Fanfic: Into The Dark | Tema: Tokio Hotel

Bill passou o que restava da noite planejando o que fazer com Lucy. Tom não ia se magoar se ela terminasse com ele, mas ela não ia terminar com ele por qualquer coisa. Se ela terminasse com ele por Bill, Tom não ia querer esganá-lo. Sem falar que a natureza de Bill pedia que ele fizesse algo mais teatral, algo que derramasse sangue. Mas ao mesmo tempo ninguém podia saber. Ela tinha que sumir do mapa e ninguém podia desconfiar. Não conseguiu achar um modo de fazer isso de um jeito que ninguém descobrisse e terminou não dormindo de um dia para o outro.

O sono não fazia diferença para Bill. Dormia se quisesse, não era algo realmente necessário.

Era sexta-feira de manhã e todos estavam planejando seu fim de semana. Bill passou por Lucy e suas “seguranças” – como as chamava em sua cabeça – A menina não parava de tagarelar, tanto que a presença de Bill passou despercebida. Ele deu de ombros e entrou na sala de aula indo direto ao fundo da sala. Seu humor não estava muito bom.

Sentou na ultima cadeira de um dos cantos da sala e cruzou os braços. Nem tinha trazido seus livros hoje, passou tanto tempo pensando no fim de Lucy, que quase se esquecia de trocar de roupa e vinha pra escola de roupão. Tinha feito um trabalho razoável nos olhos deixando-os pretos, mas nada que merecesse tanta atenção. Estava de calça jeans rasgada na altura dos joelhos, uma blusa branca, uma jaqueta por cima, umas luvas de dedo que tinha achado enterradas no guarda roupa e seus coturnos desamarrados.

Estava tão imerso em seus pensamentos que nem chegou a notar o rapaz de traças sentar a seu lado junto com Georg e Gustav. Só notou a presença deles quando Tom murmurou um “Bom dia” entre dentes, que Bill não chegou a realmente responder já que ainda estava se perguntando como eles tinham chegado ali. Tom estava visivelmente cansado. Bill observou, mas não disse nada.

Lucy entrou na sala faltando alguns minutos para a aula começar e foi na direção de Tom, ela estava furiosa.

- Eu sei o que você fez! – A voz dela era uma raiva contida, não queria fazer um escândalo – Aliás eu acho que todo mundo aqui sabe e você me deve explicações!

- Não vou explicar nada – Tom disse depois de um longo bocejo, parecendo verdadeiramente entediado.

- Mas eu sou sua namorada – A ênfase na última palavra incomodou Bill. Tom só deu de ombros – Vamos conversar depois.

Ela virou e saiu andando rápido. Bill olhava dela para Tom se perguntando que tipo de relação conturbada era aquela. Eles obviamente não se amavam, mas ainda assim estavam juntos. Georg e Gustav se entre olharam e sorriram como se já conhecessem essa história.

- Por que você ainda está com ela? – Tom deu de ombros e bocejou de novo.

- Ela é gostosa.

- Mas você pode ter qualquer garota aqui em segundos – Tom só deu de ombros de novo e Bill revirou os olhos.

Se Tom não tem uma relação de afeto com Lucy, alguma coisa tinha que mantê-los juntos, pensou, mas não tocou no assunto de novo com Tom. Desviou o olhar para Georg em busca de uma explicação plausível, mas este deu de ombros. Fez o mesmo para Gustav, que não esboçou reação.

Lucy passou as três aulas que se seguiram conversando com suas amigas, ela parecia realmente chateada. As meninas em volta dela a lançavam um olhar de pena misturada com alguma raiva, inveja talvez, mas não era nisso que Bill estava focando. De repente o sorriso de Lucy faiscou por seu rosto e ela olhou diretamente para Bill e depois para suas amigas. Bill quase corou, mas ao invés disso apenas desviou o olhar e fingiu não ter percebido Lucy virar-se mais algumas vezes para olhar para ele.

