Fanfic: Vampires Will Never Hurt You | Tema: My Chemical Romance
Chovia, era uma cena comum pra um cemitério. Alguns homens carregavam o pequeno caixão de madeira, onde jazia o corpo da garota. Sua família e amigos acompanhavam em um uníssono de lamentos e prantos. O rapaz observava tudo de longe, era em cenas assim que normalmente encontrava a sua próxima vítima. Parado em baixo de uma árvore, seu sobretudo preto e a distância tornavam-no invisível.
O que deveria ser a mãe da falecida passava de um choro desesperado a um silêncio dolorido. A grande parte dos amigos e parentes mais novos seguravam as mãos uns dos outros, menos um menino mais baixo, foi ali que concentrou sua atenção. O garoto caminhava sozinho atrás de todo mundo, pelos traços e tipo físico dava pra ver que ele era filho da mulher que agora voltava a se derramar em lágrimas. Não carregava um guarda-chuva como os outros, a chuva parecia não incomodá-lo tanto assim, o casaco que usava já estava encharcado, assim como seus jeans.
“Foi minha culpa” O garoto pensava “Não deveria tê-la deixado sozinha” Uma lágrima escapou de seus olhos e correu pelo seu rosto. Limpou-a com a manga encharcada do casaco, não queria chorar. Tinha que ser forte por sua mãe. Teve a sensação de estar sendo observado e parou pra olhar em volta, mas a chuva diminuía bastante a possibilidade de se ver alguma coisa. Baixou a cabeça e voltou a caminhar, tentava manter-se forte, mas era quase impossível conter algumas lagrimas. O rapaz nas sombras agora sorria, tinha encontrado sua vítima.
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O funeral tinha acabado e o garoto agora se encontrava dentro de seu quarto, deitado em sua cama, encarando o teto. O caminho de volta pra casa tinha sido silencioso, sua mãe não estava em condições de conversar. Chegaram em casa e ela saiu logo em seguida, inventou alguma coisa para ocupar a cabeça e desapareceu, deixando o filho sozinho em casa. O menino mal conseguia pensar direito, foi tudo tão rápido, ele havia achado o corpo da irmã mais nova. Traze anos e tanta dor, havia tirado a sua própria vida, e nem ao menos deixou uma carta de despedida. Pensava na última vez que tinha falado com ela, estava com raiva, brigavam sempre por motivos idiotas, ele nem lembrava qual era o motivo da briga.
Não sabia há quanto tempo estava deitado quando ouviu a campainha. Levantou ainda se sentindo entorpecido pela dor, ele não queria descer a escada, queria se jogar dela e se juntar a sua irmã, pelo menos a dor iria embora. Chegou até a porta e a abriu devagar, um estranho rapaz magro e pálido, vestido com um sobretudo preto e calças escuras estava lá parado.
– Posso ajudar?
– Na verdade, acho que é você que precisa de ajuda. Posso entrar? – O menino pensou em recusar, mas não estava em condições de raciocinar.
– Claro. – O rapaz entrou e tirou o sobretudo. Estava vestindo uma blusa de mangas compridas preta de gola em “v” e uma blusa braça em baixo desta.
– Qual o seu nome?
– Frank.
– Prazer Frank, eu sou Gerard – O rapaz estendeu sua mão para Frank que a pegou balançando de leve.
– Então, Gerard, o que você está fazendo na minha casa?
– Eu vim pra te ajudar Frank – O estranho sorria um sorriso que Frank não sabia se devia gostar, mas gostava – Seria melhor se estivéssemos sentados.
Frank murmurou algo que soou como “vem” e caminhou para a sala de estar, sendo seguido de perto por Gerard. A sala era lindamente decorada, dois sofás revestidos em veludo vinho, adornados com almofadas douradas, ficavam posicionados em frente à TV de tela plana pendurada na parede de cor champanhe. Havia um quadro ou dois nas paredes e um tapete entre os sofás e a TV. Sentaram-se no sofá maior, Frank esperou Gerard absorver o ambiente.
– Pronto pra começar? – Gerard sorria enquanto Frank moldava uma interrogação em sua face.
– Começar o que?
– Eu disse que ia te ajudar não disse?
– Mas não disse como.
– Eu sei como está se sentindo, Frank. Conheço esse sentimento – Frank sentiu lágrimas em seus olhos, mas as segurou, respirou fundo e desviou o olhar para seu colo. Gerard chegou um pouco mais pra frente para poder segurar o queixo do menor e suspender seu rosto fazendo-o olhá-lo – Eu posso fazer tudo isso passar.
