Fanfic: RBD La Familia: Loucuras em família *Portiñon, Herroni* - Finalizada | Tema: Rebelde (RBD)

Anahi Giovanna Puente Portilla-Saviñon

►14 de maio de 1983

†21 de abril de 2040

Anahi nem sempre foi uma pessoa honesta. Teve três namorados de uma vez, mentiu para seus pais sobre seu problema com a anorexia e mentiu para si mesma durante anos sobre seus sentimentos pela mulher que era o amor de sua vida. Mas ela foi honesta consigo mesmo quando partiu. Sabia que não conseguiria passar um dia sem sua esposa.

Os estágios da doença de Dulce demoraram para progredir e ela viveu muito mais do que os médicos acharam que ela iria, mas, no final, era raro ela lembrar de qualquer coisa. Era difícil para Anahi lidar com isso, mas nunca, nem em sonho, pensou em desistir da mulher com quem dividiu a vida. Nem quando sua filha sugeriu internar sua mãe em um asilo para ter melhores cuidados. Anahi se manteve firme na decisão de cuidar da mulher que sempre cuidou dela, mesmo na mais pequena das coisas.

Incrivelmente, o último dia foi o último dia bom de Dulce. Ela acordou e sorriu para Anahi, lembrou-se de seu nome e de seu primeiro encontro. Não teve uma única crise durante o dia. Foi o melhor dia em anos. Uma ironia, talvez, que ela viria a falecer mais tarde naquela mesma noite.

Joan gosta de profetizar e dizer que o coração de Anahi parou de bater assim que o de Dulce cedeu. Ninguém tinha real certeza, mas ambas foram encontradas abraçadas na cama na manhã seguinte, sem sinal de vida. Foi um baque para todos da família, perder ambas de uma única vez, e seus amigos tiveram dificuldade para aceitar a perca, mas nada puderam fazer.

Foi Logan que organizou o velório e o enterro. Ele comprou os caixões e arrumou as roupas que elas usariam. Foi ele que decidiu que ambas deveriam partilhar o espaço do descanso eterno e permanecerem juntas, lado a lado, até seus corpos virarem meras lembranças microscópicas.

Anahi morreu feliz. Tivera um grande dia, um lindo dia. Pode abraçar e beijar sua esposa sem medo, pode relembrar como tudo era antes da doença destruir a mente de Dulce, pode sentir o gostinho de tê-la para si novamente. Se pudesse informar qualquer pessoa de onde quer que estivesse, diria que ninguém deveria chorar se ela morreu feliz e sem um peso enorme no peito.

Não podia. Mas restavam as lembranças para todos. Maite levava flores toda semana para os túmulos e passava alguns minutos relembrando histórias. Christian aparecia quase diariamente para deixar a página de piadas do jornal sobre o lado de Dulce e a capa de uma revista de moda sobre o lado de Anahi. Poncho aparecia com Sebástian quando juntava coragem e passava o tempo arrancando os matinhos que cresciam nos lugares indevidos. Christopher ia sempre que tinha algo a contar, como quando descobriu que ia ser avô ou quando o México ganhou a copa.

Anahi não podia ter pedido uma vida melhor e mais completa. Como Christian, teve sua cota de homens, mas foi pela mulher mais linda que já vira que se apaixonou e continuou apaixonada até o último milésimo de segundo. Ela descrevia Dulce para seus filhos quando a esposa estava longe como uma bola avassaladora em sua vida. Entretanto, com flores para amortecer o impacto. Dulce mudou sua vida para melhor a cada dia que viveu ao lado dela.

Viveu e morreu ao lado da sua alma gêmea.

Podia jurar, a quem quer que fosse, que teve a melhor vida que qualquer outra pessoa que habitou a Terra. Um exagero, talvez, mas uma grande verdade para ela. Não podia dizer que não mudaria nada do que viveu – talvez desse uma chance a Dulce mais cedo ou daria mais tempo a elas quando estava tão envolvida com o trabalho – mas não tinha do que lamentar.

Riu todos os dias por causa de sua esposa. Sorriu todos os dias ao acordar e vê-la. Teve alguém para conversar sobre qualquer coisa que quisesse. Realizou todos e cada um de seus sonhos. E teve amigos que foram seu apoio até o fim. Amigos que não viraram as costas quando ela batia na porta chorando de desespero e que não negavam um conselho ou uma boa verdade direta.

Anahi, com a saúde que tinha, poderia ter durado muito anos – talvez entrasse em uma competição com Maite – mas partiu assim que se viu sem seu principal pilar de sustentação. As pessoas poderiam contar as histórias que quisessem, ela sempre teve a certeza que não conseguiria viver sem Dulce. Não depois de aprender o que era tê-la como uma constante em seus dias. Jamais poderiam lidar com o fato de acordar e não vê-la ou de chamá-la e não ser respondia.

Chamem de romance ou de idiotice. Ela nunca se importou. O caso era que Dulce era sua e ela era de Dulce. E uma jamais poderia existir sem a outra.