Fanfic: O Portal | Tema: Tokio Hotel
uma manhã até bonita para uma segunda-feira, ainda mais no meio do inverno alemão. Bill estava sentado na cadeira de sempre no fundo da sala durante a segunda aula, com Tom ao seu lado. Bill não parava de pensar em seu plano, era até infantil se fosse prestar bastante atenção, mas ele não se importava. A questão é que depois de tanto tempo sendo ignorado e vendo pessoas a sua volta, ele não via a hora de arrancar o sorriso de cada uma delas. Queria ver o medo se espalhar no rosto delas, mas tinha que se livrar de Tom primeiro. Temporariamente, é claro, pois Tom em tão pouco tempo tinha se tornado indispensável.
– Pode fazer um favor pra mim?
– Depende do favor.
– Já que é o meu último dia nesse lugar eu queria pegar alguns livros – Bill abriu o sorriso mais lindo – Você poderia pegá-los pra mim?
– Bill, você sabe que eu não posso me afastar de você. – Bill revirou os olhos e voltou a sorrir.
– Não sou tão indefeso assim ok? – Tom manteve-se sério – Por favor! Eu juro que se aparecer qualquer coisa eu grito bem alto.
– Não é uma boa idéia Bill.
– Por favorzinho? – Bill piscou os olhos e fez a cara mais fofa que alguém poderia imaginar. Tom suspirou e revirou os olhos.
– Tá bom. Mas eu vou ficar atento a você. E não faça nada estúpido ok?
– Mhmm.
Era a desculpa perfeita. Bill tinha prometido que nunca mais iriam a escola depois daquele dia, afinal era dispensável, então seria normal que ele quisesse alguma coisa para fazer no tempo que não estava lá. Alem disso, os títulos que Bill tinha escolhido jamais seriam encontrados na minúscula biblioteca da escola. Tom passaria pelo menos um horário na biblioteca, tempo suficiente para Bill executar seu plano. Sorriu para si mesmo assim que Tom se virou, parando logo depois para seguir para a sala de aula.
Sentou em seu lugar de sempre e observou enquanto as pessoas entravam, algumas olhavam confusas para o lugar vazio ao seu lado e ele apenas sorria com a ansiedade pelo que viria. Assim que o professor entrou Bill fez a porta bater com tudo, fazendo as luzes piscarem logo em seguida. O homem pálido se benzeu e alguns alunos o imitaram, antes que ele pudesse pegar o piloto Bill fez o objeto suspender-se no ar e ir até o quadro para começar a escrever. Observava a reação de todos, alguns olhavam em volta como se para descobrir algum truque, outros apenas se benziam e começavam a rezar, quase riu, mas lembrou-se que tinha de se concentrar.
Escreveu o nome de cada um de seus colegas um a um, mas antes de chegar à metade da lista de nomes, sua cabeça começou a doer. Sentia latejar de dor, se curvou sobre a mesa e deixou o piloto cair no chão. Toda a turma e o professor ainda encaravam o quadro, boquiabertos, o professor se aproximou do piloto a fim de examiná-lo para achar alguma evidência de um truque mal feito. Mas assim que deu um passo na direção do piloto ele, e toda a classe ouviram Bill gritar. Um grito alto, que as pessoas da sala ao lado muito provavelmente ouviram.
Bill sentia uma dor forte acompanhada de uma pressão a cabeça que fazia seu cérebro querer sair por seus ouvidos. Pôs as mãos contra as orelhas e serrou os dentes o mais forte que podia, sentiu que ia desmaiar, fechou os olhos e esperou pelo pior. Podia ouvir os pensamentos de todos a sua volta como se gritassem para ele, alguns o culpavam pelo acontecido – e não estavam errados – outros pediam misericórdia pela sua alma, e alguns até pensavam em ajudar, mas o medo não permitia.
Estava perto de perder a consciência quando tudo parou. Tirou as mãos dos ouvidos e caiu ao lado da cadeira, fraco demais para levantar, ofegava. Ficou parado um tempo até conseguir de fato levantar-se, ainda estava meio tonto. A claridade incomodava seus olhos, piscou algumas vezes, e para quem via de fora começava a ficar perigoso. Suas pupilas estavam ficando transparentes e uma esfera de luz começava a se formar em volta de seu corpo. Bill quase não conseguia enxergar por causa da claridade, só via a luz a sua volta e já não sabia bem onde estava.
Uma imagem se formou dentro da esfera e começou a caminhar em sua direção, a medida que seus olhos se acostumavam com a luz e a figura se aproximava ele pode perceber que era uma mulher vestida de branco. Ela parou a sua frente e tocou seu rosto, e assim que sua pele fez contato com a dela ele pode ouvi-la.
