Fanfic: O Portal | Tema: Tokio Hotel
– Os anjos fizeram um pacto com os demônios! – Bill tentava se acalmar, mas não conseguia. Mesmo que abrisse o maldito portal, eles morreriam lutando.
– Do que você está falando? Georg, pega um copo d’água pra ele – Georg saiu do quarto – Bill, por favor, para de chorar.
Bill aos poucos parou de soluçar e passou a respirar mais devagar. Tom estava com ele em seu colo quando sentiu o corpo do menor arquear de súbito. Os olhos dele estavam brancos e brilhando, Georg deixou o copo que trazia cair ao vê entrar no quarto e ver a cena. Bill não ficou assim por muito tempo, mas foi o suficiente para parar de chorar e se levantar logo em seguida.
– Está melhor? – Gustav tocou suas costas.
– Isso não importa. Temos que sair daqui agora – Bill estava frio e sua voz mais grave – Tem dois anjos voando por aqui e ele podem sentir minha presença. Não valemos de nada mortos. Vamos.
Correram para o portal, e Bill o abriu. Eles voltaram ao porão da casa de Violet. Não subiram as escadas, precisavam saber de tudo logo.
– Pronto Bill, estamos seguros agora - Tom ainda estava preocupado – Conta o que você viu.
– Eu vi dois anjos e dois demônios em meu quarto – Bill respirou fundo e soltou o ar devagar – Eles fizeram um pacto. Conhecem o plano de Stephen e vão se juntar contra os meio termo.
– Isso é impossível! Anjos e demônios não se suportam! – Georg interrompeu.
– E você acha que isso os impede de lutar do mesmo lado? – Bill o encarou – Acredite, eles não gostam dessa parceria mais do que nós. Mas eles não têm escolha. Uniram-se contra um inimigo em comum.
– O que a gente faz então? Stephen nunca vai acreditar – Tom começou a sentir o desespero se instalando em sua espinha.
– Tom, se acalme – Gustav eliminou as tensões do ambiente deixando todos mais calmos.
– Obrigado Gustav – Bill sorriu pra ele, mas o sorriso desapareceu em seguida – Tem mais uma coisa que eu preciso dizer. Eu vi a Serena mais uma vez. Ela disse que não posso abrir o portal. Se eu tentar posso acabar morto.
– Você não vai abrir aquele portal – Tom segurou a mão de Bill e olhou em seus olhos – Vamos achar um jeito de salvar a todos.
– Quem é Serena? – Georg parecia confuso.
– Ela tem aparecido em minhas visões. Penso que seja a chave original. A primeira e a mais forte. Ela disse que vive em mim, em minha essência – Bill explicou. Começaram a ouvir vários passos acima deles e se entre olharam.
– Vamos sair daqui – Georg e Gustav partiram pelas escadas.
Bill respirou fundo e começou a andar mais devagar atrás deles. Tom puxou a mão que estava segurando fazendo os corpos dos dois se encontrarem e envolveu o menor em um abraço. Afastou o tronco um pouco mais para olhar em seus olhos. Viu a tristeza e a desesperança nos olhos de Bill. Beijou-o, não foi um beijo longo, mas sabia que era necessário. Olhou nos olhos dele de novo.
– Não vão tirar você de mim. Eu não vou deixar – Bill tentou sorrir e pegou a mão do outro, puxando-o para fora.
– Temos que ir.
Ouviram passos enquanto subiam as escadas e Bill se abaixou em posição de ataque quase por instinto. Tom acompanhou o menor em posição de ataque. Bill correu pra fora o mais rápido que pode, sendo seguido por Tom. Mas antes que pudessem alcançar a porta foram parados por uns homens que trajavam preto. Bill gritou, mas era inútil. Olhou em volta, procurando por Gustav e Georg, mas eles já tinham ido embora. Virou-se para mandar Tom fugir, mas ele também já tinha sido pego. Stephen subia as escadas por onde eles tinham passado. Já tinha descido atrás de mais alguém que pudesse estar com eles.
– Me soltem! – Bill gritava, mas eles não o soltavam. Tom nem se dava o trabalho de gritar.
– Você tá vendo “idiota” escrito na minha testa? – Stephen gritava com Bill – Ou você acha que eu não ia notar que vocês sumiram? – Virou-se para Tom – E você! Eu confiei em você para cuidar dele e você o ajuda a fugir? – Stephen suspirou e pôs uma mão na cintura enquanto a outra esfregava a sua testa – Decepcionado. É como me sinto agora.
