Fanfic: Into The Dark | Tema: Tokio Hotel

Estava tudo planejado. Dave, o mordomo-motorista de Bill, tinha passado a madrugada arranjando os documentos falsos que dariam a Bill acesso a escola. Tinha em um envelope todas as informações do moreno de tranças, desde a data de nascimento até a data de casamento de seus pais, valores na conta bancária, tudo. Não foi tão difícil assim, afinal, quando se é rico e exibe riqueza como ele faz as pessoas tendem a ficar curiosas. Foi até o quarto de seu senhor para deixar o envelope e pegar o cheque que Bill tinha deixado para ele.

Bill acordou mais cedo pra se arrumar. Tomou uma ducha ao invés do banho de banheira para ser mais rápido. Pegou alguns livros para o caso de ficar entediado e algumas canetas. Vestiu a roupa e abriu o envelope lendo e prestando atenção em cada detalhe, estudaria na mesma turma que Tom, Dave tinha se encarregado de montar tudo perfeitamente. Desceu as escadas pra continuar lendo enquanto ia para a escola. Fazia um tempo que não pisava na escola por isso estava meio inseguro, fazia tempo que não se sentia inseguro também. Riu de si mesmo e mordeu o lábio inferior enquanto lia sobre os interesses de seu alvo.

Entrou na escola e foi direto à secretaria para pegar os horários como todo novo aluno deveria fazer. Entrou na secretaria e uma mulher de cabelos escuros e cacheados lixava as unhas atrás do balcão. Seu decote era o maior possível e Bill não pôde deixar de notar a súbita perda de interesse dela nas unhas ao vê-lo entrar. A mulher se inclinou um pouco pra frente a fim de exibir ainda mais os seios.

- Olá, bom dia. Em que posso ajudá-lo?

- Sou novo aqui – Bill sorriu encantadoramente – Vim buscar meus horários.

- Seus... Hm... Horários... Ah! Sim, claro horários. Espera aqui que eu vou lá buscar viu? – A mulher levantou atordoada, mas voltou no meio do caminho – Sabe qual o número da sua turma?

- Não tenho ele aqui comigo – Tinha esquecido.

- Serve o seu nome.

- Bill.

A mulher saiu de novo e voltou pouco tempo depois com os horários e uma ficha. A mulher entregou alguns papeis a Bill, explicou seus horários e pediu que ele preenchesse uma ficha. Entregou-lhe a chave do armário olhando em seus olhos e segurando o mais forte que podia. Bill riu por dentro, a mulher era o mais clichê que o sexy podia ser. Previsível. Revirou os olhos, arrancou a chave da mão dela e saiu da secretaria. Acabou entrando na sala quase junto com o professor, mas preferiu em esperar um pouco antes de entrar.

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Tom tinha chegado mais cedo que o de costume, não tinha dormido direito. Foi direto para a sala e, em poucos minutos, Georg e Gustav chegaram.

- Por que chegou cedo? – Georg jogou sua mochila na mesa a frente de Tom e Gustav ao lado de Georg.

- Não dormi direito – Tom deus de ombros – Vocês viram o show na boate ontem?

- E tinha como não ver? – Gustav sorriu – Alguém tem o número daquela gracinha?

- Acho que era homem hein? – Georg gargalhou enquanto Gustav corava constrangido.

- Bom dia meninos! O que foi Gu? – Uma menina de cabelos compridos e castanhos tinha se aproximado com duas meninas atrás dela. Gustav deu de ombros e voltou a sorrir.

- Nada não Lucy – A menina sorriu e foi dar um selinho de bom dia em Tom. As meninas que vieram com ela só acenaram para os meninos e começaram a conversar entre si.

- Que foi amor? To sentindo você meio aéreo – Tom olhou para ela e forçou um sorriso. Não estava com paciência para Lucy.

- Ele devia estar pensando no cara que tava dançando na boate ontem – Georg riu e Gustav revirou os olhos.

- Como assim? – Lucy fingiu estar ofendida e Tom deu de ombros.

- Era até bonito – Riu, provocando-a.

- Tom, você para com isso hein?

- To brincando. Relaxa. Vai sentar, vai.

Antes de ela poder reclamar de novo o professor entrou na sala pedindo que todos sentassem e fizessem silêncio. Lucy deu mais um selinho em Tom antes de ir se sentar com suas amigas em algum outro canto da sala. Bill entrou assim que todos tinham terminado de sentar. O professor o olhou uma vez como se não o tivesse notado e logo depois voltou a olhá-lo com mais interesse. Arqueou uma sobrancelha e Bill o entregou um papel que a secretária tinha lhe dado junto com os horários.