Tom tinha feito alguma coisa para deixar Lucy naquele estado, mas Bill ainda não sabia o que era, e esse era o detalhe que menos importava em sua mente. O que o incomodava agora, era o fato de Lucy não parar de olhá-lo de cima a baixo, como se analisasse cada pedaço de seu corpo. Quando o professor ia anunciar o fim da aula Lucy levantou a mão e se levantou. Foi até o quadro e virou-se para a turma.

- Eu queria dar um aviso – Todos pararam de fazer o que faziam para ouvi-la – Na verdade quero fazer um convite – Sorriu maliciosamente para Bill e depois arqueou as sobrancelhas para Tom, que permanecia inerte na cadeira – Meus pais vão viajar nesse fim de semana e eu vou dar uma festa. Bebida liberada, e outras coisas também. Amanhã às sete em ponto, à noite é claro. Todos estão convidados.

Assim que ela terminou uma de suas amigas começou a bater palmas e a outra gritou incentivando as pessoas na sala a fazerem o mesmo, Georg e Gustav seguiram a multidão batendo palmas para a garota. Lucy sorria largamente enquanto voltava pra sua mesa pra pegar suas coisas e começar a planejar tudo com as amigas. Tom permanecia deitado, de cabeça baixa, Bill tocou seu ombro o fazendo levantar de súbito.

- Você ouviu? – Tom o olhava com o rosto confuso.

- O que? – Bill revirou os olhos.

- Lucy vai dar uma festa. Você vai?

- Quando?

- Amanhã à noite – Tom mordeu os lábios.

- Hm... Acho que sim. E vocês?

- Eu com certeza vou – Georg respondeu sorrindo – Tem uma gata que eu quero pegar faz tempo e ela vai estar lá.

- Eu também vou .Tô precisando beber um pouco – Georg assentiu, concordando com Gustav.

- E você? – Os três olharam para Bill e aguardaram a resposta.

- Pode ser.

- Beleza então, quer que eu passe na sua casa? – Bill arqueou a sobrancelha para Tom.

- Não precisa.

- Mas você não sabe onde fica a casa da Lucy – Tom sorriu vitorioso.

- Meu motorista deve saber – Bill piscou para Tom e saiu andando, sorrindo para si mesmo.

- Acho que esse daí você não pega Tom, é melhor voltar pra o cara da boate – Georg debochou, fazendo Gustav rir e saindo junto com o loiro, fazendo planos para a festa.

Bill ouviu o comentário que Georg fez logo depois de ele sair e o sorriso cresceu e sua face. Teve o efeito que queria: Atingir o ego de Tom.

Tom sentiu-se incomodado com aquilo e, mais uma vez, pensou na figura da boate. Ele era Tom Trümper e podia ter quem quisesse, mas antes tinha que achar quem ele queria. A figura dançava em sua mente e ele se recusava a acreditar que era um homem, afinal, ele não queria desfazer sua reputação ficando com um homem. Ele tinha ficado com todas as meninas que os outros garotos queriam e não ia desfazer a fama com um homem.

Levantou da cadeira e foi até a mesa onde os outros o aguardavam. Bill, como sempre, estava com os braços cruzados sobre o peito observando os outros dois comerem. Sentou do lado oposto a Bill da mesa, apoiou queixo sobre os braços e deixo o olhar vagar pelo refeitório. Estava cansado da noite anterior, tinha pegado a menina mais bonita que achou, mas mesmo assim algo dentro dele ainda queria mais. Algo dentro dele buscava algo diferente, algo que ele nunca tinha visto, ou tocado. Algo dentro dele queria o homem da balada.

Levantou o tronco e sacudiu a cabeça tentando se livrar da ideia, mas não conseguia. Respirou fundo, soltando o ar de vez e fazendo os outros na mesa olharem confusos pra ele. Se era isso que seu corpo queria, ele ia ter que dar, mas antes disso ele tinha que achar a figura que tanto queria. Foi aí que seus olhos frustrados encontraram os de Bill, que faiscaram amarelos antes de se desviarem, fazendo Tom quase cair da cadeira.