Fanfic: RBD La Familia: Loucuras em família *Portiñon, Herroni* - Finalizada | Tema: Rebelde (RBD)

Dulce mal havia fechado a porta do quarto dos meninos, quando sentiu uma presença logo atrás dela. Ela se virou lentamente e ficou cara-a-cara com sua esposa, sua esposa muito, muito, irritada.

“Você podia ter me avisado. Cheguei em casa, planejando comer pizza com a minha esposa e filhos e encontro um maldito bilhete na geladeira. Uma ligação teria sido ótimo, sabia disso?”

Dulce revirou os olhos e se afastou do quarto para não despertar o interesse das crianças. Ela voltou para a cozinha, com Anahi logo atrás, bufando. “Eu tentei te ligar, você não atendeu. Então liguei para seu agente e ele disse que você estava ocupada. Pedi para ele te dar um recado e ele falou que não podia interromper seu trabalho.” Ela deu de ombros. “Então eu deixei um bilhete na geladeira.”

Anahi bufou mais uma vez, parecendo verdadeiramente com raiva. “Não custava esperar, não é?”

“Anahi, você deve ter chego duas horas atrás. Agora já é quase meia noite. Se fôssemos esperar por você, nunca iríamos chegar lá. Poncho me ligou e eu falei que ia. A culpa não é minha se você estava ocupada demais para ir.” Dulce zombou.

“Até Hannah você levou.”

“Porque ela e nossa filha são uma pessoa só.” Dulce se virou e cruzou os braços. “Até Hannah fica mais nessa casa que você.”

Anahi fez uma careta. “Você sabe que eu estou trabalhando...”

“No novo CD, eu sei, eu sei.”

“Alguém tem que sustentar essa casa.”

“Pelo amor de Cristo.” Dulce bufou. “Como se já não tivéssemos dinheiro suficiente para sobreviver o resto de nossas vidas e ainda deixarmos uma bela herança.”

“Olha, eu só queria que você tivesse ligado antes. Um aviso teria sido ótimo.”

“Eu já disse que liguei e você não atendeu.”

“Mensagem.”

“Eu não vou discutir isso com você.” Dulce passou por sua esposa e começou a juntar alguns brinquedos do meio da sala. Ela sentia falta das noites completas de sono e só queria cair na cama naquele momento, mas sabia que Sophie iria acordar em poucos minutos por causa das risadas vindas do quarto de Joan. “Se queria tanto ir, aparecesse mais cedo. Você parece esquecer que tem uma família, não, espera, você parece esquecer que tem uma filha de cinco meses em casa. Você nem deveria estar trabalhando ainda.”

“Não deveria ou você não quer que eu trabalhe?” Anahi cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha. “Porque você não estava reclamando quando eu voltei a trabalhar depois de Logan. Por que está reclamando agora?”

“Bom, me desculpa se minhas preocupações são meras reclamações para você, vou tentar mantê-las só para mim.” Dulce jogou um carrinho com força extra dentro da ‘caixa de brinquedos’, mas não se abalou ao usar seu sarcasmo habitual.

“Eu só acho que você está passando por algum tipo de crise de meia idade.”

Anahi sabia que tinha falado a coisa errada quando Dulce se virou com as mãos na cintura. “Meia idade? Está me chamando de velha? Eu não tenho nem 35 anos ainda. Devo te lembrar que você é mais velha que eu? Que merda, Anahi, é impossível conversar com você hoje em dia! Sabe por quê estou agindo como uma velha ranzinza? Porque eu fico em casa o dia inteiro sozinha cuidando dos nossos filhos que não me dão um minuto de descanso! Talvez eu só precise da sua ajuda e é por isso que estou reclamando! Você deveria ter me avisado antes que não iria ficar em casa a semana inteira e, talvez, eu pensaria melhor antes de ter quatro filhos antes dos 40!”

“Você está falando que se arrepende? Isso é uma coisa horrível de se dizer.”

“Eu estou falando que preciso de ajuda! Eu estou exausta, Anahi! Eu quero dormir, mas daqui a pouco Sophie vai chorar, Matteo vai acordar por causa disso e Joan é uma adolescente agora e dorme mais que uma pedra, então não posso contar com a ajuda dela para colocar os dois dormirem novamente.”

“Eu estou aqui agora!”

