que fumegava. "Chocolate quente." A loira explicou.

Dulce acenou com a cabeça e pegou a xícara, tomando um grande gole. Ela sentiu todo seu interior esquentar imediatamente e deu um sorriso agradecido. "Obrigada." Ela murmurou, olhando brevemente para Anahi.

Anahi deu um pequeno sorriso. "Desculpa por ter jogado seu celular pela janela, ter feito você descer nessa chuva, por ter feito você estragar sua jaqueta e por ter feito você ficar com tanto frio." Ela suspirou e olhou para o chão.

Dulce suspirou também e passou o braço livre pelos ombros de Anahi e beijou a lateral de sua cabeça. "Tudo bem. Mas amanhã você..."

"Eu tenho que te comprar outro celular, eu sei." Anahi interrompeu.

A ruiva sorriu. "Eu cuido disso, não se preocupe. Eu ia dizer que você vai cuidar das apresentações com Tony e Leslie amanhã. Se eles começarem a se matar responsabilidade sua."

"Posso lidar com isso." Anahi falou, dando um pequeno sorriso.

"Que bom. Vou precisar do seu celular amanhã para ligar para o Chris e pedir pra ele me encontrar numa loja para comprar meu celular. Vou aproveitar e comprar outra jaqueta e, vou me arrepender muito disso, mas comprar coisas que os gatos precisam. Não tenho ideia do que seja, nunca tive um gato antes, mas acho que os atendentes das lojas ficarão felizes em me ajudar." Dulce respirou fundo. "O que eu não faço por você, en?" Ela brincou, empurrando Anahi levemente com o quadril.

Anahi sorriu mais abertamente e abraçou-a. "Te amo."

"Eu te amo também." Dulce respondeu, tomando outro gole do chocolate. "Vamos, eu vou terminar o chocolate e vamos ir dormir."

"Você acha que ele vai ficar bem?" A loira perguntou preocupada, olhando para o filhote.

"Bom, ele tem uma cama e um cobertor só dele, está deitado na frente do aquecedor, fora do chuva e arranjou uma dona que vai bajulá-lo sempre que possível. Ele vai ficar ótimo." Dulce terminou o chocolate quente com um último gole grande e levou a xícara para a pia. "Vamos dormir antes que você decida adotar um passarinho." Os olhos de Anahi brilharam com a ideia e Dulce apontou um dedo para ela. "NÃO!" Ela disse firmemente. "Vamos dormir logo!"

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