– Stephen espera... – Tom tentou explicar.
– Calado!
– Os anjos vão se unir aos demônios! – Bill gritou tentando fazer Stephen ouvir.
– Calados os dois! – Estava furioso – Não vou acreditar em uma palavra de que dizem – Bill baixou a cabeça e suspirou – Vou enjaular os dois. Longe um do outro. Até a abertura do portal vocês ficarão presos – Bill e Tom se entre olharam em pânico – Levem o guardião para o calabouço. A chave vai ficar no porão da mansão.
Os homens começaram a se organizar para arrastá-los dali. Por mais que tentassem se soltar, nem Bill nem Tom conseguiam. Os homens que os seguravam eram tão fortes quanto eles, sem falar que os dois estavam em desvantagem. Bill estava quase sem energia por causa da abertura do portal, mal conseguia ficar de pé. Stephen foi acompanhando o grupo que arrastava Bill até a mansão, foi até o porão com eles e ele mesmo trancou a cela.
– Antes que você comece a desperdiçar energia eu vou avisar: É inútil tentar usar seus poderes aqui. Não tem como. Foi construído aqui por isso. Nessa região seus poderes na vão funcionar – Bill fez uma careta amarga.
– Posso fazer uma pergunta? – Bill se aproximou das barras da grade.
– Pode tentar.
– Quando você vai abrir o portal?
– Vai começar a rezar é? – Stephen sorriu debochando.
– Não entendi a resposta – Bill inclinou levemente a cabeça enquanto uma expressão confusa tomava sua face.
– Eu sei que você vai morrer na abertura do portal – Stephen abriu mais o sorriso, mostrando os dentes – Sei que você sabe disso. Foi aquela Serena que lhe disse não foi? A primeira chave? Pois é. Antes que pergunte, a reunião com o conselho foi bastante útil. As visões deles me ajudaram, inclusive, a achar você e seus amigos – Bill arregalou os olhos. Ele saiba de Georg e Gustav – É claro que os outros dois fugiram antes de chegarmos, mas estamos dando conta disso – Stephen virou-se para subir as escadas – E, respondendo a sua pergunta, você morre em dois dias.
Stephen subiu as escadas em um passo rápido enquanto gargalhava. Bill ainda estava perplexo. Olhou em volta e viu uma cama baixinha, mais nada além dela, só as paredes escuras e a pouca luz do ambiente. Sentou e assim que terminou de absorver as informações que tinha recebido, as lágrimas vieram a seu rosto. Passou, em prantos, toda a sua vida até aquele momento. Perguntou-se se tinha valido a pena, mas não achou uma resposta até lembrar-se de Tom. É, valeu à pena, por ele. Sorriu consigo mesmo e se permitiu recostar na cama e dormir. Sabia que em algum lugar, Tom fazia o mesmo.
–-------//-----------//-------------
Georg e Gustav tinham teleportado para a Terra assim que sentiram a presença de Stephen se aproximando. Foi tão rápido que não deu tempo nem de avisar aos outros dois. Gustav agarrou a mão de Georg e teleportou os dois para uma floresta nevada para onde sempre quis ir. Caíram na neve e levantaram-se em seguida, Georg completamente atordoado.
– Mas o que diabos... – Gustav o interrompeu explicando.
– Stephen estava vindo, pude sentir – Georg pareceu surpreso e furioso em seguida.
– E você deixou Bill e Tom lá mesmo assim?
– O que queria que eu fizesse? Desse a Stephen o tempo que ele precisava para nos pegar também?!
– Dava tempo de pelo menos avisar a eles.
– Não dava não! Por isso teleportei a gente pra cá. Assim podemos voltar pra salvá-los!
– Como se Stephen não fosse notar que voltamos!
– Você quer parar de gritar comigo e me ajudar a pensar?! – Georg arfava e em sua camisa azul marinho começavam a cair flocos de neve. Georg olhou pra cima e viu o céu nublado.
– Ainda nos trouxe para uma tempestade – Gustav revirou os olhos.
– Para de reclamar. Nós não sentimos frio. Vamos só procurar um abrigo pra não sermos soterrados pela neve.
