Fanfic: Alma Gêmea Por Acaso. (Laliter) | Tema: Laliter

(Lali)

Dez ligações perdidas na tela do meu Iphone me preocuparam. Será que 

minha mãe já havia infartado? Vamos lá: o que seus pais pensam quando seu 

celular toca e você não atende? Opção 1: Você o colocou no silencioso porque 

está na aula da faculdade. Opção 2: Você  deixou a bateria acabar  e não tem 

como lançar uma extensão de 3 metros abaixo das carteiras entre os pés dos 

seus amigos até a tomada. Opção 3: O celular pode ter tocado na sua bolsa e 

você não ouviu, enquanto andava no corredor apinhado de alunos gritando 

como loucos em  uma Show Punk de Rock in Rio. Opção 4: Você está 

amordaçada por um narcotraficante que te seqüestrou e vai pedir a casa e o 

carro ainda não quitado em troca?

Minha mãe sempre acreditava que a opção 4 era a mais provável. Suspirei 

e procurei diminuir o volume dos fones pra não romper os tímpanos  quando 

atendesse: “Alô, Mariana, o Capitão Nascimento está te esperando com um saco 

preto quando chegar aqui”.

Lali: Oi, Mãe! -usei o mais vibrante tom de alegria enquanto pegava um 

pesado livro da prateleira da biblioteca de medicina.-

Gime: Mariana, você não tem pena da sua pobre mãe?!

Fechei os olhos  e agi como uma atendente do 192 pronta para dar as 

primeiras instruções sem que o dono da ligação entrasse em pânico. Pena que 

não podia enviar uma ambulância para levá-la a um SPA pra relaxar!

Lali: Mãezinha, querida, você sabe que é minha rainha! Mas, a sua médica 

preferida está estudando muito e não pode ligar o celular...

Se ela entendesse de tecnologia argumentaria que “seu celular estava 

ligado sim, porque chamou e você não atendeu”, mas, como seu conhecimento 

se limitava a saber que o botão verde e vermelho do seu celular era para ligar e 

desligar porque ainda o comparava ao semáforo, eu não tinha dificuldade em 

argumentar.

Gime: Eu fiz seu almoço, sua ingrata, vai conseguir vir aqui? -falou magoada, 

pedindo mais elogios.-

Se eu lhe dissesse que acabara de sair de uma aula de anatomia e vira o 

resultado final de um fígado depois de uma vida de gordura e não tinha a menor 

fome, eu lhe daria um álibi “Mais uma razão pra vir comer a comida sem 

gordura da mamãe”. Não entraria em uma briga ganha.

Lali: Claro! Vou comer em casa antes de ir para a aula à tarde.

Entrei no meu C4 e senti o ar condicionado no meu rosto gelado enquanto 

a parte de baixo das minhas coxas fritavam no banco pelando a 40 graus. Meu 

vestido florido  subira, deixando minhas pernas expostas. Céus, eu 

estava tão branca que poderiam me colocar por engano dentro da geladeira 

como um cadáver fresco.

Meu Iphone vibrou no porta copo lotado de moedas, tintilando nos 

metais. Vi a foto de minha irmã gêmea e tive a impressão de que eu mesma me 

ligava. Exceto porque sabia que não tinha aquela beleza cintilante da Mar. Eu 

era sua versão fosca.

Coloquei o fone no ouvido e deixei o aparelho entre minhas pernas. 

Buzinei irritada com um motorista que ia à minha frente no meio da faixa. Tem 

certos carros que acham que a linha branca é um trilho de trem!

Lali: Fala, Mar. -atendi.-

(Mar): Tem como vir me buscar? Mamãe me ligou pra almoçar em casa. -gemeu 

como se tivesse em um quarto em chamas, precisando de um bombeiro, 

sufocada pela fumaça tóxica.

Lali: Quantas vezes ela te ligou? -a pergunta parecia um absurdo, mas na 

escala Rita, cada grau indicava o poder de estrago.-

(Mar): Acho que umas três vezes.

Lali: Bom, se quiser, ainda pode argumentar...

(Mar): Não! Eu preciso ir pra casa tomar um banho. Estou tão suada que poderia 

arrancar a roupa e considerar essa sala uma sauna.

Lali: Os meninos iam adorar. -ri- vou fazer o retorno, já tinha saído.

(Mar): Sério?! Faria isso por mim? -fez charme, o que puxou de nossa mãe.-

Veja bem: se eu tivesse dito “olha, desculpe, já saí e vou me atrasar, se 

voltasse”, Mar teria gritado que eu era uma caçula (com 3 minutos de caçulisse) 

egoísta e que não sabia reconhecer tudo (o quê?!) que fazia por mim. Mas, eu 

preferia ser a boa irmã, pra  que se iludisse que eu caía em sua sessão de 

“afofamento do saco”. Ninguém puxava o saco de Mar, a Deusa. Afofavam. 

Antes que choramingasse, eu já levantava poeira ao seu lado, em frente ao 

prédio de Design Gráfico.

Entrou com a sua pasta em formato de maleta de um metro de largura, 

quase não passando pela porta. Enquanto todas as garotas pareciam ridículas 

carregando aqueles boards e réguas enormes,Mar tinha um ar de pintora 

francesa de voz rouca, capaz de estrelar qualquer filme de heroína.

Mar: Vai à chopada de medicina hoje, né? _ perguntou-me como se  não 

existisse a  opção  de  não ir  à chopada, mas Cande sabia que era bem meu tipo 

arrumar uma desculpa. Olhou-me num ar de RP que classifica as pessoas por 

fracas ou fortes por suas ligações sociais. E, não! Eu não estava preparada para 

seu discurso de que eu não lembrava do nome de 50 das 400 pessoas que eu 

tinha o meu Facebook.

Lali: Ãnh...

Mar: Lali, sério, como acha que vai me apresentar algum médico gostoso, 

sexy, rico e maravilhoso?! Cara, eu não preciso que me indique no LinkedIn. 

Custa, por favor, manter nosso status das gêmeas mais lindas desse lugar?

“Gêmeas mais lindas” era sua técnica de dissuasão baixa e vil!

Lali: Mar, o que vai encontrar são garotos espinhentos, bêbados e, quando não, 

gays! O bonito, rico e sexy vem depois de anos de formado.

Mar: Só se está fazendo aula por correspondência! Eu fui almoçar no seu 

prédio essa semana...

Lali: Meu Deus, andou isso tudo pra...?!

Mar: Ai, Lali, você não entende nada. Ok, se vai ficar em casa, tudo bem.

Apertei os olhos e a encarei desconfiada. Aquilo me soava uma armadilha. 

Havia um queijo saboroso e cheiroso me esperando na beirinha daquela 

ratoeira. 

Mar: E se trocássemos de lugar? -propôs e senti o queijo tremer.-

*•*Continua*•*

Oie gente =) , bom,  eu mudei algumas coisinhas na web, como por exemplo o nome da irmã gêmea da Lali (; Gostaram do 1° capitulo? Se tiver comentários , posto o 2° cap hoje!! Beijos! ♥