Fanfic: O Portal | Tema: Tokio Hotel
Mais uma vez o sol se levantava preguiçosamente no céu. Georg acordou primeiro, sentindo uma luz estranha atingir seu rosto como uma lanterna. No meio do brilho fosco e gelado da caverna, um facho de luz mais forte se fazia presente. Ele olhou na direção do foco de luz e encontrou um furo na parede de gelo. Parte dela havia derretido com o calor do sol do dia anterior e ele só notou agora. Levantou-se e foi até a parede molhada e empurrou a mão aberta no buraco, passando o braço pelo furo que tinha acabado de fazer.
Empurrou as partes mais fracas da parede, guiado pela luz do lado de fora até conseguir passar. Em seguida foi chamar Gustav que ainda dormia dentro da caverna.
– Livres enfim! – O loiro, já fora da caverna, espreguiçou-se ouvindo algumas articulações estalarem – Temos muito trabalho a fazer.
– Por onde a gente começa?
– Primeiro vamos soltar o Tom. Stephen vai estar com o Bill o tempo todo com certeza. O Tom conhece aquele lugar como a palma da mão dele. Vai ser mais fácil resgatar o Bill com ele lá.
– Mas a gente nem sabe onde o Tom está – Georg passou a mão nos fios lisos.
– Procuramos então. Só não podemos deixar de tentar – Gustav fitava os olhos do outro enquanto se aproximava um pouco mais – Vai dar tudo certo, acredita.
– Queria ter esse seu otimismo – Gustav sorriu e pegou a mão do outro.
– Coisa de anjo – Deu de ombros e Georg não pode deixar de sorrir – Agora vamos. Não temos muito tempo.
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Finalmente o dia da abertura do portal tinha chegado. Stephen vestiu-se de preto e dourado, como o príncipe das trevas que pensava ser. Usou todas as suas jóias e o cajado de ouro que guardara para essa ocasião. Tinha estar perfeito. Aguardou esse dia desde que foi expulso do céu, o dia de sua vingança. Parou na frente do espelho e arrumou os cabelos sorrindo para seu reflexo. Ajeitou a roupa mais uma vez e desceu ao porão de sua mansão quase saltitando na escada de pedra. Sorriu largamente quando o viu. Bill estava acorrentado às paredes pelas mãos, de cabeça baixa.
Ele não levantou a cabeça pra ver quem era. Na verdade fingiu nem ter notado a presença de Stephen apesar de poder sentir a energia dele se mover a sua volta. Continuou apenas respirando, poupando sua energia.
– Olá preciosa chave. Bom dia! – Esperou que Bill respondesse, mas ele se manteve em silêncio – Deveria estar mais bem-humorado, afinal, hoje é seu grande dia não é? – Ainda sem resposta – Enfim, o portal vai ser aberto ao meio dia, alguém vai vir aqui dar um jeito nas suas roupas, afinal, você não pode aparecer assim para meus súditos – Fez uma pausa – Sabe? Eu achei que como chave você fosse muito mais poderoso que isso. Fica aí quietinho, sem fazer nada. Nem tentou fugir! – Bill trincou os dentes e mordeu a língua, se obrigando a ficar em silêncio – Bom, eu não tem para perder né? Tenho que checar toda a tropa, checar os armamentos e tudo isso. Tchau chave.
Os passos na escada foram se afastando até que não fossem mais audíveis. Bill não se mexia, só pensava. Então era isso, ele e Tom jamais se veriam outra vez. Suspirou, não queria acreditar que já tinha acabado. Uma semana com Tom foi suficiente para viver mais do que viveu em toda a sua vida. Recusou-se a chorar, não queria se mostrar fraco, apesar de estar completamente sozinho. Já tinha chorado demais.
No fundo de sua mente uma voz soou tranqüila “Calma criança, nem tudo está perdido” Arrepiou-se com o tom familiar. “Serena?” Pensou como se pudesse falar com ela, mas não obteve resposta. Ficou inquieto o resto da manhã, pensando. Como nem tudo estava perdido se ele ia morrer? Ficou tentando raciocinar algo que fizesse sentido e acabou não chegando a lugar nenhum.
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Já no meio termo Georg e Gustav corriam contra o tempo. Não sabiam onde Tom estava, e tinham apenas uma dica de onde Bill poderia estar. E mesmo que ele estivesse com o Stephen, eles não tinham idéia de como entrar na mansão. Mas ainda assim a mansão tinha que ser o primeiro passo.
– Tem certeza Gustav? – Georg espiava dos portões com Gustav logo atrás dele.
– O plano é bem simples – Gustav repetia pela terceira vez no dia – Precisamos soltar o Tom primeiro, mas não sabemos onde ele está. Então vamos achar o Bill, perguntar onde o Tom está, aí soltamos o Tom e voltamos pra pegar o Bill. Depois damos o fora daqui o mais rápido possível.