– Não pode não. E não vem com essa de que entende. Você não me conhece, eu não sei de onde você saiu e não sei o que você está fazendo aqui. Sinceramente nem sei por que abri a porta – Gerard apenas sorria.
– Você abriu a porta por que no fundo você sabe que precisa de ajuda. Eu vi você hoje no cemitério e...
– Você estava me seguindo? – Frank sentiu seu corpo gelar, ele podia ser seqüestrado por aquele homem estranho pra quem tinha aberto a porta de sua casa – Quem é você e o que você quer?
– Quem sou eu posso responder depois. Quero te ajudar, mas você não deixa – Frank não respondeu – Faremos então um teste. Não vai doer, eu não quero te machucar. Mas vai ter que confiar em mim. Me dê suas mãos – O menor olhou de Gerard para as suas mãos.
– Como é que isso vai me ajudar?
– Me da logo as suas mãos – Frank revirou os olhos e estendeu as mãos. Gerard virou a palma delas pra baixo e posicionou-as acima das suas – Agora olhar pra mim, nos meus olhos e se concentra – O menor até pensou em recusar, mas o que tinha a perder? O máximo que poderia acontecer era aquele estranho matá-lo depois de tudo, e a morte não parecia uma opção tão ruim assim.
Frank fechou os olhos por um momento antes de focar-los nos de Gerard. E no momento em que o fez, sentiu o chão sumir debaixo de seus pés e já não conseguia respirar. Os olhos do maior pareciam pegar fogo dentro de suas íris, e ao mesmo tempo espelhar os olhos do melhor. Voltou a respirar ao poucos, e se deixou envolver por aqueles olhos, era uma sensação misturada de torpor e felicidade inexplicável, ele queria morar naqueles olhos para sempre. Sentiu suas mãos esquentarem na mão do outro e o corpo todo arrepiou-se, ele agora sorria inconscientemente.
Gerard apenas sorria, lia os pensamentos do menor como um livro aberto, sabia de tudo que ele estava sentindo. Seus olhos não estavam realmente em chamas, talvez fossem as imagens das memórias de Frank passando por sua íris que dessem essa impressão. Estava agora dentro da mente do menor, essa se materializava como uma sala pequena e em péssimas condições, a tinta da parede descascava e única janela abria para um céu acinzentado. Talvez esse fosse lhe dar mais trabalho. Do teto pendiam muitas fotografias que se iam por toda a extensão da sala, penduradas por fios finos e brancos que pareciam ser de seda. Gerard passava entre elas com cuidado, memórias são como vidro, se cair, quebra.
Achou o queria, memórias manchadas de sangue são as mais dolorosas. Ele cheirou o sangue e sentiu seu estomago retorcer, teria de caçar cedo. Pegou um isqueiro e queimou os fios, não todos, isso tem que ser feito aos poucos para que a pessoa não perca a cabeça. Segurou uma antes de queimar o fio, era a foto de uma menina pequena e sua mãe, o rosto da menina coberto em vermelho. Ele queimou só o pedaço da menina e pôs a memória no lugar. Caminhou até a janela para ver o resultado de sua visita, e percebeu no céu escuro um ponto mais claro onde um céu azul ameaçava aparecer.
Frank, por sua vez, continuava sentado no sofá, aproveitando cada gota da felicidade sem sentido que estava sentindo. Mas tão rápido como começou a sensação começava a desaparecer, e por mais que ele tentasse se prender a ela, não conseguia. Acordou do transe e percebeu Gerard sorrindo a sua frente, as suas mãos ainda unidas as dele, seus olhos, porém, não tinham mais o aspecto de chamas. Estavam mais uma vez verdes como os seus. O menor notou que já não sentia mais tanta dor, não sentia quase nada na verdade.
– O que foi que você fez? Eu me sinto tão... – Buscou palavras, mas não achou nenhuma pra descrever o que sentia agora.
– Acredita em mim agora?
– Sim. Mas, o que você fez?
– Eu apaguei algumas memórias ruins. Mas só as que você estava dando atenção – Gerard tirou suas mãos das de Frank, que se conteve pra não agarrá-las – Logo você vai recordar outras e a dor vai voltar.
– Por que você está me ajudando?
