Fanfic: O Portal | Tema: Tokio Hotel
Bill acordou em um lugar escuro e fechado. Tentou reconhecer o lugar em que estava, mas por causa da escuridão, só conseguiu reconhecer a cama em que estava deitado. Se sentia leve e cheio de energia, como a muito tempo não se sentia, espreguiçou, ouvindo algumas articulações estalarem e se virou na cama. Levantou devagar e enfim percebeu que não estava em seu quarto. Quase pulou ao lembrar-se do que tinha acontecido, mas se conteve logo em seguida, afinal, não era uma boa idéia ter uma crise de pânico num lugar desconhecido.
Lembrou de Tom e de Serena. Criou como por instinto uma espécie de bola de luz que se movia pelo quarto para ele conseguir enxergar o que tinha a sua volta. Não viu nada que fosse familiar, na verdade, o quarto nem tinha muita coisa, além da cama onde ele tinha ficado só tinham mais alguns quadros nas paredes. O quarto não parecia grande, mas a luz que criara não era forte o suficiente para iluminar tudo, suas paredes eram cinza claro, e não tinha janelas. Enquanto olhava um dos quadros com mais atenção ele sentiu alguma coisa se mover no quarto, fazendo-o assustar-se e acidental mente apagar a luz. Se concentrou e criou outra, quase pulando de susto ao notar um rapaz forte e louro que estava em pé do outro lado do quarto. Bill engoliu o grito que tentava escapar pelos seus dentes e tentou se manter calmo.
– Quem é você? – Sua voz ainda tremia um pouco, mas o rapaz não parecia notar.
– Sou o Gustav, e antes que pergunte, você está no meio termo.
–Por quê?
– Você pelo menos lembra do que aconteceu?
– Lembro, mas com tanta clareza. Eu lembro de ter desmaiado, e de ter visto uma mulher.
– Nós íamos levar você pra sua casa, mas você já é difícil de proteger, imagina desacordado e ainda mais depois daquela bagunça que você fez, ficou impossível. Tinham anjos e demônios por toda parte, você não tem idéia do que passamos para trazer você aqui – Gustav sorria, um sorriso meio de lado, mas ainda assim muito bonito.
– Quanto tempo eu fiquei inconsciente?
– Uma semana inteira.
– Nossa! E minha mãe? E Tom?! – Bill começou a ficar agitado com a possibilidade de um deles ter se ferido por sua causa, afinal, não os tinha visto nenhum desde que acordou.
– Bill, tenha calma, não se agite pra não perder o controle, Tom está bem e graças a ele,o resto de nós também – Bill pensou em perguntar como ele sabia seu nome, mas a essa altura, todos sabiam.
– É melhor sentar – Gustav caminhou até ele, pegou sua mão e o puxou para sentar-se na cama – Você tem que compreender que o que fizemos foi para o bem dela, e pro seu também.
– Vocês mataram minha mãe?!
– O quê? Não! Apenas apagamos a memória dela.
– Ela não vai mais lembrar de mim? – Seus olhos brilharam molhados, ele piscou para livrar-se das lágrimas que teimavam em se acumular ali – Acho que é melhor assim né?
Bill se encolheu um pouco, não que ele fosse realmente chorar por causa disso, mas apesar de nunca ter dado a atenção que merecia, ela ainda era a sua mãe. Suspirou e fechou os olhos, as lágrimas parando logo em seguida, estava orgulhoso de si mesmo por não deixar nenhuma escorrer. Gustav, por instinto, o abraçou, mantendo-o próximo de seu peito, ninando-o um pouco, afagando seus cabelos, tentando confortá-lo.
– Você não tem que fazer isso – Bill se afastou um pouco e Gustav chegou a corar constrangido.
– Desculpe, não me acostumei ainda.
– Se acostumou com o que?
– A frieza deste mundo, não sei se vou me acostumar com isso – Bill pensou em ler a mente dele, mas concluiu que seria rude.
– E de que mundo você é?
– Não mundo, dimensão. Acredito que Tom já tenha te contado como se chega ao meio termo – Bill assentiu – Muito bem então. Sou um meio termo em formação. Meu corpo está pronto, mas minha mente não. Ainda penso e ajo como anjo em algumas situações – Gustav encarou os próprios pés frustrado consigo mesmo. Bill foi ficar de joelhos a sua frente e pôs a mão no rosto do outro, olhando em seus olhos. Não demorou para Bill estar lendo os pensamentos do outro e o nome que surgiu o fez se alterar de tal forma que a luz se apagou.
– Tom! Ai meu Deus! Tinha esquecido ele! Onde é que ele está? – Bill pulava pelo quarto, na duvida entre ficar e esperar Gustav responder ou sair correndo e descobrir sozinho.
– Calma Bill! Ele está bem, nossa! – Bill parou e corou violentamente, olhando apenas para seus pés – Mandei chamá-lo assim que soube que estava acordado, ele passou muito tempo esperando você acordar, mas foi chamado pelos superiores para dar um relatório. Quer que eu o mande entrar? Ele já deve estar por aqui.