“Calma criança, você não sabe o que esta fazendo” A voz era suave e o rosto a sua frente exalava ternura.
“Sei sim, afinal, já estou fazendo não é?” Apenas pensou, mas percebeu pela expressão no rosto da mulher, que ela também podia ouvi-lo “Desculpe” Corou.
“Tudo bem” sorriu, e pela primeira vez Bill reparou na beleza da pessoa a sua frente. Seu sorriso era doce e os olhos, ainda que quase penetrando os seus, o faziam sentir bem. A pele era alva e os olhos castanho claro “Como se chama?”
“Bill”
“Sou Serena”
“E o que ou quem é você exatamente?”
“Pode se dizer que sou você, ou estou em você” Ela mantinha um meio sorriso no rosto.
“Não entendi” Bill franziu um pouco o cenho.
“Nem tem como, não foi criado para entender. É muito novo, e nem está entre os da espécie”
“Do que está falando? Que espécie?” O sorriso de Serena desapareceu por um momento.
“Eu teria que te mostrar muita coisa, mas por algum motivo eu não consigo transportar você”
“Por que não?”
“Não sei ao certo... Conhece seus pais?”
“Minha mãe”
“De que meio ela é?”
“Meio?”
“É. Céu ou inferno?”
“Ah, não, minha mãe é humana”
“O que?! Isso não é possível. A nossa linhagem não pode se misturar assim!” O rosto de Serena ficou completamente sério e a ternura havia desaparecido. Ela retirou sua mão do rosto de Bill, mas eles ainda podiam se ouvir.
“Não sei do que está falando”
“Claro que não sabe! É por isso que não consigo te transportar!” A esfera de luz em volta deles tremeu e piscou, pondo Bill e Serena em posição de defesa.
“O que foi isso?”
“Estamos sob ataque”
“E o que pode estar nos atacando aqui? Aliás, o que é aqui?”
“Bill, ainda estamos na sua sala” Bill arregalou os olhos e olhou em volta, não era possível “ou melhor, você está”
“O que é que a gente faz agora?” Ele tentava manter-se calmo, mas o pânico começava a invadir sua mente.
“Se acalme e me escute” Bill controlou sua respiração e olhou para Serena “Eu vou voltar pra falar com você, mas agora eu preciso que se concentre para sair vivo daqui, ok?” Bill assentiu “Já que você não é de linha pura eu não sei bem como isso vai terminar, mas temos uma chance. Tem que ser muito bem feito pra dar certo, então se concentre”
“Ok” Bill fechou os olhos e tentou esvaziar sua mente para se concentrar melhor na voz de Serena, mas o barulho de fora da esfera começava a entrar e ele ouviu a voz de Tom.
“Se concentra Bill! Temos pouco tempo!” Bill sacudiu a cabeça e tentou de novo “Estamos envoltos em uma esfera de luz, você criou ela sem querer, mas pode destruí-la se quiser. Apenas faça ela expandir, mas espere! Tem que colocar toda a sua energia nisso. Cada gota de sua aura tem que estar focada em fazer essa esfera expandir o máximo que puder”
“Não sei se consigo Serena”
“É a sua única chance” Serena começou a caminhar em direção a nada e assim como apareceu, sumiu, deixando Bill sozinho na esfera de luz que já não era tão segura.
Bill se concentrou de novo, ignorando os sons a sua volta e focando apenas em expandir a esfera. Sentiu o corpo tremer com a concentração de energia, e então a liberou, toda de uma vez, sentia-a fluir pra fora de seu corpo por suas mãos, pernas e até mesmo pelos olhos. Seu corpo flutuava no meio do que um dia foi sua sala de aula. Aos poucos a energia foi se esgotando e, como Serena disse, ele foi perdendo a consciência. Olhou em volta uma última vez enquanto seu corpo deixava de flutuar, queria vê-lo, tinha certeza que tinha ouvido a voz de Tom de dentro da esfera e queria ter certeza de que ele estava bem. Mas tudo que viu foram as paredes destruídas e três copos no chão do que podia ser o corredor. Reconheceu um deles, mas desmaiou antes de poder gritar.
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Bill acordou em um lugar escuro e fechado. Tentou reconhecer o lugar em que estava, mas por causa da escuridão, só conseguiu reconhecer a cama em que estava deitado. Se sentia leve e cheio de energia, como a muito tempo não se sentia, espreguiçou, ouvindo algumas articulações estalarem e se virou na cama. Levantou devagar e enfim p ...
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