– É exatamente sobre que isso que eu queria falar – Gerard sorria, só que desta vez separou seus lábios, exibindo os caninos avantajados que fizeram Frank se arrepiar dos pés a cabeça – Eu quero propor um acordo.
Frank engoliu em seco, seu coração pulava em seu peito e o medo invadia sua mente. Nunca teve medo de vampiros, até ver um pelo menos. Ficou paralisado por alguns segundos, atento aos dentes do outro. Gerard apenas esperava, lendo as reações em do outro em sua mente e estudando as feições de seu rosto.
– Que acordo?
– Bom, eu posso fazer você esquecer tudo que aconteceu, tudo mesmo, sua irmã será apenas um sonho esquecido. Mas vou pedir algo em troca.
– Meu sangue? – Gerard começou a rir. Frank arqueou uma sobrancelha – O que?
– Vocês humanos são tão simples – Disse depois de conseguir parar de rir – Não, não quero seu sangue. Quero sua alma – Frank revirou os olhos.
– Ah tá – Riu sarcasticamente – E o que é que tenho que fazer? Pingar meu sangue numa folha de papel?
– Na verdade você só precisa dizer – Gerard sorria docemente – Mas devo te alertar antes de fazê-lo. Me dar a sua alma significa que, não importando onde você esteja ou o que esteja fazendo, você vai parar e me obedecer, sem essa de livre arbítrio. A partir do momento que me der sua alma, você é só meu.
Frank não acreditava em nada do que ele dizia. Sua mente se perguntava por que tinha deixado aquele estranho entrar, e agora tinha certeza de que o outro era louco. Revirou os olhos, mas pensando bem, o que tinha a perder? A sua vida não tinha muito valor para si mesmo neste momento, e se fosse para pra pensar, nunca teve. Então por que não entregar a sua alma ao estranho em troca do alívio de uma vida de memórias amarguradas? Pela primeira vez ele teria um significado para alguém.
– Aceito – A expressão em seu rosto era séria.
– Então diga as palavras – Os olhos de Gerard faiscavam em antecipação.
– Gerard – Fechou os olhos e respirou fundo – Eu te entrego a minha alma.
Esperou algo acontecer, com medo de ter feito a escolha errada, tremia. Sentia a respiração irregular enquanto pensava nos caninos pontiagudos do outro. Seu corpo arrepiou-se ao sentir a pele fria trocar-lhe a face, aos poucos abriu os olhos para encontrar o sorriso adorável e os olhos faiscantes do mais velho a sua frente. Os caninos, agora a mostra, já não te assustavam tanto.
Gerard sentiu o corpo inundar-se em prazer enquanto o menor pronunciava as palavras, não conseguiu deixar de sorrir ao ler seus pensamentos. Sabia que sentia medo, mas isso só o fazia querer reconfortá-lo um pouco mais. Afinal, ele agora era seu, e tinha que ser bem cuidado. Levou a mão ao rosto de Frank e pousou-a ali, esperando que ele abrisse os olhos. Sorriu, esquecendo-se completamente das presas em sua boca, enquanto o pequeno abria os olhos. Ficou feliz em ler no rosto e na mente dele nada mais que tranqüilidade.
– Tenho que ir agora – Tirou a mão do rosto de Frank e levantou-se.
– Posso pedir que fique? – Frank mordeu o piercing no canto de seu lábio inferior.
– Pode – Gerard sorriu maliciosamente enquanto inclinava-se na direção do menor que ainda estava sentado no sofá, queria tentá-lo. Chegou perto o suficiente apenas para sussurrar em seu ouvido, Frank prendeu a respiração – Mas não quer dizer que eu vá ficar.
Recuou para olhar nos olhos verdes do menor, em uma fração de segundos sua mente vagou perdida naqueles olhos. Em um impulso impensado, selou seus lábios com os de Frank, sentindo o piercing quente tocar sua pele fria e fechando os olhos logo em seguida. Frank, por sua vez, sentiu uma onda de calor invadir seu corpo e, em fim, deixou o ar em seus pulmões sair. O ar quente roçou levemente a pela fria de Gerard o fazendo acordar do transe que se encontrava, assim que percebeu o que estava fazendo ele correu dali, deixando a porta aberta.