“Eu sei! Mas você não estava aqui quando Logan caiu, quando Matteo levou uma bolada ou quando Sophie chorou a tarde inteira! Eu não consigo lidar de três crianças chorando de uma vez! Será que estou pedindo demais quando falo que quero que você fique mais em casa? Não estou nem pedindo para você deixar de cantar ou de ir ao estúdio ou de fazer shows. Eu só quero que você fique um pouco mais em casa. Você está perdendo as melhores coisas, Anahi! Matteo conseguiu ler sem gaguejar pela primeira vez ontem e você não estava aqui.” Dulce respirou fundo e passou as mãos pelo rosto quando ouviu Sophie começar a chorar. Ela parecia indecisa sobre falar mais alguma coisa, mas acabou saindo sem pronunciar mais nenhuma palavra.

Ela subiu as escadas o mais rápido que podia em seu estado de cansaço extremo e entrou no quarto de sua filha mais nova, fechando a porta antes que pudesse acordar outra pessoa. Até o quarto de Joan estava silencioso, anunciando que ela e Hannah haviam adormecido. Dulce trocou a fralda de Sophie e sentou na cadeira de balanço que ficava ao lado do berço. Cantarolando uma música, ela balançou lentamente, acalmando sua filha aos poucos.

Dulce a segurou firmemente nos braços, contra seu peito, usando uma de suas mãos como apoio em suas costas e fechou os olhos por um minuto, desejando não ter começado a briga com Anahi. Ela sabia que a culpa não era mesmo de sua esposa, que seu agente estava pegando muito no seu pé e que ficava marcando um compromisso atrás do outro, mas não podia deixar de se sentir um pouco amarga com sua ausência constante. Ainda segurando sua filha com firmeza, Dulce acabou cochilando.

Foi naquele momento que Anahi entrou no quarto. Ela parou quando viu a visão na sua frente, bloqueando a visão de Matteo, que segurava sua mão. A mulher suspirou e se abaixou para ficar na altura do filho. “Você pode ir para o nosso quarto, ok? Mamãe vai estar lá daqui a pouco.”

Matteo acenou em acordo e andou pelo corredor esfregando os olhinhos. Ele havia acordado com o choro da irmã e, como sempre fazia, pediu para dormir com suas mães. Anahi ficou escorada na batente da porta com os braços cruzados e um olhar melancólico no rosto. Ela havia prometido a si mesma que nunca deixaria o trabalho consumir seu tempo com sua família novamente, mas havia falhado miseravelmente. As olheiras de Dulce eram visíveis e seus ombros pareciam caídos como se ela estivesse sustentando o peso do mundo neles. Ela sabia que Joan não estava mais ajudando como antigamente, afinal, agora ela estava no colegial, tinha novos amigos, queria sair e se divertir, e não podia culpá-la por isso. Ela era a irmã, não a mãe.

Depois de dois minutos, Anahi andou até as duas figuras na cadeira com um suspiro e sacudiu o ombro de Dulce com cuidado para não assustá-la. Dulce acordou rapidamente e olhou para Sophie em seus braços, antes de olhar para Anahi.

“O que foi?” Ela murmurou.

“Vamos para a cama.” Anahi falou com um sorriso triste. “Pode ir se arrumar, Matteo já está no quarto. Eu coloco ela no berço.”

Dulce acabou concordando ao perceber que mal conseguia levantar o braço. Quando Anahi entrou em seu quarto, Dulce e Matteo já estavam dormindo. Sua esposa estava agarrada em um travesseiro e Matteo segurava seu urso de pelúcia favorito. Ela conseguiu achar um espaço para si, deixando seu filho no meio da cama, e se cobriu. Anahi alisou o cabelo do filho por alguns minutos, antes de dar um suspiro resignado e desligar a única luz restante no quarto vinda de seu abajur. Seu último pensamento foi ‘eu preciso concertar isso’, antes que ela caísse no sono.

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Dulce acordou com o barulho de panelas no andar de baixo. Ela franziu a testa, sabendo que não podia ser a empregada, já que ela só vinha para limpar. Matteo não estava mais na cama, ela percebeu depois de alguns segundos, nem Anahi. Dulce estava confusa ao olhar para o relógio e ver que já era nove da manhã. Já fazia alguns anos que ela não dormia até depois das seis. Pelo menos, seus membros não pareciam mais cansados.

Ela se levantou, colocou uma camisa larga por cima de seu short de basquete, que ela usava para dormir, e desceu as escadas, parando no quarto dos filhos no caminho. O quarto de Joan estava vazio e irreconhecível sem roupas jogadas no chão. Logan e Matteo também não estavam em seu quarto, que parecia maior sem todos os carrinhos ocupando um dos cantos. Nem mesmo Sophie estava no berço.

