Fanfic: RBD La Familia: Loucuras em família *Portiñon, Herroni* - Finalizada | Tema: Rebelde (RBD)

O último dos dias bons

Dulce acordou lentamente, sendo tirada de seu sonho com delicadeza e sendo jogada à realidade com água fria. Onde estava? Com quem estava?

Ah, claro. A mulher que estava lá todas as manhãs... Sua esposa. Sua adorável esposa.

Ela abriu um largo sorriso ao lembrar-se quem era e sentiu-se fisicamente mais disposta ao se lembrar de como foram parar ali. Ali, sabe, casadas.

Foram anos de lutas, brigas e discussões. Brigavam antes mesmo de estarem juntas. Brigavam por besteiras e por troca errada de informações. Mas sempre se amaram, mesmo que nem todos soubessem – todos, no caso, Anahi. Dulce nunca a culpou pela dúvida de um relacionamento entre elas. Entendia perfeitamente que era um grande passo e uma grande incerteza. Porém, nunca deixou de doer ou doeu menos quando Anahi a rejeitava. Ela superou, no entanto, e passou mais de 30 anos com a mulher da sua vida.

Aquele foi um dia particularmente normal. Anahi fez o café da manhã e elas comeram em silêncio. Enquanto mastigava seu pão, Dulce se lembrou de coisas de seu passado e o suco parecia desencadear a memória de um hotel em algum lugar e de seus amigos reclamando sobre ela roubar o suco deles. Tinha certeza que aquilo era imaginação sua. Jamais faria algo do tipo.

Seus amigos sempre foram sua família. Desde o princípio, formaram uma família inseparável, inabalável. Cada um deles agradecia aos amigos que tinham e a parceria que formavam. Sentiam-se verdadeiramente felizes ao saberem que eram amparados de todos os lados por todos eles. Um grupo um pouco improvável talvez, com dois piadistas natos, um galã, dois certinhos e uma viciada em compras. Como aquela combinação daria certo? Como as despedidas de solteiro deram tão certo apesar das circunstancias? Ninguém poderia adivinhar. Ninguém realmente queria. O que importava era que se reuniam sempre e o sentimento de amor nunca ia embora. O grupo Ucker, Poncho, May, Pollito, Any e Dul jamais se quebrou e, durante todos os anos que permaneceram juntos, a ideia de perder qualquer um deles nunca foi de agrado a ninguém. Eram o tipo de grupo que nem por decreto poderia se separar.

Mais tarde naquela manhã, ela se arriscou no novo celular que havia ganho de sua neta para poderem se falar. Ela não entendia nada das novas tecnologias, mas conseguiu colocar uma música em som extremamente alto antes de Anahi arrancar o aparelho de suas mãos e mandá-la parar de brincar.

Almoçaram com alguns comentários. Anahi abriu um sorriso de orelha a orelha quando Dulce falou sobre seu primeiro encontro e de seu casamento. A tarde foi gasta no jardim, aproveitando o ar fresco e o canto dos pássaros com Christian, que decidiu aparecer de surpresa. Eles gastaram horas falando sobre o passado e, por fim, ele foi embora com um sorriso animado. Por mais um dia, teve sua melhor amiga de volta. Por mais aquela tarde, eles foram Pollito e Ardilla, Chris e Dul mais uma vez. Era tudo que ele pedia todos os dias.

De noite, a angústia de Anahi pesou. Foi um dia bom, mas como seria o seguinte? Nunca tinha como saber. Não haviam certezas nem avisos. Dulce podia acordar feliz ou gritando. Podia acordar disposta a comer ou só queria ficar na cama. Não haviam dados científicos para se basear, só a incerteza de um novo dia para se preocupar.

“Eu sonhei com nós esta noite.” Dulce comentou depois que já estavam deitadas na cama, ambas com medo demais para dormir imediatamente. Pareciam saber que era a última vez que estariam acordadas.

“É mesmo?” Anahi beijou sua testa. “Que sonho era?”

“Você me levou para ver o pôr do sol e eu te ensinei a jogar vídeo game.” Anahi sabia que fazia parte de sua primeira semana como um casal, a mais de vinte anos. Dulce poderia não se lembrar de tudo, mas tinha certas lembranças marcadas em seu coração, podia não se lembrar delas todos os dias, mas eram as mais especiais.

“E como foi?” Anahi questionou.

Dulce sorriu e se aconchegou mais contra o corpo de sua esposa. “Perfeito.”