Gerard correu de volta para o cemitério, chegou lá em segundos. Arfava, nunca tinha corrido tão rápido em sua vida como vampiro. Sua mente girava e embaralhava pensamentos, ele sempre fez esse “ritual” com suas vítimas, brincava com a comida antes de comer. Mas algo deu errado dessa vez, não conseguiu se conter, algo nos olhos do menor fez com que ele o quisesse. Voltaria lá no dia seguinte. Iria matá-lo, cortar o mal pela raiz. Não podia se permitir dominar por um humano, ainda mais um cuja alma lhe pertencia.
Caçou antes de chegar à casa do menor no dia seguinte, era cedo. A porta estava aberta. Entrou sem nem bater e ficou surpreso com o que viu. A sala de estar estava completamente destruída. Cacos de vidro para todos os lados, sofás em péssimo estado e o cheiro de sangue, ainda que pouco, chamou sua atenção. Subiu as escadas em segundos, o cheiro de sangue guiando-o até o quarto de Frank. Parou na porta e ouviu um soluçar baixinho. Entrou sem bater, surpreendendo o menor e fazendo-o corar um pouco.
Seus olhos vermelhos e seus lábios róseos sangrando. Algumas marcas roxas se espalhavam pelo seu corpo. Gerard sentiu seu coração pesar em seu peito. Fora ali para matá-lo, mas não conseguia nem sequer olhar para o pequeno sem querer abraçá-lo, confortá-lo. Tocou o próprio rosto e percebeu ali algo molhado. Sim, estava chorando. Ficou parado um tempo, fitando o dedo molhado sem saber o que fazer. Foi até o menor e o abraçou, pondo-o de frente pra ele em seguida.
Não precisava perguntar por que, nem quando, nem onde. Não queria saber. Só queria ajudar seu pequeno. Segurou as mãos dele sobre as suas e começou. Olhou em seus olhos e entrou em sua mente. Frank ficou quieto e tratou de cooperar, sabia que era para seu próprio bem. Gerard entrou na casa das memórias de Frank, tomou um susto quando olhou em volta. Quase todas as memórias estavam manchadas de sangue. Eram memórias recentes, de menos de 24 horas atrás. Via o rosto da mulher que chorava no enterro. Assistiu as cenas como um filme do cinema mudo. Não conseguiu apagar as memórias do menor, eram muitas.
Saiu da mente dele e Frank o olhou confuso. Ele segurou o rosto do menor, passou o dedo gélido no ferimento do lábio inferior. Analisou o piercing mais uma vez, queria chorar, sentia isso, mas segurou. Beijou a testa de Frank e sorriu pra ele, encheu a boca de veneno e lambeu o ferimento. Frank sentiu a boca arder por alguns segundo, mas logo não sentia nada.
– O que você tá fazendo aqui?
– Não importa. O que ela fez com você?
– Achei que você fosse apagar a dor.
–Eu ia, ainda vou, mas preciso saber o que aconteceu – Frank respirou fundo, soltando o ar devagar.
– Ela enlouqueceu. Depois do que aconteceu com a Anny, acho que ela perdeu o juízo – Gerard assentiu para que continuasse – Ela chegou em casa bêbada com um homem que eu não conheço. Ela queria dormir, mas ele queria que ela chupasse ele. Ele ia bater nela, mas eu me meti. Os dois gritaram comigo e me bateram. Depois disso ela foi embora com ele.
– Ela te abandonou? – Gerard estava pasmo.
– Sim. Acho que ela nunca gostou de mim de verdade.
– Eu sinto muito Frank. Vem cá – Gerard o abraçou.
– Você pode fazer passar, não pode?
–Não sei. Ela é uma memória forte. É sua mãe. Se eu apagar ela, vou apagar quase toda a sua vida.
– Então não tem jeito – Frank olhou para seu colo e deixou mais uma lágrima correr.
– Tem um jeito, mas você vai ter que confiar em mim – Gerard pensou um pouco.
– Eu te dei minha alma. O que mais posso fazer por você?
– Não quero que faça nada. Estou te devolvendo sua alma. Eu nunca senti nada tão forte por alguém em tão pouco tempo e... – Gerard olhava nos olhos de Frank, que não resistiu e o beijou.
Beijaram-se até não haver mais ar. Não que Gerard sentisse falta de ar, mas Frank era humano. Ainda. O menor não sabia o que dizer. Estava confuso com tudo aquilo, mas sabia de uma coisa. Nunca em sua vida alguém tinha tratado ele tão bem, ou dito que sentia algo por ele. Frank se deixou envolver por aquele sentimento, se sentia amado, e gostava. Gerard sentia o mesmo. O amor era um sentimento até então desconhecido pra ele. Gerard respirou fundo, inalando o cheiro de Frank.