– Sim por favor – Bill nunca agradeceu tanto por estar tão escuro, apesar de Gustav poder sentir seu constrangimento.
Gustav saiu do quarto, Bill ia segui-lo, mas esse fez um sinal para que ficasse. Bill não quis acender a luz, ele não sabia bem como estava agora. Sabia que estava com um jeans, mais claro e mais folgado do que estava acostumado. A blusa era escura, mas não preta e também era um pouco folgada. E ele com certeza não estava usando maquiagem, então achava melhor a luz apagada. Instantes depois a porta se abriu e fechou em seguida, Bill não precisava ver pra saber quem era.
– Tom! – Voou para o maior abraçando o mais forte que podia – Você está bem! Fiquei tão preocupado quando ouvi sua voz naquele lugar. Onde é que você estava?
Tom não disse nada por alguns segundos, tinha chegado ali o mais rápido que pode, só se separou de Bill por aquele pequeno intervalo de tempo desde o acontecido. Não sabia se seu pequeno ia acordar, ele podia estar em coma ou em transe, sem mencionar seus superiores que lhe cortariam a cabeça. Nunca tinha sentido tanto medo em sua vida como meio termo, então naquele momento queria apenas se permitir abraçar, sentir o cheiro do menor.
– Tom? Tá tudo bem com você? O que você tem? Por que não diz nada?
– Eu preciso te ver – Tom correu até uma das paredes e acendeu o que seria uma luminária na parede, mas não tinha nenhuma espécie de apoio, como se flutuasse na parede. A luz branca, porém fraca se espalhou pelo quarto.
Bill cobriu os olhos por alguns segundos e quando finalmente tirou as mãos do rosto Tom estava a sua frente. Olhando em seus olhos, quase os penetrando. Em questão de segundos ele colou os lábios com o do menor, beijando, mais intenso do que nunca. Bill ficou estático por um tempo até perceber o que estava acontecendo, mas assim que percebeu e reagiu ao beijo, devolvendo na mesma intensidade. Suas línguas batalhavam por espaço em sincronia enquanto seus pulmões clamavam por ar. Tom carregou Bill e o deitou na cama, pressionando seu corpo em cima do menor. Pararam apenas para tirar as camisas e arremessarem em algum lugar do quarto, Tom parou para observar Bill, esse começou a corar até que o maior se lançou em seu pescoço, beijando e lambendo com cuidado pra não deixar marcas.
– Hm... Ah! – Bill não conseguia conter os Gemidos que ia escapando sua garganta – Ah...! Tom, hm...!
– Shhh, Bill, eles podem nos ouvir aqui – Tom ia voltar para o pescoço de Bill, mas quando estava prestes a fazê-lo a porte se abriu quase que de súbito os fazendo quase voar um para cada lado do quarto.
– Tom, o Stephen quer ver... O que vocês dois... To interrompendo? – Georg estava parado ainda com a mão sobre a maçaneta com a cara mais confusa do mundo. Tom já tinha achado sua camisa e agora a vestia enquanto saia do quarto mais do que puto da vida.
– Não está interrompendo nada não. Arrume a chave para ser levada ao Stephen, rápido – Disse e saiu do quarto deixando Bill e Georg a sós.
– Não liga pra ele não, ele esquenta fácil – Georg sorriu meio sem graça.
– Já percebi – Bill deu de ombros, e percebeu que ainda estava sem camisa, mas ela não parecia estar em nenhum lugar do quarto.
– Procurando isso aqui? – Georg girava a camisa na ponta do indicador – Não vai precisar mais dela, temos que arranjar uma nova, afinal, você vai conhecer o chefe. Vem comigo.
Bill assentiu e seguiu Georg pra fora do quarto. Ele estava feliz de finalmente sair daquele quarto, mas também nervoso por saber quem o esperava. A porta do quarto dava direto em uma escada, subiram e vou logo Bill começou a ouvir algumas vozes que pareciam humanas. Georg virava de cinco em cinco passos para checar se o garoto estava acompanhando. Chegaram à superfície e Bill ficou meio constrangido de estar andando sem camisa no meio de gente desconhecida portanto só encarava seus pés e o do rapaz a sua frente.
O meio termo era muito parecido com a Terra, exceto pelo fato de que o céu era bem mais escuro, parecia não haver Sol, e por isso, tinha postes de luz que pareciam bem antigos. Pessoas conversavam normalmente e nem se davam ao trabalho de olhar para Bill, nenhuma delas sabia que se tratava da chave do portal. Georg entrou numa casa pequena, mas muito bonita, branca e com algumas plantas – que Bill se perguntou como sobreviviam ali – na frente. A porta se abriu antes de eles sequer baterem, uma linda mulher apareceu logo em seguida. Seu cabelo era roxo e descia em leves curvas até a sua cintura. Usava um vestido tomara que caia preto e tinha algumas tatuagens nos braços.
– Olá Ge. Que bom que o trouxe – Ela sorriu para ele e se virou para Bill – E você deve ser a chave. Tem nome?