Dulce ainda estava com a testa franzida quando entrou na cozinha e viu algo que a surpreendeu. Era sábado, seus filhos não iam para a escola, mas ela sabia que sua esposa tinha um compromisso às oito com alguma revista para divulgar uma possível data para o lançamento de seu CD. E ela sabia que não a veria até a noite.

Mas estava errada.

Anahi estava no fogão, mexendo alguma coisa em uma frigideira, usando um vestido branco simples. Joan e Hannah estavam entretendo Sophie, que estava sentada na cadeirinha. Logan estava contando para Matteo algo sobre um de seus desenhos favoritos, mas o menor não estava realmente escutando, estava mais ocupado folheando uma revista que havia achado na sala.

Dulce ficou parada por alguns segundos, tentando se lembrar de ter visto algo estranho na sua descida até ali. Como um portal para outra dimensão ou algo desse tipo.

“Bom dia, mãe.” Joan foi a primeira a notá-la ali e lhe deu um sorriso rápido, antes de pegar um bonequinho e fazer cócegas em Sophie com ele.

“Bom dia, senhora D.” Hannah cumprimentou-a por cima do ombro.

“Oi, mãe.” Logan acenou um pouco.

Matteo lhe mandou um beijo desajeitado. “Mãe.”

Dulce olhou entre os quatro, parecendo tentar descobrir se eram eles mesmos ou uma versão robótica. “Bom... dia.” Ela respondeu.

“Bom dia, meu amor.” Anahi falou, retirando o avental amarelo que usava. Ela atravessou a cozinha e lhe deu um selinho demorado.

“Ewww.” Logan e Matteo falaram simultaneamente. “Beijo.”

Anahi sorriu para a palhaçada dos dois e beijou sua bochecha. “Fiz o café da manhã.”

Dulce olhou-a com uma sobrancelha levantada. “Estou vendo.” Acenou com a cabeça e olhou em volta mais uma vez. “Estou perdendo alguma coisa aqui? Você não deveria estar trabalhando?”

“Liguei para meu agente e mandei-o cancelar a entrevista. Hoje é sábado.” Anahi deu de ombros, falando como se fosse algo comum, algo que ela fazia o tempo inteiro.

Mas não era. Dulce respirou fundo. “Certo. Hm, posso falar com você na sala?”

Anahi a seguiu, pedindo para Joan ficar de olho nas últimas panquecas. Conhecendo sua filha, seu café da manhã iria queimar, mas ela confiava que Hannah iria fazer o que ela pediu. “O que foi?”

“Por que?”

“Por quê o que?”

“Por que você cancelou a entrevista? Por que você acordou todo mundo para fazer café? Até os quartos estão arrumados.”

“Você estava certa ontem a noite. Eu deveria estar mais presente. Eu prometo que vou melhorar de agora em diante. Eu queria te dar um descanso, então desliguei seu despertador e cuidei das crianças. Pedi para elas arrumarem os quartos e descerem para me ajudar com o café.”

“Uhun.” Dulce suspirou pelo que parecia milésima vez em menos de 24 horas. “Eu lembro como toda essa determinação em mudar durou da última vez.” Ela zombou.

“Mas dessa vez eu estou falando sério, eu juro.”

“É claro que está.” Dulce revirou os olhos.

“Dulce?”

“O que?”

“Eu não vou gravar mais nada. O CD vai ser lançado do jeito que está. E eu não vou fazer nenhum show. E não acho que eu vá voltar para o estúdio de novo.”

Dulce ergueu uma sobrancelha. “Você também fez isso da última vez. E estamos tendo que discutir o assunto mais uma vez, não é? Estou tendo um flashback da briga de alguns anos atrás.”

Anahi suspirou. “Eu sei, desculpa. Mas eu prometo de verdade dessa vez. Se algum dia eu quiser voltar a trabalhar, eu quero que você faça algo drástico, como me dar um tapa, por exemplo. Já perdi muito tempo e não quero mais isso. Eu quero o que nós tínhamos antes. Quero que levemos as crianças para a escola e que compremos sorvete na volta.”

“Eu juro por Deus que, se você estiver mentindo de novo, eu nunca mais vou acreditar em você. E eu vou me mudar e assinar o divórcio e dormir na casa de Andy por anos, antes que ela me expulse e me mande crescer.”

Anahi segurou um sorriso divertido. “Ainda bem que estou falando a verdade, então.”

“Estou falando sério, Anahi.”

“Eu também. Eu te amo.”

Dulce respirou fundo, então balançou a cabeça. “Eu também te amo.”

“Ótimo.”

“Volta pra cozinha, volta.” Dulce acenou com a mão e bufou.