– Eu vou fazer passar, tudo isso vai ser só um sonho. Eu prometo – Frank olhou nos olhos dele de novo.
– Vou lembrar de você?
– Vai. Vou estar aqui quando você acordar – Frank assentiu e sorriu para o maior e o abraçou. Gerard carregou o pequeno para o banheiro e o pôs na banheira. O seu olhar entristeceu-se por um segundo. Passou a mão nos cabelos de Frank.
– O que foi?
– Vai doer, muito. Tem certeza de que é isso que você quer?
– Esquecer a dor e ter um futuro ao seu lado? Sim.
Gerard sorriu e o beijou. Podia jurar que outra lágrima rolava em seu rosto. Beijou até tirar todo o fôlego de seu pequeno, depois se afastou. Frank fechou os olhos e respirou fundo. Gerard foi até sua jugular e beijou a pele quente fazendo o menor arrepiar-se da cabeça aos pés. Gerard sorriu para si mesmo e lambeu o lugar, observando Frank retorcer-se na banheira. Frank abriu os olhos e arqueou a sobrancelha, encarando o maior.
– Quer parar com isso? – Gerard riu.
– Desculpe – Frank sorriu e fechou os olhos de novo – Tá pronto? – Frank assentiu.
Gerard respirou fundo e cravou os dentes na jugular do menor, deixando o veneno fluir de suas presas para o sangue de Frank. Controlando-se para não puxar o sangue e só derramar veneno. Respirava devagar tentando manter o controle. Frank por sua vez mantinha-se parado, com medo de machucar Gerard, mas sua verdadeira vontade era de se retorcer e gritar. Sentia o veneno passar em cada veia, mutando cada célula, transformando o tecido. Assim que Gerard se afastou ele começou a se retorcer e gritar.
O maior apenas olhava a cena. Queria pegá-lo no colo, abraçá-lo, mas não podia. Ainda não. Não queria ter que observar ele se retorcer de dor, mas não podia simplesmente deixá-lo. Sentou no chão do banheiro e segurou a mão dele, sentindo o menor apertar sua mão. Ficaram assim durante cinco dias. Frank começava a sentir menos dor, mas ainda era muita. Uma força sobre humana começava a invadir seu corpo e ele começou a sangrar. Olhou desesperado para Gerard enquanto tentava parar de cuspir sangue. Os olhos do maior o tranqüilizaram.
Gerard lembrava da noite em que fora transformado. Passou a semana inteira deitado no chão. Gritando, sangrando, sozinho. Olhava agora o seu pequeno passando pelo mesmo. Pelo menos sabia que ele não estava sozinho. Mais dois dias de sangue e estava feito. Frank abriu os olhos e percebeu as luzes apagadas. Gerard segurou a mão dele e ligou a água quente pra se livrar do sangue. Tirou ele de lá e deitou-o na cama em seu colo e esperou que ele se acostumasse com a sensação.
– Por que estamos no escuro? – A voz de Frank estava fraca e um pouco rouca.
– Por que seus olhos vão ficar sensíveis a luz durante algum tempo – Gerard o abraçou mais forte, sentindo a diferença do cheiro do seu pequeno – Como você tá se sentindo?
– É estranho. Lembro de algumas coisas. Mas é muito pouco – Frank franziu o cenho – Lembro de você. E de uma mulher. Quem é ela Gerard? Parece chateada.
– Não importa quem é ela pequeno. Importa que agora você está comigo. E que eu te amo.
Beijaram-se até não conseguirem mais. Os lábios macios uma contra o outro, as línguas, ambas gélidas, lutavam por espaço. E seus corações, finalmente, estavam completos. Passaram a noite na cama. E conforme o sol nascia Frank ia se acostumando com a luz. Não se lembrava de quase nada de sua vida humana. Só lembrava de Gerard e do bem que ele tinha lhe feito. Sabia que o amava e que queria ficar com ele para sempre.
Prévia do próximo capítulo
Frank não estava acostumado a se sentir tão forte, mas gostava. Ainda não tinha saído para caçar por que Gerard não permitia. Soltar um vampiro recém-transformado no meio da rua podia ser muito perigoso. Gerard se lembrava de quando foi quando foi transformado, matou muitos inocentes sem saber o que estava fazendo, só ...
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