Enquanto o professor analisava o papel Bill aproveitou para localizar sua vítima. Notou que vários olhares se focavam nele, estava acostumado com os olhares, mas as meninas realmente só faltavam engoli-lo com os olhos. Riu consigo e continuou procurando o menino de tranças. Encontrou Tom do mesmo jeito que os outros, olhou em seus olhos e sorriu de leve. Tom arrepiou-se dos fios de cabelo até o pé. Algo naquele garoto era assustadoramente familiar. Georg e Gustav olharam pra trás e arquearam uma sobrancelha.

- Seja bem-vindo – O professor apertou a mão de Bill e fitou seus olhos. Se sentiu preso ali, mas acordou em poucos segundos – Turma, esse é o aluno novo. O...

- Podem me chamar de Bill – Sorriu. Os dentes brancos, apesar do cigarro, fizeram mais da metade das meninas suspirarem.

Foi sentar no fundo, a uma cadeira de Tom. No caminho, Lucy sorriu e piscou pra ele. Ele a reconheceu do envelope que Dave tinha lhe entregado, era a namorada de Tom. Sentou e encarou o quadro, mas assim que o professor começou a falar ficou entediado. Abriu um dos livros que tinha trazido e começou a ler. Não precisava prestar atenção, ainda lembrava-se de tudo que tinha aprendido na escola. Não demorou muito e uma folha de papel foi posta em sua mesa por uma menina que estava na sua frente.

“Tem namorada (o)?” – A caligrafia era feminina. Sorriu sozinho. Tinha esquecido das besteiras do colegial.

“Não, mas tenho alguém em mente” – Pensou em escrever mais alguma coisa, mas chegou a conclusão que estava bom daquele jeito.

Estava preste a dobrar o papel e mandar de volta quando percebeu Tom, sutilmente, tentando enxergar o que estava escrito no papel. Bill jogou o papel na mesa dele e esperou que ele lesse. Tom deu de ombros e devolveu o papel pra ele, ainda contrariado com as atitudes do outro. Bill devolveu o papel para a menina a sua frente. Tom observou todas as meninas, uma a uma, abrindo o papel suspirando e passando adiante até chegar a Angela, uma das amigas de Lucy.

Bill abriu seu livro mais uma vez e leu até que o sinal tocasse anunciando o final da primeira aula. Tom levantou-se pra sair com Georg e Gustav, mas percebeu que Bill ainda estava sentado sozinho, terminando uma página de seu livro.

- Vão na frente rapazes – Georg e Gustav assentiram e saíram da sala. Bill fechou seu livro e o olhou de cima abaixo, realmente tinha escolhido uma boa vítima. Podia olhar aquele corpo pra sempre.

- Oi – Bill levantou-se para falar com ele.

- Oi... Bill não é? – Ele assentiu – Então, Bill, como é ser um novato?

- Não é tão difícil assim – Sorriu – As meninas daqui são mais... Convidativas, digamos assim.

- Haha, realmente. Mas vou logo avisando que a Lucy é minha.

- Eu sei disso – Bill deu de ombros. Um dia ela não seria mais nada – Mas tenho alguém em mente.

- Ande comigo e poderá ter quem você quiser.

- Haha. Isso é uma espécie de favor? – Bill arqueou uma sobrancelha e sorriu.

- É mais ou menos isso – O sinal tocou – Sabe qual a sua próxima aula?

- Sala 145.

- É a mesma que a minha. Vem comigo?

- Por que não? – Sorriu, sentindo seu coração se aquecer de repente, estranhou a sensação. Tom se permitiu observá-lo sorrir e ficou preso ali por alguns segundos.

- Os dois não ouviram o sinal? – As palavras do professor sentado na mesa acordaram os dois de seus respectivos transes.

Andando pelo corredor Bill não pode deixar de notar as meninas que o observavam passar, eram como cães que encaravam um pedaço de carne passar. Sorriu pra elas e as observou derreter. Tom olhava delas para Bill e de volta para elas, irritado, estava acostumado a ser olhado daquela forma e não admitia estar perdendo seu posto para o novato. Abriu a porta da sala para Bill e se curvou como se para uma princesa, Bill revirou os olhos e entrou indo direto ao fundo da sala e abrindo seu livro. Tom entrou e foi atrás dele vendo toda a turma observá-lo caminhar, pareciam hipnotizados por ele. Sentou ao lado dele cruzou os braços.

- Aconteceu alguma coisa? – Bill podia sentir a irritação do outro.

- Nada não.

- Tudo bem então – Voltou sua atenção para o livro.

- Então, você disse que tá interessado em alguém. Pode dizer quem é? – Bill arqueou uma sobrancelha.

- Pra que você quer saber?

- Deixa de bobagem! Diz logo o nome dela – Bill virou de frente ele e puxou a gola de sua camisa para sussurrar em seu ouvido.

- E quem disse que eu quero uma menina?