– Bill.
– Ótimo Bill, entre – Ela entrou e Georg fez um sinal para que Bill entrasse primeiro – É o seguinte Bill, o Stephen é um pouco exigente com aparências, pra não chamar de chato. Vamos arranjar algo pra você vestir ok?
– Eu posso saber seu nome? – A mulher parou por um segundo, curiosa, qual era a utilidade de seu nome para aquele garoto?
– Violet – Ela olhou para Georg como esperando um esclarecimento, este apenas deu de ombros e foi para outra sala – Enfim Bill, temos um closet inteiro esperando por você, e depois vamos dar um jeito no seu cabelo.
Bill tentou imaginar o estado em que seu cabelo se encontrava, a essa altura já deveria estar precisando retocar a tinta. Entrou no que parecia ser um salão de beleza, escolheu o jeans mais preto e apertado do cabide de roupas e a blusa mais escura que encontrou, de mangas curtas. Em seguida foi pintar as raízes de preto e logo em seguida fez a sua maquiagem como de costume. Parou e se olhou no espelho antes de sair do lugar, Georg e Violet o esperavam do lado de fora, não estava perfeito, mas daria pro gasto. Calçou os coturnos que achou por lá e saiu. Levantou os olhos de si próprio apenas para ver os rostos de seus acompanhantes se transformar, boquiabertos. Sorriu levemente, pensando em como ele deveria estar antes para causar tanto espanto.
– Vamos? – Arqueou uma sobrancelha tirando os dois do transe.
– Claro... er... Violet, foi um... Uau – Georg não conseguia fechar a boca enquanto admirava o menor – Temos que ir Bill – Saiu em disparada pela porta sem dizer mais nada.
– Não liga pra ele, ta só evitando problemas – Violet sorria largamente, exibindo seu piercing no freio superior.
– Problemas tipo o que?
– Tipo jogar você numa parede e te beijar até perder o fôlego, e, aliás, não é só ele que corre esse risco – Violet passou a língua nos lábios e sorriu maliciosamente. Bill apenas arqueou a sobrancelha mais uma vez e sorriu.
– Obrigada pela ajuda, mas creio que tenho um compromisso inadiável – Saiu andando rápido pela mesma porta por onde Georg tinha fugido a pouco.
Saiu da casa diminuindo o ritmo da caminhada, ainda se acostumando com o ambiente. Assim que passou pela porta pode sentir os olhares se prendendo a seu corpo, o desejo de alguns, e apenas a inveja de outros. Os meio termo não eram puros como os anjos, tinham grande parte dos sentimentos humanos, tantos os mais bonitos quanto os mais sórdidos. Olhou em volta e logo identificou Georg, encostado em um poste mais afastado, a camisa aberta e um cigarro na boca. Se aproximou aos poucos, andando do jeito mais sexy que podia, provocando-o.
– Não sabia que essas coisas faziam efeito em vocês.
– Somos mais humanos do que pensa Bill – Jogou o cigarro no chão e pisou – Vamos? – Bill apenas assentiu e seguiu o maior que agora disparava na frente.
Bill não teve dificuldades para acompanhar Georg, na verdade quase o passou. Estar no meio termo parecia aguçar ainda mais suas habilidades, podia ouvir todos a sua volta, e sentir a presença de seres a quilômetros de distância, se sentia poderoso como nunca. Correram até chegar a um muro alto com um portão gradeado grande e preto com espinhos nas pontas. Depois dos portões, um caminho de pedras escuras no meio de um jardim de plantas estranhas e espinhentas, levava a um casarão. Um rapaz loiro e baixinho veio até o portão e trocou algumas palavras com Georg. Ele pareceu extremamente interessado em Bill, que se mantinha concentrado na casa atrás do portão.
– Escute garoto – Georg começou assim que o rapaz loiro estava longe o suficiente – Stephen não é uma pessoa fácil de lidar. É presunçoso, acha que sabe de tudo, e é o mais velho de todos nós, e também o mais sábio.
– Tom já me contou essa história – Bill parecia entediado, cansado de ouvir a mesma história sempre.
– Hm... Se você diz... Mas tenha cuidado com o que vai dizer lá dentro está bem?
– Prometo me comportar – Chegaram a porta do casarão e Georg tocou a campainha.
– Daqui pra frente é você sozinho.
– Te vejo depois?
– Provavelmente – Georg correu saiu dali o mais rápido que pode.
Bill o observou correr até ouvir um suave pigarro atrás de si. Se virou devagar, um pouco nervoso.
Prévia do próximo capítulo
Um rapaz de sobretudo preto o esperava sorrindo. Bill deu um sorriso suave e entrou. A casa era decorada em estilo vitoriano por dentro. Logo a frente da porta, uma escadaria que levava direto para o segundo andar, e depois para o terceiro, onde várias portas estavam fechadas tudo muito bem iluminado. O rapaz fechou a porta e pediu para Bill segui-lo, os passos r&aa ...
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