– Por que não tiramos logo o Bill daqui?
– Por que o se o Stephen perceber que a chave sumiu, vai bloquear o guardião em segundos. Não vamos conseguir chegar ao Tom, e com certeza o Stephen vai ameaçar alguém pra fazer o Bill voltar. Agora vamos!
Algumas pessoas estavam andando pelos jardins, guardas com certeza. Georg congelou em sua posição fazendo Gustav parar também.
– Tem guardas ali. Não tem como passar. E agora?
– Agora a gente improvisa! – Tinha o sorriso mais devasso em sua face – Espere o sinal, mas tem que ser rápido ouviu? – Georg acenou afirmativamente com a cabeça – Eu vou ao outro lado da mansão fazer algo que chame a atenção deles. Assim que eles correrem em minha direção você invade a casa e acha o Bill, ele deve estar no porão, e depois disso você volta! Eu vou mantê-los ocupados.
– Eu sou bem mais rápido que você, por que eu não distraio eles? E por que o porão?
– Justamente por que você é mais rápido. Não sabemos se Stephen está ai dentro ou não. Precisa chegar ao Bill o mais rápido possível. E o porão, por que é o único lugar onde não se pode usar poderes lembra?
Georg apenas acenava com a cabeça e ouvia. Gustav virou-se para ir cumprir sua parte do plano, mas Georg segurou sua mão puxando o para um beijo. Um beijo doce, com um toque de urgência, que acabou rápido. Um “Boa sorte” sussurrado no ouvido antes de deixa-lo ir.
Mal teve tempo de contar até dez quando os guardas correram para os fundos da mansão. Georg engoliu em seco enquanto atravessava o jardim e a porta o mais rápido que podia, indo direto a porta do calabouço. Seja lá o que Gustav tivesse feito, deve ter sido bom, porque nem as pessoas que deveriam estar na mansão estavam de fato.
Chegou à escada do calabouço e desceu quase tropeçando nos degraus, quando terminou de descer achou um Bill preocupado que não parava quieto, balançado um pouco as correntes, perdido em pensamentos. Chegou se aproximou um pouco mais e o chamou, os olhos do moreno quase saltaram da órbita quando o viram. Mas antes que ele dissesse qualquer coisa Georg pôs o dedo em seus próprios lábios, pedindo silêncio, Bill imediatamente conteve-se e acenou com a cabeça.
– Bill – As palavras eram quase sussurradas – Eu quero saber onde Tom está.
– Georg vocês tem que me tirar daqui!
– Eu sei, mas... – Suspirou e revirou os olhos, ia ter que explicar tudo pra ele – Temos que tirar o Tom de lá primeiro por que você não pode sumir da vista do Stephen assim. Vai dificultar as coisas pro Tom. Olha, é bem complicado. Só me diz onde ele tá.
– Eu não... – Bill encarou o chão por alguns segundos – Stephen disse um calabouço! Mas não sei qual...
– Só existe um calabouço no meio termo – Georg pareceu fazer um breve calculo mental – Ok. Obrigado Bill, tenho que ir – Bill assentiu e voltou a sua inquietação – A gente volta pra te pegar, tá bom?
Não esperou uma resposta. Antes que Bill pudesse dizer qualquer coisa Georg já estava correndo escada à cima, rezando para que Gustav ainda estivesse distraindo os guardas. Atravessou o portão, mas não o viu do lado de fora. Deu a volta, e nada de encontrar o loiro. Quando olhou a porta da mansão de novo seu coração congelou, e seu instinto fez ele se esconder o mais rápido possível. Gustav estava sendo carregado pra dentro da mansão por alguns guardas, ele tinha sido pego.
Seu peito subia e descia enquanto ele tentava raciocinar o que fazer. Queria ir buscar Gustav apesar de saber que era muito pouco provável que fosse conseguir alguma coisa. Estava entrando em desespero quando em sua mente, uma voz estranha soou tranquila “Vá atrás de Tom” Ficou confuso, queria responder, argumentar, mas não conseguia achar argumentos fortes. “Vá agora antes que seja tarde, ele vai ficar bem”.
Georg não conhecia aquela voz, mas por algum motivo confiou nela, e fez como mandado. Correu e em poucos segundos estava na porta do alçapão que dava para o calabouço.
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Bill ainda estava pensando em como Georg tinha conseguido entrar na mansão de Stephen quando ouviu a confusão na escada. Vários homens trajando preto entraram e prenderam alguém ao seu lado. Não deu muita importância ao evento, mas assim que os homens saíram ele ouviu seu nome ser chamado. – Bill! – S&oacut ...
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