Fanfic: RBD La Familia: Loucuras em família *Portiñon, Herroni* - Finalizada | Tema: Rebelde (RBD)

Dulce Maria Espinoza Portilla-Saviñon

►06 de novembro de 1985

†21 de abril de 2040

Seus últimos anos foram difíceis. Dulce não conseguia se lembrar de seu nome, de onde morava, quem estava ao seu lado, quem a chamava de ‘vovó’. Esquecia-se de comer ou de como escrever. Esqueceu por completo do tempo que era aclamada nos palcos por milhares de fãs. Esqueceu-se até de suas loucuras.

Teve muitos dias bons antes dos ruins chegarem e eles foram diminuindo aos poucos, até os dias bons serem raridade. Ela estava feliz, entretanto, por seu último dia ter sido um dos bons.

Não podia afirmar com certeza que sabia onde estava quando acordou, nem que era a mulher deitada ao seu lado, mas foi preciso pouco menos de dois minutos para se lembrar. Tudo veio como um trem de carga e ela se lembrava com clareza de muitas coisas. Foi o que deixou seu dia especial.

Dulce se arrependia de muitas coisas, tantas que ela nem poderia ordená-las em ordem de arrependimento, mas nunca se arrependeu da família que construiu. Faria todo o processo de novo se tivesse a chance. Adotaria Joan e Matteo, e passaria pelos nervos de uma Anahi muito grávida de Logan e Sophie tudo de novo se pudesse voltar para viver cada dia novamente.

Os melhores anos de sua vida foram ao lado de Anahi. Bom, ela só começou realmente a viver quando Anahi lhe deu uma chance. Dulce sentiu-se completa e absurdamente feliz por décadas, mesmo quando começou a se esquecer, os dois sentimentos nunca foram embora. Pareciam gravados em sua mente não importava o quanto se esquecesse das coisas.

Havia uma memória, no entanto, que ela nunca se esqueceu. Seu primeiro beijo com Anahi. Ela podia não se lembrar o nome da mulher loira que beijava ou nem se reconhecer na própria lembrança, mas nunca esqueceu do primeiro toque de seus lábios.

Dulce sempre se considerou uma pessoa extremamente sortuda. Tinha seu melhor amigo, a melhor prima que podia pedir, e a melhor esposa que o mundo já fabricou. Os problemas com sua família foram ficando para trás e estavam bem esquecidos no final. Ela não se importava mais com a rejeição, ela só queria curtir a sorte que tinha.

E curtiu. Soube curtir como ninguém. Um pequeno diário foi encontrado em meio às suas coisas depois que ela morreu. Nele, todas as lembranças que teve depois delas começarem a se desvanecer estavam escritas com a letra meio borrada vindas de uma mão trêmula. Eram pedaços de lembranças, coisas misturadas, dias inexatos, mas que divertiram a todos que tiveram coragem de lê-lo. Comentários estavam escritos nos rodapés, como ‘eu fiz mesmo isso?’ ou ‘que demais!’ ou, o que todos julgaram melhor, ‘FARINHA NO MEU CABELO, CHRISTIAN?!’.

No final, foi a farinha que começou tudo. Era isso que uma de suas anotações dizia. E eis a explicação que vinha logo abaixo:

‘Foi o começo de tudo porque é a primeira coisa da qual consigo me lembrar. Eu entrei no meu quarto e uma merda de bomba de farinha explodiu na minha cara. Foi culpa do Christian, tenho certeza, ele é de fazer essas coisas. Acho que foi Maite que limpou. Desculpa, Maite. Acho que logo depois eu fui fazer um sanduíche ou algo do tipo... Estou começando a me lembrar de tudo... Oh, ouch, obrigada por me dizer que ia sair com os namorados idiotas, Anahi! Por que me casei com você mesmo? Ah, é. Bom... Eu subi em uma escada por você?! E aí está o motivo pelo qual você casou comigo. Da farinha nós viemos e da farinha nós... Espera... Não é isso... Que seja.’