Correram pela floresta até acharem uma caverna seca onde podiam passar a noite. Moveram alguns troncos para impedir que a neve bloqueasse a entrada da caverna e ficaram lá dentro encarando a neve cair. Sem saber o que fazer, suas mentes procuravam uma resposta para o problema. Como voltar sem Stephen saber? Como salvar Bill? Enquanto tempo o portal seria aberto? Bill estaria certo sobre os anjos demônios e o pacto? Perguntas para as quais eles não sabiam a resposta, mas não paravam de pensar nelas.
– Está ficando escuro – Georg tirou Gustav de seu incessante pensar.
– Não tem energia aqui. Vamos ter que fazer uma fogueira – Gustav suspirou e foi andando buscar os galhos que serviriam de lenha, isso o daria mais tempo para pensar. Voltou alguns minutos depois.
– Por que demorou tanto? – Ele não respondeu a pergunta.
– Eu peguei os galhos. Você acende a fogueira. E anda logo por que já tá escurecendo – Georg revirou os olhos
Pegou dois gravetos e começou a esfregar um no outro, sem conseguir nem uma fagulha. Aumentou a velocidade e mesmo assim não conseguiu nada. Gustav observava a cena com o olhar vago. Georg começou a perder a paciência e começou a assoprar a madeira, supondo que estava molhada. Antes que pudesse desistir de acender a fogueira, ele soprou mais uma vez e um jato de fogo saindo de sua boca por pouco não queimou seus dedos. Ele encarou a fogueira com os olhos arregalados enquanto Gustav fazia o mesmo.
– Não sabia que você podia fazer isso – Gustav olhava dele para o fogo.
– Nem eu. Mas parece que eu posso né?
– Não passou muito tempo como demônio não né? – Gustav foi sentar perto do fogo que agora era a única fonte de luz.
– Não. Na verdade eu fui expulso quase que assim que cheguei lá. Devo ter ficado por menos de três semanas – Georg parecia estar divagando e parou de falar como se não quisesse comentar o assunto – E você? Passou muito tempo no céu?
– Haha. Quase nada – Gustav sorria. Não parecia arrependido de ter saído de lá.
– Posso perguntar por que saiu de lá?
– Claro que pode – Gustav corou um pouco – Me apaixonei por um demônio que certa vez cruzou meu caminho.
– Ela devia ser bonita – Gustav sorriu para ele e balançou a cabeça levemente.
– Não. Mas ele era lindo e bastou cruzar meu caminho para...
– Espera aí! Ele? – Georg parecia confuso enquanto Georg virava um tomate de tão vermelho.
– É, ele. Mas a paixão e o desejo são luxos humanos que não são permitidos no céu.
– Sim, sim. Mas como assim ele? Quem é ele Gustav? – Georg insistia naquele ponto.
– Não vou te dizer.
– Ah me diz vai.
– Não! – Gustav cruzou os braços – Não digo e pronto!
– Tudo bem então – Gustav arqueou uma sobrancelha estranhando e desistência do outro – Mas você gosta de homens então? – O loiro revirou os olhos. É claro que ele não desistiria assim tão fácil.
– Não é bem assim. Na verdade eu não sei. Só sei que por ele eu caí.
– Ele deve ser bem bonito – Gustav deu de ombros e observou o escuro lá fora.
– É melhor irmos dormir, guardar energia. Amanhã decidiremos o que fazer.
– Quer dormir comigo? – Georg riu debochando – Eu juro que não mordo.
– Vai se... Quer saber? Vê se dorme! – Gustav foi deitar mais afastado do fogo, da luz, e de Georg.
Foram deitar, mas nenhum dos dois conseguia deixar de pensar nos amigos que ficaram presos no meio termo. Georg revirava os fatos, tentando enxergar uma chance que eles teriam de tirar os dois de lá. Gustav, por sua vez, sabia que eles estavam realmente presos. Não sabia como nem onde, mas a impressão que tinha era forte demais para ser ignorada. Passaram a noite assim. Os dois pensando em como salvar Bill e Tom, e virando o corpo de um lado para o outro.
Prévia do próximo capítulo
Não era tão cedo quando Georg acordou. Espreguiçou e olhou o fogo de novo, logo ficariam sem luz. Um brilho entorpecido iluminava a caverna além do fogo. Georg virou-se para ver de onde vinha aquela luz estranha e quase gritou quando viu a porta da caverna coberta de gelo. Tentou empurrar a parede, mas ela não se movia. Acordou Gustav, ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo